sábado, 29 de setembro de 2012

Avós e netos

 Ser avó, é talvez um dos maiores privilégios que a vida nos confere... é com grande felicidade, euforia mesmo, que atingimos os objectivos referenciados pela maioria dos seres humanos, ser pai. Contudo, raramente recordamos os nossos progenitores...uns porque não os conheceram, outros porque jamais receberam afecto, carinho, amor deles... sobretudo em tempos difíceis, onde não havia tempo nem meios para partilhar este maravilhoso sentimento, que delicia os mais novos e extasia os mais idosos!
Os avós são para os netos o que não foi possível  ser para com os filhos... falta de tempo ou de jeito, já não sei o que faltou!?
Uma fogueira... uma chaminé... o fumo que enche a cozinha... e, os meninos à volta da fogueira... ouvindo histórias, cantando cantigas de outros tempos, comendo umas castanhas assadas, uma alheira, chouriça ou salpicão, enquanto lá fora faz um frio de rachar... gotas de água gelada que caem do céu e se transformam em neve branca... o tempo passa tão rápido! Chega a noite... os pais vem já a caminho, vão levá-los para o aconchego do seu lar,,, vem cansados, indispostos, não lhes apetece brincar... comem à presa e toca a deitar... amanhã é outro dia problemático, "srtessante", de correria como tantos outros que se seguem... naqueles cérebros pequenos e inocentes não cabem justificações... sabem que tem de ser assim, e, até ficam radiantes por voltar para casa dos avós, onde os espera, provavelmente, um bolo quentinho, guloseimas, mas sobretudo carinho, muito carinho e amor!
A partilha é recíproca! Sós, inactivos, sem projectos nem ambições... porque já viveram... talvez a duzentos à hora?! Agora o tempo chega-lhes para tudo... parece parar, ou foge na frente a uma velocidade louca, medonha!
- Como são lindos os netos! Como são bons os avós!
Os tempos mudaram tudo, menos a cumplicidade entre avós e netos...
Amai-vos enquanto é tempo... e guardai, nos vossos corações, para sempre, uma boa recordação, dos tempos de criança até à velhice...

quinta-feira, 27 de setembro de 2012

Os vales de Murçós

Murçós está rodeado por quatro Aldeias do mesmo concelho com as seguintes áreas e populações:

  • FERREIRA com uma anexa, Comunhas tem 19, 56 km2 e 194 habitantes, segundo censos 2011.
  • ARCAS 23,12 Km2 com duas anexas: Mogrão e Nozelos, habitantes 262
  • ESPADANEDO,17,90 km2 com duas anexas, Valongo e Bousende, habitantes 188
  • VILARINHO DE AGROCHÃO, 13,84km2, habitantes : 235
  • MURÇÓS, 21,23 km2, habitantes 134
Como se pode verificar proporcionalmente, e não tendo anexas, temos uma extensão territorial maior que qualquer uma das Freguesias limítrofes, embora a população, devido a erros de avaliação cometidos pelos censos 2011, se reduza a um numero que não corresponde aos dados de Identificação Civil...

Sempre tive a curiosidade de saber, como foram conferidos os nomes aos lugares, sem ter obtido uma resposta concreta... suponho que sigam os critérios das alcunhas?
Para mim, vales, significam planícies, por conseguinte, em Murçós há dezenas de lugares com o nome de vale, como:
Vale Grande, Vale de Raposo, Vale de Covo, Vale de Escuro, Vale das Lagoas, Vale da Câne, Vale dos Cães, Vale das Colmeias, Vale, Vale de Nogueiro, Vale da Porca, Vale de trigos, Vale da Carvalha etc.
Quase todos este lugares são acidentados, pelo que, podem estes nomes derivar dos outros nomes?
Perguntei aos antigos e ninguém me sabe responder. Todos estes nomes curiosos e engraçados me deixam numa perplexidade admiradora, e numa expectativa ignorante... se consulto no Google Earth o território de Murçós, a maioria dos nomes não aparecem nos locais.

terça-feira, 25 de setembro de 2012

Chove, Chove chuvinha...

