quarta-feira, 27 de novembro de 2013

Informação

POR RESPEITO PELOS VISITANTES DESTE ESPAÇO, NUMEROSOS NOS DIVERSOS CANTOS DO MUNDO, OS QUAIS ME PEDIRAM PARA PONDERAR DANDO CONTINUIDADE ÀS MINHAS POSTAGENS, E APLICANDO A REGRA DA ÈTICA MORAL, RESOLVI APÓS REFLEXÃO, USUFRUIR DO DIREITO EXPRESSIVO QUANDO NÃO ESTÁ EM CAUSA A VERACIDADE DOS FACTOS, CUJA ESPECIFICIDADE SUBJECTIVA  E ALEATÓRIA, NÃO REFERENCIOU NOMEADAMENTE CIDADÃOS EM PARTICULAR.
( esta foi a resposta de uma consulta juridica)
Murçós 19 de Desembuo de 2013



Murçós 27 de Novembro de 2013-11-27
CAROS LEITORES:
Venho por este meio, pedir desculpas a todas as pessoas envolvidas no texto escrito por mim, inconscientemente ou simples desabafo, fora de tempo e de lugar, desrespeitando a ética moral, e integridade física à qual todos temos o direito de opção sobre as nossas maneiras de viver, assumindo a minha grande culpa e deveras arrependido; estou-me a referir a um texto cujo título " PAUSA NO TEMPO" fazia referência (à tasca das viúvas). Peço igualmente desculpas aos familiares das pessoas supostamente visadas e atingidas, e se foram mal interpretadas a alusões aos defuntos pelos quais tenho o maior respeito e consideração, posso afirmar que foi isento de má-fé…
Este texto será definitivamente eliminado, e prometo não voltar a entrar nas picardias de qualquer espécie, e superar as provocações que alimentam espíritos maliciosos, e discórdias, mal-intencionadas, as quais servem apenas os interesses da coscuvilhice gratuita.
A este propósito, venho igualmente anunciar o fim dos postes neste Blog. Esta página foi criada para servir uma causa Social a qual por razões já conhecidas dos leitores abortou, pelo que não se justifica, apesar de respeitar os cerca de trinta mil visitantes, no espaço de apenas dois anos de existência; a principal razão está a ser deturpada ao benefício dos curiosos, os quais beneficiam gratuitamente de informações sem precisar para tal comprar os jornais.
Quero agradecer do fundo do coração os comentadores, quase sempre os mesmos, ma sei que o faziam de bom grado e consideração.
Estou saturado, cansado das guerras sem fundamento… fica apenas o desejo de quando um dia fechar os olhos, me levem para a minha verdadeira terra, aquela que me deu a vida, me inculcou princípios e valores… esses sim podem julgar-me justamente pelo que valho e sou.
O povo de Murçós fez as suas opções, limitar-me-ei a aceitá-las enquanto aqui viver….
QUE A PAZ REINE NOS CORAÇÕES ABERTOS AO DIÁLOGO, E O PERDÃO  ATINJA OS HUMILDES QUE QUE ERRAM…


quarta-feira, 20 de novembro de 2013

Solo fértil...

 Riquezas terrestres
O solo de Murçós é riquíssimo, não só nos minérios, como noutras matérias comestíveis… fértil, e de há uns anos para cá, beneficia da subida climatérica acentuada, embora também prejudicial, a certas árvores amantes do frio e vulneráveis à contaminação provocada não se sabe com certeza pelo quê… talvez com a ajuda dos ervecidas e pesticidas… refiro-me ao castanheiro e à doença da tinta, cujas características  pode ver aqui 
 Tal como o cancro, aqui

