sexta-feira, 28 de dezembro de 2018

segunda-feira, 17 de dezembro de 2018

Destinos e destinados


Destinos e destinados
Por António Braz
Após uma lua-de-mel nas Bahamas de quinze dias, com altos e baixos nas relações de recém casados, Carlos e Paula voltaram aos ninhos paternais, enquanto não era posta em cima da mesa outra solução peculiar de independência e discrição, numa vivenda comprada e oferecida como prenda de casamento pelos pais da noiva, mas, o entusiasmo não parecia ter a euforia desejada, porém, para salvar as aparências, Carlos era um ótimo Actor, fingia uma felicidade que não existia no seu coração, e o pensamento voava para a mulher que amava realmente, Júlia. Por sua vez esta secara as lágrimas vivia um dia de cada vez, esperando voltar a apaixonar-se por alguém que a levasse ao altar e a fizesse feliz. Até que se apercebeu, dois meses depois da tragédia que supostamente vinha aí. Todos os sintomas apontavam para uma gravidez, o que vinha metamorfosear todos os seu projetos, ambições, enfim… a sua vida e a de seus pais conservadores que dificilmente aceitariam que se tornasse uma mãe solteira.
Mandou entregar discretamente por uma amiga, uma carta ao Carlitos na qual referenciava o pavor que lhe causava tal situação onde se encontrava sozinha sem saber o que fazer…
A resposta dizia apenas:
A notícia veio retirar do meu peito a ansiedade que me sufocava… é maravilhoso! Um filho teu e meu que melhor notícia podia desejar um moribundo carenciado de amor? Estamos os dois armados para o: “que der e vier”; cuida bem desse bebé.
Também na casa de Sr. Félix para onde Fernanda tinha sido levada e onde vivia desde então, a pedido deste, embora sem precisar realmente, porque tinha uma governanta formada na alta sociedade quando ainda sua esposa vivia, embora já com idade, mas sempre fiel aos seus valores e princípios, tendo-o ajudado como uma mãe, quando esteve quase a tocar o fundo, durante o tempo que durou aquela maldita doença, acabando por a levar sua esposa, ainda jovem e quando ambos projetavam ter uma família com filhos, depois de realizados os projetos profissionais, ele como médico e ela como investigadora cientifica, os factos até então passados a ferro quente, se complicaram, pelas mesmas razões sintomáticas de Júlia, as quais não passaram despercebidas, ao médico que receava a reação da moça quando se certificasse da verdade. Andava pálida, dando escapadelas ao quarto de banho, tentando disfarçar com alegada má disposição… Estavam sentados à mesa os três, como sempre embora fosse uma família abastada, jamais esqueceram que tinham fugido da Bélgica, para não serem presos e levados como o resto da família para campos de concentração perseguidos pelos nazis porque eram “juifes”, em tempo de guerra, quando o médico olhando Fernanda com ternura e em voz afetuosa balbuciou pela primeira vez as suspeitas que recaíam sobre os ombros daquela pobre Aldeã e a carregavam de vergonha;  - tu és apenas a vitima, filha – não te culpes de nada, nem chores porque o nascimento de um filho é a coisa mais maravilhosa que existe neste Mundo! Com minha esposa fizemos projetos que nos traziam tão alegres e felizes, que jamais esquecerei… - e uma lágrima veio inundar-lhe o canto da boca – estou perfeitamente consciente do que te passa pela alma, e te martiriza o coração, porém, sabes que nos tens ao teu lado, a mim e à Josefina não é verdade? Esta será sempre a tua casa enquanto o desejares, e nós a tua família se nos aceitares como tal… também tens a alternativa de ir procurar o pai desse filho e chamá-lo à responsabilidade…
- Ó não. Isso nunca – respondeu Fernanda em voz insegura – o pior vai ser a minha família quando souber?
- Deixa essa parte comigo – retorquiu o médico.
O Sr. Félix conhecia vagamente a família de Carlitos por ter convivido com o pai na Universidade de Coimbra embora em cursos diferentes. Um medicina o outro engenharia. Contudo não exporia o caso já que Fernanda não o desejava. Contratou um detetive privado para ir meter o nariz na vida desse machista, e lhe fosse dando todos os pormenores.

Feliz natal visitantes


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Feliz navidad ESPANHA

Joyeux Noêl FRANÇA

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Merry Christmas Estados unidos

Natal Divino

Natal divino ao rés-do-chão humano, 
Sem um anjo a cantar a cada ouvido. 
Encolhido 
À lareira, 
Ao que pergunto 
Respondo 
Com as achas que vou pondo 
Na fogueira. 

