quarta-feira, 30 de outubro de 2013

Dia de todos os Santos 2013


O Dia de Todos os Santos, que se celebra 1º de Novembro, é cada vez mais o Dia dos Fiéis Defuntos, marcado para o dia seguinte. Igreja não condena esta vontade popular, que aproveita  assim o feriado ( que deixou de ser) para lembrar os familiares que  já morreram. A homenagem aos mortos acontece um pouco por todo o mundo, de formas muito diferentes 
O primeiro dia de Novembro é marcado pela ida de milhares de portugueses aos cemitérios, que nesta altura estão especialmente enfeitados. Mas esta visita tem tendência a acontecer no dia anterior ao definido pela Igreja, muito por culpa da força popular. Assim, é cada vez mais comum celebrar-se o Dia dos Fiéis Defuntos no Dia de Todos os Santos.
Um fenómeno que pode ser explicado simplesmente pelo facto de o dia 1 de Novembro (Dia de Todos os Santos) era feriado e o dia 2 (Dia dos Finados), não. Porém, o padre José Manuel Almeida prefere acrescentar uma justificação mais espiritual.
"A voz do povo é a voz de Deus e se calhar muitos dos nossos defuntos podem ser também celebrados no dia de Todos os Santos", explica. O religioso vai mais longe e acredita que como "Deus escreve direito por linhas tortas, esta mistura popular dos dois dias pode fazer-nos pensar e levar à luz: Se calhar não são datas assim tão diferentes."
Uma coisa parece certa, os portugueses dão mais significado ao Dia dos Finados que à celebração de Todos os Santos. Talvez porque esta é uma data em que "particularmente se recordam os amigos e familiares que se encontram a caminho da comunhão com Deus", refere o prior de Santa Isabel. A proximidade das pessoas aos seus defuntos aumenta o significado desta data, em relação à celebração de santos que são desconhecidos.
A homenagem aos mortos é um acontecimento global e é vivido de diferentes formas um pouco por todo o mundo. Tal como sublinha o padre José Manuel Almeida, "no México é uma festa bastante divertida, enquanto aqui tem um pendor mais triste e saudoso".



Para todos os defuntos de Murçós

segunda-feira, 28 de outubro de 2013

Reflexões

 Um dó li tá 

Amanheceu. O tempo serenou. Abrimos a janela e um pássaro canta na frescura da árvore vestida de ouro, em tempo outonal. Desligamos a Televisão… deixamos de entender o mundo. As certezas de ontem são as incertezas de hoje. Não há passado porque se perdeu no desrespeito pela tradição... e se ignorou a dignidade humana instituída. Não há presente porque se afoga nos calabouços do medo e do tempo incerto. Não há futuro porque não se pode planear…prever…a lógica da incerteza fragiliza os mais frágeis que vivem o presente sem horizontes de amanhã, sem a frescura renovadora da esperança.
Hoje, ainda tomamos o pequeno-almoço pela manhã no recato da nossa casa… Quantos dias poderemos tomar o pequeno-almoço pela manha? Não sabemos… vivemos no sobressalto… no medo do saque consentido… na eminência da pobreza planeada. 

 Tudo legal. Quem duvida da legalidade do Despacho, da Portaria, do Decreto-Lei, da Lei que todos os dias…pela calada da noite nos delapida o património…nos saqueia as magras reformas…nos retira serviços de proximidade… nos comprometem a saúde…nos fragilizam as escolas.
Gostava de saber de um sítio onde não houvesse Estado… onde as Leis assentassem na honradez dos vizinhos…regressar ao Comunitarismo… cultivar a horta…criar o porco e as galinhas… viver em paz com os vizinhos na esperança que não me saqueassem o renovo, nem me assaltassem a capoeira.
Mas não vale a pena sonhar…os velhos comunitarismos são uma miragem… o reino maravilhoso do Torga… morre paulatinamente… grande é o deserto!
O Povo continua a votar no seu Partido… a comprar o tractor maior do que o do vizinho… a assistir resignadamente à morte dos idosos… as crianças deixaram de jogar ao pião e ao giroflé… giroflá na cerca da escola… E um dia breve... talvez a última criança, do tal reino maravilhoso que morre duma forma ignóbil, legal e consentida às mãos do Poder de Lisboa dirá sozinha a última lenga-lenga, na imensidão dos destroços dos casebres abandonados:
Um dó li tá