 Tenta-se plantar o castanheiro hibrido, segundo dizem protegido contra estas doenças, mas, de custos elevados.
Nos locais quentes das plantações centenárias, vêem-se hoje, esqueletos em pé, ou pés cortados para queimar…
A castanha, em tempos passados abundante e de boa qualidade, longal ou brava, tornou-se n’um dos investimentos mais rentável para os cultivadores, os quais apostam hoje, nas plantações em terrenos mais altos, e com variedades de calibre superior, enxertando da: Judia, Boa ventura, Mataínha, Cota ou Lada. Este ano os preços rodaram o 1, 60 euros por kg, o que deixa uma margem de ganhos considerável, com poucas despesas. Não acontece o mesmo com a azeitona e uvas, que apesar de alguns serem subsidiados, dá apenas para a manutenção e consumo pessoal…contudo famílias proprietários de dois palmos de terreno, governaram-se toda a vida com os projetos e subsídios, dos quais o nosso governo nunca se sociou saber ou mandar fiscalizar… tantos fundos comunitários desperdiçados ou proveitosos a pessoas com boa situação social; tal como as instituições caritativas, cruz vermelha entre outras, que distribuem pelos amigos, deixando de fora os verdadeiros carenciados… vão bem cedinho à casa Falcão em Macedo buscar alimentos, envergonhando-se que alguém conhecido os veja, mas sem remorsos, vivem muito bem…

 As instituições funcionam através do suborno, amizade e parentesco, e o resto é conversa.
Voltando ao texto, há hoje em Murçós, laranjeiras nespereiras, kiwis, amêndoas,, vinho, azeite, castanhas, cerejas, e toda a diversidade de frutos, legumes… até as pinhas são de uma utilidade considerável para acender os recuperadores na moda para não sujar as cozinhas, e as fogueiras antigas para os mais conservadores.
Já não se mata o porco como antes, fazem-se umas alheiras e chouriças de carne comprada no talho, para não sujar as cozinhas, e porque dão demasiado trabalho para os aturar durante o ano… as pensões e reformas dão para tudo, pelo que porque razão se complicar a vida?


 Os cogumelos com todas as suas diversidades, encontram-se nos campos de Murçós, às centenas, e os seus amantes, cada vez mais numerosos, percorrem através dos montes km  à procura para nutrição e guardar nas arcas frigorificas, congelados servindo nas ocasiões de repastos entre amigos ou familiares consideráveis.
O solo é realmente propício e o clima ideal, pelo que encontramos: As pinheiras (como lhe chamam aqui) os tantulhos (cep), os abezós, as setas, os rapazicos, os frades,as carneiras, as repolgas de todas as árvores, os niscaros, os rapados, e tantos outros que em seus tempos aparecem para a felicidade de quem gosta, sardáveis com seus nutrientes recomendados, salvo os que não são comestíveis, venenosos, pelo que se deve fazer sempre acompanhar por conhecedores incontestáveis e as enciclopédias que informam. Até as “,trufes ”pérolas raras e caríssimas, constou-se alguém as ter visto lá para os lados das Cabanas. Os citadinos são cada vez mais numerosos a visitar os termos recheados destes petiscos, e aproveitando os pinhais e as pinhas, porque a vida está cara e o “acendalhos “também.
Deixo os linkes para aqueles que quiserem saber os nomes científicos dos cogumelos e as doenças do castanheiro

 clique aqui






domingo, 17 de novembro de 2013

Filhos órfãos de pais vivos

 Saem logo de manhãzinha, e voltam já noite escura…
Ser pastor não é desprezível… pelo contrário! É honrar uma profissão em vias de desaparecimento; onde os contactos com a natureza transcendem os poderes malignos sobrenaturais que nos invadem constantemente, transformando-nos desumanamente em bichos ferozes, hipócritas, vaidosos, cínicos, desonestos.
Um dos pastores residentes neste pequeno aglomerado - de casas a ruir com o decorrer do tempo, ou em estado degradante porque seus donos fecharam a porta, alguns para jamais voltarem, outros que vem por obrigação protocolar, respeitantes à consideração pelos antepassados e os sacrifícios operados na aquisição e manutenção de um património cujos valores se transformaram em dinheiro - chamo-lhe eu respeitosamente, o homem invisível…