O mito apenas velado 
Como um cadáver 
Familiar... 
E neve, neve, a caiar 
De triste melancolia 
Os caminhos onde um dia 
Vi os Magos galopar... 

Miguel Torga, in 'Antologia Poética' 

quarta-feira, 12 de dezembro de 2018

Saudades

Saudades
António Braz

 São tantas as saudades que vivencio, de tudo quanto me marcou na vida…quando vejo fotos desbotadas, ou sinto cheiros inodoros;
Quando ouço uma voz, e me lembro do passado, eu sinto saudades.
Sinto saudades de amigos que nunca mais vi, de pessoas com quem nunca mais falei ou cruzei...

Sinto saudades da minha infância, do meu primeiro amor, do único que me marcou, do desvairo que sofri, da paixão que me martirizou, do desencanto, do beijo que meus lábios secaram, daqueles momentos eufóricos de ternura e loucura.
Sinto saudades do presente, que não aproveitei convenientemente, lembrando-me apenas do passado, e asseverando o futuro…
Mas também sinto saudades do futuro,
cuja reciprocidade provavelmente  idealizado, não será como eu pensava que seria…
Sinto saudades de quem me deixou e de quem eu deixei!
De quem disse que viria
e jamais apareceu;
de quem veio correndo,
sem me conhecer tal como eu sou,
de quem nunca vou ter a oportunidade de conhecer.
Sinto saudades dos que se foram e de quem não me despedi com sensatez!

Daqueles que não souberam como dizer-me Adeus
de gente que passou na calçada contrária da minha vida e que só avistei de vislumbre!
Sinto saudades de tantas coisas que tive, e de outras que não cheguei a ter, mesmo sendo fortemente desejadas.
Sinto saudades de coisas circunspectas, hilariantes, de fatos e experiencias…
Sinto saudades do meu Husky que alguém me ofereceu um dia, e que tão fielmente me amava, como só os animais sabem fazer!
Sinto saudades dos livros que li e que me fizeram viajar!
Sinto saudades dos discos que ouvi e que me fizeram sonhar,

Sinto saudades de tantas coisas vividas e das que deixei esgueirar-se sem as viver.
Quantas vezes procuro sem saber o quê? Nem onde? Para resgatar o desconhecido sem saber onde o perdi…
Vejo o mundo a girar e penso que poderia ter saudades numa só língua universal, mesmo não sendo poliglota, aquela que usamos no desespero, ou para contar dinheiro, fazer amor, declarar sentimentos fortes, onde quer que estejamos.
Será que tenho tantas saudades por ter encontrado a palavra certa todas as vezes que sinto o peito apertar, às vezes nostálgico, às vezes feliz, funcionando melhor que um sinal vital, quando falamos de sentimentos; prova inequívoca da nossa cessibilidade! Do amor que dedicamos ao pouco que tivemos, lamentando as coisas lindas que nos concederam…