Este texto é da autoria do Dr. Fernando Calado...escrito e publicado no facebook com mestria e erudição... resume na perfeição o estado critico de um País debilitado pela corrupção, incompetência,, suborno, e por aí fora... exemplarmente seguido pelo Município de Macedo de Cavaleiros que em três mandatos, e com fome de mais um, conseguiram dilacerar, um concelho com divida superior a 30 milhões de euros,(3ª lugar em Portugal) ludibriar os munícipes mais vulneráveis, e deixar retrogradar uma cidade para aldeia
permitindo, sem remorsos de consciência, o furto das infra-estruturas para o desenvolvimento sustentável, e a manutenção preventiva, do que existia mantendo viva e alegre uma pequena cidade já com poucos recursos... estou falando do Peaget, do Hospital e urgências  dos comércios que fecharam portas, da zona industrial que não passa de um "barracamento", brevemente da repartição de finanças e correios, os Bancos seguirão o mesmo caminho, e os pobres Macedences, perguntam a Deus porque foram abandonados? -E este responde -só tendes o que mereceis...
Grande cumplicidade vem das Aldeias e dos seus moradores pusilânimes...Da influência sócio-cultural contextual? Talvez!
É uso, frequente, nos meios Rurais, salientar a naturalidade do ser humano em abnegação da cidadania,  facto que nos convida à reflexão sobre os preconceitos de carácter racista... afinal quem é de cá ou de lá? Quase todos somos oriundos de onde a nossa mãe pariu... contudo, segundo certos critérios não podemos usufruir dos mesmos direitos... também as etnias sofrem a mesma discriminação., lamentável!Alguns destes discriminadores dizem sermos todos filhos de Deus mas não querem ser nossos irmãos...humilhar-se para ser exaltado seria aconselhável... mas, quando se é enlameado injustamente, teremos que tender a outra face para levar um estalo? Ninguém pode servir de referência  meu caro leitor... quanto aos telhados de vidro, quem os compra com o suor do seu rosto, está blindado contra os maus olhados, a inveja, e a pretensão de calar o que foi adquirido democraticamente, cumprindo o dever cívico, que não deve ter sido o seu caso, pelo contrário deve ter andado a ser alimentado com a ajuda dos meus impostos.
Continuar a elogiar os que vos destruíram, vos indignaram, vos humilharam é o lema que vos apraz em detrimento do que podiam ter e jamais terão... deo gracias!

sexta-feira, 25 de outubro de 2013

O gato preto e branco



Iniciava o meu passeio matinal programado, cujo itinerário, era descer a rua de Vale Cavaleiro até à cabine Eléctrica... virar à direita, Costinha abaixo, onde fiz as minhas três primeiras fotos, descer a estrada até águadalte, e tomar  à esquerda o caminho que me levaria até ao velho campo de futebol. Entretanto, um grande gato vaidoso, vestido de preto e branco, assentado confortavelmente junto da berma da estrada, não parecia disposto a arredar pé, tal um soldado de guarda à porta de armas do quartel. Olhamos-nos fixamente durante uns segundos, pedi-lhe permissão para o fotografar, e como não obtive resposta, deduzi que quem cala consente... mas a superstição aflorou-me a mente, e os velhos adágios davam "trambolhões" no estado de espírito, o qual sabendo da minha abnegação, atirou para longe os preconceitos. Era só um gato formoso!

Estender as pernas neste tempo morto que o outono nos proporciona, e espairecer da confusão gerada, em volta do que certas pessoas chamam Eleições Democráticas, era o principal objectivo, um balão de oxigénio bem necessário e útil. O tempo das intrigas, das objecções intercaladas, das promessas vãs, do corte de relações morais, do melhor e do pior estava definitivamente revogado.
O povo é soberano nas suas decisões, certas ou erradas tem que ser respeitadas. As influencias negativas são factores de risco, que a frustração ou indignação jamais poderão remediar, e que podem igualmente afectar uma minoria impotente, mas... temos o que merecemos, de nada serve lamentar-se nem tentar remediar, com falsas promessas de voltar a reaver, através de remédios milagrosos, que Dr. X ou Jurídico Y teriam supostamente prometido.