Deve ter por volta dos cinquenta e poucos anos. Homem de estatura média, pacato, de poucas falas, cabelo encaracolado, olhar piedoso, solteiro, inquilino de uma irmã e três filhos, - que o pai abandonou, segundo relato dos moradores, n’um destes dias de desespero pela falta de meios subsistentes, ou porque foi tentado pelo demónio, e, como tantos outros, resolveu fugir cobardemente ao seu dever de marido, de pai, cujas razões, por mais dolorosas que sejam, o perseguirão onde quer que esteja, inibindo-o, julgando-o e condenando-o ao desassossego eterno – teve em tempos, segundo consta, um viver atribulado provocado pelos efeitos do alcoolismo do qual se redimiu na altura certa, superando a fraqueza da dependência, talvez incentivado pela irmã, que necessitava da sua ajuda para a criação dos três filhos, de entre os quais um é deficiente. Vejo-o raramente, lá para os lados da ribeira, pastoreando o seu rebanho, hoje misto, de cabras e ovelhas, por entre a densidade do arvoredo que pouco a pouco invade o que noutros tempos foi cultivado á enxada e com os braços musculosos dos que traziam para casa carros de uvas, por caminhos agrestes, sinuosos com acentuada elevação da gravidade. È talvez neste paraíso terrestre que ele encontra a força de um viver disforme, meio selvagem meio condescendente, aprazível, como as águas cristalinas que correm serenamente, e ele fica a olhá-las tempos indefinidos, com tanta perplexidade, como se fosse a primeira vez! Eu, já várias vezes me perguntei mentalmente, se valeria a pena viver desta forma? Será que para viver tem que haver razões?

Augusto Branco dizia: - “ Por tanto ser deixado para trás, aprendeu a dizer adeus… antes de ser chamado para outra vez”.
Referia-se a filhos órfãos de pais vivos… tantos casos neste canto perdido do universo! Era orgulhoso para estes psicopatas, mostrar através de demonstrações machistas, como um Giacomo Girolamo Casanova, sem se sociarem das graves consequências provenientes dos magros meios de subsistência, para as mães solteiras, deixadas na vergonha, de um ato por vezes forçado, ou então de situações carenciadas. As Leis que regem os seres humanos desprecavidos de responsabilidades morais e físicas, sem princípios, mas conscientes dos seus atos dos quais só viriam a sentir remorsos na hora da extrema-unção. Progenitor à espera de julgamento divino, porque não é verdade que somos todos semelhantes ou iguais… talvez fisicamente?

Voltando ao pastor que vive longe de um Mundo feroz, guardando o seu rebanho, abençoados os humildes… aqueles que vivem n’um Mundo de pureza, mesmo que isto não seja viver…

sábado, 16 de novembro de 2013

Aniversário de Saramago

pode ver aqui



Homenagem a um extraordinário escritor vindo do nada e detentor de uma inteligência fora do comum.


Do novelo emaranhado da memória, da escuridão dos
nós cegos, puxo um fio que me aparece solto.
Devagar o liberto, de medo que se desfaça entre os
dedos.
É um fio longo, verde e azul, com cheiro de limos,
e tem a macieza quente do lodo vivo.
É um rio.
Corre-me nas mãos, agora molhadas.
Toda a água me passa entre as palmas abertas, e de
repente não sei se as águas nascem de mim, ou para
mim fluem.
Continuo a puxar, não já memória apenas, mas o
próprio corpo do rio.
Sobre a minha pele navegam barcos, e sou também os
barcos e o céu que os cobre e os altos choupos que
vagarosamente deslizam sobre a película luminosa
dos olhos.
Nadam-me peixes no sangue e oscilam entre duas
águas como os apelos imprecisos da memória.
Sinto a força dos braços e a vara que os prolonga.
Ao fundo do rio e de mim, desce como um lento e
firme pulsar do coração.
Agora o céu está mais perto e mudou de cor.
É todo ele verde e sonoro porque de ramo em ramo
acorda o canto das aves.
E quando num largo espaço o barco se detém, o meu
corpo despido brilha debaixo do sol, entre o
esplendor maior que acende a superfície das águas.
Aí se fundem numa só verdade as lembranças confusas
da memória e o vulto subitamente anunciado do
futuro.
Uma ave sem nome desce donde não sei e vai pousar
calada sobre a proa rigorosa do barco.
Imóvel, espero que toda a água se banhe de azul e que
as aves digam nos ramos por que são altos os
choupos e rumorosas as suas folhas.
Então, corpo de barco e de rio na dimensão do homem,
sigo adiante para o fulvo remanso que as espadas
verticais circundam.
Aí, três palmos enterrarei a minha vara até à pedra
viva.
Haverá o grande silêncio primordial quando as mãos se
juntarem às mãos.
Depois saberei tudo.

