quinta-feira, 30 de março de 2023

A alma de boémio A minha sorte foi tirana e desdita Estou sofrendo por amar quem não me quer Isto acontece para um homem que acredita Que existe amor no coração duma mulher Por mais que eu queira esquecer o meu passado Meu sofrimento é viver pensando nela E os amigos, só pra me ver magoado Quando me encontra, vêm me dar notícia dela Só tenho as ruas e a bebida como herança Esta mulher me deu este maldito prêmio E hoje dela só me resta uma lembrança A torturar a minha alma de boêmio Embriagado, passo as noites pelas ruas Ninguém tem pena deste meu triste viver Olhando ao céu quando contempla a luz da lua Me representa a sua imagem aparecer Foi o desgosto que atirou-me nesta vida Abandonado e renegado pelo mundo Eu vivo sempre naufragado na bebida Tornei-me apenas um boêmio vagabundo Perdi amigo, perdi tudo que já tive Em altas noites só o sereno me abraça Esta mulher na mesma rua ainda vive Bebe com outro a brindar minha desgraça Se hoje vives maltrapilho pela rua A culpa é toda tua, não soubeste me conservar E por vingança, hoje eu bebo nesta taça A brindar tua desgraça na mesa deste bar Segue, segue bebendo que eu continuo vivendo assim E quando chegar o meu fim, que eu partir deste mundo Hás de lembrar com saudade que já foi pra eternidade Eu, boêmio vagabundo Foi o desgosto que atirou-me nesta vida Abandonado e renegado pelo mundo Eu vivo sempre naufragado na bebida Tornei-me apenas um boêmio vagabundo Perdi amigo, perdi tudo que já tive Em altas noites só o sereno me abraça Esta mulher na mesma rua ainda vive Bebe com outro a brindar minha desgraça Fonte: Musixmatch