Envolvido em pensamentos relacionados com a natureza, deparei com este amontoado de bolas floridas, radiantes no lindo jardim do Miranda, entre as grades férreas e a casa. Não me interessa saber o nome, tem um significado especial na sua realização, como escultura em gesso. Do outro lado, a propriedade do "mica" vedada e para expulsar os maus espíritos, ferraduras de cavalo apertadas à vedação de metro a metro... o pinheiro resplandecente e orgulhoso, mostra aos passantes seus frutos, ainda ligados aos ramos pelo cordão umbilical... dei comigo a murmurar: como é bela a Natureza!
Uns passos mais abaixo, na encruzilhada dos 4 caminhos, a capelinha da Senhora das Graças na sua solidão habitual, protege os que por lá passam mesmo aqueles que não tem um olhar carinhoso ou uma oração breve para lhe dedicar.
Em tempos bem recentes estava coberta de silvas e outras ervas, como abandonada, o que não dignificava uma devoção merecida com arranjos, e a atenção de todos.
Agradecimentos para quem cuidou do seu espaço.









 Este labirinto vim encontrá-lo já no final do meu passeio escoltado pelos grandes cães do gado de Beto, surpreendentes e temerosos pela estatura. Um deles talvez o mais novo mordia-me de tempos a tempos as pernas, talvez na brincadeira mas que me deixava receoso e apreensivo quanto às suas intenções.
Esta paisagem magnifica aliviou completamente o meu stress convidando-me a recomeçar passeios assim mais e mais vezes







quinta-feira, 24 de outubro de 2013

Trova do Vento que Passa»»» Trova do Vento que Passa Adriano Correia de Oliveira Pergunto ao vento que passa notícias do meu país e o vento cala a desgraça o vento nada me diz. o vento nada me diz. La-ra-lai-lai-lai-la, la-ra-lai-lai-lai-la, [Refrão] La-ra-lai-lai-lai-la, la-ra-lai-lai-lai-la. [Bis] Pergunto aos rios que levam tanto sonho à flor das águas e os rios não me sossegam levam sonhos deixam mágoas. Levam sonhos deixam mágoas ai rios do meu país minha pátria à flor das águas para onde vais? Ninguém diz. [Se o verde trevo desfolhas pede notícias e diz ao trevo de quatro folhas que morro por meu país. Pergunto à gente que passa por que vai de olhos no chão. Silêncio -- é tudo o que tem quem vive na servidão. Vi florir os verdes ramos direitos e ao céu voltados. E a quem gosta de ter amos vi sempre os ombros curvados. E o vento não me diz nada ninguém diz nada de novo. Vi minha pátria pregada nos braços em cruz do povo. Vi minha pátria na margem dos rios que vão pró mar como quem ama a viagem mas tem sempre de ficar. Vi navios a partir (minha pátria à flor das águas) vi minha pátria florir (verdes folhas verdes mágoas). Há quem te queira ignorada e fale pátria em teu nome. Eu vi-te crucificada nos braços negros da fome. E o vento não me diz nada só o silêncio persiste. Vi minha pátria parada à beira de um rio triste. Ninguém diz nada de novo se notícias vou pedindo nas mãos vazias do povo vi minha pátria florindo. E a noite cresce por dentro dos homens do meu país. Peço notícias ao vento e o vento nada me diz. Quatro folhas tem o trevo liberdade quatro sílabas. Não sabem ler é verdade aqueles pra quem eu escrevo. Mas há sempre uma candeia dentro da própria desgraça há sempre alguém que semeia canções no vento que passa. Mesmo na noite mais triste em tempo de servidão há sempre alguém que resiste há sempre alguém que diz não.

segunda-feira, 21 de outubro de 2013

A INVEJA...



                                                                       SONETO LXX
                                                        Se te censuram, não é teu defeito,
 
                                                        Porque a injúria os mais belos pretende;
 
                                                        Da graça o ornamento é vão, suspeito,
 
                                                        Corvo a sujar o céu que mais esplende.
 
                                                        Enquanto fores bom, a injúria prova
 
                                                        Que tens valor, que o tempo te venera,
                                                        Pois o Verme na flor gozo renova,
 
                                                        E em ti irrompe a mais pura primavera.
 