Dia cinzento em Murçós. Chove, finalmente!!! Após tanta lamuria, preces a manifestações, o supremo, soltou as gotas de água presas, e propagou-as, suavemente pelos campos agrestes,  poeirentos, onde o arvoredo começava a dar sinais de aflição, morte, por falta de água...os castanheiros erguem para o céu agradecimentos, através dos ouriços em crescimento, antes de dar à luz as magníficas castanhas, saborosas e gratificantes, na entreajuda da sobrevivência aos pobres agricultores, órfãos de apoios por parte das entidades governamentais.
Também as oliveiras rejubilam felicíssimas com a sede saciada, enquanto o crescimento da azeitona progride a passos de gigante e se vê a olhos nus!
O naval, tempo de sementeira, não gosta dos critérios adotados pelo centeio, que se diz: "semeia-me em pó e de mim não tenhas dó", gosta de frescura para nascer, e de água pura, destilada, como a chuva, para o crescimento normal. Uns grelos tenros e frescos fazem deliciar os Portugueses, especialmente os do Nordeste Transmontano, acostumados ao consumo com bacalhau assado, arroz e mesmo na sopa.
As couves tronchudas e rabas, já plantadas, aguentavam dificilmente, sobrevivendo com sacrificadas regas...gostam, sobretudo do tempo frio e húmido, por alguma razão se chamam legumes de inverno!
As nascentes fracas, os riachos sem corrente, as barragens quase esgotadas, nas nossas torneiras já pouca água corria, e a economia impunha-se por todo o lado. O agricultor precisa de água para as suas culturas, assim como o citadino de transportes urbanos nas deslocações...
A chuva chegou, pode não ser com grande abundância, mas, vamos vivendo o dia a dia, e agradecendo a quem nos proporcionou um viver.

quinta-feira, 20 de setembro de 2012

As duas Igrejas...

imagem partilhada de facebook
Nostalgicamente voltemos atrás no tempo... apenas uns anos, quando a nossa Igreja estava assim... não era velha, embora por ela passassem numerosos Invernos de chuva neve e frio! Tinha o seu "charme" a beleza que jamais se perde, quando se vê com olhos amantes! As escadarias já tinham sido refeitas, mas, os velhos portões de ferro pintados de verde, permaneciam no seu lugar... do lado direito uma parede separava o Adro da rua e da casa paroquial que tinha acesso por uma pequena "passerelle"... junto ao muro numerosas roseiras, plantas e jardim, 2 cipreste e duas oliveiras centenárias. O granito deteriorado das suas origens, mantém firmemente a rigidez com sequelas aqui e além... algumas pirâmides foram substituídas, mais tarde como veremos na remodelação total, em baixo.
foto da minha autoria

Como no poema de Augusto Gil, a neve caiu...Olho-a através da vidraça.
Pôs tudo da cor do linho.
Passa gente e, quando passa,
os passos imprime e traça
na brancura do caminho… cobriu com seu manto branco, o  estrutural maravilhoso do qual se orgulha e executivo da Junta de Freguesia, do qual fiz parte durante dois mandatos, entre 2001 e 2009.
A restauração foi total, com custos bastante elevados, mas o resultado é fantástico para quem vê o "design".
Na retaguarda, um cálice cortado no granito, com as datas do restauro, o qual previamente deveria ficar integrado no solo envolvido por paralelo, junto das portas principais, mas, as senhoras revoltaram-se com indignação, pelo facto de se andar por cima, e lá foi para a retaguarda. Temos hoje uma obra fantástica, que não é de ninguém e pertence a toda a gente...

sábado, 15 de setembro de 2012

CONTAS DO LAR

CONTAS RESPEITANTE AO LAR DE IDOSOS DE MURÇÓS

DONATIVOS:

                         TOTAL: - 20,910.00 euros ( onde estão incluídos 3,000.00 depositados pela Comissão Fabriqueira, e 2,994,76 euros pelos Mordomos da festa João Correia e Nuno Rodrgues).

PROJECTO ESPECIALIDADES, EMPRESA: GATECMAC, LDA)


  •       Valor total do projecto - 21,000.00 + IVA
  •        PAGAMENTOS:  ( valores com IVA inc.)

