quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

VÃO-SE OS ANEIS FICAM OS DEDOS...

 A velha casa caiu numa derrocada medonha…prenúncio de tantas mortes anunciadas que paulatinamente trazem o silêncio e o abandono às antiquíssimas aldeias transmontanas.
A casa caiu e nos seus escombros encontro pedaços da minha alma também em ruinas…numa tristeza profunda olhando os sítios, os recantos onde todos fomos tão felizes.
…olha o forno…a mãe atarefada nunca mais coze o centeio negro que sabia como carões de nozes…
…pão negro…olhos de água…infinita perda…morremos aos poucos em cada pedra…e na soleira da velha porta passam as nossas memórias vestidas de luto com açucenas e lírios na mãso que vão secando ao canto dos desgostos. Texto de: Fernando Calado

 Os velhos moinhos, do povo e da viuva,, já muito tempo que deixaram de moer... e a prensa, por detrás das grandes portas de madeira velhinha, já nem ouve passos na rua... foi-se o minério e os mineiros, os pais e os filhos... ninguém se voltou para ajudar a reparar os erros... já longe recordam com saudades, momentos inesquecíveis, mas, que fazem parte de um passado difícil... embora tenham partilhado momentos eufóricos de brincadeiras desastradas, que orgulhosamente gostariam de contar, não fosse o critério protocolar que define o que se considera decente, ou lamentável , embora engraçado, cuja reputação requer força de vontade e espirito de alto nível social.
Gostaria tanto poder contar-vos, leitores, histtórias de encantar com grande elenco de personagens, figurantes, ou simplesmente passageiros momentãneos rejubilando alegremente mediante a felicidade transbordante da alma, e os prazeres propagados espiritualmente pelos corpos, mas, infelizmente, a realidade dos factos transbordam como fantasmas arrepiantes, através do que se está tornando esta terra desertificada. Não se vêm no horizonte, vestigios de um possível resgate...a não ser que surja um milagre.

sábado, 23 de fevereiro de 2013

Amanheceu com neve

 Hoje, dia 23 de Fevereiro de 2013
  Murçós amanheceu todo vestido de branco! A neve, que durante a noite caiu silenciosamente, enquanto nos leitos, aconchegados com os cobertores, os seus moradores dormiam e sonhavam tivemos uma visita breve , inesperada...os telhados cobertos com este manto branco, resplandeciam, e a serra da nogueira tinha parido mais uma vez, o sentimento de felicidade e alegria...
o céu mostrava o seu tom carregado, e as nuvens pareciam enfeitiçadas por monstros de ficção cientifica, vindos do fundo do inferno, sem destino nem abrigo, apenas o desejo de rebentar.
Bruscamente, os poderosos raios de sol, romperam persistentes e luminosos, transformando um dia careto n'um bel´issimo dia de sol... a bicharada sai dos seu esconderijos protectores, e, vem lançar um olhar meio desconfiado, temeroso, que brevemente apaziguou estes receios e cautelas.
 A Sra. da Serra velava pelos seus crentes lá do alto, certa de que se tratava de mais um dia invernoso, previsto pela meteorología Nacional.
 As árvores, cuja ceiva começa a desbotar, agradecem este temperamento atmosférico, e o lençol de água que a terra tanto desejava tomou o seu curso normal, enquanto não chega o verão, como sempre quente, abrasador para com os seres vivos.
 Edroso, que faz agora parte do agrupamento de freguesias, dormia ainda, porque também é sábado, e não se vive a 200 à hora.
Em Espadanedo, os animais com fome, seguiam já para os pastos, guiados pelos donos que sopravam as mãos.
Lá bem no alto, as Cabanas acostumadas a estas mudanças climatéricas, pareciam rejubilar de alegria e felicidade... enquanto eu, passageiro da pouca neve, mirava para um lado e para o outro a beleza que nos seduz e apraz.

