quarta-feira, 30 de abril de 2014

Falecimentos


Faleceu o Sr. António Fernandes (russo) Natural de Murçós e residente Em Ferreira. 
O seu funeral realiza-se hoje dia 30 de Abril pelas 17h na Paróquia de Ferreira.
A todos os seu familiares apresento os meus sentidos pêsames
PAZ À SUA ALMA





segunda-feira, 28 de abril de 2014

FESTA DO S. FRUTUOSO


veja aqui album
Festa do s.frutuoso (69 fotos)

Um paraiso terrestre... quarenta anos depois voltei ao local dos meus sonhos, onde, quando tinha 12 anos, passei momentos alucinantes... O velho moinho ainda está lá... a ruir é verdade, mas tal qual como quando, ia por la´... e, ia frequentemente... a cavalo com o P.e João regar as batatas no lameinro que volta a andar desfeito... é arrepiante! A eira onde se dançava ao som do Autofalante, e as moças cantavam o fado de Fernando Farinha ( o soldado nas trincheiras) , continua intacta embora agora exista um largo para dançar... a capela foi remodelada, mas as casas envelheceram, algumas ruiram... mas, que local maravilhoso de verdura, à beira dos dois pequenos riachos que formam o rio Azibo. Pombares pode orgulhar-se deste maravilhoso Teixedo... local mágico, simples, natural, onde a natureza beija os sentimentos acolhendo todos os amantes da beleza que carateriza estes lugares, onde o betão e os destruidores ainda não chegaram felizmente. Rebordainhos esteve presente em peso, representado pelos jovens e menos joven... alguns deles fizeram questão de fazer o caminho a pés como antigamente... organizaram uma grande merenda que partilhamos com humor e boa disposição... foi um dia muito bem passado que ficará para a posteridade... realizamos, com o consentimento do mordomo da festa, os jogos de roda que tradicionalmente costumavamos fazer nas eiras segunda de Páscoa... já há falhas de memória na letra, mas, as musicas e a coreografia ainda está bem presente nas nossas memórias. S.frutuoso abençoe todos aqueles que se deslocaram ao seu santuáruo para orar, e para usufruir da felicidade que o convivio, ao ar puro e a pureza do envolvimento, nos proporcionaram divertindo-nos como crianças. BELAS RECORDAÇÕES AVIVARAM AS NOSSAS MEMÓRIAS.

sábado, 26 de abril de 2014

Sonho e Amor


Sonho, a gente só se dá
conta dele depois que acorda, depois que ele acabou...
E fica aquela vontade na gente de sonhar mais um pouquinho.
Existem pessoas que são um sonho...
Um sonho pelo qual a gente dormiria a vida inteira.
Mas o destino vem e nos acorda violentamente...
E nos leva aquele sonho tão bom...
Existem pessoas que são estrelas.
Doces luzes que enfeitam e iluminam as noites
escuras de nossas vidas.
Mas vem o amanhecer e nos rouba com toda a sua claridade
aquela estrela tão linda.
Existem pessoas que são flores...Belezas discretas
que alegram o nosso caminho.

 Mas com o tempo, as flores murcham,
e nos enchem de saudade de sua cor e de seu perfume.
Existem, finalmente, as pessoas que são simplesmente amor.
Um amor doce como o mel de uma flor...que desabrochou numa estrela
e que veio até nós num lindo sonho!
E ainda bem que são amor, porque flores, estrelas ou sonhos,
mais cedo ou mais tarde, terminam...
mas o amor...o amor não termina nunca...