                         1. - 8,800.00 euros ( 17/01/2011) - Factura N.º 379
                         2. - 4,400.00 euros ( 27/06/2011) - Parte Factura N.º 402
                         3. - 3,000.00 euros ( 15/02/2012) - Parte Factura N.º  402

                 TOTAL PAGAMENTOS: - 16,200.00 EUROS

                  Falta pagar: - 9,484.55 euros ( valor com IVA inc.)

Despesas para concurso empreitada obra: Eng.º Bruno Pinto


  •   Valor 3,500.00 euros ( com IVA inc.)


                   Pagamento: - 2,500.00 euros
                   Falta pagar: - 1,000.00 euros

PROJECTO DE ARQUITECTURA ( Arq. Adelino)

     
 Valor total do projecto: - 13,290.15 euros com IVA inc.

                   Pagamentos: - 8,446.00 euros - Factura Nº 1/71 ( 19/10/2009) e factura N.º 88 ( 30/09/ 2011)

                    Falta pagar: - 4,844.15 euros

Pagamento ao solicitador, ( concurso projecto por via electrónica) - 298.00 euros
Carimbo: - 28.00 euros
                   
TOTAL DE PAGAMENTOS EFECTUADOS: - 27,472.80 EUROS
Total de pagamentos em débito. - 15,328.70

                 NOTA: Houve vários pagamentos que foram efectuados pela Junta de freguesia de Murós Presidida pelo Sr. Jaime Manuel Fernandes, uma vez que o projecto de arquitectura foi feito em datas, durante o seu mandato

                                 LISTA DE DONATIVOS
FAUSTINO AFONSO: -                                 500.00 EUROS
DIAMANTINO JESUS: -                                 500.00    "
MITONHO: -                                                    100.00    "
ABÍLIO SILVA: -                                              500.00    "
ANTÓNIO FERNANDES: -                             500.00    "
MORDOMOS DO MENINO JESUS               500.00    "
MANUEL REIS                                                 500.00    "
TIO ANIBAL                                                     500.00    "
AURORA COELHO                                        1.000        "
MANUEL COSTA                                              250.00   "
PORFIRIO                                                           100.00   "
OLINDO TORRES                                              500.00    "
MARIA COMBA                                                 100.00     "
MANUEL FERNANDES SILVA                          50.00     "
MARIA ALEXANDRINA FERNANDES            200.00    "
ANA DOS PRAZERES XAVIER                         100.00   "
JOSÉ FERREIRA                                                   50.00    "
RAMIRO MARTINS                                            250.00    "
JOÃO BAPTISTA FERNANDES                         250.00
FERNANDO MATEUS                                        250.00    "
JOÃO SOBRAL                                                    100.00    "
CARLOS MANUEL AFONSO                            100.00    "
JOSÉ FERNANDES                                              100.00    "
BENEDITA AFONSO                                          100.00    "
GUIDA GUERRINHA                                            50.00     "
ALICE (FAFE)                                                       500.00    "
AURORA MANECAS                                             60.00    "
GILBERTO REBORDAINHOS                                50.00    "
JOSÉ ADELINO                                                     250.00    "
ANTÓNIO GUALDINO                                         250.00    "
EDUARDO JOSÉ MARTINS                                  250.00    "
MANUEL VALONGO                                            500.00    "
JOSÉ JOAQUIM TORRES                                      100.00    "
JOÃO MARIA                                                          150.00    "
JOSÉ BENEDITA                                                     100.00    "
JOÃO CIGARROTE                                                 200.00    "
ANTÓNIO BRÁS PEREIRA                                    500.00    "
ARNALDO TORRES                                               500.00    "
BETO VALONGO                                                      50.00    "
FILIPE MANUEL SILVA                                         500.00    "
NETOS MANUEL FERNANDES                            100.00    "
MANUEL JOÃO AFONSO                                      100.00    "
RUFINO RUA                                                           150.00    "
MARIA CARPINTEIRA                                             50.00    "
DINIZ FERNANDES                                                 100.00    "
PAULA COSTA                                                          50.00    "
CELESTINO RODRIGUES                                         50.00    "
MÁRIO BAPTISTA PIRES                                         200.00    "
MANUEL ANTÓNIO FERNANDES                         100.00   "
PAULO JORGE ESTEVES PIRES                                50.00    "
JOSÉ LUIS PIRES                                                         50.00    "
JOSÉ MANUEL FERNANDES                                   500.00     "
ANTÓNIO FRANCISCO DA LUZ                              100.00    "
JAIME MANUEL FERNANDES ( IRMÃOAGOT.)    500.00    "
S. ANTÓNIO                                                                500.00    "
MARIA TEIXEIRA                                                       200.00    "
MARIA ANGELA                                                         300.00    "
ZÉ PERDIGOTO                                                             50.00   "
NARCISA MARIA PATROCÍNIO                               500.00    "
MORDOMOS FESTA ( JOÃO CORREIA)                 2,994.76  "
CHECAS                                                                         500.00   "
         TOTAL DOS DONATIVOS: - 20.910 NOTA: os depósitos bancários não constam desta lista.
FICAM NA CONSCIÊNCIA DO P.e PERA, e a retribuição de todos estes encargos, pois foi o responsável pelo aborto desta obra... VERGONHOSAMENTE tenta tirar a água do seu capote, mas, está encharcado até às orelhas...