segunda-feira, 3 de dezembro de 2018

Destinos e Destinados


Destinos e Destinados
Por António Braz
3ª parte
Rompiam os primeiros raios de sol, na manhã do dia importantíssimo, que os pais de Carlitos tanto ansiavam, por diversos motivos e razões, no Palacete familiar, situado discretamente na periferia do Porto, onde o parque arborizado com diversidade e gosto requintado, estranhava o vaivém de tanta gente, e o ruido dos motores de automóveis alta gama, e as tulipas pareciam fechar-se em “copas”, enquanto no interior o pessoal de serviço comungava da hostilidade sem reminiscências, que é como quem diz: “olho vivo e pé ligeiro”.
No seu quarto, enquanto o costureiro reputado dava os últimos retoques ao smoking junto da janela, Carlitos de olhar fixo no vazio, deixou que vagueassem pelo seu pensamento imagens de um passado recente, e as de um futuro, quem sabe talvez exasperante, de pavor, de amargura, de tudo menos de felicidade porque não amava Paula com quem se casaria dentro de poucas horas. Ponderou ainda durante a noite anterior se haveria uma possibilidade de fugir para longe com Júlia, mas… de que viveriam? E estaria ela disposta a acompanhá-lo, depois de ter sido convidada, oito dias antes, para o seu casamento com outra mulher? O suor gotejava pelo seu rosto vindo repousar na branquíssima camisa junto do laço preto que o sufocava… o nervosismo dificultava o trabalho do costureiro, mas não ousava adverti-lo porque os pais pagavam e muito bem…
- Carlitos, são horas – gritou uma voz feminina no rés-do-chão - a limousine está à espera…
O costureiro terminara o seu trabalho, e para grande perplexidade sua, o rapaz continuava hirto junto da janela parecendo não ver nem ouvir ninguém. Tocou-lhe ao de leve no ombro ao mesmo tempo que balbuciava: - estão à sua espera…
- Como? Ah, sim… vou casar não é?
- Creio que sim, menino.
Desceu as escadas como um morto vivo, sem alento mas convicto de que seus pais só queriam o melhor para a sua vida.
-Estás lindo meu filho! Abraçou-o a mãe em lágrimas, enquanto o pai de braço dado com a esposa, limitou-se a fixá-lo olhos nos olhos como adivinhando a mágoa que perfurava aquele coração jovem, inexperiente, enfim… no fundo não passava de um menino mimado ingrato, que sempre teve tudo e mesmo assim não era suficiente… precisavas de uma lição da vida – pensava para consigo.
Chegados à igreja onde Paula já esperava e desesperava, Carlitos percorreu a passadeira vermelha acompanhado pelo pai sem lançar um único olhar aos convivas numerosos e de olhar fixo nele como quem quer devorar… Só, num canto discreto, Júlia vestia um lindo vestido de seda vermelha, sapatos de salto alto, e um chale preto por cima dos ombros, chapéu com renda que lhe ocultava as lágrimas, mas no coração uma dor que não era de rancor, era de deceção, de amargura porque o homem que ela amava com todas as suas forças ia casar na sua presença com outra. Sabia que não lhe pertencia, e jamais aspirou a ser sua esposa… mas doía tanto!
O cortejo longo de 1 km percorreu o trajeto que os separava de onde se realizariam as festividades, buzinando, e lançando flores, até à Quinta da Ponte do Louro, Carlos e Paula eram marido e mulher casados.



quarta-feira, 21 de novembro de 2018

Si...

Si pudiera vivir nuevamente ...
"Si pudiera vivir nuevamente mi vida
en la próxima trataría de cometer más errores.
No intentaría ser tan perfecto, me relajaría más.
Sería más tonto de lo que he sido
De hecho tomaría muy pocas cosas com seriedad.

Sería menos higiénico; correría más riesgos, 
haría más viajes, contemplaría más atardeceres,
subiría más montañas, nadaría más rios.
Iría a más lugares a donde nunca he ido,
tendería más problemas reales y menos imaginarios.

Yo fui una de esas personas que vivió sensata y
prolíficamente cada minuto de su vida, 
claro que tuve momentos de alegria,
pero si pudiera volver atrás, trataría de tener solamente
buenos momentos.

Pero si no saben, de eso esta hecha la vida, solo de
momentos; no te pierdas el de ahora.
Yo era uno de esos que nunca van a ninguna parte sin un
termómetro, una bolsa de agua caliente, um paraguas y un
paracaídas; si pudiera volver a vivir, viajaría más
liviano.

Si pudiera volver a vivir comenzaría a andar descalzo a
principios de la primavera y seguiría así hasta concluir el otoño.
Daría más vueltas en calesita, contemplaría más amaneceres
y jugaría com má niños, 
si tuviera outra vez la vida delante.

Pero yá vem, tengo 85 años y sé me estoy muriendo!..."
Desconhecidoimagem do google