Mais que uma mão estendida
mais que um belo sorriso
mais do que a alegria de dividir
mais do que sonhar os mesmos sonhos
ou doer as mesmas dores
muito mais do que o silêncio que fala
ou da voz que cala, para ouvir
é, o amor, o alimento 
que nos sacia a alma
e nos é ofertado por alguém 
que crê em nós.

quinta-feira, 24 de abril de 2014

Tentações perigosas


 Conheci-o, era eu ainda um puto, daqueles que nasceram nas casas sem quartos… dos que dormiam em camas de tábuas apodrecidas pela urina que se escapava do cueiro, velho e usado, por outros putos… dois para os pés e dois para a cabeceira… debaixo de um teto sem forro, por onde se podia ver, através das telhas esburacadas, os raios solares penetrar no verão, entrar no Inverno, a neve fina e seca, que o vento puxava velozmente, chamada de “furaqueira”… onde se tinha de andar, sobre soalho corrompido pelos bichos, com o cuidado de quem pisa em ovos chocos… e nas paredes construídas de pedra e barro não havia quadros… ornamentavam-nas as aranhas com suas teias, enquanto o zumbido das moscas e outros insetos, que circulavam livremente, substituíam as famosas sinfonias de Beethoven, Mozart, Bach… A candeia a petróleo e a vela de cera, ocupavam os lugares dos candeeiros de cristal, cobre, ou ferro forjado… Não havia guarda-louça, nesta sala, ampla, velha e fria… porque também não havia louça… apenas o prato já com pouco esmalte… o garfo de ferro ao qual faltavam “dentes”… a malga de barro “ratada” nos bordos… o copo de alumínio contundido… Havia uma arca grande, herdada dos avós paternos, onde se guardavam, diversos e variados produtos, úteis e indispensáveis para a sobrevivência.
Vivíamos separados por uma larga parede, e uma porta trancada definitivamente, quando foi doada, esta parte da casa a meu pai, seu irmão, como prenda de casamento pelo avô.

O tio Belmiro não casou. Não sei as razões. Jamais foi cortado o cordão umbilical entre ele e os pais. Com o envelhecimento dos seus progenitores, foi ele e  irmã solteira, quem tomaram as rédeas da “charrete” à deriva, tendo sido empenhadas, por umas “cascas de alho” a quase totalidade das propriedades valiosas, fazendo a felicidade dos oportunistas, ao mesmo tempo que engrandeciam o património, a despeito das fraquezas, do vicio, da irresponsabilidade.Possuíam ainda um par de vacas, vestígios do desaire, com as quais fabricava, meia dúzia de terras, lá para os lados do Fetal, Cobinha e  Eiras.
Com os outros irmãos “desaninhados”, o tio Belmiro trabalhava duro, empenhando-se na criação dos sobrinhos, mas, sobretudo honrando a casa, que em tempos fora das mais abastadas da Aldeia. Cruzava-me com ele, no caminho, debaixo do grande “cabanal”, que protegia das intempéries, aqueles que passavam os grandes portões de madeira, abertos de par em par, e, raramente me falava… carismático ou prazeroso, não conseguia definir com absoluta certeza a personalidade que o caracterizava. Um certo dia, resolveu ir à feira do Chãos, acompanhado de dois amigos agricultores. De volta, já a noite caía, a pés, pelo caminho das Santas Engrácias, passando pela quinta do Sepúlbeda, Múrio, e chegados a Val-de-Piteiras, o tio Belmiro sentiu a necessidade de urinar, pelo que disse aos companheiros que fossem andando… chegavam já quase à Ribeirinha e o amigo sem voltar.
- Estranho! Não achas? Temos vindo num passo tão lento… e, ele nunca mais chega!
O outro mostrou também uma certa apreensão, e ambos resolveram retroceder caminho, à procura do companheiro. Entretanto escurecera, de forma que não se via um gato a um metro de distância. Tropeçando, num passo apressado, chegaram ao local onde se tinham separado dez minutos antes, do companheiro de viagem. Uma visão lamentável, terrível, incrédula se 
lhes deparou… o corpo do tio Belmiro jazia estatelado no chão convulsivamente. Levantaram-no, mas este tremia como varas verdes, gaguejando frases sem sentido, tentando a todo o custo libertar-se dos braços dos amigos, os quais não conseguiam chamá-lo à razão. Afectado psicologicamente, talvez tentado maquiavélicamente pelo demónio… dizia-se mais tarde, ser obra de bruxedo.
Nessa mesma noite, já em casa, o tio Belmiro tentou por fim à sua vida. Salvou-se porque foi encontrado, e a tempo, levado para o hospital. Diziam na Aldeia que o homem teria sido possuído por espíritos malignos, lá para os lados de Val-de-Piteiras…
Poucos dias depois, segunda tentativa de suicídio, ingerindo o fungicida, de dois frascos, com alto nível tóxico. O tio Belmiro, talvez pressionado pelo cansaço psicológico, conseguiu partir, para o outro lado, deixando à sua volta, a tristeza para além da dramática tragédia, e um ponto de interrogação que continua pendente.

