terça-feira, 29 de janeiro de 2013

ENCRUZILHADAS



ENCRUZILHADAS
Acreditava-se em tempos idos, que a encruzilhada era o local onde almas perdidas, assombrações e fantasmas acabavam por acorrer em certo tipo de noites.

Tratando-se todos eles de espíritos confusos e perdidos, acreditava-se alguns deles procuravam um caminho certo para aceder ao mundo espiritual, ao passo que outros deles procuravam simplesmente o caminho de regresso á sua casa.

Na sua desorientação, acabavam por se perder e tinham a tendência de permanecer indecisos numa encruzilhada, ponderando por qual dos caminhos deveriam optar para chegar ao seu desejado destino.
Esta encruzilhada, surge como ponto de referência, para o Agrupamento de Freguesias, das quais vão ser agrupadas, quatro, compostas com oito Aldeias: Espadanedo como sede, anexas Valongo e Vouzende: Murçós, Edroso, e Soutelo Mourisco (plenário) com Cabanas e Vilar Douro, anexadas.
Também aqui, como nos tempos idos, se vai gerando uma confusão, não se sabendo qual o caminho a seguir, que na realidade, as politiquices e seus derivados tentam infringir aos moradores vulneráveis, obrigando-os à resignação.
Os arranjos políticos, não tem a beleza dos ramos de flores, nem o cheiro agradável, são displicentes, ridículos, insignificantes… impunha-se um referêndum popular onde democraticamente conta a opinião de todos os cidadãos, e, mediante o resultado maioritário, tomava-se a decisão adequada… o que não aconteceu, porque os ditadores continuam a falar mais alto e mais forte, decidindo por nós, e para nós um futuro que se avirá desconfortável, complexo, intransigente.
Vejamos em termos concretos o que pode acontecer nas próximas eleições Autárquicas:
Sendo três os membros do executivo, presidente eleito, escolhe dois vogais, sede obrigatória em Espadanedo, e quatro freguesias, uma delas ou mesmo duas, se o presidente não for de Espadanedo, podem ficar sem ninguém na aldeia a representar a Junta de freguesia… ficam assim, populações ao Deus dará, vendo-se obrigadas a deslocar-se à sede, que pode estar fechada se o candidato residir fora. Impõe-se um acordo protocolar para o bom funcionamento de tantas aldeias, mas, como as raposas manhosas, escondem muito bem as verdadeira intenções, como na “fabula de Jean de la Fontaine” ( le corbeau et le Renard), resta-nos chegar á encruzilhada e optar por um caminho ao acaso…




domingo, 27 de janeiro de 2013

Final da azeitona ( dia de filhós)

de Vale da Porca vista sobre o Mogrão e Arcas


dia de afilhós, fim da azeitona, jerupia


Nós tinhamos sol
Quasa tinha pena que acabasse...
até para o ano...
O fotografo também merecia uma fotozinha...

quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

FALECIMENTOS






Faleceu a Sra. ADILIA COSTA, esposa do Sr. Fernando Pires.
Oriunda de Santulhão, tinha nesta terra o seu enrraizamento, integração de longa data, amada e respeitada pelos moradores desta Aldeia..
A todos os seus familiares apresentamos os nossos sentidos pêsames.
O SEU FUNERAL REALIZA-SE HOJE, DIA 24 DE JANEIRO 2013 PELAS 14 HORAS NA IGREJA DE MURÇÓS
Paz à sua alma

