sexta-feira, 29 de janeiro de 2016

O poder do voto


40 Anos passaram e as recordações continuam vivas na nostalgia dos dias que vão passando... Primeiras eleições livres após uma ditadura Salazarista que deixou marcas e sequelas bem entranhadas nas gerações oprimidas que o 25 de Abril veio libertarmos.
Encontrei esta foto de uma fila de votantes, em Bragança, por acaso 40 anos depois na revista Visão... eu estou em 2º lugar da fila, fardado a rigor, assim como alguns dos meus colegas que integravam as tropas do antigo BC3 passando depois a chamar-se : destacamento de Bragança.
A reportagem que o jornalista da visão consagrou retrata na perfeição os acontecimentos da época, Neste tempo ainda se votava a 90% havia fome de liberdade... Havia raiva por nos cortarem os voadouros... a cidadania estava presente o que não é o caso nos dias de hoje; a vaidade, hipocrisia e falso orgulho tornou os Portugueses n'uns sujeitos quaisquer, sem dignidade nem valores, com vergonha de ser Português, e a eterna interrogação: se realmente valeu a pena? Eu apenas perdi 3 anos da minha juventude, e a concretização de projetos bem encaminhados, dos quais desisti para honrar um País que julgava ser o meu, por ter nascido cá... Estava completamente enganado! Não devo nada a este País, que nada me deu, e ainda me retira parte das minhas economias ganhas com suor, longe daqui... Valeu a pena? Lutar tanto pela sobrevivência arrepiando-se-me os cabelos cada vez que passava a fronteira, de automóvel, a pés pelos montes, ou até mesmo a nado em noites medonhas, temeroso de receber um tiro durante o trajeto, evidentemente transgressivo, mas mesmo aqui não houve honestidade por parte dos nossos órgãos governativos, aceitando o pagamento do adiamento do serviço militar, sem poder lograr de um passaporte de circulação livre? Valeu a pena? 

Na minha juventude representei teatralmente, em palco improvisado, campal, diante de umas dezenas de espetadores, a vida repressiva de irmãos que se apresentavam na inspeção do serviço militar... e as pessoas riam! Tinham já esquecido as lágrimas derramadas pelas famílias que enterraram filhos mortos no Ultramar... Velórios repletos de desespero, raiva, desprezo pelos que ordenaram matanças simplesmente por interesses... valeu a pena tantos anos de guerra?

Todas estas interrogações guardo ainda entrasgadas na garganta... e apesar de não ter sido mobilizado para uma guerrilha de patifes ambiciosos, sinto asco cada vez que um fedelho qualquer se diz ser Português brioso, só porque nasceu nos tempos doirados, caindo-lhe tudo do céu, e usufruindo das misérias dos antepassados, hoje caducos que nem tem uma palavra a dizer referente ao seu, ou não seu País.?

domingo, 24 de janeiro de 2016

A lembedeira e o rinhoso

Teatro de ruas
Certo dia, num soalheiro do lugar, encontraram-se dois compadres e a conversa que era de atualidade começou assim:
- Já sabe compadre?
- Isto anda tudo podre, compadre.
- É verdade… intigamente, íamos cagar atrás de uma gesta e quando passava por perto um qualquer dzia: - olha aqui cagou um cão… oje vai tudo a esse pnic, focboc, ou lá o qu’é,  rebiram o retrato, infeitão-o  mesmo que xeire mal, põe por baixo:”gosto”
- É um-a cambada de falxos, chamamles amigos! I até os á que limpão o rabiosque antes de fazer o serviço…
- Olhe, bou fumar um atado,quer um?
- Ai n’um quero não… essa garotada xamam-le “jarro”… jato ou outra cousa axim, que os leba à lua, mas cá p’ra mim, rompe-le é os bolxos ós pais…
- Oh compadre… voçameçê o qu’é que dize? È um provisório…
- Atão tamãe bai de testemunha do rinhoso e da lembedeira?
- Cu demo… nem me diga nada… lá me bão dar cabo do dia! Mas tem ke pagar a viaje e ó jantar lá no podense… ixo n’um se le scapa…
- Pois ou mandeios pro raio ki os parta… mas se o regidor m’obrigar… já biu? No noxo tempo, dabamos um murros nos fucinhos, ou um-a sacholada e n’um era preciso tanta balburdia…
- Isto stá podre compadre…
NO TRIBUNAL
Um dos compadres foi chamado ao Juiz e desconfiado lá foi avançando lentamente até à barra. Olharam-se olhos nos olhos um do outro com carrancas de quem não se quer bem, e por fim foi quebrado o silêncio.
O Juiz – Nome, profissão, data de nascimento…
- Hã?
O Juiz enfastiado virou-se para o Ministério público e segredou: - Para minha desgraça é mouco…
- Diga lá então o que sabe deste arguido…
- de quem? – lá xamão-le o rinhoso das carbalhas.
- Responda.
- Ou só o bi a tirar uns retratos àqueles canelhos das bestas que lá inserram, mas a lembedeira dize  qu’ele andou por aí a pedir dinheiro p’ra fazer um auzilo p’ós belhos, e depois o  três pelos botou-o abaixo, i ó outro gastou-o pr’a fazer uma barraca n’um lameireo de Macedo…
Juiz – Quer dizer que demoliram um lar antes de ser construído? Como pode ser isso?
- isso já num xei, pergunte ó advogado k inda não abriu as beissas…
Risos na sala, e carrancas no Juiz que acrescentou. O Sr. que veio aqui fazer?
- Olhe bim mais por causa do ranxo que me bão pagar no Podence.
Entrevem o advogado. Não pode falar assim…
- Contou-me o mou neto que a lembedeira falou muntro mal do rinhoso lá no pnic ou lá o qué… e por causa d’um espelho quela mando roubar e era do rinhoso… coitada! Eu tenho pena, quer dzer se os lubasse a todos o diabo não era grande o prejuízo…
Juiz – Mas… porquê?
- Tudo feito da mesma massa… querem é mamar na cabritinha, como dize o bigodes, o resto é conversa… uns dizen k fizeram, outros dizem que fazem, mas é enquanto n’um sobem pr’o poleiro, ou atão bá lá vossemecê a ber… pombais onde num á pombas, fontes onde não corre água,, ruas e casas belhas a cair como nós, e bibam a merendas…
O Juiz deu por terminado o interrogatório e mandou chamar a outra testemunha, que de andar firme e rosto imperturbável, foi à barra, respondeu a todas as perguntas, como um propagandista nas feiras da torre.
- Pois é Sr. Dr. Juiz… estes fedelhos de agora não tem mais que fazer, então pegam-se por tudo e por nada… n’outros tempos tudo era resolvido no birar d’uma cadornize… e olhe que não recebiam nada! Juizo