                                                        Da infância os maus tempos pular soubeste,
 
                                                        Vencendo o assalto ou do assalto distante;
 
                                                        Mas não penses achar vantagem neste
                                                        Fado, que a inveja alarga, é incessante.
                                                        Se a ti nada demanda de suspeita,
                                                        És reino a que o coração se sujeita
                                                         WILLIAM SHAKESPEARE

domingo, 20 de outubro de 2013

Entreajuda

Dia de vindima (último do ano2013 em Murçós)
Há quem lhe chame: os retardatários, desleixados e outros adjetivos qualificativos que nem sempre refletem a verdade… especular gratuitamente, muito corrente por cá.
Sexta feira, dia 18 do corrente ano, pela tarde chegava à Aldeia o Vítor (poulo) com armas e bagagens para os seus destinatários; uma carrinha de caixa aberta que viria a fazer a felicidade do Reis… parou junto ao café central, e de imediato desceu para cumprimentar os presentes. Aproveitando a ocasião por antecipação, disse-lhe este perentoriamente: - amanhã vais à minha vindima?

- O quê? Vindimas neste tempo? Além disso só ainda estou a chegar e já me vens cravar!

Mas o Vitor é brincalhão. Gosta de ajudar… um rapaz daqueles que se contam pelos dedos de uma mão… é óbvio que foi ajudar, não só ele como levou a carrinha onde carregamos os contentores. Também fui convidado, e como as entreajudas surgem cada vez menos e mais interessadas… tomei a decisão exemplar para muitos, mesmo que criticada por outros.
Na noite anterior, tivemos uma tempestade medonha… trovões e chuva diluvial, o que tendia a pressupor que não haveria vindima… contudo, no dia seguinte, por volta das 7h30, levantei-me e fui à varanda ver como estava o tempo… fiquei perplexo ao verificar que o céu estava pouco novelado, e apesar das árvores atarem encharcadas, haveria vindima.
Apresentei-me no outão devidamente apetrechado com fato de água tesouras e “galochas” pronto para: “o que der e vier”
O tio Zé-Manuel e o Jaime foram os primeiros a rondar a casa do “amo”, e quando cheguei já este inspeccionava a condição atmosférica com o olhar erguido para o céu como a implorar os deuses um espaço de tempo bom.
Pouco a pouco foram-se agrupando os guerreiros da vinha da Pia, propriedade do Dr. Abel que vendeu os frutos…
Tomamos um café expresso, e de malas e bagagens, lá fomos nós. Eramos apenas 7… poucos mas bons – como se costuma dizer – Em casa ficou o Zézinho entregue aos potes da aguardente, e com as ordens de: pelas 11h acender o fogareiro para assar a sardinhada e a vitela tenrinha, a qual após o esforço soube como “carões de noz!
Da Pia, trouxemos mais uma boa recordação convivial, de anedotas contadas ao ar livre, de risos hilariantes, mediante uma paisagem extraordinária na sua perplexidade Outonal, vigiada de perto pela serra pacata de Bousende, e das folhas caindo amareladas uma a uma… da figueira que reservou alguns figos maduros para a nossa vinda… da  próxima tarefa rural: a apanha das castanhas.