terça-feira, 22 de janeiro de 2013

Murçós vestiu-se de branco






BREVE VISITA DA NEVE




 O dia amanheceu escuro, tenebroso, parecia que, já eram 9h da manhã, se transformara em noite. A luz trazia um escuro com ela, e sentia dificuldade em penetrar no meu quarto através dos cortinados. Removia-me no leito, entre a preguiça, o desejo de ficar, mais uns instantes, entre os cobertores quente, e a curiosidade de ir ver o que se passava, n'um silencio espetacular que nos rodeava e devia invadir todos os seres vivos.
Voltei a adormecer, saboreando mais um sonho passageiro que envolvia pessoas e lugares alheios à minha memória. Já vem sendo costumeiro, nestes dias frios invernais, não se ouvir nem passos na rua, nem pessoas a cruzarem-se com os bons-dias, ou os motores das máquinas agicolas nas suas deslocações.
Tivemos nos três últimos dias, ventos e chuvas torrenciais, que inundaram grande quantidade dos prédios, não havendo  danos maiores a notificar, felizmente...
Levantei-me, fui à varanda e de lá, vi ao longe, no alto do Lameirão, a brancura de uma pequena camada de neve, que o receio ou a timidez tinham impedido de descer até ao povoado. O frio continuava bem presente, e a minha desconfiança confirmava-se com as noticias da tv ou rádio, os quais anunciavam neve em numerosas partes do País, como aliás tem acontecido em grande parte da Europa.
A neve tem a sua encantadora magia de cativar os jovens, e mesmo aqueles que a viram cair centenas de vezes, mas cada vez é sempre agradável e apaziguador, ver cair com tanta suavidade e respeito tal um sonho em noites de felicidade que desejaríamos nuca tivessem fim.
 Depois do almoços iniciou a sinfonia surda e muda, em Murçós, da caída de farrapos brancos, densos e grandes, os quais durante 2 horas, cobriram com manto branco, telhados, ruas, árvores e campos, de uma beleza incomparável ainda não vista este ano de 2013.
A garotada, pouca e na escola em Bragança ou Macedo, por certo desfrutaram dos jogos da pelotada, como tradicional nestas terras humildes, onde não são necessários grandes meios para arranjar uma brincadeira...




Apesar do agravamento convival, por falta de gente que imigra, sobretudo a juventude, as ruas, atraentes, aguardam pacientemente a chegado de visitantes, venham de onde vierem... muitas das portas jazem fechadas, porque os donos envelheceram, ou partiram definitivamente... _ Dizia o meu amigo Fernando Calado que: já nem se ouvia um cão ladrar por terem partido com os donos!
A desertificação vai-nos puxando para um flagelo horrorosa...
Também os utencílios agrícolas, aguardam uns braços fortes que os manobrem nas tarefas tradicionais que ajudem à sobrevivencia em tempos muito maus, onde a vida é posta em casa todos os dias, cada vez com mais dificuldades.

Ave Sem Asas: Prémios

Ave Sem Asas: Prémios: A noite ontem, na Freguesia de Campos, Vila Nova de Cerveira, foi de poesia, a magia aconteceu e a emoção contagiou todos os presentes. Eu... O ROSTO DA FOME Que vergonha, Tem olhos de criança, Pele macia e mãos pequeninas, E traja o presente Com a cor da esperança Que os seus olhos vestem dia-após-dia. Esquecido e calado, vagueia à deriva, Pela sorte enferma que lhe chora a vida. Nas mãos, um punhado de restos Tão mudo e tão mouco… E o que sobra e que fica É uma sombra oriunda Da cegueira de todos! Que vergonha, O rosto da fome Tem olhos de criança! 13/08/2011 Ana Martins

sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

FECHARAM A PORTA



Os nossos vizinhos partiram… a porta e janela que todos os dias via da minha varanda logo ao levantar, mantem-se fechadas… já não se ouve, por vezes às duas da manhã, aquela musica pimba vinda da aparelhagem, com volume a top, e, eu, atirando areias para a janela, manifestando o descontentamento de ser acordado do primeiro sono cujos sonhos são quase sempre os mais agradáveis. Não havia somente alegria manifesta, dentro desta humilde casinha, antiga, de xisto e telha redonda que deviam rondar os cinquenta anos… o álcool que o tio Agostinho, mais conhecido na Aldeia por “sureta” trazia do café, ingerido com excesso, ajudava a estas manifestações noturnas, e a Sra. Conceição, não ousava contrariar o companheiro, que respeitava e acarinhava como um filho, não lhe deixando faltar nada em detrimento de se alimentar ela própria, com os recursos da sua magra reforma. Voltava sempre do campo com um feixe de lenha, e o seu sequeiro tinha sempre com que fazer fumegar, nas manhãs frias, logo cedo, a cheminé com chapéu de lata, impedindo que a fumaceira subisse para o céu, seguindo a direção imposta pelo vento, vindo do lado do Mogrão ou de Agrochão. Era uma casinha pouco confortável, com buracos pelas paredes até ao telhado, o qual também deixava passar umas gotas de água, vindo cair numa das duas peças, por vezes na cama. Sofriam os dois de asma, sendo o Agostinho assistido mensalmente por oxigénio receitado pelo médico de família.
 N’um certo dia, estava eu a levantar-me da cama, quando ouvi, através da janela, um falatório anormal, que um agrupamento de pessoas, fazia chegar aos meus ouvidos, e, apercebendo-me de que algo de anormal se estava passando, abri a janela, e deparei com o “Sureta” assentado n’um mocho junto da porta de sua casa,, e em volta algumas mulheres perguntando umas às outras para onde o iam levar, subentendi que estivesse morto … - levamo-lo para a Igreja? Perguntou uma das mulheres. Entrevi e perguntei o que se passava… já não respira, gritava a Conceição a chorar…
Enquanto me vestia, pedi que fossem a casa do “falina” pedir uma bomba de oxigénio rapidamente. Baixei a correr as escadas e logo que o moço que foi de carro procurar a bomba chegava também, peguei nela, introduzi-a já com dificuldade na boca do moribundo, que já se encontrava mais para lá do que para cá, e pressionei-a por três vezes. Retirei-a com o queixo já mais flexível, enquanto uma senhora, abanava um cartão fazendo-lhe chegar ar à boca, e por conseguinte aos pulmões já quase adormecidos…. Começou a reagir, e liguei para o 112, que chegou quinze minutos depois. Meteram-no no carro, e ligaram o oxigénio. Curioso foi ouvir o “sureta” rezar enquanto era levado para o carro de socorro, um homem que não acreditava em Deus, e jamais ia à missa nem à Igreja… ficaram as senhoras a sussurrar o seguinte: -Quando nos vemos apertados queremos em Deus…
O homem ressuscitou comentavam as pessoas… e ele sorria, mais tarde, quando lhe contamos o sucedido. Vive hoje no Lar, enquanto a Conceição minha amiga vizinha partiu para o céu um Domingo, sendo encontrada pelo marido estatelada, sem que o companheiro embriagado lhe tivesse prestado socorro, que ela com certeza pediu e ninguém a ouviu. Que a sua alma descanse em paz.

quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

PROVÉRBIOS

» Por Sto Antão (17.1), neve pelo chão.
» Por S. Sebastião (20.1), laranja na mão.
» Por S. Matias (24.2), começam as enxertias.
» Por S. Matias, noites iguais aos dias.
» Por S. Marcos (25.4), bogas e sáveis nos barcos.
» Por S. Barnabé (16.5), seca a palha pelo pé.
» Pelo S. João (24.6), ceifa o pão.
» Pelo S. João, lavra se queres ter pão.
» Lavra pelo S. João: terás palha e grão.
» No S. João, semeia de gabão.
» Pelo S. João, deve o milho cobrir o cão.
» Pelo S. João, figo na mão.
» Até ao S. João, é sezão.
» Para o S. João guarda o melhor tição.
» Até ao S. João sempre de gabão.
» Ande por onde andar o Verão, há-de vir pelo S. João.
» Galinhas de S. João, pelo Natal, ovos dão.
» Sardinha de S. João pinga no pão.
» Ande o calor por onde andar, pelo Santo António (13.6), há-de chegar.
» No dia de S. Pedro (29.6), vai ver o olivedo. Se vires um bago, conta um cento.
» Por S. Pedro, fecha o rego.
» Por Santa Marinha (18.7), vai ver a tua vinha.
» Por Santa Ana (26.7), limpa a pragana.
» Por S. Gens (25.8), vareja as nozes se as tens.
» Chuva por Santo Agostinho (26.8), é como se chovesse vinho.
 
