domingo, 29 de julho de 2012

FELIZ ANIVERSÁRIO "mãe Ana"

 Nove décadas já passaram para Ana dos Prazeres Xavier, nascida, 28 Julho de 1922, que faz agora parte de um elenco de centenários, nascidos e residentes em Murçós. São eles: tia Aurora 95, Francisca 92, David Silva 93, Lucinda Silva 97, António "valaongo" 91, Diniz Fernandes 90.
A "mãe Ana", como nós lhe chamamos afectuosamente, acomoda-se em qualquer canto do pátio, protegendo-se dos raios solares, enquanto, na companhia do seu fiel companheiro "puchy", também já idoso, faz renda, reza e lê, a Bíblia, o "cheringador" do tempo, e outros livros, sobretudo
 religiosos, sem óculos, nem mãos tremulas, apesar de alguns problemas de saúde que ultrapassa, pacientemente, sem uma queixa, uma lamuria, sempre bem disposta, e até vai cantando umas "cantilenas", quando sabe que não está ninguém por perto a ouvir!
Obrigada a sair da sua casinha, onde vai frequentemente, após o falecimento do seu companheiro de caminhada, Manuel "carriças", conhecido por todo o Distrito como negociante ambulante, vive agora como os saltimbancos, dois meses em cada casa dos três filhos residentes em Murçós... não é propriamente o que ela mais queria, mas, sempre é melhor que o Lar para idosos... aqui tem bem enraizado, com dificuldades, sacrifícios, e muito suor, toda uma vida de labuta constante, junto do seu marido, que embora justo, honesto e afectivo, não a dispensava dos trabalhos rudes do campo, sendo um homem autoritário, respeitador e respeitado, e muito ambicioso, apesar da magra fatia herdada, construiu um dos melhores patrimónios de Murçós, gota a gota, palmo a palmo. Nem mesmo em casa tinha descanso, com oito filhos para criar, aos quais nunca lhe faltou nada, nem na alimentação nem na vestimenta, que ela própria costurava, nas poucas horas vagas da noite ou aos Domingos.
Foram tempos difíceis, que hoje recorda felicíssima e orgulhosa, dos seus oito filhos vinte netos e dez bisnetos.  Feliz aniversário "mãe Ana.
A Neta Manuela não esqueceu os anos enviando-lhe este lindo arranjo floral

toda a família reunida para cantar os parabéns "Mãe Ana"2011
Cantando os parabéns à mãe Ana pelos seus noventa... Um pensamento para aqueles que não poderam estar presentes, mas que estiveram de coração. 2012

quarta-feira, 18 de julho de 2012

A NOSSA TERRA...


A nossa terra
Chamamos-lhe assim, ao lugar onde nascemos. Embora não nos pertença, mas, é a nossa terra… por diversas e variadas razões, as quais, compõem o elenco representativo da essência natural ou divinal, segundo critérios definidores da nossa existência permanente e provisória, que o procedimento contextual lhe confere, ao abrigo de todas as Leis, regências, metamorfismos físicos, intelectuais, religiosos, e até abstractos.
Era uma Aldeia linda! Redonda como a Lua, perpetuando com seus raios luminosos e suaves, a fidelidade de quem ama. Grande como a imensidão oceânica, que o poder divino mandou comprimir, tornando-a um cantinho receptivo e atraente, um jardim florido e perfumado, um paraíso terrestre… onde se refugiaram os humildes, os puros de coração aberto, que batia velozmente, sempre que um dos seus era brindado pela fatalidade impertinente da desgraça, ou se fragmentava na divisão felicíssima de brindes ocasionais predestinados. Era a magia encantadora dos sonhos lindos! Discreta, vestida com seu manto deslumbrante de arco-íris, acariciava afectuosamente os filhos, que a cegonha trouxera no bico, um dia, ou talvez uma noite adormecida no silêncio ténue, envolvente de uma carícia amena.
Hoje, por ela passaram os anos, deixando vestígios aparentes de uma semelhança deslumbrante, recordada frequentemente, na pacatez dolorosa da metamorfose e do silêncio  





