Um bom cevado é a fartura de uma casa de lavrador e não como
representado na simbologia como. “ Ignorância, gula, luxúria, egoísmo, entre
outros. Negativismo. Para mim, as matanças dos porcos engordados com
alimentos naturais e saudáveis, prevalecem nas boas recordações de dias
festivos de convívio, desde o nascer do sol até altas horas da noite… reunia-se
a família e os considerados amigos para concretizar os esforços protagonizados
pelos esforços de tantos dias na alimentação dos ditosos animais, logo pela
manhã para “ matar o bicho”, com o cheiro do café ou cacau a entrar pelas narinas,
logo na aproximação da casa, onde os convidados previamente, se dirigiam, à cozinha,
pois era nesta peça a 1ª refeição copiosa, encostados à grande lareira onde
crepitavam suavemente os enormes potes, e se aqueciam as mãos, arremangavam as
mangas, e os homens se ocupavam da matança, preparando os porcos. Eram
barbaramente mortos, mas sempre com o sentimento de alimento necessário, uma
das cozinheiras aparava o sangue para um tacho com alho picado e vinagre
mexendo, mexendo, para o não deixar coagular, o qual viria a servir para os
chouriços pretos, embutidos com massa de pão alguns rojões, sangue mel ou açúcar,
e até uns carões de noz. Por cima deitava-se palha a arder para lhe queimar os
pelos e aquela pele mais leve, lavados e esfregados com pedras e outros utensílios
próprios. De seguida abertos, fazendo um corte em redor do ventre de maneira a
não ofender as tripas, tal como uma operação delicada e os peritos, exerciam
com maestria, cortando primeiro a courela, e depois a barbada de onde se extraiam
os delicados rojões que sabiam que nem carões de noz. As tripas eram entregues
às mulheres que as lavavam para os enchidos, o fígado fresquinho comia-se
parcialmente com batatas cosidas, refogadinho ao almoço. Os porcos depois de
preparados eram dependurados para ficarem hirtos com o frio e depois
desfaze-los com as despectivas peças apartadas metodicamente, lombo para os
salpicões e chouriças, presuntos e espáduas para curar no sal, courela e
espinha dorsal para as alheiras assim como a cabeça ficando apenas as orelhas e
o focinho no sal para mais tarde comer com as patas e umas ricas casulas à
transmontana, Pisava. Se noutros tempos o unto em bolas para a sopa e outras utilização.
Uma torradinha com a banha do unto era deliciosa. Também o toucinho se aproveitava
para fritar na sertã ou cosido, havia também os rojões chamados do redenho ou
folhelho, que muita gente apreciava particularmente. Finalmente a adobe para os
enchidos que veem nas imagens, durante 4/5 dias em vinho do melhor da colheita,
com alho sal louro e laranjas cortadas às rodelas. Encher requer sabedoria e
esforço embora as mulheres nunca se queixem. Também as alheiras ficam
dispendiosas e muito cansaço, não esquecendo as carnes e temperos. Uma boa
alheira transmontana é referência, digo bem alheira, porque as farinheiras não
servem aos agricultores de Trás-os-Montes.
ESTE FUMEIRO PERTENCE À TIA Maria Alexandrina enchido pela
juventude que não deixa perder as tradições