Podem ver mais fotos relacionadas com a vindima, vinho e aguardente clique AQUI




quinta-feira, 17 de outubro de 2013

Á nossa volta

O Nordeste transmontano tem vindo a fazer um esforço considerável para acolher o turismo rural, construindo casas de pasto tradicional como milhão com a casa do soto que pode ver clicando no local. Certas delas, servem de solares de grande qualidade e conforto onde se podem realizar eventos de ordem religiosa ou de carácter business, descomprimir, relaxar nas piscinas, programar passeios a cavalo ou em "charrette", enfim... aliviar o stress quotidiano de quem vive a 100 à hora nas grandes cidades; como é o caso em quinta dos castanheiros  Negreda, vem próximo daqui. Embora nem sempre agrade este sistema, com certos inconvenientes contraditórios, como é o caso da falta de rede na Internet, e da gastronomia nem sempre servida como na celebração dos contratos, porque vivemos tempos difíceis, e como em todo o lado as coisas são sempre mais bonitas vistas virtualmente. Contudo, embora ajudados por projectos subvencionados, a iniciativa deu resultados que ultrapassaram as perspectivas no caso Solar de Bornes, com uma vista maravilhosa e uma paisagem encantadora... tudo isto veio dar vida a este canto perdido dos Portugueses, e com a Albufeira do Azibo dar resposta ás magras estruturas existentes, sabendo-se que em Macedo de Cavaleiros existiam apenas estalagens de uma ou duas estrelas, salvo a Do Caçador que possuía cinco mas que infelizmente encerrou definitivamente.
Foram igualmente construídas  casas rurais como por exemplo a do Pelourinho em Rebordainhos, respeitando a arquitectura e estilo do lugar preservado Nacional, em xisto ou granito correspondente ao bairro das pedras. No interior, luxuoso mobiliário, e restantes equipamentos com a finalidade de alugar a famílias que se queiram retirar por uns tempos, daquele ambiente que não mata mas vai moendo a paciência pouco a pouco... inconveniente ter que fazer compras e preparar o repasto, embora disponham dos utensílios necessários para tal.
Outro nosso vizinho é a casa grande das Arcas onde outrora se fizeram grandes banquetes à maneira aristocrata sendo os seus proprietários descendentes da monarquia. Hoje, como em muitos lugares onde havia casas grandes, fixou-se uma restrição forçada pelos anos e pelas condições, dando apenas pousada aos caçadores vindos de longe para se divertirem e ao mesmo tempo aperfeiçoar conhecimentos históricos, de Reis Rainhas, barões e baronesas a quem noutros tempos se lhes tirava o chapéu quando passavam na praça pública.
O solar de chacim que tive a ocasião de visitar numa cerimónia de casamento, oferece excelentes condições, embora não seja permitido a todas as bolsas... excelente gastronomia, serviço impecável.
E deixo para o fim uma casa grande que me é muito querida, a da quinta de vilas boas cujo fragmento do tanque majestoso ornamenta o meu texto... aqui passei parte da minha juventude, chamavam aos proprietários SEPULBEDAS... deram trabalho a muita gente e apagaram fomes a quem por lá passou.
Principal fonte de rendimento os cereais,  as batatas e as castanhas... em tempos fabricou-se lá o luplo flor que dava origem à cerveja... fizeram grande investimento, mas... pouco a pouco foi-se afundando, embora recentemente tivesse havido um projecto grandioso que suponho abortou.

domingo, 13 de outubro de 2013

A saudade fala Português

                                                   
Eu tenho saudades de tudo que marcou a minha vida .
Quando vejo retratos, quando sinto cheiros,
quando escuto uma voz, quando me lembro do passado,
eu sinto saudades...

Sinto saudades de amigos que nunca mais vi,
de pessoas com quem nunca mais falei ou cruzei...
Sinto saudades da minha infância,
do meu primeiro amor, do silêncio em que caíamos, enquanto os nossos corações batiam a um ritmo infernal… daquele beijo fugitivo que alimentou esperanças vãs… das promessas  que jamais poderiam ser cumpridas…das prendas fúteis que nos oferecemos… e das rondas solitárias por onde poderia avistar a tua silhueta… são tantas as saudades que sinto!



Sinto saudades do presente, que não aproveito de todo, 
lembrando o passado e apostando no futuro... 
Sinto saudades do futuro, que se idealizado, 
provavelmente não será como eu penso que vai ser... 
Sinto saudades de quem me deixou e de quem eu deixei, 
de quem disse que viria e nem apareceu; 
de quem apareceu correndo, sem me conhecer verdadeiramente, 
de quem nunca vou ter a oportunidade de conhecer. 
Sinto saudades dos que se foram 
e de quem não me despedi definitivamente; 
daqueles que não tiveram oportunidade de me dizer adeus; 
de gente que passou na calçada contrária da minha vida 
e que só vi de vislumbre; 
de coisas que eu tive e de outras que não tive mas que tanto desejei ter; 
de coisas que nem sei que existiram mas que se soubesse, 
decerto gostaria de experimentar; 


Sinto saudades de coisas sérias, de coisas hilariantes, 
de casos, de experiências... 
Sinto saudades do cães que eu tive um dia 
e que me amavam fielmente, 
como só os cães são capazes de fazer, 
dos livros que li e que me fizeram viajar, 
dos discos que ouvi e que me fizeram sonhar, 
das coisas que vivi e das que deixei passar, sem as apreciar na totalidade; 

Quantas vezes tenho vontade de encontrar não sei o quê, 
não sei onde, 
para resgatar alguma coisa que nem sei o que é 
e nem onde perdi... 
Vejo o mundo girando e penso que poderia estar sentindo saudades em Francês, em Espanhol, em Italiano, em Inglês, 
 mas… a minha maior saudade, 
por eu ter nascido Português, 

embora, lá no fundo, a fala ser a de Camões, é não  ser poliglota.