                                  
       





sexta-feira, 14 de setembro de 2012

AS PAVIAS, FIGOS E UVAS

 As pavias começam a aparecer numerosas, amarelinhas, com seu cheiro tradicional, apetitosas, com caroço vermelho escuro, que só na nossa zona se podem ver e saborear, enquanto se anda pelos caminhos ao acaso ou com direcção bem definida...
 Pena que não se conservem por longo tempo, contudo somos uns sortudos poder admirar a sua beleza dependuradas nas árvores, um pouco por toda aparte do termo, junto dos caminhos, perto das casas, ou já recolhidas e espalhadas numa adega fresca.
Também os figos vendimos surgem com toda a força, embora este ano sejam de dimensões mais pequenas, por falta de água, pois não chove a sério há já imenso tempo....eu prefiro os brancos, contudo, o verdadeiro gustativo do figo são os pretos!
Também as figueiras são tomadas de assalto, pelo facto de saber muito melhor colher e comer na árvore.
 Aldeias como esta há muito poucas, com abundância de frutos de todos os géneros, para consumo próprio e ofertar aos amigos... o verdadeiro apreço só se dá às coisas quando as não temos!
As uvas, com um sol quente desde há muito tempo, começam a aparentar amadurecimento, quantidade e qualidade!
 Dentro de pouco tempo começam as vindimas  tarefas agradáveis pelo convívio, distracção, quase como um divertimento... um mata-bicho assim à maneira dos Aldeões, com presunto salpicão e marmelada, tudo produtos caseiros.
 As branquinhas também carregaram este ano, uma casta bastante boa, doce para comer ou fazer vinho... chamam-lhe "carnal". Contudo muito difícil de vindimar, muito agarrada à cepa.

 O pêssego amarelo faz igualmente parte dos nossos numerosos frutos de verão, para alem do melão, melancia, pêras e maçãs, morangos etc.
Pimentos para assar com uma sardinhada, comer em salada, ou mesmo fritos. Este ano cresceram muito e com fartura.
 O tomate oriundo do Limosin França, semelhante ao chucha, delicioso para salada com cebola fabrico da casa.
Por causa do calor, este ano ficou tudo mais pequeno, a seca, mesmo regando não substitui a chuva caída do céu.
Para terminar, o alho francês (poirrot), para uma sopinha de tempos a tempos, fritos com bananas, cosidos tal como cozido à Portuguesa, e tantas outras maneiras de o cozinhar.BOM APETITE

terça-feira, 11 de setembro de 2012

A arranca da batata

Uma das tarefas agrícolas, próximo do final de verão, onde cada um, segundo os meios ao seu dispor,  ( antigamente às "ganchas), vão acarretando para casa, tal como a cigarra, para durante o inverno consumir, ao abrigo das intempéries, juntamente com os entes queridos, os quais ajudaram no fabrico até à recolta. A entreajuda prestada pelos conterrâneos é importantíssima, colmatando a desertificação das Aldeias,  procurando-se meios engenhosos, utilizando as novas tecnologias, associadas aos antigos métodos, da charrua puxada pelos animais, vacas ou bois, e mais tarde, mulas ou " machos".