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

HERANÇAS DESTINADAS

foto retirada da net

HERANÇAS II

Durante a sua escolaridade, o “puto” sofreu profundamente as diferenças sociais… da 1ª à 4ª classe, não teve para a aprendizagem um único livro seu… estudava com os companheiros, e, durante as aulas; esforçava-se ao máximo para não perder terreno na caminhada difícil, onde o orgulho superava os complexos de inferioridade. Passou quatro anos naquela escola, onde os professores exigentes e rigorosos, tentavam transmitir a sabedoria sem demagogias discriminatórias, impondo disciplinarmente métodos repressivos para a obtenção de resultados que facultassem aos alunos: educação, higiene, e preparação sociocultural. Porém, o “puto” sentia-se bem… ao lado dos que tinham o que ele não podia ter… sem inveja nem tribulação mental. Brincava no pátio quando o sol raiava, jogava jogos tradicionais que fazem esquecer tristezas, fomes e peripécias que a vida reserva aos mais desfavorecidos. Destacou-se brilhantemente das nove crianças que com ele iniciaram a escolaridade primária, e só quatro de entre eles se prepararam para o exame de 4ª classe nos quatro anos consecutivos. Contudo, deparou com mais um erro humano, dos seus pais mas não só… omissão de registo civil! Ninguém sabia da sua existência, mais uma vez ironia do destino. Para ter uma cédula e poder ir fazer exame de 4ª classe, foi, o encarregado de educação, obrigado a registar o“ puto “ 

   

com onze anos de atraso, e uma coima. Também o seu nome sofreu modificação, porque o que lhe foi atribuído no batismo não foi aceite…
Saía pela 1ª vez da terra, e, quando na Estação de caminhos-de-ferro, pediu um bilhete par viajar no comboio a vapor, teve a sensação de abandonar para sempre aquelas terras de pobreza e sacrifícios. Na Cidade durante 8 dias, numa pensão de quatro coroas, extasiava-se com as ruas, as montras, os numerosos passantes, tantas regalias que não existiam na pacata Aldeia onde vivia. O exame correu muito bem, e o tempo da felicidade estava no fim. De regresso a casa, tendo sido aprovado com outro rapaz da sua idade, foram visitar a professora, que os felicitou com um beijo…
Os três meses de férias de verão passaram tão rápidos, e o “puto” que alimentou a esperança de que um bom coração humano o abordasse e lhe propusesse de o mandar estudar para a civilização, sofreu uma desilusão devastadora… não bastava ser inteligente, eram necessários meios financeiros, mas, ele tinha nascido um pobretanas e as pessoas que o rodeavam avarentos sem coração… refugiava-se nos cantos mais desertos da Aldeia para derramar lágrimas dolorosas ao abrigo dos olhares curiosos, sem pretensão alguma, de dó nem piedade, reprimindo a fatalidade predestinada que continuava a sua perseguição.



Resignado e temeroso de ser desgraçado toda a sua vida, passavam-lhe pela cabeça de jovem adolescente ideias baralhadas, umas sem senso outras sem sentido, mas, continuava esperançado de que um milagre se operasse, um anjo o transportasse para longe, e desse resposta a tantos pontos de interrogação que o martirizavam.
Meses depois, enquanto ajudava à missa, um raio de luz, vindo não se sabe de onde, penetrou naquela Igreja e iluminou o futuro do “puto”.

sábado, 16 de fevereiro de 2013

OS SILOS

foto retirada da net
ARADO DE MADEIRA PARA SEMEIA DAS BATATAS

Foto retirada do blog.rebordainhos
O TIO ANTÓNIO E um amigo de Lisboa
 Nos anos 60/70, os silos, estiveram propagados pela nossa região, sendo utilizados para guardar, ao abrigo da luz e do calor, grande quantidade de batata, por falta de locais para o armazenamento, mas sobretudo, aquela que era certificada para ser vendida no Estrangeiro, cujo método de conservação era considerado de grande eficacidade. Havia neste tempo os Engenheiros agrónomos, formados especificamente para fiscalizar as diretivas a seguir, e avaliar a qualidade que merecesse a certificação… estes senhores deslocavam-se, em dias marcados, aos próprios terrenos, (batatais), e seguiam sulco por sulco todos os pés, obrigando a limpar os intrusos para não sujar, ou afetar todo o batatal que corria o risco de ser reprovado, e assim só poderiam ser vendidas, as batatas, como de segunda classe a preços mais baixos.
Rossas era a Estação de caminho-de-ferro mais próxima, e mesmo tendo linha estreita, e comboio puxado a carvão, por lá passaram centenas de toneladas de batata, parte dela ensilada num grande espaço junto da Estação, dirigida pelo chefe Sr. Azevedo, ou nos cinco armazéns de grande dimensão onde eram escolhidas por “geireiras” vindas das diversas Aldeias, para ganhar uns tostões de sol a sol!
Também os homens tinham as suas tarefas definidas, que eram preparar o terreno cavando o solo aproximadamente 30cm de profundidade, cerca de 1,5m de largura e o comprimento dependia da quantidade de cada agricultor, mas podia passar dos 100m. Seguidamente eram colocadas as batatas em pirâmides, com arte de escultor, o colmo, (palha mais comprida e direita) em camadas contra elas, dobradas as pontas no topo e, pouco a pouco, com pás colocava-se a terra, começando como é óbvio por baixo, batia-se camada após camada e quando se terminava, retirava-se qualquer defeito que não estivesse direito, podendo dar mau aspeto… uma verdadeira obra de arte!
Depois de escolhidas, as batatas eram apartadas para consumo ou semente, ensacadas em grandes sacas, e carregadas nos vagões para seguir até ao seu destino.