sexta-feira, 16 de novembro de 2018

Destinos e destinados


Destinos e destinados        Por António Braz
2ª Parte
Fernanda foi encontrada num jardim público, no dia seguinte, quase morta de frio fome e sem alento, por um Senhor que passeava seu cão. Não sabia como tinha ido parar ali, apenas se recordava que estivera à beira do abismo. O suicídio era a única saída que via, porém, algo ou alguém a agarrava puxando-a … e depois de tantos avanços e recuos caiu numa espécie de coma barbitúrico. Assustado com a descoberta do seu cão lavrador, o senhor Félix, médico de profissão, tomou imediatamente o pulso da rapariga. Vivia; embora em estado de hipotermia avançado. Pegou no telemóvel para ligar à polícia, mas logo a rapariga, mesmo em estado de debilidade, gesticulava com a mão negativamente. -Não? Mas… levou a moça para a sua casa e só quando já tinha recuperado, teve conhecimento da sua história com todos os pormenores.
Era Sexta-feira, e como em quase todas as Sextas-Feiras, a família do Carlitos, preparava-se para ir passar o fim-de-semana na casa do campo. Ao pequeno-almoço repararam, que a mesa não tinha sido posta como de costume, o que afligia a Senhora Beatriz, visto o marido poder ficar de mau humor para o resto do dia… gritou percorrendo toda a casa, à procura da Fernanda, subiu ao andar superior onde ela dormia, e nada. Perguntou ao Carlinhos se a tinha visto e este respondeu negativamente sem se sociar do que poderia ter acontecido…
Na casa do campo morava um caseiro e a esposa disponibilizar-se-ia para as tarefas correntes, pelo que o caso Fernanda caiu brevemente no esquecimento, e, criadas não faltavam por aí…
Para o Carlitos e júlia era mais um fim-de-semana tão desejado que não hesitavam em zarpar para os lugares secretos que tão bem conheciam, e onde podiam dar asas aos desejos de beijos ardentes, sem jamais terem passado essa barreira imposta pela moça que sabia perfeitamente que aquele homem por quem estava apaixonada nunca seria seu marido dadas as diferenças sociais, e os pais não eram de sentimentos. Brincavam como gaiatos enrolados num prazer de felicidade em cada minuto que passava, como se aquele viver pudesse durar eternamente… corriam pelos campos fora como loucos, nadavam nus na ribeira, trocavam olhares apaixonados, e riam, riam de tudo quanto era imposições, obrigações, comportamentos, indiferenças, enfim… só existiam eles no mundo. Mas o Carlitos possuía o dom de predador com orgulho desmedido, e na sua cabeça cogitava desde há muito tempo, a maneira astuciosa de fazer cair na esparrela aquela moça que fazia palpitar seu coração, e por quem nutria um ansejo incontrolável de possessão. Já tinha desperdiçado demasiado tempo pelo que chegara a hora de passar aos atos concretos. Foram dar uma volta de automóvel até ao castelo deserto, e pelo caminho as suas mãos zanzavam pelas partes intimas da moça, que incomoda ia sapeando resistindo, resistindo, até que: Pararam o carro num caminho escuro e deserto. E enquanto se beijavam ardentemente o Carlitos carregou no botão de baixar o assento. Caíram um sobre o outro e aí ficaram enlaçados num ato consumado.
De volta a casa, Júlia reparou na mudança de atitude do rapaz, e não compreendia aquele inédito abstratismo, perguntou: - Não foi bom Carlinhos meu amor? Porque ficaste assim? Não era o que desejavas desde que nos conhecemos?
- Pensava que eras só minha? Esperava tanto ter-te só para mim…
- Em que século vives? Eu sou só tua.
- Como posso acreditar, se a tua virgindade pertenceu a outro?!
- E tu? Será que podias ser-me fiel, e casar comigo?
-Falamos de ti… e acredita que me dececionaste. Gosto de ti, mas…
- Mas tens namorada com quem vais casar e eu que fique para aí à espera do Rei que traz um sapo na barriga, disposta a aceitar os teus caprichos de menino mimado que não vive no mesmo século dos outros mortais e faz exigências convenientes ao seu ego. É assim?
Separaram-se nestes termos, e quando se aproximavam de casa sentiram os olhares dos pais do Carlos que pareciam adivinhar o que se tinha passado e a mulher olho para o marido com ar interrogativo ao mesmo tempo que dizia:
- Creio que devemos averbar o casamento, não achas?