Mago Saramago - Caverna de Platão e as imagens

segunda-feira, 11 de novembro de 2013

Anos depois

 Homenagem sentida:
Era um homem extraordinariamente generoso… o seu sorriso penetrava os corações agrestes dos que o rodeavam… conquistava com uma calma desconcertante o universo dos que o conheciam… generoso, convivial, trabalhador, amante dos bons princípios… um homem íntegro… um pai exemplar, que jamais se esquivou às obrigações familiares, sacrificando o seu próprio sistema de vida, quando como tantos outros, em tempo útil, poderia dar o salto para o estrangeiro onde existiam melhores recursos de vida. Eram tempos difíceis, sobretudo para as famílias numerosas. Oito irmãos, filhos de pais lutadores, cujo património herdado, dava apenas para sobreviver… mas, nunca lhes faltou nada em casa… fruto do empenhamento, dedicação, lealdade, educação e sobretudo sacrifícios no dia-a-dia, e num cerco rural de escassos e magros recursos.
Patriota incondicional, foi mobilizado para o Ultramar onde cumpriu o dever cívico, guardando 
sequelas de uma guerra, da qual, como tantos outros, discordava, mas… não teve o direito de escolher, nem de manifestar a discórdia…
Conheci-o já quando ele tinha uma vida confortável, apesar das contrariedades, dos numerosos sacrifícios impostos pela luta constante de sobrevivência, dos frios invernais, do suor derramado em dias tórridos de verão, lá para os lados do Vale-Grande, entre calhaus, e no bolso uma “côdea” de pão duro servindo-lhe de merenda, enquanto não se punha o sol e voltava para casa já na escuridão da noite, atrás de duas vacas jungidas, que a passos lentos, percorriam estes caminhos sinuosos, que conheciam de cor.
Confidenciava-me ele em conversas, na sua casa, à volta de repastos copiosos… - Eu nunca fui para a França… mas, em minha casa há de tudo, e nunca deixei que faltasse nada aos meus filhos… casei-me sem um tostão…. Trabalhei muito! Hoje, apesar de não estar rico, tenho uma casa que mandei construir para abrigar a minha família, que é o que tenho de mais importante na vida – foi muito duro – continuava ele nas suas conversas das quais se podia sentir orgulhoso! As suas confidencialidades nunca excediam a descrição… não invejava este ou aquele no ter nem no ser… encarava a luta com uma força sobrenatural… amanhecia apenas, com temperaturas altas ou baixas, chuva, neve ou vento, lá ia ele tratar dos animais, preparar o trator para uma possível saída… também subia as numerosas escadas dos pais com lenha para acender o lume, quando eles começavam a dar índices de idade avançada.Recordo hoje, com grande emoção, o seu lado supersticioso referente a certos gestos ou factos, a felicidade com que abraçava a vida, e o pessimismo da fatalidade que lhe viria a dar razão.
- Coitado de fulano… está velho, e anda tão mal – dizia eu, ao que ele sempre acrescentava: - Ainda podemos nós ir antes…
Era um duro dos duros… jamais contraira uma doença a não ser, ocasionalmente gripe ou constipação. Queixava-se de vez em quando de uma dor nas costas, proveniente de uma queda que tivera no Ultramar – dizia ele.
Um certo dia começou a sentir uma dor morta na perna direita… - reumatismo ou caruncho – brincava ele ao descrever esta inesperada contradição…