HOMAGEM SENTIDA DE UM PUTO QUE JAMAIS ESQUECERÁ. Descanso eterno para a sua alma.

terça-feira, 22 de abril de 2014

Praça da União

 Antes de publicar o que de mais relevante se realizou, durante as festividades Pascais, desejava pedir desculpa aos fervorosos leitores que frequentemente visitam este cantinho com o intuito, de encontra noticias frescas, ou simplesmente matar saudades, lendo o que se lhes pode proporcionar, derivando dos meios, agrados e disposições, pela demora… mas, como é óbvio, os casos da vida e os sentimentos, restringem-nos, tornando o peso da “caneta” superior às forças ocasionais.Voltando a “nos ognons”, fiquei mais uma vez agradavelmente surpreendido, com o numero de pessoas ( por volta de 400) que vieram dos diversos horizontes, reviver os bons velhos tempos, durante o fim de Semana Pascal. As ruas encheram-se novamente de piões, sorridentes, felicíssimos, e os rostos mostravam a alegria de viver na simplicidade dos gestos, na humildade dos atos, nos saudosos reencontros, convivendo harmoniosamente onde o sol com seus raios dourados, também esteve presente, e as estrelas serviram de testemunho para as noites passadas rápidas como o vento, deixando para trás a satisfação de sempre valer a pena voltar às suas raízes.
 - Já havia bastantes anos que não vinha cá tanta gente na Páscoa – comentavam os residentes permanentes, com satisfação. Eu reparei na percentagem infantil considerável, que sempre nos trazem tanta alegria e otimismo para tempos futuros. Os carros encheram os largos, as ruas, as estradas que levam à felicidade, embora por tempo definido, que nas suas memórias se torna remoto.A tradicional fogueira começou a tomar forma no Sábado de Aleluia, após a cerimónia de inauguração da obra realizada no local onde esteve o “tronco” era assim nomeado, em tempos remotos, servindo de jaula aos bovinos em circunstâncias de doenças ou ferragem.
Estampada numa das paredes reconstruida com xisto, a foto da Aldeia de Murçós, artisticamente reconstituída com azulejo colorido a aprimorar o Brazão também representado. Na parte fronteira, dois bancos em granito e um repuxo de água. Finalmente a grande surpresa segundo informações recolhidas por entre a população, que iam dando o seu parecer uns convergentes outros divergentes, Mas como é evidente não se pode agradar a Gregos e a Troianos, veio ao cair do pano, antecedendo o discurso do Vice-Presidente do Município.
Murçós tem agora uma praça galardoada com o nome de: PRAÇA DA UNIÃO!
Aqui deixo o meu apelo ao executivo do Município. Será que as outras ruas não merecem uma “plaquinha” de mármore, que não tem direito a um nome, que não são de cá! Desde 2008 que lhes foram enviados os nomes de todas as ruas, a vossa solicitação, para que, como no resto das Aldeias do Distrito fossem colocadas e numeradas, e como devem ter custos exorbitantes, continua o pobre carteiro a navegar, pedindo auxilio, quando colocados de novo, a pessoas incompetentes, abusivas, irresponsáveis.
Para terminar, e segundo o meu raciocínio, só se deve criticar o que não é feito… as obras não são de ninguém e de todos nós… só a campa no cemitério terá a nossa foto e as datas de arquitetura e demolição.
As fotos que ornamentam este texto são obra do Jaime Fernandes (Bilbau) a quem agradeço mesmo não tendo pedido permissão… por razões familiares não me foi possível assistir ao evento. Abraço