sexta-feira, 15 de janeiro de 2016

A raposa manhosa

A raposa e o gato - irmãos grimm

Um dia, o gato encontrou a raposa no bosque e disse para si mesmo: vou cumprimentá-la. Ela é tão inteligente, tão experiente, tão respeitada por todo mundo... E fez uma saudação amigável: "Bom dia, querida Dona Raposa! Como tem passado? Como tem levado a vida, agora que as coisas andam tão caras?" A raposa ficou inchada de orgulho. Olhou o gato de alto a baixo e levou algum tempo para resolver se respondia ou não. Finalmente disse: "Dobre a língua, seu patife lambedor de bigodes, seu palhaço de meia-tigela, seu pilantra caçador de ratos, você não se enxerga? Quem você pensa que é? Como ousa me perguntar como eu tenho passado? Quem é você? Que é que você sabe? O que aprendeu? Que artes domina?" - "Só uma," respondeu o gato, modestamente. "E qual é, se mal pergunto?" - "Quando os cães correm atrás de mim, consigo escapar, subindo para uma árvore." Monte de truques que dariam para encher um baú. Fico de coração apertado só de pensar. "Só isso?" disse a raposa. "Pois eu sou senhora de mil artes e além disso tenho um como você é indefeso. Venha comigo, vou lhe ensinar a escapar dos cães." Justamente nesse momento, apareceu um caçador com quatro cães. O gato deu um pulo rápido para o tronco de uma árvore e foi lá para cima, para o meio da copa, onde as folhas e os galhos o esconderam por completo. "Abra o baú, Dona Raposa, abra o baú!" gritava o gato. Mas não adiantou nada. Os cães já tinham agarrado a raposa, que estava bem presa e imóvel nas patas deles. "Que pena, Dona Raposa!" disse o gato. "Veja a encrenca em que a senhora está, com todas as suas mil artes. Se pelo menos soubesse subir às árvores, como eu, salvava sua vida..."