Mas, a dor acentuava-se cada vez mais com o decorrer do tempo. Especulava-se ser um prognóstico do povo, daqueles que passam com “mezinhas” benzimentos e outros meios que os antigos usavam e com eles saravam.Como nada resultava, mas ele nunca dava parte de fraco, encostado a uma bengala, não deixando transparecer qualquer suspeita do calvário que estava vivendo, confidenciava apenas à noite com a esposa inquieta pela perca de peso e de visão.
Entretanto uma cunhada enfermeira, marcou-lhe uma consulta, e análises clinicas observando a anormalidade do caso. Mesmo nós que convivíamos com ele de perto,  não suspeitávamos aquela evolução tão rápida da doença. Começaram a surgir sintomas indicadores tais como: Fomos à vindima e ele disse-me a mim para trazer a carrinha, coisa que não faria tendo todas as suas faculdades; ia virar o trator e embateu contra a parede.
Poucos dias depois, estávamos no cabanal a fazer a água ardente, e durante a hora do almoço novo incidente que levou a esposa a telefonar para a cunhada contando-lhe o sucedido, a qual tratou imediatamente do seu internamento. Voltou para junto de mim e dos potes da água-ardente e apenas me disse que ia ser internado.
- Levo-o lá eu propus imediatamente.
Para quê tanta presa? – Respondeu ele – vem cá o cunhado buscar-me… e para me encher do hospital ainda vou a tempo…
Dois dias depois fui visitá-lo à enfermaria 5 de medicina. Fiquei estupefacto, apreensivo e com o coração num punho perante a visão daquele que tão rapidamente se tinha transformado num autêntico legume. As lágrimas inundaram-me os olhos, senti que o coração se me apertava, que o ritmo cardíaco acelerava, que o receio do pior me traísse, que ia soltar  gritos de quem não aceita a fatalidade do destino… porque era injusto… apesar de ser sempre injusto… ele não merecia… ninguém merece… mas não é verdade que quem decide, decide bem. Somos todos mortais pelo que devemos aceitar a justiça divina – gritava-me a consciência.
A enfermaria estava repleta de pessoas amigas que vieram visitá-lo, e, como se já não estivesse ali ninguém opinavam barbaridades deixando-me ainda mais confuso e nervoso.
Novas análises foram ordenadas para o Porto, o médico não se podia prenunciar… temia-se o pior. Nova visita alguns dias depois, desta vez restringida aos familiares. Fiquei surpreendido quando em voz alta disse para as minhas filhas: vou até lá fora tomar ar..
Fumar um cigarrito… - respondeu ele.
 Uma ténue esperança
 Invadiu o meu espírito moribundo, acompanhado de imenso prazer ao verificar que a sua lucidez se mantinha intacta. Rezei uma oração pedindo ao senhor que tivesse compaixão daquela família.
Toda esta esperança se decepou ao descer as escadas, no final da visita e o médico que o tratava nos chamou para nos dar o diagnóstico fatal.
A vida tem destas crueldades, que tanto nos fazem sofrer… não escolhe… vagueia ao acaso selecionando aquele que o destino marcou… ó quão difícil conceber nem aceitar o julgamento divino! Ò quanto ele gostaria brincar com os seus maravilhosos netinhos que apenas o conhecem pela foto… sacrificou-se tanto para eles e por eles e só lhes pode deixar como recordação a imagem de um homem com H grande!
Partista num Outono cinzento… ainda sinto o perfume das roupas que te levei àquele lugar frio, mórbido, onde os calafrios apenas me transmitiram um estado de revolta para com a vida que te roubaram…
Foste e sempre serás para mim um homem extraordinário