Aliás, dizem ser costume usar sempre a língua pátria, espontaneamente
 quando estamos desesperados, para contar dinheiro, fazer amor e declarar sentimentos fortes,
seja lá em que lugar do mundo estejamos.
Eu acredito que um simples "I miss you",
ou seja lá como possamos traduzir saudade
em outra língua, nunca terá a mesma força
e significado da nossa palavrinha.
Talvez não exprima, corretamente,
 a imensa falta que sentimos de coisas ou pessoas queridas.



E é por isso que eu tenho mais saudades...
Porque encontrei uma palavra para usar
todas as vezes em que sinto este aperto no peito,
meio nostálgico, meio gostoso,
mas que funciona melhor do que um sinal vital
quando se quer falar de vida e de sentimentos.
Ela é a prova inequívoca de que somos sensíveis, de que amamos muito o que tivemos e lamentamos as coisas boas
que perdemos ao longo da nossa existência...

Sentir saudade, é sinal de que se está vivo!

Dedico aos meus pais

e às minhas filhas
Sempre no nosso coração
Fiel à terra que me viu nascer e que adoro

domingo, 6 de outubro de 2013

TAXI DRIVER

 PELAS RUAS DE PARIS I
Acabadinho de adquirir o seu CAP (certificado de aptidão profissional), mais um para a sua coleção de pessoa inconformada com a realização imposta pela vida, n’uma manhã de sol, mas fresca, pela aproximação do Outono, dirigiu-se o “puto”, agora já quase homem, a passos lentos, compassados, quase reticentes, para um beco sem saída, onde do lado direito, havia uma garagem de táxis. Os portais estavam abertos… no interior manchado de óleos, movimentavam-se pessoas e automóveis, apressadamente, sem se sociarem de quem entrava ou saía. Encostado à ombreira dos grandes portais, o puto presenciava silenciosamente, com grande timidez, o vaivém, indeciso, apreensivo, como quando se vai fazer um exame, independentemente da natureza ou grau. Tudo isto era, para ele, de uma estranheza desconcertante, relativamente ao que tinha aprendido na escola durante seis meses de preparação para o exame, rue de Morillons Paris 15em, no qual conseguiu aprovação à 2ª tentativa.
Após tempo indefinido ali encostado, saiu uma senhora e perguntou:
- O Sr. que faz aqui? Deseja alguma coisa?
A gaguejar o “puto” contou a sua história, concluindo que procurava trabalho nesta profissão.
Logo no dia seguinte, foi-lhe entregue, pelo mecânico, neste local, um carro a cair de velho, de marca Pegeot 404, assim como uma folha de serviço para retirar do contador os números referentes ao condutor precedente, e duas placas horárias, que eram colocadas junto do vidro da retaguarda, para a fiscalização saber, ano dia e hora deste trabalhador, o qual não podia exceder 10 horas de serviço.







O “puto” tinha aprendido teoricamente as funções que iria desempenhar, mas, na prática, as coisas eram bem mais complicadas, mesmo para aqueles que julgavam conhecer Paris… três mil e duzentas ruas não incluindo a periferia… cerca de vinte hospitais de grande dimensão… doze Museus repartidos pelos quatro cantos da cidade… por volta de cinquenta hotéis de renome internacional… cinco das maiores estações de caminho-de-ferro, os jardins mais populares e mais frequentados… etc.
Ensinaram-lhe rapidamente o funcionamento do carro e dos contadores, e, toca a andar que o tempo é dinheiro… Pegou no velho 404, acendeu a luz de livre, e lá foi, como quem anda às escuras em noites invernais por lugares desconhecidos.
Colocou-se na bicha de táxis na estação de Levallois, e trémulo como varas verdes, via saindo um a um os que o precediam. Chegou por fim a sua vez, um homem dos seus 40 anos, bem vestido, com uma pasta nas mãos, entrou, dando as boas-horas… o puto respondeu com voz trémula.
- La Bourse… s’il vous plait.
Apercebendo-se imediatamente do meu embaraço, deduziu que era noviço, na profissão pelo que de imediato acrescentou:
- É novo?