sábado, 19 de abril de 2014

terça-feira, 15 de abril de 2014

Semana Santa

A Semana Santa é o grande retiro espiritual das comunidades eclesiais, convidando os cristãos à conversão e renovação de vida. Ela se inicia com o Domingo de Ramos e se estende até o Domingo da Páscoa. É a semana mais importante do ano litúrgico, quando se celebram de modo especial os mistérios da paixão, morte e ressurreição de Jesus Cristo. 
O ponto alto da Semana Santa é o Tríduo Pascal (ou Tríduo Sacro) que se inicia com a missa vespertina da Quinta-feira Santa e se conclui com a Vigília Pascal, no Sábado Santo. Os três dias formam uma só celebração, que resume todo o mistério pascal. Por isso, nas celebrações da quinta-feira à noite e da sexta-feira não se dá a bênção final; ela só será dada, solenemente, no final da Vigília Pascal. 

segunda-feira, 14 de abril de 2014

Feira do folar em Valpaços 2014



 










 Passos Coelho    apoiado e 
contestado em 
visita à Feira do 
Folar de Valpaços
 No recinto da feira, enquanto uns gritavam “fascista”, outros mostravam o apoio ao governante chamando “Passos, Passos”.
O primeiro-ministro seguiu indiferente às críticas e foi parando para cumprimentar os feirantes e os visitantes.
O certame, que termina no domingo, dia 13 de Abril de 2014 gera um volume de negócios de cerca de 1,5 milhões de euros entre a restauração, hotelaria, comércio local e os produtores, padarias ou particulares, que confecionam o folar, que marca presença obrigatória em praticamente todos os lares transmontanos durante a celebração da Páscoa.
É uma espécie de bolo, mas salgado, que é feito com farinha, ovos e azeite, presunto, salpicão, linguiça e carnes de porco.
O presidente da Câmara de Valpaços, Amílcar Almeida, referiu que a certificação do Folar de Valpaços, processo que se arrasta há anos, está “a um passo de ser conseguida”.
“O caderno de especificações encontra-se no Ministério da Agricultura e aguarda unicamente por publicação”, frisou.
Amílcar Almeida vê na certificação do folar uma mais-valia para “quem produz e para quem consome”, na medida em que assegura a qualidade do produto.
Esta feira é uma oportunidade única para que muitos produtores arranjem clientela para vender o folar o ano inteiro e não apenas na época da Páscoa.
O folar é o cabeça de cartaz do evento, mas no recinto encontram-se ainda à venda um outro produto típico da região, o bolo podre.
A família de Dulce Alcoforado, de Santa Maria de Émeres, concelho de Valpaços, está apostada em dinamizar o bolo podre, ou os dormidos, como eram conhecidos antigamente, porque, como não havia fermento, a massa tinha de ficar a levedar durante a noite, junto ao borralho da fogueira.
Foi por causa deste processo e do chá de canela, que lhe davam uma cor escura, que passou a ser conhecido por podre.
A filha, Ana Cristina, diz que se trata de um bolo “secular”. A produtora não revela o segredo, mas adianta que é amassado à mão, cozido em forno de lenha de giestas, processo que é acompanhado de rezas e de gargalhadas.
“É uma tradição que se faz quando se mete no forno É isso que lhe dá o aspeto arreganhado”, acredita Ana Cristina.
No recinto da feira estão espalhados cerca de 100 expositores e a organização prevê a visita de cerca de 100 mil pessoas.
Um pinheiro centenário observa de perto
a passagem de milhares de pessoas





sábado, 12 de abril de 2014

Estados de Alma

Obrigado Ana pela identificação neste maravilhoso quadro de Por-do-sol, onde o seu magnifico poema nos tráz a reflecção carinhosa e incomparável que a caraterizam. Beijinhos e obrigado pela partilha