foto retirada da net

Para os mais idosos que conheceram tudo isto, serão agradáveis recordações… quanto aos mais novos, podem conceber dificilmente tanto trabalho manual para ganhar uns patacos furados!? Vivia-se com mais dificuldades mas, harmoniosamente… não se fugia aos deveres, e a palavra de honra, era sagrada… nestes tempos, apesar de mal pagos ainda se vendia… com a vinda do euro, a frágil agricultura de Trás-os-Montes, tornou-se missão impossível para os pequenos Agricultores, os quais, os Senhores mandões souberam calar, com subsídios vindos da CEE, aliciantes mas prejudiciais às vendas.
O significado de silos, no dicionário Português, não é propriamente o mesmo que nós sempre atribuímos, aos nossos de batata, mas podia-se tirar o chapéu aos homens que faziam do abrigo das ricas batatas, verdadeiras esculturas.

terça-feira, 12 de fevereiro de 2013

Falecimentos

 
 
Faleceu a Sra MARIA DA PAIXÃO
a todos os seus familiares apresentanmos as nossas condolências
QUE A SUA ALMA DESCASE EM PAZ

sábado, 9 de fevereiro de 2013


OS POTES COSEM O JANTAR DO CAÇADORES

FORAM 15 OS JAVALIS MORTOS (rectificação)

AS COSINHEIRAS PÔEM MÃOS À OBRA

EXPOSIÇÃO PARA VENDA

OS JAVALIS MORTOS IAM CHEGANDO...

ESTE FOI UM DOS MATADORES PELO QUE TEM DIREITO A UMA PARTE...

AS PESSOAAS CURIOSAS IAM CONTANDO...

NUMEROSOS ESPECTADORES

UM A UM FORAM ALINHADOS PAR QUE SE PODESSE VER O FRUTO DESTA MONTARIA... PARABENS PARA OS CAÇADORES QUE ERAM À VOLTA DE 170

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013

CARNAVAL INFANTIL EM MACEDO DE CAVALEIROS



A quadra CARNAVALESCA já começou em Macedo de Cavaleiros, com os agrupamentos escolares, cujo núcleo, foi definido com crianças das Aldeias deste concelho, inclusive as de Murçós. Perante o olhare admirativo dos numerosos presentes espalhados pelas ruas da Cidade, e o orgulho efervescente de pais e amigos, desfilaram ontem, dia 7 de Fevereiro as crianças das diversas escolas, preparadas pelos representantes destas, empenhados e dedicados por uma causa tradicional, onde o bom humor jovial e convivente, surge nos momentos difíceis que atravessa o País, fazendo esquecer momentaneamente os problemas causados por uma crise internacional.
 As vestimentas imaginadas e realizadas para o evento, deixam de boca aberta, aqueles que julgavam não existir imaginação criativa na juventude, e vem assim, positivamente ornamentar o dia a dia rudimentar. Como se pode verificar, e não podia deixar de ser, salienta-se a presença dos caretos com os seus chocalhos, como é uso e costume desde há décadas na nossa região.


Destacam-se nesta última foto, os gémeos J.Pedro e o Gonçalo, cujo entusiasmo e empenho em arranjar os instrumentos que levariam no desfile, me fizeram recordar os meus tempos de criança, ansiosa e vaidosa por mostrar aos adultos como é harmonioso e peculiar, saudoso e necessário viver e conviver com todos.
Um beijão rapazes..