Aqui, prende-se uma charrua ou arado ao escarificador, a pequena distancia, no lado oposto ao andamento do tractor, e,  lentamente o lavrador, vai dirigindo para não danificar as batatas recolhidas, pelos obreiros, munidos de luvas para desenterrar alguma que não tenha ficado à vista.
Já várias invenções foram testadas e não aprovadas, excepto nas grandes planícies, cultivos de grandes dimensões, cujos meios de elevado custo, são compensados pela venda dos produtos.
Ainda existem Aldeias no Nordeste transmontano, onde a arranca da batata é feita como antigamente, às "ganchas", mesmo em quantidades relativamente
grandes, ( 30 toneladas) mas, infelizmente, os "rachos" ou "camaradas" de trabalhadores diminuíram consideravelmente, e a venda dos produtos é praticamente nula, absorvida pelos preçários Espanhóis... para consumo pela abundância!...
O "mata-bicho" é já bem-vindo... o sol projecta seus raios quentes, e a coragem começa a fraquejar!
Vamos lá malta, só mais três sulcos....


E foi assim a nossa manhã de arranca de batatas....




sábado, 8 de setembro de 2012

O PASSAGEIRO DA PENÚRIA (ficção)

 Montado na sua pequena moto de cor vermelha, mal tratada pelos deslizes, quedas, enquanto percorria, sem destino, caminhos sinuosos, medonhos, estradas que ligavam a outras estradas, mas que o seu estado de sobriedade já não permitia discernir precisamente o endereço desejado, chegava aqui cambaleando, olhos semicerrados, rosto coberto de rugas, cabelos longos sujos, vestimenta aparente de um pedinte. Todos os presentes na esplanada se afastavam como se ele tivesse a lepra… até o tasqueiro murmurava algo de incompreensível enquanto franzia o rosto… Várias vezes se assentou a meu lado, empestando o álcool ingerido, e a falta de higiene, e, com uma palmada amiga nas costas perguntava-me: - porque fogem estas pessoas? Eu não devo nada a ninguém! É verdade que não tenho família… mas pago sempre as minhas dividas…
 O seu miserável viver é fruto de um destino infeliz que o escolheu … de uma aventura entre dois adultos, inconscientes, irresponsáveis… o genitor pai que foge para o Brasil, embora lhe conceda o seu apelido, abandona filho e mãe, refaz a sua vida com outra companheira, sem jamais se lembrar da sua existência… de uma mãe solteira, doméstica, que abandona a sua terra, deixa o filho com os avós, segue com os patrões para outra, onde se enamora de um homem, luta com todas as forças para o preservar até que chegou o casamento, já com outro filho nos braços… mesmo assim, os familiares do marido não admitiam que o filho casasse com uma criada, já mãe, e com outro filho no ventre.Anos depois, já quase adulto, bom trabalhador, com mãos de ouro que sabiam fazer tudo, foi acolhido no agregado familiar da sua meia família, como ele lhe chamava… Não confiavam nele como nos seus irmãos, era discriminado e apontado como o bastardo!
                                                                     Enquanto precisaram dos seus serviços, na reconstrução da casa, não lhe faltava nada, nem mesmo os sorrisos, os quais foram diminuindo pouco a pouco, surgindo as discussões por tudo e por nada. Resolveu sair daquela casa onde ninguém o considerava, e tentou voar pelas suas próprias asas…
Trabalhava na construção civil, fizemos um pequeno percurso juntos, na construção de uma casita minha… perdi-o de vista por força das circunstâncias, revendo-o quase todos os anos. Tinha tanbém construído uma família, mulher e filhos, e vivia segundo as suas possibilidades, o que me deixava feliz, contente porque sabia ser um bom rapaz, infelizmente dependente do álcool e tabaco, um refúgio igual a tantos outros, a quem os problemas bateram à porta… apesar de amar seus filhos e mulher, aconteceu o que fatalmente teria que acontecer um dia… chegou a casa bêbedo gastando os poucos cêntimos necessários para a sobrevivência de uma família carenciada, foi posto na rua… desprezado pela mãe e irmãos que viviam abastadamente, suportou orgulhosamente a vida que escolheu, ou que para ela foi projectado, sem vacilar à tentação de lhes pedir ajuda… via-os passar em carros topo de gama, quando raramente por lá passava, dizia olá… mas, não se considerava um mendigo… não aceitava esmolas de ninguém… sofria interiormente se alguém o tratava com compaixão… Enquanto o avô viveu ia frequentemente visitá-lo, falavam de coisas sem importância, ambos sabiam o peso do fardo que transportava na alma havia já tantos anos! De nada serviam os bons conselhos dados… o velho meditava na crueldade do destino, na injustiça dos deuses, na hipocrisia humana! Enquanto o PASSAGEIRO DA PENÚRIA sentia extrema felicidade, junto de quem o acariciava, como quando era miúdo, o amava pelo que era e não pelo que podia ter ou ser…
Acordo tantas vezes com o roncar de uma pequena moto soando-me aos ouvidos, não é a do meu amigo, esse vive a poucos km daqui, numa barraca emprestada, sem conforto nem higiene, longe da família que o desprezou, o abandonou e não sente remorsos na consciência… é a de um rapaz que segue os seus passos, o mesmo caminho sinuoso, tem quarenta e poucos anos, mas, este sim, escolheu um viver de dependência…