BOAS-VINDAS AOS NOSSOS EMIGRANTES

foto A.B.P

 O mês de Agosto aproxima-se a passos de gigante, trazendo nas suas bagagens airosas, radiantes, juvenis, dezenas de Emigrantes, dispersos pelos cantos do universo, uns por opção, outros para melhorar as condições de vida impostas pelas circunstancias, mas, sempre fieis ás raízes tradicionais que vão passando de geração em geração, com mais ou menos entusiasmo,  felizes e orgulhosos do seu cantinho natal.
Para os residentes em Murçós, que aguardam com grande expectativa a chegada dos seus entes queridos, apesar de modificar completamente a pacatez rotineira lenta e pausada, no silencio adormecido do tempo, é mais um mês de Agosto animado, festivo, e sobretudo, movimentado pelo vai-vem da criançada, correndo, gritando, brincando sem preocupações nem restrições, que o viver dos grandes aglomerados  impõe.
 Também os comerciantes se esfregam as mãos de contentamento, tentando salvar o ano com o amealhar de uns cêntimos, acabados de chegar, "fresquinhos" que ao longo do ano foram metendo no "pêto", predestinados às férias merecidas e justas, atendendo às situações diversificadas pelo cumprimento de sacrifícios e adversidades exigentes, às quais se submeteram.

Fotos: A.B.P



 São igualmente bem-vindos os imigrantes residentes
 Nos diversos pontos do nosso País, e seus convidados que vem igualmente saborear os prazeres mágicos que a natureza proporciona com simplicidade, carinho e amor, aos olhares atentos, assim como aos corações amantes dos cantares serenos, sem preconceitos. Respirar este ar puro, ainda que seja por pouco tempo, é a terapia barata e eficaz que ajuda a caminhar na direcção certa. O perfume das rosas, cujas cores extasiam e encantam, convida e agradece mais uma visita.


QUE AS VOSSAS FÉRIAS, AQUI OU NOUTRO LUGAR, SE PASSEM SEGUNDO OS VOSSOS DESEJOS, SÃO OS MEUS VOTOS SINCEROS.

quarta-feira, 11 de julho de 2012

FÉRIAS PARA AMANTES DA NATUREZA


Quinta dos Castanheiros - Turismo Rural



 Cerca de 4km de Murçós, na Aldeia de Negreda, onde se pode desfrutar do bem-estar relaxante, de uma vista maravilhosa da paisagem, para além das comodidades, e serviços de grande qualidade e humildade transbordante das pessoas simples e bem educadas desta região.
Próximo de Espanha, noestros hermanos, reservam e visitam esta maravilha durante todo o ano.
Parabéns Sr. Engenheiro!
  ACTIVIDADES  Sauna, Centro de , Fitness, Pesca, Ténis de Mesa, Banheira de Hidromassagem, Caminhadas, Comodidades para Churrascos, Andar de bicicleta, Equitação, Piscina Exterior, Piscina Exterior (sazonal)























Localizado na região de Trás-os-Montes e Alto Douro, esta pousada beneficia de uma localização rural perto de Negreda e oferece todas as comodidades necessárias para uma estadia relaxante.
Combinando design moderno com materiais naturais, a Quinta dos Castanheiros irradia uma atmosfera única e acolhedora. Aproveite o sol no terraço e desfrute de um mergulho refrescante na piscina. Enquanto se prepara para o seu dia de caminhadas, o pequeno-almoço será preparado e servido no conforto do seu quarto.
Passe o dia a treinar, seja no exterior ou na sala de fitness. Depois, poderá desanuviar na sauna ou desafiar as suas crianças para uma partida de ténis de mesa. Se procura combinar negócios com lazer, poderá tirar partido da Internet sem fios gratuita na Quinta dos Castanheiros.

terça-feira, 10 de julho de 2012

NOSTALGIA...




À procura de identidade.