Que a tua alma descanse ma paz do Senhor



















quarta-feira, 6 de novembro de 2013

Apanha da castanha 2013



De que modo o cultivo da castanha é uma fonte de rendimento que beneficia não apenas os agricultores proprietários dos soutos mas também a população local?
Uma vez que a colheita constitui um dos principais encargos com a produção da castanha, e dada as dificuldades que se colocam à difusão do processo de colheita mecânica, está-se perante uma actividade que constitui uma importante fonte de rendimento não apenas para os proprietários dos soutos mas também para a mão de obra assalariada, necessária sobretudo para a poda (dos ramos secos, doentes e cruzados) e colheita do fruto. Aliás, um dos principais problemas que se perspectivam ao futuro desenvolvimento desta actividade, passa essencialmente pela escassez de mão de obra, em consequência da progressiva tendência de envelhecimento da população e das dinâmicas demográficas repulsivas que se assistem no nordeste transmontano.Ainda no que se refere a benefícios para a população e uma vez que a colheita deste fruto obriga a que o souto seja revisitado 3 a 4 vezes, é usual os proprietários, no final da época da colheita, permitirem a apanha gratuita (rebusco) dos últimos frutos, que são utilizados para consumo próprio, alimentação de animais ou mesmo para comercialização.  Trata-se portanto de uma actividade com um peso importante para a economia familiar da região.
Num bom ano de produção quais os níveis de produtividade alcançados na Terra Fria Transmontana?
Para o conjunto da Terra Fria Transmontana a produção anual ronda as 12 a 13 mil toneladas.
Que proporção é arrecadada pelo agricultor do total de castanha obtida?
Aproximadamente 2% que se destina essencialmente a auto-consumo e alimentação do gado suíno.
Quais as principais pragas/doenças fitossanitárias que afectam a produção de castanha no nordeste transmontano?
Tanto os soutos antigos como os mais recentes são dizimados pelas doenças da tinta (chegou a portugal no século XIX e propaga-se através das raízes) e do cancro-do-castanheiro (detectado pela primeira vez em Trás-os-Montes em 1989), levando muitas vezes à morte das árvores. Calcula-se que em 1999 cerca de 1/3 da produção foi afectada pelos efeitos destas doenças e por condições climatéricas adversas. As consequências negativas destes flagelos são mais alarmantes sobretudo nos concelhos de Bragança e Vinhais.
Apesar dos trabalhos de investigação que têm sido feitos pela Universidade de Trás-os-Montes, pelo Instituto Politécnico de Bragança e pelo Centro Nacional de Sementes Florestais, ainda não existe um tratamento eficaz para nenhuma das pragas. Todavia, consciente deste problema a Associação de Produtores de Castanha do Nordeste Transmontano já promoveu desde 1995 mais de 24 acções de formação sobre a prevenção destas pragas, verificando-se já consequências positivas como seja árvores plantadas em locais mais adequados e melhor podadas e fertilizadas.
Quais os principais factores desfavoráveis a uma produção de qualidade?Uma produção de menor qualidade está sobretudo associada aos anos com condições climatéricas adversas (chuvas intensas e geadas), responsáveis por um fruto de má qualidade fitossanitária e de pequeno calibre (um pequeno calibre quando existe mais de 80 frutos por quilo, um bom calibre oscila entre os 45/60 frutos por quilo).
Quais as variedades de castanhas dominantes na Terra Fria Transmontana?
A Longal é a variedade regional característica do norteste transmontano, predominando por isso nos soutos mais antigos, embora de calibre menor (por isso mais rejeitada pelos compradores e nas novas plantações por significar uma colheita mais onerosa) é a que tem melhor sabor, melhor poder de conservação e maior aptidão para descasque.
Pelo facto dos intermediários estarem dispostos a pagar mais se o fruto for de maior dimensão e com boa apresentação, os agricultores têm optado por outra espécies nas novas plantações. A Judia é uma variedade de muito grande calibre, sendo por isso muito utilizada nas novas plantações, assim como a variedade francesa, Marron, por ter também grande calibre e ser resistente à doença da tinta (embora sensível à do cancro). Também são muito apreciadas as variedades precoces (Boaventura e Aveleira) devido sobretudo ao preço de oportunidade que os agricultores conseguem com a sua produção nos meses de Setembro/Outubro.
Quais os agentes que intervêm no circuito de comercialização da castanha da Terra Fria Transmontana?
Os principais agentes que interactuam no circuito de comercialização da castanha são: produtores, ajuntadores/intermediários, agroindústria, armazenistas, exportadores, mercados abastecedores, retalhistas, consumidores. Ao longo desta cadeia de comercialização procede-se a um conjunto de operações que promovem um acréscimo de valor ao produto: limpeza, selecção de variedades, calibragem, desinfecção, conservação, embalagem, descasque, congelamento, produção de pasta de castanha, etc. (pela actuação destas diferentes operações, a matéria prima, que no ano 2002 foi paga ao produtor a uma média de 1 a 1,5 euros por quilo,  representa apenas cerca de 20 a 25% do preço de mercado).
De modo a alcançar localmente um aumento do valor acrescentado que se introduz a este produto, o Instituto de Bragança encontra-se a desenvolver um projecto de investigação sobre as potencialidades da transformação da castanha (produtos derivados como farinhas, bolachas, doces, compotas e outros), o que pode induzir benefícios evidentes para a agroindústria local.

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