quarta-feira, 28 de março de 2018

SANTA PÁSCOA

 Era assim nos nossos tempos das vacas magras contentando-nos com uns rebuçados, laranja ou coisas idênticas perdurando através dos tempos como uma das tradições mais engraçada e desejada das famílias. Quando eu era puto, não tínhamos jardim nem ovos de chocolate para esconder, partíamos à procura dos ninhos de galinha que punha fora de poleiro, nos sequeiros, ou medeiros de palha, palheiros etc. quando encontrávamos o tesouro a festa fazia-se secretamente, não fossem os donos reclamar os ovos. Uma frigirada sabia que nem carões de noz!
Hoje em dia os putos não ligam a folar e muito pouco aos ovos e coelhos de chocolate… no seu Tablet aprenderam tanta coisa que a magia que nos induzia a nós pela simplicidade dos atos, revela-se neles como uma estupidez dos cotas que não admitem e muito menos querem partilhar. Porém não abdicam da prendinha, mais útil em dinheiro, para poderem fazer o que muito bem lhes apetece. Quem está certo e quem está errado? Venha o diabo e responda… eu acredito na evolução dos tempos, embora guarde num cantinho secreto do meu coração nostálgicas recordações. Também já não me sabe o folar porque as exigências alimentares saudáveis a tal me obrigam… nem uma rodela de salpicão, chouriça ou alheira, casulas, focinho
de porco, orelha e queixada num bom cosido à portuguesa; tudo isto o tempo levou… mas, tal como os putos, saboreio um big hambúrguer, uma pizza napolitana, e umas francesinhas bem confecionadas… cheguei a comer 3 bem recheadas com a magia de um molho extra da minha cunhada, a quem estou grato.
A preparação da fogueira é mais uma tradição que a juventude não deixa perder por nada; tal como a fogueira e o tocar dos sinos dia e noite. Festeja-se assim a Páscoa em Murçós, sejamos poucos ou muitos, a união faz a força! Esperamos a visita de numerosos filhos da terra e até mesmo os que a adotaram com amor e carinho. SEJAM BEM-VINDOS e para os que não podem estar presentes fisicamente, tenho a certeza que estão com o coração, SANTA PÁSCOA onde quer que estejam e com quem mais desejarem. São o votos desta página. 

quinta-feira, 1 de março de 2018

Tocam os sinos

 E que saudades, Deus meu!Há noticias que nos entristecem; e eu gostaria tanto poder dar só boas notícias! Porém, a realidade dos fatos transporta-nos, emerge-nos, deixa-nos impotentes, subjugando-nos até à perplexidade, e quem sabe à indignação… Lutar? Com que armas? As ferramentas fornecidas pelas novas tecnologias sobrepõem-se às tradições herdadas dos nossos antepassados ficando apenas nostálgicas lembranças do que foi, onde foi e como se praticava, simplesmente…
Já somos poucos os que vão á Igreja assistir à eucaristia, a não ser quando somos obrigados por situações de falecimentos, casamento e raros batizados! Mas devemos sempre ter em conta que um dia virá em que realmente precisamos… É tão orgulhoso pegar nos andores em dias de festa à vista de tanta gente, vestidos com fatinhos de gala, numa procissão majestosa, através dos olhares curiosos, alguns vindos com a máxima devoção, outros talvez não, que se resume a uma lição que me ficou na mente:
Pelas ruas da nossa Aldeia
Vai passando a procissão
Tamborileiros à frente
E logo atrás o condão
Mordomos da confraria
Levam os anjos pela mão
Muito grave o juiz da festa
Dá ordens ao sacristão





- O nosso sino vai ser automatizado com um relógio – Dizia o Sr. Pe. Manuel no final da Eucaristia de Domingo; acrescentando: Não há quem queira tocar o sino pelo que já foi elaborado um orçamento que ronda os 4000 euros para o relógio e a devida instalação elétrica.
Na minha perplexidade, e concordando com o facto de encontrar uma alternativa, dei comigo a pensar se não vai ter de se robotizar os portadores das lanternas e da cruz, assim como os que transportam os andores, os que tocam a campainha, e os que levam o recipiente de água benta? Entre outros. Que ninguém considere as minhas palavras como uma critica, muito pelo contrário admiro e felicito os que trabalham benevolamente e incansavelmente para podermos usufruir das belezas florais e lavagem das toalhas, passadas e engomadas! Estar sempre ali para que tenhamos uma dignidade e beleza dentro e fora da nossa linda igreja, não é paga com dinheiro nenhum…  Quem substituirá os que desempenham estas funções, quando sabemos que não se encontrou ninguém para tocar o sino?...  Temos realmente pena, porque era uma tradição bonita tocar os sinos como uma sinfonia, como não existia no concelho e talvez até no distrito? Para além do transtorno que vai causar o toque todos os quartos de hora… mas enfim!





Cai neve

 Fui ver. A neve caía
do azul cinzento do céu,
branca e leve, branca e fria…
. Há quanto tempo a não via!
E que saudades, Deus meu!
Augusto Gil