quarta-feira, 29 de março de 2023

MENINO DO BAIRRO NEGRO ZECA AFONSO Olha o sol que vai nascendo anda ver o mar Os meninos vão correndo ver o sol chegar Menino sem condição irmão de todos os nus Tira os olhos do chão vem ver a luz Menino do mal trajar um novo dia lá vem Só quem souber cantar vira também Negro bairro negro bairro negro Onde não há pão não há sossego Menino pobre o teu lar Queira ou não queira o papão Há-de um dia cantar esta canção Olha o sol que vai nascendo anda ver o mar Os meninos vão correndo ver o sol chegar Se até da gosto cantar se toda a terra sorri Quem te não há-de amar menino a ti Se não é fúria a razão Se toda a gente quiser Um dia hás-de aprender haja o que houver Negro bairro negro bairro negro Onde não há pão não há sossego Menino pobre o teu lar Queira ou não queira o papão Há-de um dia cantar esta canção Fonte: LyricFind
I — O abade Myriel Em 1815, era bispo de Digne o reverendo Carlos Francisco Bemvindo Myriel, o qual contava setenta e cinco anos de idade, e que desde 1806 ocupava aquela diocese. Embora seja estranho ao enredo desta história, não será demais referir, ainda que não seja senão para sermos exactos, os diversos boatos e conversas que Ɵnham circulado a seu respeito, quando da sua chegada à diocese. Verdade ou não, o que se diz a respeito dos homens, ocupa muitas vezes na sua vida e, muito mais, no seu desƟno, um lugar tão importante como o mesmo que eles têm. Segundo se dizia, Carlos Myriel era filho de um juiz da Relação de Aix (aristocracia de toga) que, tendo-o desƟnado para sucessor do cargo que exercia, o casara muito novo ainda, apenas com dezoito ou vinte anos, como é costume em famílias pertencentes à magistratura. Apesar de casado, Carlos Myriel, pequeno de estatura, mas de agradável presença, elegante e muito espirituoso, dera, ao que constava, bastante que falar de si, por conƟnuar dedicando a sua existência aos prazeres mundanos. Rebentou a revolução e os acontecimentos precipitaram-se rapidamente; as famílias dos magistrados dizimadas, expulsas, perseguidas, fugiram. Logo nos primeiros dias da revolução, Carlos Myriel emigrou para Itália, onde sua mulher sucumbiu, devido a uma afecção pulmonar de que há muito sofria, deixando-o sem descendência. Que se passou depois disto na vida de Carlos Myriel? Dar-se-ia o caso da ruína da anƟga sociedade francesa, a decadência da própria família, os trágicos acontecimentos de 93, talvez ainda mais pavorosos para os emigrados que os viam de longe aumentados pelo terror, lhe terem feito germinar no espírito ideias de solidão e de renúncia? Teria sido no meio das afeições e distracções em que ocupava a vida, alcançado subitamente por algum desses terríveis e misteriosos golpes, que às vezes vão direitos ao coração e fazem derribar o homem que as catástrofes públicas, mesmo ferindo-lhe a existência e a fortuna, não seriam capazes de abalar? Era impossível dizê-lo; o que se sabia é que, quando regressou de Itália, vinha padre. Em 1804, Carlos Myriel, já de idade avançada, era pároco da igreja de Brignolles e vivia na mais completa solidão. Por ocasião da coroação teve de ir a Paris por causa de uma pequena pretensão, a que andava ligado o interesse da sua paróquia. Entre as pessoas de influência, cuja protecção solicitou em favor dos seus paroquianos, contava-se o cardeal Tesch. Num dia em que o imperador foi visitar seu Ɵo, encontrou-se na passagem com o digno eclesiásƟco, que aguardava na antecâmara ocasião oportuna para ser admiƟdo à audiência. Napoleão, notando a insistência com que aquele velho o observava, voltou-se de repente e perguntou: — Quem é este homem que não deixa de olhar para mim? — Sire — disse Myriel — Vossa Majestade reparou num pobre insignificante, eu olho para um grande homem. Podemos ambos aproveitar. Nessa mesma noite, o imperador perguntou ao cardeal o nome do abade e, pouco tempo depois, Carlos Myriel, surpreendido, recebeu a noơcia de que havia sido nomeado bispo de Digne. Até que ponto, porém, era verdade o que se dizia relaƟvamente à primeira parte da existência daquele homem? Ninguém o sabia, porque poucas famílias haviam conhecido a dele antes da revolução. Apesar de bispo e mesmo por o ser, Myriel teve de resignar-se à sorte de todas as pessoas que chegam a uma cidade pequena, onde é maior o número de bocas que falam do que cabeças que pensam. No fim de tudo, porém, as conversas em que o seu nome andava envolvido, não passavam de boatos. Fosse como fosse, decorridos nove anos de episcopado e de residência em Digne, todos esses mexericos, que nos primeiros tempos são o objecto constante das conversas entre o povo das terras pequenas, caíram em tão profundo esquecimento, que já ninguém ousava repeti-los, nem sequer recordar-se deles. O reverendo Myriel veio para Digne acompanhado de sua irmã BapƟsƟna, mais nova do que ele dez anos e uma criada da mesma idade da irmã, chamada Magloire, a qual passara a exercer as duplas funções de criada grave da senhora e dispenseira do novo bispo. Alta, magra, pálida, delicada e afável, BapƟsƟna, embora se não pudesse chamar o Ɵpo da mulher veneranda, porque para isso era necessário que fosse mãe, realizava, todavia, a mais completa expressão da palavra respeitável. Nunca fora bonita, mas a sua existência, que se resumia numa longa série de obras de caridade, revesƟra-se, por fim, de uma espécie de alvura luminosa que lhe dava, depois de velha, aquilo a que poderemos chamar a beleza da bondade. O que na sua mocidade fora magreza, tornouse na velhice em transparência, através da qual, como de um véu, se entrevia um anjo. Era em si mesma mais que uma virgem, era uma alma. O seu vulto parecia feito de sombra; apenas o corpo necessário para determinar o sexo; era pequena porção de matéria contendo uma chama celeste; olhos grandes e sempre fitos no chão, um pretexto para uma alma andar na terra. Magloire era uma velhinha baixa e muito gorda, sempre atarefada, sempre arquejante, não só por efeito da sua muita acƟvidade, mas em consequência dos seus padecimentos asmáticos. Apenas chegou a Digne, o novo