sábado, 10 de novembro de 2018

Puridade

 Puridade
Por António Braz
Passadas QUATRO décadas no “frenezy” da tutoria inerente, começaram a manifestar-se, na personalidade específica do puto, sintomáticas mutações depauperadas recorrentes da apatia, talvez assolado pela saturação e monotonia, ou pelo pavor de envelhecer eremítico longe de tudo e de todos, sem carinho nem afeto; sem uma verdadeira família, esposa e filhos para dar e receber carinhosamente, o que um bom coração encerra e não permite espairecer. Viveu, até esta data, tão intensamente, segundo os seus próprios critérios de conduta, simples e honestamente, guardando o mais secretamente possível, momentos inesquecíveis, de fraqueza, os quais poderiam ser considerados errôneos, de profanações pelos que creem em propagandas baratas de teólogos os quais põem o carro à frente dos bois e não se cansam de dizer: “fazei o que eu digo e não façais o que eu faço! E o puto regredia no tempo e revia o filme desses bons pregadores, transgredindo, praticando atos malévolos, abandonando filhos para preservar o sacerdócio, dar aos ricos o que pertencia aos pobres, e sem remorsos partir para o que: alguns lhe chamam de outro mundo, sem deixar o legado de um tostão àqueles a quem concebeu a vida, e uma simples confissão baniu do pecado.
Voltando ao puto, matutava, cada vez mais frequentemente, na ideia de deixar de lado este viver, que, mesmo sendo maravilhoso, a longo prazo tornar-se-ia subversivo. Começou a frequentar “dancings” na esperança de encontrar a sua metade a fim de construir um futuro, porém, rapidamente notou que não eram de todo o género de pessoas que procurava. Os amigos apresentavam-lhe fêmeas que também não possuíam os requisitos necessários. Continuava a divertir-se com elas sem pretensão alguma nem ofensa do termo, mas, o tempo escasseava, oscilava, e começava a sentir vexame em convívios com pessoas mais jovens, embora espiritualmente guardasse rejuvenescimento.
E num dia de primavera, estacionado na praça de táxis da “porte de champerret”, enquanto esperava os clientes, teve uma espécie de sonho tão profundo, onde a sua vida iria ter uma reviravolta tão acentuada que o levaria a deixar a profissão que exercia e o saturava, encontrar uma mulher com quem casaria, e juntos trabalhariam agradavelmente num prédio de seis andares; teriam duas filhas tão lindas que na rua as pessoas mandavam parar o carrinho para as admirar, um lar tão feliz como o dos contos de fadas. E foi uma real visão que o puto teve… no decorrer desse mesmo ano, num baile de verão, na pacata terra que era a sua, foi chamado para um canto mais discreto por um amigo mais velho que ele, e vinha acompanhado de uma senhora, que lhe apresentou… cumprimentou-a cordialmente, sem deixar transparecer a empatia. Foram dançar várias vezes mas o diálogo não se estabelecia… até que por fim ela deu-lhe o seu endereço em paris caso quisesse visitá-la.
Não ficou muito entusiasmado o puto, porém, para satisfazer a curiosidade, foi visitá-la chegando pouco tempo depois à conclusão que era a mulher que aparecia na sua visão. Também os ouros desejos se concretizaram, e o puto que não acreditava em visões foi subjugado de onde saiu feliz.

sábado, 3 de novembro de 2018

Dia de todos os Santos

 Dia de todos os santos por: António Brás
Tal como cantava “ Carles Aznavour; ils sont venus ils sonttous là “ para honrar os heróis da terra, que o uivar do vento numa noite invernal de pavor silenciou perante a estupefação dos sincelos (candeolos) pendentes dos beirais, também eles envelhecidos pelo tempo, e as impressões digitais deixadas na brancura da neve, nos caminhos que tantas vezes pisaram, revelam nostálgicas saudades, daqueles que jazem noutro panteão, por esse mundo fora… e o cemitério seria tão pequeno… e na igreja não caberiam todos… e a Aldeia já não os reconheceria… porque deixaram seus ninhos, e como as andorinhas só voltaram alguns filhos, um ou outro neto, não fugiram, perderam-se, andam à deriva ou estão em paraísos, assim estava escrito.
Com perfumadas flores ornamentamos os vossos túmulos, com lágrimas expandimos as saudades, e com carinho e amor recordar-vos-emos para sempre.
                                               DESCASEM EM PAZ

sábado, 20 de outubro de 2018

Destinos e Destinados


Destinos e destinados  de António Braz 1ªparte
Uma história de ficção científica do meu manuscrito que data dos anos 78. Vou tentar resumir com as menos páginas possíveis, o que não vai ser fácil, sabendo que engloba 6 cadernos de 120 páginas.
Não sendo considerada uma história de amor, tentei elaborar através das personagens, acontecimentos fatídicos, expandidos por terras onde a ingenuidade frágil e vulnerável, se expunha aos poderosos de bom ou mau grado, sem direitos de rebelião, e desinteresse que determinados acontecimentos viessem à tona da água.