Dedico a todas as vitimas de um destino falhado pela fatalidade circunstancial...

terça-feira, 4 de setembro de 2012

Revolução no meio eclesiástico



A Diocese de Bragança, através do seu bispo novo e com novas ideias, tentou remodelar os representantes paroquiais do Distrito, transferindo-os ou agrupando-os em locais diversos, alheios a rotinas abusivas, por razões óbvias de suborno, afeição, negligencia, abusos, omissão, e outros motivos que ficam no segredo dos Deuses…
A imparcialidade fraquejou, e foi mesmo superada pelas solicitações dos compadres, fazendo subscrições, para incitar o Bispo a ser condescendente, tolerante com alguns deles, por motivos e razões inventadas com fabrico “made in Portugal”… coitados!” Ficar sem os tachos que rapidamente elevava seus patrimónios para o topo dos abastados avarentos”, era sem dúvida, uma injustiça para um catolicismo implantado com hipocrisia, comodismo, abusos, falsidade, e outros adjectivos qualificativos, deixados ao critério dos peritos, avaliadores que não temem represálias nem desdenham temas considerados injustamente “de tabouts”.
Infelizmente, o padre “dois pêlos”, segundo informações recolhidas, vai continuar em Murçós… cúmulo da vergonha! Esse sim, deveria ficar a léguas distanciado das pessoas lesadas, iludidas, como sempre, pelos bons discursos, falsos, decorados num seminário de hipócritas, sem fisionomia nem personalidade…
Lamento imenso que as pessoas vulneráveis sirvam de álbum a atiradores sem sentimentos, irresponsáveis, cuja eficácia se baseia essencialmente na prática da religião cristã e seus derivados pecadores…
Desde já quero deixar bem explicito não ser minha intenção tentar modificar as crenças de cada um… muito menos criticar as boas práticas da religião cristã que me foi transmitida durante toda a minha infância, num meio Sacerdotal, embora com algumas diferenças do que é imposto aos fieis actualmente do qual discordo.
Já nesse tempo havia suborno, intrujices, e teria dezenas de exemplos para citar, mas fico-me apenas por dois. O do adultério, que o padre com quem vivi durante seis anos, praticava às escondidas, com várias mulheres, algumas delas casadas. Com uma delas teve um filho, o qual foi enviado para a casa pia, e o tratava como padrinho….
Quanto aos alimentos caritativos doados pela CARITAS, para distribuir pelos pobres, cujos nomes figuravam impressos num boletim individual informativo, que eu preenchi às centenas, mas que, só uma pequena fatia do bolo lhes era entregue. A farinha que chegava em dezenas de sacas, e o queijo em numerosas caixas, eram distribuídas parcialmente pelos pobres, enquanto grande quantidade destes produtos eram ofertados a compadres amigos e até vendidos…
NÃO HÁ CRISTÃOS JUSTOS, HÁ CRISTÃOS PECADORES…