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

Falecimentos



Faleceu o Sr. ANTÓNIO PIRES (Valango)

Um homem íntegro... fazia parte do elenco dos grandes guerreiros de Murçós cujas alcunhas estão narradas no livro desta terra assim: Valongo,Valente, Rito, Carriças, Poulo, e outros... o reconhecimento pelas redondezas, é o de homens com H grande...para mim era simplesmente o Valongo... tivemos numerosas conversas, quando a sua actividade esmureceu e se tornou n'um pesadelo para ele... confidenciava-me as peripécias da vida, relatos dignos de consideração e respeito... a diferença de idades, 92 anos tinha o meu grande amigo, não nos impedia de jogar ao " cão e ao gato" como dois garotos, com chalaças, mas sempre respeitosamente. Gostava da frontalidade, e nem sempre era bem compreendido... porém, eu tinha por ele grande consideração e respeito. Foi juntar-se ao seus companheiros de batalhas constantes pela sobrevivencia dos seus, sem medos, - confidenciava-me quando abordavamos o assunto.
A todos os seus familiares apresento os meus sentidos pêsames, desejando do fundo do coração que a sua alma descanse em paz.
ADEUS AMIGALHAÇO...
O funeral realiza-se amanhã, sexta feira por volta das 16 horas

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

Dia de alheiras

Enquanto umas alheiras se enchem, junto da lareira, sobre o olhar observador dos grandes potes que serviram a cozinhar a calda, com uma galinha velha, e vários elementos de porco, tal como no tempo dos nossos pais e avós, à maneira artesenal, técnicas herdadas e que trazem os seus efeitos positivos, na aparencia e sabor.
Seguirão para o fumeiro suspenso, onde vão ser afumadas com fumo específico de certas árvores, sendo outras prejudiciais, ao gosto final.
 Este, já quase pronto para comer é da tia Maria Alexandrina, e pelo aspecto, faz crescer água nas bocas dos que não tem a possibilidade de fazer e afumar enchidos, indespensáveis às familias com grandes tarefas agricolas, e o prazer dos que vivem na cidade e de quando em vez, vem assar uma chouriça ou alheira na lareira, com café ou simplesmente matar o bicho.
è também um complemento, pelos tempos que correm e as dificuldades financeiras que atarentam tanta gente.
 Estes não ficam a dever nada ao fumeiro de Vinhais, nem às alheiras de Mirandela... tem o gosto de antigamente, porque feitos e afumados com todo o cuidado e minucía de quem tem bons gostos.
A foto não ficou com a nitidez que desejava, mas dá para matar saudades ao olhar daqueles que estão longe das nossas lareiras, e não tem a possibilidade de uma vista que alegra e consola, nos dias frios de inverno.

TERRAS NOSSAS



Sou a tua terra… onde nasceste, brincaste, riste e choraste.
As folhas que um dia pisaste, que o Outono retirou das árvores, o vento varreu, a chuva molhou e o tempo apodreceu, desapareceram das tuas recordações… lembras-te de mim quando eras menino… e, no meu “regaço” brincavas!? Olhavas-me olhos nos olhos, enquanto acariciava teus cabelos, lisos e suaves, loiros, pretos ou castanhos… um sorriso encantador aparecia nos teus lábios, enquanto na surdez da escura noite, o meu coração batia ao ritmo de quem ama e sente! Eramos tanto amigos!...
Tal como o filho prodigo, voltas de tempos a tempos, cada vez mais raramente…pisar as pedras duras e frias, ver o que resta de mim…Já pouco tenho para te dar… cresceste e eu envelheci. Um dia morrerás… provavelmente também eu… quem poderá contar a nossa história? Foi tão linda! Foi terna, foi amorosa, foi leal! Jamais haverá traição entre nós… tu fugiste e eu fiquei… à espera que voltasses… já homem, com cabelos brancos, porque o tempo também varreu as cores… mas, o sorriso é o mesmo, e o grande amor ainda vive dentro de nós.
Por António Brás Pereira

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

DIA DE FEIRA EM MURÇÓS

HOJE HAVIA BAILE.. AS DONSELAS ESPERAVAM OS CAVALHEIROS

A montaria chegou antes do dia

O Reis mudou de profissão

Dois grandes negociantes de gado...

O pastor parte desolado

Para mim os cordeiros para ti as canhonas

Negócio concluido

O Reis tem agora um grande dilema... onde alojar as donselas?

Mais uma contagem não vá o diabo ordilas...

São dele e dirigem-se para o baixo do baile