sábado, 9 de janeiro de 2016

PELAS RUAS DA AMARGURA





Assim anda isto por cá. Após três mandatos na liderança do Município do nosso concelho, e centenas de manifestações dos eleitores, CTT e demais instituições, descontentes, indignadas, com o desleixo abusivo dos mandões, tesos para uns e mãos largas para outros, demonstrando apenas e somente em tempo de eleições, aparente interesse camuflado na arte de endrominar cegos de olhos abertos, decidem finalmente, através de um topografo de meia tigela, e uma gráfica “papona” (sempre a mesma que recoltou durantes estes anos em serviços prestados à Camara alguns milhões de euros, sempre prioritária, devido aos interesses pessoais dos proprietários) colocar placas identificativas das nossas ruas, ou melhor dizendo, das ruas de interesse pessoal, discriminando as outras que podemos apelidar de: PRÊTAS.
O levantamento topográfico que se impunha foi omisso voluntariamente à revelia de incompetentes, como aliás já vem sendo uma constante, em projetos realizados por administração direta nesta freguesia, desperdiçando fundos dos contribuintes, em obras por onde se passeiam insetos desiludidos e olhares fulminantes de sarcasmo, desprezo e outros adjetivos que deixo à imaginação de quem conhece a realidade dos factos, tal como as carências mais urgentes que os mandões persistem deixar encafuados na arca da farinha, produto que vai servindo para substituir os verdadeiros trabalhos de interesse comum, programados há anos e aprovados em planos de atividades orçamentais. Esta foi a prenda de Natal, período de passagem de numerosos filhos da terra, aos quais, mesmo desleixando o voto eleitoral em detrimento do local de suas residências, torna-se indispensável agradar para manter o ego. É curioso? Antes premeditado com astúcia e mestria alusivas.
A liderança sobe à cabeça de certas pessoas tornando-as dependentes, doentias, julgando o rebanho submisso a um poder derisório, subjugando-o com xenofobia, discriminação, desprezíveis, onde existem ovelhas brancas e negras vistas com olhos de pastor ditador. Psicologicamente são consideradas vulneráveis mentalmente, possessórias convulsivas, pretensiosas, sórdidas de mesquinhez barata.
Ficou suspensa por mais uns tempos a numeração ordenada…talvez até á Páscoa, tempo de visitas à terra desertificada, só não sabemos de que ano?... Anexados a Espadanedo sede da união de freguesias onde existem condições precárias, estamos ainda sujeitos à boa disposição dos membros do executivo, residentes e trabalhadores remunerados na cidade, vindo quando bem lhes convém às freguesias assinar documentos sem que tenhamos a certeza de que uma autorização de poderes tenha sido legada pelo presidente, mas que os vogais consideram os mestres e donos de tudo isto, pelo que só passando por eles serão aprovadas solicitações… Para além de lamentável a situação dos eleitores que pagam os seus impostos para residir aqui e ter os direitos, tal como deveres, é discriminatório e humilhante tomar decisões desonestas, em casos que se impunha o diálogo a fim de chegar a um consenso mesmo que fosse recriminatório, pelo uso e abuso de propriedades públicas devidamente autorizado. O furto é punido por Lei sabia Sra. Mandona?
Junto anexo fotos do rebanho com ovelhas brancas e pretas, segundo os interesses pessoais, ou legação de favores… e a quem lhe assentar a carapuça que não venha com telhados de vidro, porque os que abrigam essas pessoas desprezíveis já estão cheios de pedras atiradas justamente.

Deixo também a ligação para uma CARTA « (clicar)explicativa enviada ao Presidente do Município de Macedo de Cavaleiros, solicitando a assinatura de um termo de responsabilidade em caso de…

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quinta-feira, 7 de janeiro de 2016

Rebordaínhos mantém tradição dos Reis à moda antiga

Tradições da minha infância que me extasiavam e hoje me deixam nostálgico mesmo sabendo que a pouca gente que resta nas Aldeias Transmontanas, continua a esforçar-se por mantê-las vivas, com meios restritos dos que como eu viveram momentos inesquecíveis, mas que a juventude considera arcaicos no tempo e nos sentimentos. Tudo se vai – dizem os rostos enrugados que aparecem nas imagens, que o jornal Nordeste tenta perpetuar através da sua jornalista Teresa Batista autora de uma reportagem honrosa para a gente humilde e simples de uma Aldeia no cimo da serra com historial gravado nas entranhas, onde o vento sopra e uiva, a chuva cai torrencialmente transformando-se em neve branca e suave caindo silenciosamente durante as noites de sonhos lindos amaciando corpos e espíritos reputados hospitaleiros pelos que por lá passaram – alguns ficaram – deixando o testemunho incontestável de lugar sagrado. Dia 6 cantam-se os reis; não só aos fidalgos – como diz a letra – mas sim a todos aqueles que têm fé e esperança, coragem e vivacidade, para mordomar as santas almas, durante um ano, e neste dia fazerem um festim nas casas que visitam uma a uma, esteja frio neve ou chuva, cantando ou rezando, segundo os critérios de cada um, entrando de seguida nos aposentos (sala) confortáveis perante uma mesa posta com doçarias e vinhos como para simbolicamente recompensarem pela consideração. Inicia-se com eucaristia pelas almas, e finalizada a volta, vai-se para casa dos mordomos onde um rico repasto espera a comitiva, e o careto conta as moedas entranhadas numa maçã e agradece. Durante a refeição copiosa, fala-se de outros tempos em que nos deslocávamos a Aldeias como Bragada, ou Vila Franca a pés pela noite fora, para cantar os reis a gente que prezávamos, e a consideração era retribuída. Deixo aqui a letra que mal se percebe, visto ser cantada acapela em 4 tons. Oh virgem nossa senhora Vós sois a estrela do mar Sem a vossa proteção Não podemos navegar /bis) II Em tais festas como estas Cantam-se os reis aos fidalgos Também os nós cantaremos A estes senhores honrados (bis) III Um raminho dois raminhos Fazem um raminho bem feito Vivam os donos desta casa (bis) Esta vai a seu respeito IV Rei gaspar e baltazar São três reis com belchior Todos três vão adorar Jesus cristo redentor (bis) Parabéns aos cantores empenhadíssimos e corajosos que ainda não deixaram cair o berço da minha infancia