sexta-feira, 11 de abril de 2014

A nossa Páscoa

 A Pascoa de todos nós, à maneira de cada um:
Os tempos são outros… mudaram ou evoluíram, segundo a diversidade de opiniões formuladas. Porém, os cheiros e sabores rituais, tal como noutros tempos, véspera de Domingo de ramos e Páscoa, prevalecem, com as tradicionais fórmulas convencionais, em benefício do prazer, seguindo as regras respeitantes à crença do catolicismo.
O domingo de ramos é o ponto de início da semana santa, ele abre essa comemoração que culminará 7 dias depois no domingo de páscoa. Pode ver aqui o simbolismo…
 A eucaristia e a bênção dos ramos são preponderantes, embora existam variadas maneiras de comemoração, de terra para terra, convergindo todas no mesmo sentido…
O ramo da oliveira, é o mais utilizado nas Aldeias do Nordeste Transmontano, acompanhado de Rosmaninho, e aformoseado pelos adolescentes com doces, rebuçados, com a finalidade de os oferecer aos padrinhos de batismo, depois de bentos à entrada do Adro.Durante a Semana Santa, são solicitados aos cristãos praticantes, sacrifícios, abstinência e oração, para além das aconselháveis confissões anuais. As donas de casas limpam a fundo e minuciosamente todas as divisões, especialmente a sala que vai receber Jesus na visita Pascal. A mesa é enfeitada com as mais lindas flores campestres, dois castiçais dourados suportam as velas acesas, e um grande crucifixo ao centro, bento posteriormente, observa as lindas amêndoas coloridas, os copos cheios de vinho do Porto, e as variadas iguarias pasteleiras… um miúdo tocando a campainha anuncia a breve chegada do Padre, e todos os familiares rodeiam a mesa para beijar jesus crucificado, honrando em primeiro lugar os chefes de família. Existe

aqui em Murçós a tradição de todos os familiares se deslocarem às casas visitadas, o que movimenta a população de uns lados para outros, apressadamente, sendo considerado como desonra não estar presente.
Os famosos folares com carne fazem parte integral da atração dos numerosos convivas, vindos de horizontes longínquos, à procura de sabores característicos desses tempos, onde a confraternização, as saudades e o anseio, falam mais alto e mais forte que os custos, cansaços, ou qualquer outro possível impedimento. É uma semana repleta de amor, carinho e felicidade, que se repete anualmente, com muito orgulho e prazer.
Finalmente, as pascoelas, hoje já de várias cores, mas, sendo as minhas preferidas, aquelas amarelas vivas, campestres, que nascem junto dos ribeiros, ou nos lameiros frescos, perfumadas e belas como estrelas brilhantes no céu azul.

Deixo desde já os meus votos de uma Santa Páscoa, para os que vierem de onde quer que seja visitar a Aldeia, e sobretudo aos fieis leitores deste vosso cantinho dedicado.