» Por S. Mateus (21.9), pega nos bois e lavra com Deus.
»Por S. Mateus, vindimam os sisudos e semeiam os sandeus.
» Por S. Mateus, conta as ovelhas, que os cordeiros são teus.
» Nas têmporas de S. Mateus, pede bom tempo a Deus.
» Nas têmporas de S. Mateus, não peças chuva a Deus.
» Águas verdadeiras por S. Mateus as primeiras.
» Quem planta no S. Miguel (29.9), vai à horta quando quer.
» Quem se aluga no S. Miguel não se senta quando quer.
» S. Miguel soalheiro enche o celeiro.
» S. Miguel das uvas, tanto tardas e tão pouco duras!
» S. Miguel passado, tanto manda o amo como o criado.
» Se houvesse dois S. Miguéis no ano, não havia moço que parasse no amo.
» Por S. Francisco (4.10), semeia o trigo, O velho que tal dizia já semeado havia.
» S. Francisco veja o teu campo arado e teu trigo semeado.
» Por S. Lucas (18.10), colhidas estão as uvas.
» Por S. Lucas, mata os porcos e tapa as cubas.
» Por Santa Ireia (20.10), pega nos bois e semeia.
» Por S. Judas (28.10), colhidas são as uvas.
» Por S. Simão (29.10), semear sim, navegar não.
» Por S. Simão, favas na mão.
» No dia de S. Simão, quem não faz magusto não é bom cristão.
» Quem não planta horta pelos Santos (1.11), inveja a dos vizinhos e espreita pelos cantos.
» Por Todos os Santos, neve pelos cantos.
» Pelo S. Martinho (11.11), semeia a fava e o linho.
» Pelo S. Martinho, mata o porco e semeia o cebolinho.
» Queres espantar o vizinho? Lavra e estruma no S. Martinho.
» No dia de S. Martinho, encerra o porquinho, souta o soutinho e prova o teu vinho.
» Por S. Clemente (22.11), alça a mão da semente.

terça-feira, 15 de janeiro de 2013

HERANÇAS DESTINADAS

                              HERANÇAS      (  I  )
 Era uma vez… todas as histórias de encantar começavam assim, para os miúdos que tinham quem lhas contasse, carinhosamente, ao adormecer, n’uma cama confortável, à luz brilhante de um candeeiro, nas noites invernais geladas e silenciosas, onde o aconchego dos cobertores de Lã merina, proporcionavam sonhos lindos. Ao “puto”, na penúria herdada, à luz de uma candeia já com falta de “torcida” e pouco petróleo, deitado n’um “cheragão” (colchão) cheio de “colmo” moído, buracos no tecido de sacas velhas, “empelouricado” sobre quatro tábuas velhas a cair aos pedaços, envolto em mantas de farrapos, tecidas para os pobres, nunca ninguém lhe contou, os porquês de ter vindo ao mundo, no mesmo dia de Camões, e só onze anos passados foi registado civilmente?! Seria fatalidade ou ironia predestinada, proclamada pela justiça divina; um dia, quando era pequenino, adormeceu tão profundamente, durante dois dias e três noites, deixando pressuposta partida para os anjos, o que levou sua mãe a chamar alguém competente, a fim de sopiar um filho que ainda não tinha sido batizado… e, na sua mais tenra infância, o puto teve fome… do caldeiro que cozia a “bianda” (refeição) para os porcos extraiu castanhas, (mamotas) para comer, sujeitando-se ao perigo eminente que o levou a cair nas brasas da lareira, acorrendo de imediato a mãe que o envolveu numa toalha, e das chagas extraiu uma a uma as brasas coladas ao corpo do menino desesperado com as dores que lhe penetravam o corpo sangrentamente. Uma nutrição que supera a precaridade… metade de uma batata cozida com a casca água e sal, e uma pequena percentagem de meio quarteirão de sardinhas, compradas a um sardinheiro familiar, que sempre deixava mais uma, moída, que ninguém queria, divididas por nove pessoas… passou dias inteiros com um naco de pão centeio, pedido emprestado a uma senhora de coração de ouro, até que viessem uns tostões para comprar uns kilos de farinha e devolver a peça, muitas foram as vezes em que essa santa mulher não aceitou de volta o empréstimo por ter conhecimento das dificuldades financeiras da família. Quando a fome apertava ainda mais, tendo ingerido apenas um caldo de couves a navegar na água, uma batata esmagada, e adubado com uma lasca de unto, ia sentar-se nas escadas de granito de uma familiar, com a mão direita segurava o queixo pendente, enquanto o olhar triste vagueava pelo imaginário da desventura, e dava às feições um ar de pedinte envergonhado.