A Fernanda, abalou um certo dia, após uma quezila com o pai, para o Porto onde uma amiga lhe arranjara uns patrões para trabalhar como criada a tempo inteiro. Tinha então dezanove anos, pouca experiencia, e a vida citadina era uma descoberta agradável para a jovem acostumada à rudez no cultivo dos campos, e às frequentes agressões verbais, por parte da paternidade. A sua formosura não obtinha o realce merecido, por culpa das vestimentas simples e pálidas, do seu cabelo ao vento, mas sobretudo porque nunca soube o que era maquilhagem… tinha uns lindos olhos verdes, face pigmentada, e boca polposa, esbelta, mas sempre com ar tristonho, como quem vive a vida por viver… nunca tinha namorado, apenas se afeiçoou por um rapaz da terra mas não era correspondida… meses depois, já bem integrada no seu rodeio, começou a notar os olhares persistentes do Carlos, filho do patrão, belo homem, e quando se deu por conta, estava completamente enfeitiçada, hipnotizada, como tantas outras vitimas deste sedutor nato, irresistível.
Filho único, de pais abastados, o Carlitos frequentou a Universidade de Direito, mas, a meio do curso achou que era uma maçada, resolveu abandonar, sem ponderar nem respeitar o desejo dos pais. Dedicava-se exclusivamente ao laxismo vaidoso com engrenagem abusiva, descomplexado, com princípios arcaicos, fundamentados em valores de superioridade e inferioridade. Não tinha beleza interior!
Oficialmente namorava com a Paula, de 23 anos de idade, loira natural, alta, magra, pele fina, esbranquiçada, que estava acabando o curso de Economia, um arranjo familiar, num jantar marcado na propriedade para o efeito, mas que o Carlitos, demonstrava afeição protocolar, para não contrariar os projetos idealizados pelos progenitores, os quais prezavam a preservação do império herdado.
A sua verdadeira namorada, aquela a quem demonstrava ter um tacanho de amor, a Júlia, vivia nos arredores do Porto, junto da casa do campo da família, onde iam frequentemente passar os fins-de-semana, andar a cavalo, dar uns mergulhos na piscina, fazer picnics, ou jogar golfo, conjuntamente com pessoas da alta sociedade. Era uma linda moça, teria sido miss Beira Alta, mas, de uma rebelião desconcertante, o que deixava muitas vezes o Carlitos desesperado, mas ao mesmo tempo, excitava-o encontrar alguém capaz de fazer frente aos seus caprichos de menino mimado… às escondidas dos olhares curiosos, discretamente, arranjava encontro com ela sempre no campo, em lugares pouco frequentados, e apesar da moça apenas ter concluído a escola secundária, aprendeu muito na escola da vida… sabia defender-se, embora tivesse um fraquinho pelo sedutor.
Este ritual de namoro proibido durou alguns meses sem que ninguém se apercebesse. Porém, o Carlitos, não era de se contentar com palavreado barato, com a troca de um sorriso passageiro, um piscar de olho rápido, o beliscar de uma nádega num canto discreto, um beijo roubado enquanto o tempo passava veloz. Só no seu quarto, pensava na maneira de armar a ratoeira…estabeleceu com todos os pormenores, a passagem aos atos machistas, não fosse perder as proas ali junto dele, à sua mercê. Na sua mente começou a ruminar astuciosamente a maneira de chegar a uma relação consumada – porque isto de passar o tempo não o carateriza – anelava num anseio desmedido, babando-se como um cão farejando a fêmea em estado de ardência! Levou pouco tempo a concretizar os seus intentos. Com a pobre Fernanda usou o assédio patronal chantageando-a com o despedimento, e numa manhã em que ela lhe levou o pequeno-almoço ao quarto, certificando-se de que não se encontrava mais ninguém em casa, fechou a porta por dentro à chave, e, mediante a estupefação trémula da moça, retira o roupão que cobria o seu corpo nu, dirige-se para ela lentamente, retira-lhe o tabuleiro das mãos, e verificando que iria desmaiar, agarra-a com os seus fortes braços, e ao mesmo tempo que lhe segredava aos ouvidos para não ter medo, deitou o corpo inerte na sua cama, poisando ao de leve os seus lábios ressequidos de desejo nos dela quase gelados, e com uma das mãos bajulou-lhe um dos seios, enquanto com a outra dava palmadinhas no rosto inanimado da vitima, reanimando aqueles olhos tristes e temerosos, sem uma palavra, sem um remorso, apenas um desejo feroz de possuí-la, não atendendo aos gritos, lamurio, nem ao postular intenso que a levou à rouqueira, à perdição da sua virgindade e da dignidade. Quando desceu para a cozinha a cambalear pelas escadas em soluços, sentiu-se suja, desesperada, sem saber o que fazer, de uma vida que deixara de ser a sua, de um corpo encapetado, sem alma, sem forças para fugir… fugir, fugir