segunda-feira, 7 de abril de 2014

The flirt

Nas minhas pesquisas, aterrei num blog. que se pronunciava sobre o Flirt como sendo uma traição para além de outros adjectivos que me deixaram séptico, apreensivo, com o texto e comentários. A administradora faz a pergunta : é ou não é traição? E em inglês acrescenta:  I don't need to flirt I will seduce you with my awkwardness. 
O dicionário, tal como imaginava considera o flirt como um namorico passageiro.
Todos nós tivemos flirtes nas nossas vidas; uns mais outros menos, e,é sobretudo na nossa adolescência, que os namoricos passageiros sem compromissos nem responsabilidades físicas ou morais, se situam… inexperientes, alusivos, uma simples brincadeira, que geralmente nos marca pelo acontecimento em si, mas, que superamos facilmente com o decorrer dos anos, a maturidade que segue a regra da lógica dos adultos, fazendo a diferença entre as fantasias e a realidade.
O meu primeiro flirt aconteceu, quando tinha apenas 9 anos… junto da lareira, onde um adulto familiar, vigiava atentamente, todos os nossos feitos e gestos, com uma desconfiança doentia… Só existia um meio de comunicação discreto, o qual deveria passar despercebido ao ditoso vigilante, e na nossa cabeça começou a magicar, a ideia de encontrá-lo. Peguei um carvão da lareira e escrevi na pedra que a suportava, a proposta: queres…comigo?
A resposta foi: - Sim
Encontrámo-nos num lugar combinado, e aí tivemos o nosso 1º relacionamento afetivo, breve, passageiro, que terminou tal como começou.
Era, sobretudo, através de papeluchos “rabiscados” à pressa, num canto fora do alcance dos olhares curiosos, redigidos com simplicidade temerosa e humilde, e entregues por um amigo com o qual confidenciávamos as tendências afetivas, que a ligação correspondente se urdia, quase sempre com a 1ª iniciativa pertencente ao sexo masculino. Os mais temerosos (envergonhados) passavam tempos indefinidos à procura de um meio eficaz para abordar a afeiçoada, sobretudo declarar a flama acesa por um simples trocar de olhar, um gesto, uma palavra. Os termos passavam dos mais velhos para os mais novos sem evolução:  - queres namorar comigo? Era o termo mais utilizado, tentando alguns rapazes, dar-lhe um acréscimo de “sal”, para justificar diferenças cavalheirescamente.
Quase sempre se recebia um não, nesta primeira abordagem, sendo o sim considerado pelas “cachopas” como sinónimo de leviandade… por outro lado, reforçava o interesse do interlocutor, havendo duas ou mais tentativas.
A adolescência é, no meu ponto de vista, a idade mais propícia ao “flirt”, sabendo que sentimentos e ideias se baralham, confundem e tentam os seres ainda vulneráveis, irresponsáveis pelos atos decorrentes.
Durante a minha adolescência, sem pretensões nem preconceitos, respeitando a integridade moral das minhas companheiras, tive numerosos flirts, com cachopas oriundas de diversos lugares. Uma delas, abalou para Dyjon com a família deixando-me uma carta de despedida, e uma foto onde me dedicava grande afeição… depois surgiu uma moça de Oleiros Bragança, de passagem pelos Pereiros, no dia das festividades anuais, com a qual me correspondi durante algum tempo por cartas. Não considerava estes relacionamentos como conquistas, e muito menos “engates”, o meu ego, sempre definiu, excentricidade e trivialidade, ficção e realidade.Os namoricos, foram em tempos idos, para muitos de nós, uma maneira simples de ocupar os tempos livres, rompendo o fantasmagórico rotineiro. Assim sendo, acompanha melhor a tradução do flirt em Francês.
O meu primeiro, grande e único amor, surgiu aos dezasseis anos, e o namorico foi-se prolongando até aos vinte e seis, com altos e baixos, ruturas e reconquistas… uma paixão que só acabará com a morte… há pessoas que tem a capacidade de se apaixonarem várias vezes, eu não… também não acredito que tal seja possível… o verdadeiro amor, aquele que nos captura o sentimento, não tem fotocópia… tentamos nós, em caso de fracasso, colmatar a ausência, substituindo aparentemente, segundo a conveniência momentânea, traímo-nos convencionalmente… e como a paixão não se identifica como uma paragem cardíaca… a vida continua... Aventuras amorosas, tive muitas… com as quais ludibriei os verdadeiros sentimentos. Não culpo ninguém, não julgo, nem sequer lamento o meu predestinado… refaria o mesmo caminho, e voltaria a levantar os pés para não passar por cima de ninguém…vivi a minha vida como um “paxá”, tive flirts que nunca foram traiçoeiros, aventuras amorosas consentidas e saboreadas, relações sem promessas nem compromissos, mas sobretudo grandes e numerosas amizades que de tempos a tempos vem visitar a minha memória relembrando a felicidade guardada com chaves de ouro num canto privilegiado da minha memória.

terça-feira, 1 de abril de 2014

Minha querida mãe

                     Uma lágrima pelos que partem... evapora-se

                     Uma flor sobre a campa... murcha

                      A dor e o sofrimento...
                      vai-se atenuando

                                       mas

                     Os corações dos que batem por amor...
                      Jamais te esquecerão
                                                             A TUA FAMÍLIA