Tal como um perdulário, um barco à deriva, mas inerte ou inerente da incompreensão, que conduz à futilidade, envolvido num pragmatismo de insolvência racional, levantei-me, preparei-me e saí. Peguei nas chaves do meu já velho automóvel, pelo qual, como por mim, também o tempo passou, deixando sequelas dos maus-tratos… de Invernos passados na escuridão das noites frias e medonhas, de verões quentes, cujos raios solares penetram na epiderme desprotegida e frágil, mas, ainda com rodas e motor. Envolvido numa perplexidade contundente, reparei, à medida que descia as escadas da minha própria casa, contava os degraus, como se as descê-se pela primeira vez… eram treze, numero que suscita azar. Azar, toda a minha vida tem sido assim! Sempre fui apelidado de forasteiro, nómada e até estrangeiro. Meu Deus como me tem pesado na alma! É aterrorizador não pertencer a lado nenhum…ou melhor, pertencer e não ser reconhecido como tal.
Subi a encosta do Lameirão lentamente, olhando à minha volta, através dos vidros molhados por uma “merujeira” de água que caía silenciosamente, mas, não via nada que não tivesse já visto dezenas de vezes, passando-me pelos ouvidos um zumbido desagradável, irritante, ao ponto de desejar fugir para bem longe… onde os passarinhos tivessem liberdade para cantar, os veados espaço para correr, e os seres humanos paz para viver!
em Soutelo Mourisco, perguntei-me mentalmente onde ia, porque fugia da terra onde vivia há já catorze anos? Estava cansado, saturado pelos olhares alheios, que me viam como um intruso dos lugares, considerados por eles como sagrados, impenetráveis. Sem me aperceber do que ocorreu durante o 1km que me separava do alto da fraga do “berrão”, cheguei aí, e, uma paralisia passageira apoderou-se dos meus membros. Parei, assentei-me sobre uma pedra, e aí estive tempo indefinido, a observar e a meditar, no que noutros tempos foi, um lugar amoroso, apaixonante, apesar das contrariedades fatalistas da vida, e a obrigatoriedade de partir com lágrimas nos olhos. Foi aqui que eu nasci e vivi efectivamente durante 18 anos… a minha infância! Revi-me em todos estes lugares, cujos nomes misteriosos, aprendi, ecoando-me aos ouvidos o Chiar dos carros de vacas, provocado pelo aperto excessivo das “tarraixas” enquanto subiam a encosta temerosa do Lombo do Sirgo, vindos de Vilar-Sêco, Porto Malhada velha ou Fonte do Sapo, carregados com feno, centeio e outros produtos indispensáveis à sobrevivência dos Rurais. Deste lugar privilegiado de observador, avistava ao longe, Vale dos Amieiros, Fetal, Ribeira, e os “carreirões” estreitos, acidentados, por onde tantas vezes passei, até chegar ás Bouças onde manadas de vacas pastavam apetitosamente sem se preocupar com as tarefas dos “boieiros”, os quais matavam o tempo, na prática dos jogos tradicionais como: fito, roça, salto, e até a “queda” que servia para medir forças, judo, dos tempos modernos. A Ladeira e sua famosa fraga, observavam também estes ritos simplórios de divertimento. O meu olhar abstracto, percorria o caminho vindo do Belagoto e via a poeira deixada para trás pelos passantes, e que o vento se encarregava de transportar até à Châera, onde alegremente os garotos se banhavam nus, no poço da Sra. D. Graça. As Fontelas, tal como Vale da Frunha, Lombeiro, Ribas, Lombo da Igreja, Eiras e Fonssim, Teixeira, Lamela, Cadavez, Covinha, Tempa, Cano Galiana,, Múrio, e Vale de Piteiras, tinham, certamente um significado secreto, que ninguém me revelou, mas que vivem na minha memória, como um conjunto de recordações inesquecíveis. Do Outeiro aos Montes, passando pela Airoá Vale das vinhas, Vale de Miuça e ao lado do Cabeço cercado, são hoje lugares de cevadeiros, matadouros dos numerosos javalis, que fazem felizes os caçadores. Eu, via ainda, rebanhos de ovelhas e cabras, pastando urzes, ervas e flores de giesta, entre as carvalheiras hirtas cheias de musgo, e ouvia o toque da flauta do Zéquinhas Lélé, ou as cantigas do Chico fazendo eco. Do nosso famoso campo da bola, na ponta da Cabeça, restam apenas vestígios dos maravilhosos tempos por lá passados, alguns deles perdidos à procura da bola nas carvalheiras. Os invasores acabaram por vencer a guerra de tantas batalhas por lá travadas na defesa do espaço!
Retomei o caminho de Rebordainhos reconfortado pelas belas recordações, mas antes de entrar na Aldeia, que não visitava havia dias, veio-me à memória os ditos de pessoas que se dirigiam a mim nos seguintes termos: - passei na tua terra e não vi uma alma…. Nem sequer um cão me ladrou!
Prossegui o meu caminho, e. no prado parei; estava só, mas, mentalmente, revi a animação dos tempos passados, à sombra do olmo e freixo, com o tanque de duas bicas para refrescar as memórias, o lavadouro, a forjem encarcerada na fraga grande e a poça coberta de gelo onde deslizávamos sem patins. Na tasca do tio Jaime, havia grande animação, quatro mancebos jogavam ao chincalhão, vinham os copos de quartilho, e o vinho esgueirava-se suavemente pelas goelas da assistência. Voltei-me e fiquei trémulo a fixar aquela casa grande e branquinha, que considerei como minha durante 6 anos em lamentável estado de degradação…no bairro das pedras, o meu coração alegrou-se, reparando que duas lindas casas substituíam aquelas que apesar de velhas guardavam segredos de numerosas brincadeiras. Passei pelo café do “nharro” e pareceu-me fechado. Poucos metros mais abaixo, estava a casa dos meus pais, a nossa casa. Portas e janelas trancadas deixavam transparecer a realidade dos factos: ali já não vive ninguém, para alem dos sonhos lindos de uma família pobre mas unida e honesta. Uma lágrima veio discretamente recolher-se no canto da minha boca… e, toda a letra de uma canção francesa desfilou na minha mente. – (Etre né quelquepart)
Fui andando rua abaixo, encontrei-me no cemitério. Ia visitar meu pai, e dei por mim a visitar quantos ali jaziam. Estas almas compreendiam o estado da minha, mesmo que me julgue “o mal amado”… Fiquei profundamente ferido, que alguns deles, tendo bens, os legaram, a quem nem sequer teve a decência de lhes mandar construir uma casinha em pedra mármore!!. Tanta ingratidão, meu Deus!
Voltei para o café do Nharro , entrei, a primeira saudação, vinda de um amigo, foi: - Que fazes por aqui? Não és de Murçós?...
Tempos passados, outros que eu sempre considerei como amigos entraram, fingiram não me ver nem me conhecer, nem uma palavra, como se tivesse a lepra…como as mentalidades estão hoje diferentes! Viver por si e para si é a divisa da ingratidão…
Finalmente, quando me aprestava a deixar um meio que já não tem nada a ver comigo, apareceu a Dorinda, com um folar quentinho, amarelo, apetitoso que cortou e repartiu pela clientela. Não me contive e fiz-lhe esta pergunta:
- Fazes folares para os clientes?
- Sim. Sempre que cozo.