terça-feira, 2 de outubro de 2018

O fim de um sonho lindo


O fim de um sonho lindo
Por: António Braz

Abdicar da única esperança de concretizar os sonhos de menino não foi tarefa fácil para o puto… ruminara na sua mente, durante tanto tempo, a possibilidade de aparecer um coração bondoso que lhe proporciona-se, um meio, fosse qual fosse, de estudar, partir para outros horizontes, conhecer tantas maravilhas que por certo existiam longe daquele buraco de ratos engaiolados, e chegada a hora dessa grande oportunidade, sentia-se na obrigação de recusar, magoado, ferido no mais intimo do seu ser, mas, a honestidade bradava-lhe aos ouvidos repetidamente: não podes enganar pessoas tão generosas e bondosas se te julgas sem vocação para o sacerdócio…
A razão falou mais alto e veio paliar o que durante tanto tempo ruminou naquela cabecita inocente, desnorteada, talvez até com excesso de desvairo? Verificou-se também uma enorme deceção no olhar daquela maravilhosa Senhora cujo gesto de generosidade era também simbolizado por um forte desejo de realizar uma grandiosa ação para com Deus. Nunca poderia ser padre.
Mas a vida continuou e a roda girando veloz, através de um emaranhado de peripécias contundentes sem concessões mas com propósitos indefinidos, porque o puto nascera assim… dotado de uma linda voz mas nunca foi cantor… jogava bem à bola mas não obstante para ser um bom futebolista… com critérios de comediante incipientes… seria o seu destino aquele que o norteou enveredando por outros caminhos? Prevaleceu durante longos anos a dúvida do ego, a definição concreta do seu verdadeiro ser ou não ser? Porém, mesmo vivendo o dia-a-dia, prezava-o aquela cupidez, gozando de uma felicidade peculiar, dissoluta, respeitando sempre os valores e princípios que trazia na bagagem, e não esquecendo nunca a sua verdadeira família, que apesar de pobre eram o bem mais precioso que lhe foi atribuído pelo todo-poderoso.
Enquanto adolescente, para além dos numerosos relacionamentos, apaixonou-se por uma boneca, um dia, uma noite, quem sabe quando e porquê? Aquele primeiro beijo, ao cair da noite, implementou nele, um malévolo eterno. Amaram-se tão profundamente! Mas, estava escrito que nunca chegariam a ser marido e mulher, apesar das lágrimas derramadas, dos desejos consumados, das tentativas de fuga, dos momentos inesquecíveis passados no refúgio dos olhares indiscretos. Nunca prometeram o que quer que seja um ao outro durante esses dez anos de ruturas e reconciliações. Unidos pela magia de um poder sobrenatural pertenceriam para sempre um ao outro mesmo seguindo por caminhos diferentes…
E o puto tornou-se um jovem imaturo, mas, sabia o que queria, pelo que foram numerosas e pertinentes as tentativas, atendendo aos magros meios que possuía, par subir a grande escada sem contar com a ajuda dos que tinham o braço comprido… sentia-se realizado mesmo não tendo protagonizado um ideal e jamais ter ambicionado projetos a longo prazo… perpetrou secretamente o adultério, acatou o aborto, foi banzado pela perícia da homossexualidade numa consulta de rotina com o Dr. Nodet, assediado por um marido impotente, convidado para “partouzes” (relação a três) com casais da alta sociedade, oferta de pagamento, na cama, o taxímetro, conviveu com travestis, transportou personagens importantes, saindo do cabaret drogados, cantores, atores, homens do “show business”, almoçou com magnatas do petróleo, levou a casa o Abbé Pierre, tomou um café convidado pelo “Michou” viveu intensamente a vida Parisience sem desencarrilar, avaliando ponderadamente cada situação das quais saiu sem desdouro; será que se pode considerar uma aberração?




segunda-feira, 17 de setembro de 2018

Divino Senhor da agonia dos chãos

Uma festa, romaria, feira, pega de touros mas sobretudo a Eucaristia celebrado pelo bispo Cordeiro, e uma procissão extraordinária, não esquecendo as copiosas merendas à sombra dos






freixos. LOCAL SAGRADO.