prelado tomou posse do palácio episcopal, com todas as honras concedidas pelos decretos imperiais, que classificam o bispo imediatamente após o marechal de campo. O maire e o presidente foram logo cumprimentá-lo, e ele, por sua vez, fez o mesmo ao general e ao prefeito. Depois de ver o novo prelado estabelecido no governo espiritual da diocese, a cidade esperou pelos seus actos. II — O abade Myriel torna-se Monsenhor Bemvindo O paço episcopal de Digne estava situado junto do hospital, era um vasto ediİcio de pedra de cantaria, mandado construir no princípio do século passado por Monsenhor Henrique Puget, doutor em teologia pela faculdade de Paris, abade de Simore e bispo de Digne em 1712. Este ediİcio era um verdadeiro domicílio senhorial, em que tudo respirava grandeza; os aposentos parƟculares do bispo, os salões, os quartos, o amplo páƟo de recreio com o seu claustro em volta, segundo a anƟga moda florenƟna e as magníficas árvores do jardim. Na sala de jantar, uma extensa e sumptuosa galeria no rés-do-chão, cujas janelas davam para os jardins, Ɵvera lugar o solene banquete oferecido pelo bispo Puget em 29 de Julho de 1714, ao arcebispo príncipe de Embrun, Carlos Brulaít de Genlis, António de Mesgrigny, capuchinho, bispo de Grasse, Filipe de Vendome, grão-prior de França, abade de Santo Honorato de Lérins, Francisco de Berton de Grillon, bispo-barão de Vence, César de Sabran de Forcalquier, bispo e senhor de Glandeve e a Jean Soanen, da congregação do oratório, pregador ordinário do rei e bispo e senhor de Senez. A sala achava-se decorada com os retratos destes sete reverendos personagens e em cima de uma mesa de mármore branco via-se gravada em letras de oiro a memorável data de 29 de Julho de 1714. O hospital era um pequeno edifício de um só andar, com um jardinzinho. Três dias depois da sua chegada, o bispo foi visitar o hospital. Terminada a visita, pediu ao director que o acompanhasse ao paço. — Senhor director — perguntou-lhe — quantos doentes tem a seu cargo? — Vinte e seis, Monsenhor. — Foi os que contei — disse o bispo. — As camas estão muito apertadas e juntas. — Também reparei nisso. — As enfermarias são muito pequenas e têm falta de arejamento. — Também me pareceu. — E o jardim mal chega para os convalescentes passearem quando está bom tempo. — Assim é, com efeito. — Em ocasiões de epidemias, como este ano, em que e houve muitos casos de Ɵfo, não sabemos como acomodar os doentes. — Também me ocorreu isso. — Mas, senhor bispo, não podemos fazer outra coisa senão resignarmo-nos — concluiu o director. Esta conversa desenrolava-se na sala de jantar ou galeria do andar térreo. Após um momento de silêncio, o bispo voltou-se de repente para o director e perguntou-lhe: — Quantas camas lhe parece que poderão caber nesta sala? — Na sala de jantar de V. Ex.ª?! — exclamou o director, estupefacto. Entretanto, o bispo correu a vista pela sala, como quem mede e calcula as distâncias e disse como que falando consigo próprio: — Podem aqui caber vinte camas à vontade! — E em seguida acrescentou, elevando a voz: — Senhor director, é evidente que há aqui um grande erro. O senhor tem vinte e seis pessoas em cinco ou seis quartos pequenos. Nós aqui somos três e temos lugar para sessenta. Repito que há erro! O senhor ocupa a minha casa e eu vou ocupar a sua. Façamos, pois, a troca. No dia seguinte, os vinte e seis pobres que naquela ocasião estavam doentes, eram transportados para o paço episcopal e o bispo mudava a sua residência para o hospital. Myriel não possuía bens de fortuna, pois a revolução arruinara completamente a sua família. A irmã Ɵnha uma pensão vitalícia de quinhentos francos, a qual, enquanto Myriel fora pároco, bastava às suas despesas pessoais, e ele, como bispo, recebia do Estado uma dotação de quinze mil francos. No mesmo dia em que fixou a sua residência na casa que era dantes o hospital, determinou duma vez para sempre o emprego desta quantia, escrito pelo seu próprio punho da seguinte maneira:Durante todo o tempo do seu episcopado, o virtuoso prelado não fez a menor alteração nestas disposições, a que ele, como se viu, dava o nome de distribuição das despesas da minha casa. BapƟsƟna aceitou com a mais completa submissão a vontade do irmão. Para a virtuosa senhora, Myriel era não só seu irmão, mas seu bispo, seu amigo segundo a natureza, seu superior segundo a igreja. Amava-o e venerava-o inteira e simplesmente. Obedecia, quando ele ordenava e aderia às suas menores vontades sem fazer a mais leve observação. A criada Magloire é que não Se conformou inteiramente com semelhante distribuição, por ver que o bispo só reservava para si mil francos, os quais, reunidos à pensão de BapƟsƟna, perfaziam a soma de mil e quinhentos francos anuais, único rendimento com que os três tinham de viver. E não só viviam, com efeito, como até quando algum pároco de aldeia vinha à cidade, o bispo ainda achava modo de hospedá-lo, graças à severa economia de Magloire e à inteligente administração de Baptistina. Uma ocasião, três meses decorridos, depois da sua chegada a Digne, o bispo disse: — Apesar de tudo, sabe Deus como eu vivo constrangido! — Isso vejo eu! — exclamou Magloire. — Se Monsenhor nem ao menos requisitou à Câmara o subsídio que foi sempre costume dar aos bispos, para despesas na cidade e gastos de jornadas nas visitas do bispado! — Parece-me que tem razão, Magloire — disse o bispo. E fez a reclamação. Passado algum tempo, a Câmara, tomando em consideração o seu requerimento, votava-lhe a quanƟa anual de três mil francos, sob a seguinte rubrica: Subsídio ao senhor bispo para prover às despesas de estado e às das visitas pastorais. Não foi preciso mais para excitar as conversas da burguesia local, e para que, por essa ocasião, um senador do império, anƟgo membro do Conselho dos Quinhentos, parƟdário do dezoito brumário e provido numa pingue senatoria nas proximidades da cidade de Digne, escrevesse ao ministro dos cultos, Bigot de Préameneu, uma carta confidencial em termos irritados, da qual extraímos as seguintes linhas, cuja autenticidade garantimos:

terça-feira, 28 de março de 2023

O Lavrador

O lavrador por AB Vinha o lavrador da arada, daquela terra sagrada, onde o trigo foi lançado e mais tarde pelo joio comido, não fossem as mondadeiras, alegres joviais e ligeiras a arrancá-lo com doces cantos, que retiravam para os cantos onde a mirra se apoderava de seus encantos, como coisa que não presta, secava na solidão da festa enquanto a ceifa não chegasse, e o lavrador de sulcos retilíneos, que o arado puxado por vacas valentes num andar compassado e obediente, traçavam como arquitetas, que o orgulho banhava, e o suor que transbordava, caía no chão esbugalhado, ou no velho lenço de farrapos, sujo pela terra e pelo sol, no esquecimento de mais um dia e a noite que se seguia, para comer as batatas com água e azeite, o caldo de couves galegas, já tarde, depois de acomodar a tenda, e os carvalhos a crepitar, assentados num escano com mesa, e a lareira pouco acesa, seus fumos espalhava pela cozinha, correndo lágrimas a fio, de olhos enrugados e cansados, que já não sabiam o que viam, e quando a candeia dependurada, naquele cadeado entrelaçado, todo de preto banhado lhe faltava a torcida ou o gaz, deixava lentamente às escuras, mágoas lamentos e ternuras porque a vida nem sempre foi maldita, cruel, perversa nem bendita, vivendo-se cada dia que passava, como o lavrador da arada, que pelo caminho encontrava, gente com os pés negros, feridos e cansados, e numa ação de graças propunha, levar no seu carro de madeira, a desgraça e a canseira, a fome que por dentro roía, a sede que com eles corria, para saciar-se numa fonte, num poço no meio do monte, cheio de silvas e ortigas guardando a preciosidade tão desejada e esperada onde uma linda rola cantava, e o lavrador assobiava, era o concerto dos desgraçados, um viver de tempos passados.

sábado, 25 de março de 2023

O dia fatal. Destinos AB Dezenas de telefonemas surgiram de um lado e do outro. O consolo dos dois foi durante muito tempo ouvirem-se apenas falar. Um simples “bom dia” bastava para alegrar um dia complicado…. E de tempos a tempos marcavam um jantar a sós onde reinava a alegria, a boa disposição sem confidencias pessoais nem palavras que pudessem ferir. Um filósofo chamar-lhe ia de amor platónico. Em casa Fred apercebeu-se da metamorfose do pai, que não interferia com a sua vida pessoal e cada vez mais amorosa entre ele e a namorada que convidava, com a devida autorização, a passar lá por casa jantar onde muitas vezes se encontraram sós naquela mesa gigante que lhes servia de divertimento assentando-se um em cada extremo, Infantil mas jovial gritarem-se o amor que os fascinava, repleto de gentilezas, e provas que grande parte das vezes estão fechadas e não libertam a energia contagiante que faz das pessoas seres humanos sem complexos nem preconceitos. Francisco jamais seria um pai presente na vida de quem implorava o seu amor, ausentava-se sempre que o seu pensamento vagueava por terrenos asquerosos, guardando no coração uma traição onde não existia a possibilidade de perdão. Porém não permitia que lhe faltasse o que fosse. Era inteligente e responsável, com notas elevadas compensadas com a carta de condução e um carro novo para as suas deslocações ou passeios com a amada. Num dia em que meditava nos avós e diferençado por supostamente não ter um pai e uma mãe para beijar, ainda que fosse só no dia do seu aniversário, teve uma agradável surpresa, Francisco convidou-o para fazerem a volta da fazenda a cavalo que esperavam já prontos para a cavalgada à entrada da herdade. Perguntou-lhe qual dos dois alazões cativava a sua simpatia? Não ousou responder imediatamente, mas o seu olhar fixou o branco com malhas pretas o que não passou despercebido ao pai, dirigindo-se de imediato para o preto. Cavalgaram durante tempo indefinido por entre montes e vales, onde a verdura era rainha, como dois catraios jogando ao esconde ou á velocidade para atingir o primeiro aquela cascata, rindo e barafustando, sem falas, apenas gestos que os conduziam num paraíso nunca imaginado. Os cavalos ofegavam e era debaixo do arvoredo que faziam a pausa de descanso. Nos alforges um saco com alimentação esperava-os, e Fred começou a recear não chegar a tempo ao encontro marcado com a namorada. Já junto da cascata apearam-se e escolheram o lugar ideal para o picnic. Iam começar quando ouvira ao longe o cavalgar de um cavalo. Esperaram de ouvido à alerta e a surpresa foi alucinante quando o cavaleiro chegou junto deles. Era o amigo informado em casa do passeio dos dois. O rosto de Francisco ficou rosado e as palavras pareciam não querer sai da boca. Sentia hoje a vergonha que uns copos o tinham conduzido para o apartamento do amigo onde dormiu junto dele. Tinha quebrado o seu juramento com aquele homem loiro que amava, mas preferia que fosse em segredo. O cavaleiro saltou elegantemente para o chão e sem mais rodeios beijou na boca Francisco perante a estupefação do filho o rosto envergonhado de Francisco e o entusiasmo do amigo que se sentia à vontade pois não tinham cometido qualquer assassinato. Foram apresentados uns aos outros, comeram juntos e voltaram para a fazenda como judas que traiu Jesus.