Na tua humilde casinha, envolvida em dificuldades, quando eras ainda autónoma, foste feliz... à tua maneira, mesmo retirando muitas vezes o pão da boca... receosa com as doenças que pudessem retirar-te, os filhos e netos, que criaste com tanto amor e carinho... sem queixas nem protestos, dividias por todos em partes iguais, os alimentos, as caricias, os bons conselhos, as inquietações que te mortificavam, deixando-te num nervosismo, e grande ansiedade... oravas à Senhora do Rosário, implorando forças e alento, a fim de levares ao teu calvário aquela cruz tão pesada, que não conseguia fazer-te vacilar. A sala enchia-se tantas vezes e a mesa era já demasiado pequena...alguns comiam na cozinha... mas tu´minha querida mãe, querias-nos a todos junto de ti... sentias tanta felicidade e orgulho, que deixavas a porta aberta e davas umas voltinhas pela varanda, como quem quer mostrar ao mundo, que apesar das dificuldades pelas quais passaste, tinhas agora a recompensa... todos nós tentamos os possíveis para que nunca te faltasse nada, e tu contentavas-te com tão pouco!
Todas a mães são sempre as melhores do Mundo... tu eras apenas a nossa que amávamos com todas as forças e hoje choramos com lágrimas dolorosas... sabíamos, que terias de partir um dia, mas, nas nossas mentes, esse dia nunca mais chegaria...Ficaste tão triste, quando um dia, logo de manhã, te vim visitar e te encontrei estatelada
no soalho onde terias passado parte da noite aos gritos, pedindo socorro, e ninguém te ouviu, ao anunciar-te que não podias continuar sozinha, e que a Senhora a quem pagávamos para tratar de ti durante o dia não aceitava deixar a sua família para passar também a noite em tua casa, por conseguinte só nos restava uma solução: um lar para idosos. Vi duas lágrimas cair pelas tuas faces, e compreendi que te estava a espetar uma espada no coração... escondi-me para chorar também, e pela minha cabeça passaram culpas desastrosas de impotência...Tentei tudo para remediar... pedidos, promessa de pagamentos, implorei, mas, todas as portas se me fecharam...metido entre a espada e a parede, tentei arranjar-te um lugar numa instituição privada ainda que a custos elevados. Convenci~te a ir visitar o Lar Sta Marinha, onde ficaste como encarcerada, e eu senti-me tão mal...Com tudo, foi a tua casa durante quase 7 anos. Acostumaste-te, foste sempre tratada com muito carinho, respeito e delicadeza, e eu velava vindo visitar-te sempre que podia.... ficava horas a conversar contigo e restantes utentes... não via o tempo passar.Mas, essa doença de Parkinson foi evoluindo... retirou-te as funções dos órgãos nutritivos, depois os da linguagem, e trocávamos apenas ternos olhares... conhecias o meu carro que vias chegar através da grande vidraça e sorrias... conhecias a minha voz a léguas de distância... mas, já não podias comer o chocolate que sempre te trazia do qual tanto gostavas. Perdeste todas as faculdades, caíste nessa cama onde acabaste por adormecer para sempre naquela madrugada de Sexta-feira, deixando-nos os corações destroçados, mas, convictos, que partiste com a dignidade que te caracterizava, e a humildade que te acompanhou ao longo da vida. Se houver um reencontro, minha adorada mãe, guarda-me um lugar pertinho de ti, no aconchego dos teus braços.

Nota: agradecimentos a todos aqueles que nos ajudaram nos preparativos do Funeral, especialmente a Angélica e Filipe. Agradeço também a presença dos que estiveram presentes no funeral, que trouxeram lindos ramos de flores, e aos que através de contactos também o fizeram. Aos familiares mais ou menos próximos que estiveram ao nosso lado, à fabriqueira de Rebordainhos, ao Diácono pela linda cerimónia; à  funerária profissionalismo exemplar, a todos os que vieram das diversas localidades; ao lar de Rossas pela visita e flores, a todos quantos me enviaram centenas de mensagens de reconforto,: Ás trinta e tal pessoas de Murçós, e por fim, esperando não ter esquecido ninguém, a todo o pessoal do Lar sta Marinha Arrifana, por tudo quanto fizeram para que minha mãe tivesse vivido os seus últimos tempos de vida com dignidade, higiene, carinho e dedicação. Que Deus vos proteja a todos.