quinta-feira, 7 de janeiro de 2016

Rebordaínhos mantém tradição dos Reis à moda antiga

Tradições da minha infância que me extasiavam e hoje me deixam nostálgico mesmo sabendo que a pouca gente que resta nas Aldeias Transmontanas, continua a esforçar-se por mantê-las vivas, com meios restritos dos que como eu viveram momentos inesquecíveis, mas que a juventude considera arcaicos no tempo e nos sentimentos. Tudo se vai – dizem os rostos enrugados que aparecem nas imagens, que o jornal Nordeste tenta perpetuar através da sua jornalista Teresa Batista autora de uma reportagem honrosa para a gente humilde e simples de uma Aldeia no cimo da serra com historial gravado nas entranhas, onde o vento sopra e uiva, a chuva cai torrencialmente transformando-se em neve branca e suave caindo silenciosamente durante as noites de sonhos lindos amaciando corpos e espíritos reputados hospitaleiros pelos que por lá passaram – alguns ficaram – deixando o testemunho incontestável de lugar sagrado. Dia 6 cantam-se os reis; não só aos fidalgos – como diz a letra – mas sim a todos aqueles que têm fé e esperança, coragem e vivacidade, para mordomar as santas almas, durante um ano, e neste dia fazerem um festim nas casas que visitam uma a uma, esteja frio neve ou chuva, cantando ou rezando, segundo os critérios de cada um, entrando de seguida nos aposentos (sala) confortáveis perante uma mesa posta com doçarias e vinhos como para simbolicamente recompensarem pela consideração. Inicia-se com eucaristia pelas almas, e finalizada a volta, vai-se para casa dos mordomos onde um rico repasto espera a comitiva, e o careto conta as moedas entranhadas numa maçã e agradece. Durante a refeição copiosa, fala-se de outros tempos em que nos deslocávamos a Aldeias como Bragada, ou Vila Franca a pés pela noite fora, para cantar os reis a gente que prezávamos, e a consideração era retribuída. Deixo aqui a letra que mal se percebe, visto ser cantada acapela em 4 tons. Oh virgem nossa senhora Vós sois a estrela do mar Sem a vossa proteção Não podemos navegar /bis) II Em tais festas como estas Cantam-se os reis aos fidalgos Também os nós cantaremos A estes senhores honrados (bis) III Um raminho dois raminhos Fazem um raminho bem feito Vivam os donos desta casa (bis) Esta vai a seu respeito IV Rei gaspar e baltazar São três reis com belchior Todos três vão adorar Jesus cristo redentor (bis) Parabéns aos cantores empenhadíssimos e corajosos que ainda não deixaram cair o berço da minha infancia

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