segunda-feira, 20 de março de 2023

O Zé do Telhado

Localizado no Concelho de Marco de Canaveses, mais propriamente em Penha Longa, o percurso pedestre designado PR9 Caminhos do Zé do Telhado, desenvolve-se por um conjunto de caminhos rurais onde a proximidade do rio Douro é constante e traz-nos à memória a figura do Zé Telhado, que é o mote deste percurso que passa junto à Casa de Carrapatelo. A figura do Zé do Telhado foi, durante o século XIX, marcante de toda a zona norte de Portugal. Foi militar e, depois, salteador como chefe de uma quadrilha, ficando conhecido por “roubar aos ricos para dar aos pobres” e por isso recebendo frequentemente o epíteto de “Robin dos Bosques português”. Corria o mês de janeiro de 1852 quando levou a cabo o seu mais badalado assalto, o assalto à Casa do Carrapatelo. O assalto por ter sido perpetrado poucos dias após a morte do dono da casa e ter originado a morte de um dos caseiros, provocou ondas de impacto que se fizeram sentir em toda a região, tendo sido tomadas medidas que levaram à captura de Zé do Telhado. Relacionado com essas medidas, está a génese da criação do concelho de Marco de Canaveses, por forma a alargar o raio de ação das autoridades locais tendo em vista a sua captura. Preso, na Cadeia da Relação no Porto, Zé do Telhado conheceu Camilo Castelo Branco que sobre ele escreveu no seu livro Memórias do Cárcere.O percurso aflora também um conjunto de casas e quintas solarengas que fazem parte da memória coletiva deste território. São ainda pontos de interesse a barragem de Carrapatelo e os vestígios de estruturas de apoio àquele que foi o bairro que albergou trabalhadores e técnicos durante a sua construção nos primeiros anos de funcionamento. O percurso está bem sinalizado, sendo possível iniciar o circuito em três pontos destintos e onde existem painéis iniciais: Campos de Cima (41.093033, -8.167105); Barragem do Carrapatelo (41.086858, -8.132708) e Dajas - Rio Douro (41.089352, -8.174077). Percorre a Serra de Montedeiras, na meia-encosta da margem direita do rio Douro, pela freguesia de Penha Longa e Paços Gaiolo, atravessando os lugares de Dajas, Campos de Cima, Concela de Cima, Carvalheira, Carrapatelo e Cardia. Não sendo um percurso difícil, apresenta dois declives bastante acentuados, Dajas - rio Douro e ida e volta à Barragem do Carrapatelo, ambos opcionais se se iniciar em Campos de Cima. Na nossa opinião, um ponto menos favorável deste itinerário é realizar-se quase sempre por estrada de paralelos e asfalto (80% do itinerário). Penha Longa, administrativamente integrada na freguesia de Penha Longa e Paços de Gaiolo, dispõe-se na encosta sul da Serra de Montedeiras, até ao rio Douro, na sua margem direita. Além das zonas de maior concentração populacional e com as principais vias de acesso (lugar de São Sebastião), contempla conjuntos rurais de cariz tradicional, serra - com vegetação rasteira e núcleos florestais, campos agrícolas - amiúde em socalcos - rasgados por cristalinos regatos e, ainda, vertentes ribeirinhas - entre a Barragem de Carrapatelo e a zona da fruição fluvial do lugar de Dajas - repletas de miradouros sobre o Douro e voltados à imponente Serra de Montemuro na outra margem. Existem vestígios milenares de ocupação do território: da Pré-história (mamoas de Fonte Cova e gravuras rupestres do Monte Eiró), da Idade Média (no Alto das Lamas ou Alto do Castelo - ponto mais alto de Penha Longa com 667m de altitude, pode ter havido um castelo roqueiro) e de épocas mais recentes, sobretudo pelas marcas da arquitetura religiosa (como a Igreja Paroquial de Santa Maria Maior - apesar de já ser citada no século XI - e as Alminhas das Bouças) e pelas casas, solares e quintas que evidenciam a primazia da atividade agrícola de outrora, destacando-se a Casa de Carrapatelo, também pela memória do episódio do assalto feito pela quadrilha de Zé do Telhado no dia 8 de janeiro de 1852. Penha Longa foi também a terra mais prolífica em termos da construção do barco rabelo, a histórica embarcação à vela que transportava pipas de vinho do Alto Douro, produtos agrícolas e carvão ao longo do rio Douro.