E o “puto” teve frio… de pés descalços, pisou a lama suja das ruas molhadas pelas lágrimas tristes que seus olhos derramavam, quando cruzava meninos da sua idade, correndo nos seus sapatos ou socos confortáveis dentro de meias quentes de Lã. Trémulo, soluçando, erguia várias vezes os olhos para o céu, talvez a implorar o divino do peso que carregava na alma injustamente, porque não pedira para nascer, ou seria para contar as estrelas que brilhavam com menos densidade, onde se notava também a injustiça discerne. As calças e camisa rotas que os remendos já não cobriam os buracos, deixavam entrar o vento gelado, que cruelmente entrava e penetrava no corpo, que a pele tentava proteger com pouca e impotente espessura.
E o “puto” sentiu o medo atroz e traumatizante, que o persegue até ao final do seu viver… a violência doméstica, praticada pela embriaguez frequente de um pai irresponsável, viciado e violento… gastava na taberna, nos jogos e em copos, os poucos tostões provenientes de raras jeiras, e outros que pedia emprestados, voltando tardiamente, já alta noite, e gritava com sua mãe, porque ela tentava chamá-lo à razão envolvente, do miserável viver, seu e dos seus filhos… espancava-a com o cinto e tudo quanto lhe vinha à mão, enquanto os filhos chorávam e íam pedir socorro, junto dos primos maternais mais idosos, os quais acorriam, ameaçando de tomar medidas caso voltasse a acontecer. Toda esta violência sobre o efeito do álcool era hereditário, sendo da mesma maneira tratada, a avó, fruto da frustração de irresponsabilidade, que no passado pela má gerência, alcoolismo, jogos e perguiça, levou uma das casas mais abastadas da Aldeia, a penhorar prédios rústicos e urbanos, por umas cascas de alho, desvanecendo-se pouco a pouco a fortuna, a honra e a reputação de uma família considerada e respeitada.
E o “puto sentiu, raiva… com as doenças que chegavam naturalmente, como: Os papos, Varicela, Sarna, Sarampo, assim como as infececiosas, tuberculoses e bronco-pulmonares… foi com uma pneumonia que um dos seus irmãos caiu doente, e uma simples penicilina teria curado, comprada com a ajuda de pessoas da terra… mas essa ajuda não veio. Nem com pedidos desesperados perante um homem que trabalhava no Hospital de Bragança, foi possível salvar aquela alma inocente, que pedia socorro em alta voz e ninguém se comoveu… deixaram-no morrer à mingua, ali para um canto, como um animal, sem dó nem piedade… que os remorsos daqueles que podiam e não quiseram fazer nada para o salvar os persiga para sempre neste e no outro Mundo

sexta-feira, 11 de janeiro de 2013

A recolha da laranja no meu quintal

 O frio está chegando. Como todos os invernos, as geadas, quando misturadas com densa nuvelina, fazem estragos nos frutos invernais que não estão abrigados por estufas, e tratados por quimicos prejudiciais para a um saudável viver da pacatez Aldeâ. Para evitar o congelamento, resolvi, hoje, fazer a recolha das laranjas,  tangerinas e clementinas do meu pátio, ficando apenas os limões, e aquelas que aparentavam ainda não estar maduras, sujeitas ás intempéries anunciadas pelo boletim meteorológico.
A quantidade foi menos abundante que nos passados anos, devido ao tempo quente e seco que tivemos durante todo o Verão e parte da Primavera... contudo, a qualidade é excelente, muito sumentas e de uma doçura que faz inveja às abelhas e seu mel.
 Em Murçós, há hoje numerosas plantas a produzir em quantidade e qualidade... para conssumo, como sempre, pois nesta Aldeia não se vende nada, partilha-se, divide-se!
O clima, subiu bastante em altura, em relçao ao nível do mar, pelo que se os antigos passassem por cá e vissem estas maravilhas, caiam de surpreza, mas, por outro lado, o castanheiro vai secando cada vez mais nas partes baixas da Aldeia.
O limoeiro, com ramalhagem bastante frágil, tem curiosas carateristicas de produção durante todo o ano. Chega a ter quatro gerações ao mesmo tempo,; flor, e frutos da infancia até adultos, prontos para colher, o que facilita a utilização, recolhendo só quando a necessidade se faz sentir, sempre frescos e elegantes!
 O crescimento da árvore tem um desemvolvimente rápido e gigantesco, necessitando de "ser podado" cortado frequentemente, para não invadir o espaço dos familiares.
 As tangerinas, maiores e mais ácidas, e as clemantinas, menos volumosas, casca magra, são doces e sem sementes, facilitam o consumo. Sofreram neste ano uma desflorição inadequada, por razões meteorológicas, havendo para matar saudades, longe dos dezentos kilos do ano passado. A sua conservação também não é de grande duração, enquanto as laranjas, podem durar até ao verão, se guardadas em lugares adecuados, e colhidas sem ematômas. Finalmente o seu perfume delicia os baixos da casa, e os moradores.