Sim – retorquiu… o Sr. é o meu 1º cliente.
Não tenha problemas que eu indico-lhe o percurso – vou para lá todos os dias…
Chegamos ao destino, sempre o cliente como guia; ia sair, e já outro esperava para entrar enquanto este pagava.
Entrou e educadamente deu os bons-dias, dizendo:
- Kremelin Bicètre…
Desta vez foi o “puto” primeiro a informar que era novo, pelo que agradecia que lhe dissesse por onde queria passar. Este aquiesceu, mas tudo foi tão complicado, pois tanto conhecia o cliente como o motorista, e, depois  de dar voltas e mais voltas, quase uma hora passada, o contador marcava uma soma exorbitante, para além do pobre homem chegar com 45 minutos de atraso ao trabalho. Ordenou que o acompanhasse à empresa e confirmasse perante o patão a responsabilidade do atraso.
Outros clientes se seguiram, e o dia correu pessimamente tanto para o motorista que recebia 25% da receita, como para o proprietário, dando a recolta apenas para pagar o gasóleo.

sexta-feira, 4 de outubro de 2013

Falecimentos




Faleceu o Sr. Angelo da Trindade Afonso. O funeral relizou-se Hoje na Igreja de Murçós.
A todos os familiares apresento os meus sentidos pêsames.
Era um homem simples honesto e divertido.
PAZ À SUA ALMA

quarta-feira, 2 de outubro de 2013

Cantar é seu sonho...

 UM HOMEM UMA HISTÓRIA»  
Chama-se Joaquim Morais. É natural de Espadanedo, residente em Bragança onde exerce a sua nobre profissão de dentista, na sua própria clinica dentária mas… a sua grande paixão é cantar. Talentoso, uma voz poderosa, que trabalhada, como dizem 0s profissionais, atingiria o auge com grande mérito segundo o meu ponto de vista. ver aqui
Foi por acaso que encontrei uma gravação sua em vídeo, de uma canção popular de Fréderique Francois (Un tube) dos anos 70 os quais fizeram parte integral da minha juventude por terras “gaulesas”. Fã incondicional deste cantor Belga, emigrado para Paris onde desenvolveu uma carreira excecional, o Dr. Joaquim conhece pessoalmente familiares do cantor, com os quais troca impressões sobre as suas gravações… e, como o timbre da sua voz é semelhante ao do artista reconhecido internacionalmente, recebe muitas vezes palavras elogiosas de pessoas agradavelmente surpreendidas, tal como eu. Nos comentários dizem até ser melhor que o original…



Por curiosidade, quis saber mais sobre este Senhor, que conhecia apenas de vista, e tornámo-nos amigos no facebook através de uma intercalação referente a um comentário conducente à agregação de Freguesias.
Visitei a sua conta no youtube e a surpresa foi ainda maior… tem, se me não engano 35 vídeos gravados, música e letra de diversos artistas reconhecidos Mundialmente, talvez dos mais famosos. O romantismo no canto parece ser a sua Acão predefinida, embora apareça nos seus êxitos, o lindo Fado de Coimbra cantado com mestria…
Um dia destes, convidou-me à sua casa rustica em Espadanedo, para assistir a uma das suas gravações… Com grande humildade fui até lá, guiado por um amigo de etnia cigana, o qual entrou porta a dentro com um à vontade surpreendente, aguardou uns minutos enquanto bebia um copo de vinho tinto, e despediu-se deixando-nos a sós.
Entramos numa grande cozinha com design personalizado, um tanto quanto desarrumado, mas… minha maior surpresa foi o estúdio que lhe serve para as gravações: em cima do sofá um simples portátil ligado a uma minúscula mesa de comandos de som, com extensões para a aparelhagem vulgar situada em cima da cheminé. O emaranhado dos fios, porque alguém teria tocado por negligência, atrasou a atuação do artista, que sem preparação nem rodeios, ligou o programa de karaoké do computador, um pequeno retoque no som da música e do som micro, e… toca a cantar enquanto gravava. Contou-me que mais tarde teria de fazer uns certos “cortar – colar” ainda com a respiração excessiva pelo esforço sem aquecimento nem Chi-Chis.







O resultado foi surpreendente! Este homem perdeu uma brilhante carreira no mundo artístico, e, embora exerça uma profissão que lhe garanta um viver confortável, aquele dom prevalece agarrado ao seu grande sonho, roendo as cordas vocais porque o destino, se existe, ditou sentenciando, por não ter estado no lugar certo, à hora x.
Ficam os meus respeitosos parabéns para ele, e alguns linkes para as músicas seletivas. Abraço Dr. Joaquim e continue com o seu OBI.



http://youtu.be/0XG0CVgXOC4