sábado, 18 de março de 2023

Destinos 621 AB O estado do Sr. Félix debilitava-se de dia para dia. Ainda assistiu ao final de curso do filho adotivo, orgulhoso e com um sorriso que supostamente demonstrava alegria que o coração já não conseguia acompanhar. Ordenou que fosse levado para casa pois precisava descansar. Fernando A, agora médico, sentiu a falta do homem que mais desejava que assistisse ao repasto em família, porém, tinham conversado no seu quarto no dia anterior em companhia da mãe, e dito tudo que havia para dizer, notando a fragilidade que lentamente se aproximava de um fim que aconteceu no dia seguinte enquanto dormitava e Fernanda fazia o almoço. Foi a criada a dar o alerta, Fernando A dormia havia uma hora, o que não conseguiu fazer durante a noite, ansioso e temeroso a sua mente não podia conceber que aquele homem partisse das suas vidas… soltou um grito feroz quando foi anunciado o falecimento do seu pai que amava com todas as suas forças mesmo sabendo que não era o biológico. Revoltado sabia não poder mudar o curso da vida, mas doía-lhe tanto… No funeral compareceram pessoas importantes, para além daqueles que lhe deviam favores, e eram muitos. Fernando A plantou uma rosa branca na sua campa e retirou-se para o escritório onde permaneceu horas sem fim. Sua mãe toda de negro vestida com um chapéu de cor discreta e abas grandes, recebeu os sentimentos dos presentes inclusive de Carlos que veio acompanhado onde existiu uma certa hesitação que não entrava no protocolar. Júlia que se encontrava discretamente algumas vezes com o homem que amou, sentia pena, mas não demonstrou infidelidade nem desonestidade, tinha uma família exemplar e seu filho concluiu também no dia anterior o curso de engenharia informática, tendo estudado em Coimbra como o irmão que não conhecia. Fernando C tinha pernoitado num casebre de drogados a consumir e beber álcool e quando entrou em casa dos avós o seu estado era lastimável, não retirando o amor que lhe dedicavam. O casal olhou um para o outro cruzando as mãos como a implorar socorro para o que eles se sentiam impotentes. Tinha deixado de frequentar a escola desde que a borboleta o ignorava sem saber porque razão… gostava daquela moça e era correspondido, porque tinha o céu de cair-lhe em cima?

quinta-feira, 16 de março de 2023

As saudades que moem

A SAUDADE QUE MOI AB O tempo que vai passando indiferente, não cura, nem dá, rouba como um ladrão invisível. E eu sempre à espera… do toque do telefone através do qual trocávamos carinhosamente palavras gastas, carinhos reconfortantes amores que muitas vezes ficavam suspenso na intensidade… chorávamos lágrimas secas, a voz tremia, ponto crucial onde não existiam enganos! - Estás aí? Perguntáveis mesmo sabendo que sim. E nestes momentos de silencio emocional a dor era tão aguda…deito-me, mas pouco ou nada durmo, revoltado mesmo sabendo que ninguém pode mudar o destino. À minha fragilidade vem juntar-se o peso da vossa ausência. Vejo-vos, mas não me é permitido tocar-vos. Voltejo entre os lençóis como um perdulário de sentimentos, gastando as horas do relógio enquanto não amanhece. A luz que iluminou as nossas vidas surge agora como a neblina onde me perco à procura do impossível. Rastejo como um lagarto moribundo…
fostes sempre os pilares da casa onde vivi. O sangue do meu sangue, as vidas do meu viver. Hoje sinto-me tão só! Desamparado e abandonado? O sol não brilha e as estrelas que tanto amava apagaram-se. Aqueles sorrisos lindos manifesto de encontros esporádicos. As vozes suaves que me embalaram, o carinho e afeto que perdi a jamais. Eramos tão felizes com o pouco que
tínhamos! Nunca procuramos “meio dia às 14 horas” a honestidade e lealdade andavam connosco de braço dado pelas ruas e a ironia jantava à mesma mesa sem arrogância, hipocrisia ou vaidade. Eramos uma família, da qual só restam fragmentos dispersos, e a mim custa-me tanto!