domingo, 6 de janeiro de 2013

REIS DOS REIS

Dia de reis
SÃO TRADIÇÕES, QUE INFELIZMENTE SE VÃO PERDENDO... POR NOITES GELADAS COMO ESTA, ERA UMA ALEGRIA, ANDAR DE PORTA EM PORTA CANTAROLANDO, COMENDO E BEBENDO UNS COPOS,  HARMONIOSAMENTE... ESCOLHI ESTE GRUPO DE CANTORES POR SEREM OS MELHORES DE MURÇÓS, APÓS NUMEROSOS "CASTINGS"! BOM DIA DE REIS PARA TODOS.



Aqui vem as três rosinhas
quatro ou cinco ou seis
se o senhor nos dá licensa
vimos lhe cantar os reis

Os três reis do oriente
já chegaram a Belém
visitar o Deus Menino
que Nossa Senhora tem

O menino está no berço
coberto c'o cobertor
eos anjinhos estão cantando
louvado sej'o Senhor

O Senhor por ser Senhor
nasceu nos tristes palheiros
deixou cravos deixou rosas
deixou lindos travesseiros
também deixou a abelhinha
abelhinha com o seu mel
para fazer um docinho
ao divino Emanuel

Você diz que tem bom vinho
có có có
venha-nos dar de beber
rintintin
florin-tintin
traililairo

sexta-feira, 4 de janeiro de 2013

SOS



AMANTES DE PERDIÇÃO
Tal como na fábula de: “ O REI SALOMÃO e as duas mulheres”, os amantes de Murçós, onde tem as suas profundas raízes, deixam afundar, lentamente, lastimavelmente, num mar sem lágrimas, a terra mãe, permitindo a sua divisão, por uma espada mortífera, sem que o seu julgamento, passe pelo representante do Rei Salomão, ou quem quer que lhe tenha verdadeiro amor, estenda o braço, levantando a voz: “ Basta de hipocrisias mentirosas”…
Longe, no esquecimento, vão os tempos em que: O LAVRADOR, voltava da arada e dava boleia a um pobrezinho, com fome e com frio, mediante o olhar milagroso do S. António, que lá do alto, no interior da sua capela, só recebe visitas no dia 13 de Junho, com o tradicional convívio de: comes e bebes… passam, hoje, os seus descendentes, em automóveis de topo de gama, dão uma espreitadela vaidosa, carregam no acelerador, e, com desdém seguem por auto estradas da luxúria e da avareza…
… Encontramo-nos em locais de guerras e batalhas, sem fundamento nem racionalidade argumentativa, e, como: “A ÁGUIA E A CORUJA”, os nossos filhos, são os mais inteligentes, belos e poderosos, confusos mas inconfundíveis, únicos, com valores e princípios, que surgem ao desvanecer de deveres e julgamentos humanistas… não pode haver omissões nem erros de percurso interrompidos pela leviandade subjetiva e racional…. Cada um por si!?
Cada vez mais nos identificamos com as fábulas do: “POBRE E O RICO”. Ninguém precisa de ninguém? Mas todos nos deixamos subornar… é aliciante, pelos tempos que correm qualquer significância que nos ajude a projetar mais longe, e mais distintamente… marimbando para honras ou palavras… vale tudo… mesmo tirar olhos? Infelizmente!
Murçós, moribundo, necessita da ajuda dos seus filhos verdadeiros… o envelhecimento não é uma doença contagiosa, apenas um certificado futuro… a desertificação também não apraz, mas torna-se inevitável. Contudo, não fechem a porta definitivamente, nem voltem apenas para ver o que está mal ou não foi feito… a união faz a força!