   Nós não escolhemos os pais                          
Nós não escolhemos a  família
Nós também não escolhemos
Os passeios de Manila
De Paris ou Argel
Para aprender a andar...

Nascer em algum lugar...
Nascer em algum lugar
Para aquele que nasceu
É sempre por acaso.


 as aves de quintal
E aves de passagem
Elas sabem onde estão seus ninhos

Quando voltam da viagem
Ou quando voltam a casa
Elas sabem onde estão seus ovos...
Nascer em algum lugar
Nascer nalgum lugar
É partir quando se quer 
Voltar quando se desejar


É que as pessoas nascem com direitos iguais
No ponto em que elas nascem?


É que as pessoas nascem com direitos iguais
No ponto onde eles são nascidos
Que as pessoas nascem iguais ou não?


Nós não escolhemos os pais
Nós não escolhemos a família
Nós não escolhemos
Os passeios de Manila
De Paris ou Argel
Para aprender a andar
Eu nasci em algum lugar
Eu nasci em algum lugar
Deixe-me este ponto de referência
Se eu perder a memória


É que as pessoas nascem com direitos iguais
No ponto onde eles são nascidos
Que as pessoas nascem iguais ou não?
Buka naba baxoshana


É que as pessoas nascem com direitos iguais
No ponto onde eles são nascidos
Que as pessoas nascem iguais ou não?
MAXIME LE FORRESTIER



terça-feira, 3 de julho de 2012

A FLOR DA AMIZADE

Há exemplos de amizade, amor ou fidelidade, que nos transportam, através dos magníficos  perfumes, da diversidade floral, e da beleza que nos seduz, para além do imaginário...




Há amizades que se rompem, como um tecido usado, frágil, próximo da ruptura! Por vaidade? Inveja? Desdém... ou talvez por cansaço rotineiro?! Quem sabe porquê?...




Há amizades, que um dia se cruzaram, por acaso, na abstracção do tempo e do lugar, num corredio desenfreado sem meta para atingir, intencionalmente, como o que se encontra sem se procurar...




Ser amigo do seu amigo, é a mais perfeita prova de amizade... não se dá nem se pede,nasceu connosco... um dia, há anos, meses ou horas, que importa o tempo?! Nasceu, e, permaneceu, resistindo às tentações de troca ou abandono...




Ter amigos, é ser privilegiado pelos poderes que regem a nossa existência, para não estar só...acompanhando as peripécias naturais que nos estavam predestinadas, até aos confins ternos de uma vida repleta de emoções...




Quantos amigos tivemos, que hoje não temos! Partiram ou esqueceram... a amizade tão pura, como a de um menino brincando, perto dos perigos mundanos, de um animal jovial, correndo à procura da felicidade...












JAMAIS PERDEREI MEUS AMIGOS.... POSSO É PERDÊ-LOS DE VISTA...