domingo, 12 de março de 2023

A Nossa praia

Conheci este lugar no seu estado primitivo, tal como tinha sido deixado pela empresa mineira onde passávamos as tardes de sol a banhar-nos em águas cristalinas, superando desafios de saltos das partes mais altas, mas sobretudo da fraga que acolhia pequenos e grandes procurando cada um o lugar adequado às suas possibilidades com lançamentos contínuos e frequência regular até pelos jovens de freguesias limítrofes fazendo companhia aos já numerosos banhistas, alguns em calção outros sem eles, sem complexos nem preconceitos perante as raparigas que estendidas sobre toalhas lençóis saboreavam um lanche e uma bebida sem álcool, rebuçados que eram distribuídos, gelados ocasionais, chocolates, tudo era partilhado refrescando o corpo e a alma. Era esta a nossa praia, até que a intervenção dos Ministérios com orçamento de 600 mil euros, resolveu enviar peritos, inspecionar os locais que resultou de perigosos para a população, que toda a vida ali se banharam, e, de repente contaminava. Meios engenhosos para extorquir euros e dividi-los entre a empresa escolhida sem concurso, e o representante Ministerial, com endromines mediante o representante da Junta de Freguesia, nesse tempo eu, com projetos completamente forjados, As árvores aquárias prometidas ficaram-se por o aterramento da areia, e uns juncos de mínimo custo, ladeando os buracos com uma rede e meia dúzia de troços em betão. É lamentavelmente vergonho Prometer e não cumprir, como também é afirmar que uma inspeção liderada pela CEE passaria para reconhecer os trabalho efetuados, Desinfetar um lugar mineiro no nordeste Português, já que a companhia responsável se absteve, competia à junta de freguesia dar o seu parecer quando a situação se encontrava em solo de Murçós Esta terra possui um solo rico que ao longo dos tempos sofreu a sabotagem da perícia engenhosa onde uns se enchiam os bolsos e os outros limitavam-se a trabalhar recebendo misérias. Hoje sinto a revolta de ver reduzido a 0 aquilo que foi a praia de todos nós, sem perigos nem falsificações daqueles que estudam em primeiro lugar os seus interesses e se esquecem de que as memórias não nos as podem limpar nem com dinheiro nem com belas palavras.

sábado, 11 de março de 2023

Dia de sorte 401

Dia de sorte 401 por AB Fred vivia agora um sonho do qual receava acordar. Integrou-se com grande facilidade, embora a linguagem em atraso lhe tenha pregado umas partidinhas que guardaria para a posteridade. Afeiçoou-se de uma linda moça de origem Indiana que se chamava Naky, mas para ele era apenas Nak, a beleza e a bondade que faziam bater seu coração. Pediu-a em namoro aos pais, com os rituais do País oriundo, numa tarde quando os raios de sol brilhavam refletidos nos vidros como um apocalipse de luz, ao lado do pai que aprovava embora as relações entre eles tivessem continuado repletas de reticências, hesitações e pouca presença no seio familiar, com pouco afeto e amor inexistente que o esquecimento nutria como uma obrigação. Francisco tinha atingido a idade da “sagesse” que o trazia num reboliço medonho. Afirmado profissionalmente, mas fisicamente procurava por todo sítio a libertação, estendendo na mesa várias hipóteses. Com a evolução da medicina e financeiramente ao abrigo podia se permitir aligeirar o seu estado, mas jamais modificar o que foi concebido pelo destino, tendo prometido ao avô levar a sua cruz até ao calvário, e convicto de que tinha nascido assim, num corpo de homem estava fora de questão a mudança de sexo. Tinham sido convidados para o casamento da filha dos Miller e Francisco debateu-se com todas as forças para se libertar de uma mulher cujas intenções maléficas reacendiam cada vez que se encontravam. O marido confiava nela ou tinha receio de a perder pelo que a reação não parecia afetá-lo. Já a noite estava bem avançada quando chegou o senhor Alexander, homem de uma postura impecável, olhos azuis e cabelo loiro, alto com aparência dos seus cinquenta anos. Foi imediatamente levado para o escritório e passada uma hora para o salão de festividades. Francisco sentiu um bater de coração diferente que tentou atenuar quando o filho pareceu aperceber-se. Fausto tinha sido para ele o grande amigo, confidente e sentia por ele afeição que jamais passaria disso. Porém, quando Alexander entrou foi o germinar do que sempre refutou com todas as suas forças. Mas a atração foi mais forte e foi-se aproximando dele com o qual tentou conversar. Nada lhe garantia que aquele belo homem fosse também homossexual como ele, mas naquele momento esqueceu promessas e os preconceitos da felicidade. Conversaram primeiro de negócios, mas rapidamente se integrou o assunto principal que convinha aos dois. As confidencias ficaram em suspense visto nem um nem outro quererem ultrapassar barreiras sensíveis e doentias que podiam conduzi-los ao afronto. Separaram-se com um aperto de mão invulgar, a prova que faltava ao puzzle. Trocaram cartões de contacto perante o fascínio de um rapaz que requeria o amor que se lhe esgueirou entre os dedos.

quinta-feira, 9 de março de 2023

As belezas da Aldei começam a fazer a sua aparição
reconhecemos a vida sem strss de Murçós
O perfume que atrai os nativos de uma grande terra
A magnólia de que cantava Claude francois são uma beleza para o olhar, AB

segunda-feira, 6 de março de 2023

Lembranças

A felicidade batia-nos todos os dias à porta que abríamos num sorriso rasgado, num carinho disfarçado, na recompensa de viver, alegremente, tal como miúdos à solta num roseiral cujas cores e perfumes emanadas embalam-nos em sonhos deslumbrantes cujo viver não é um vale de lágrimas, mas sim um paraíso terrestre onde o afeto anda de mãos dadas com o carinho e a fidelidade liberta e fugaz não atraiçoa guardada num cofre secreto o que nasceu para não ser visto nem ouvido. Paris, a rainha do mundo, oferecia-nos numa bandeja de prata os seus adorados e maravilhosos lugares para desfrutar sem exigir nada de volta, e nós seguíamos os passos da rainha ou voltejávamos como pérolas no seu estado primitivo sem apreensões por julgarmos que aquele era o verdadeiro caminho percorrido por muitos e usufrutuado apenas pelos que marchavam direito por caminhos tortos. Não víamos o tempo passar nem ouvíamos tempestades destrutivas. Eramos nós aqueles grupos de homens e mulheres que apenas pensavam em viver honestamente com os recurso possuídos, e de asas abertas percorríamos a necessidade e beleza num automóvel sem travões, no metro que nos conduzia onde queríamos, passando por entre multidões de pobres ou abastados, seletos e para sempre marcados, sem receios nem pavores que a boa educação comandava, Em Montmartre onde residíamos, por entre vinhas e casas aldeãs, até chegar à praça do Tertre, onde extasiados com os artistas pintores Descíamos no elevador para melhor gravar a beleza.. Em S. Germain des Prés junto ao café flore, lugar sagrado tomávamos café com vedetas de todos os meios artísticos, Nos grandes Boulvards levavam-nos à opera onde uma diva atuava. Na rua Royal onde Maxims era o rei subíamos o fauvour s. Honoré até às folies Bèrgeres para terminarmos nos cabarets da noite onde tudo se via e ouvia. De Montparnasse à la Nation, desciamos os Champs èÉisées e a noite terminava numa casa de fados poruguesa Quando a saudade mais apertava. Abençoada cidade que tanto nos deste. AB

quarta-feira, 1 de março de 2023

Dia de sorte 65 por AB Um grande peso aliviou os ombros de Francisco apesar de se sentir traído por aquela mulher, contudo o mais difícil seria contar a história ao marido e á filha. Fred não compreendia, mas, lá no fundo do seu coração adivinhava mais uma obra do demónio da qual seu progenitor parecia ser mais uma vez a vítima. Terminou o repasto e despediram-se como uma família que foram durante muitos anos. Havia excelentes recordações desse tempo em que as dificuldades teriam sido mais agravadas se não tivesse sido recebido naquela casa e família exemplar. Começava a entardecer e Fred pediu licença para subir descansar. Dentro daquele magnifico quarto que agora era seu, assentado sobre o leito tentava adivinhar o que teria acontecido ao pai que agora lhe suscitava clemência, que envolvia a rudez aparente de um corpo com coração de ouro. Também lembrou os avós como afáveis e adoráveis apesar do pouco tempo passado na companhia deles. Rezou silenciosamente ajoelhado como apreendera na instituição onde passou alguns anos. Ouviram-se passos pelas escadas e um ligeiro bater na porta do quarto. Antes de se erguer já seu pai presenciava à entrada perplexo. Perguntou: que fazes nessa posição rapaz? – rezava pelos avós. Gostavas deles? Sim, gostava muito. – Vinha agradecer-te por me teres acompanhado ao cemitério nem imaginas o que significa para mim… Não foi pelo SR. que o fiz, mas sim por mim. Então até amanhã se nos virmos porque vou sair cedo e não sei a que horas volto. Quanto ao teu colégio está tudo tratado no dia seguinte acompanho-te para as apresentações. E… também desejava informar-te de qualquer coisa respeitante ao meu ser antes que o saibas por terceiros. Julgo ser justo, tu tirarás o teu perfazimento. O rapaz ficou de pé atrás pensando em repreensões ou coisas do género. Tu vês-me como um homem de negócios que concretizou com a força de vontade de não ser considerado diferente. Porém, sou realmente diferente, embora não tivesse pedido para ser assim e muito menos para nascer. Resumindo sou homoxexual e sofro imenso com isso. Jamais pratiquei e jurei a mim mesmo que se pode viver sem contactos amorosos. O filho ergueu os olhos banhados em lágrimas e soluçando apenas disse: Para mim é o meu pai por quem já me afeiçoei mesmo perante a sua tentativa de me afastar. Cada um de nós tem a sua vida e nunca são todas iguais. Francisco pela primeira vez abraça o filho ternamente como para lhe agradecer o que nada devia