segunda-feira, 25 de março de 2024

Rascunhos intensos

Rascunhos intensos Uns rascunhos sobre lousa, que ditam e sentenceiam, com incerteza, do que pode ser ou não o amor, dependendo do tempo onde se esconde a intensidade. Teólogos, psicanalistas, filósofos tentaram chegar ao íntimo do amor sem conseguirem com veracidade absoluta, sem concluírem com certeza expressar o que é ou não é. Muitos inocentes foram enforcados e levaram com eles para a cova as injustiças do homem, outros foram ilibados e amaram ao longos dos anos de vida. Amar é um enfeite ou adorno para os poetas, um desejo profundo com o qual nascemos, a quebra do cordão umbilical dividido entre a mãe que nos pariu e nós que guardamos como lembrança eterna. Quem é dono da verdade para afirmar, que ouve ou não ouve amor passageiro, fosse por um dia ou sem anos? Mulheres que deram á luz 22 vezes foram amadas ou simplesmente desejadas? Um coração que bate em surdina a 200 à hora será um coração que ama? Ou será apenas afeto, consideração e carinho? Só se ama uma vez que se prolonga durante o nosso viver. O resto são fragmentos impulsivos para as ocasiões. Querer não é amar, desejar também não, receber a bala que estava destinada ou outro é apenas um ato de coragem e heroísmo. Nos livros Romeu e Julieta, morrer por amor, ou amor de rascunhos intensos perdição, cujas propagandas deixavam uma lágrima no canto do olho, vieram de uma imaginação fértil e rentável. Quantas vezes ouvi dizer: eu amo os meus filhos e com o decorrer dos tempos são abandonados, roubados, mal tratados e encarcerados em asilos para dementes. Há ainda aqueles amores platónicos que Platão examinou na sua obra: o banquete, As uniões que subsistem às tempestades por mero interesse, e aquelas que fingem, simulam ou guardam bem escondidas a fim de preservarem uma imitação de felicidade. Amar e ser amado só nos romances

quinta-feira, 21 de março de 2024

Dia de sorte sx AB Aquela mulher sorridente e linda tinha despertado sentimentos adormecidos que invadiam noite e dia um ser nobre, puro, e que se preparava para aceitar os avanços da filha do patrão, onde a nobreza ditava uniões por interesse, apesar de ser uma bonita rapariga que daria uma boa mãe para os filhos que desejava, e o proporcionava para sarilhos e desavenças com as quais teria que lidar, porque a mulher de quem gostava tinha unido o seu corpo ao dele naquele beijo interminável, sem saberem nada um do outro, como um par de inocentes que jogam ao doutor, no recreio da escola. Fred tencionava por os pontos nos iis antes de chegar ao fim do cruzeiro. Tinham- se separado com o sabor do beijo, mas como adultos que eram, uma conversa séria impunha-se. Assentados na sala de jantar mesmo em frente estava Maria de costas voltadas, e um homem elegante acariciava as suas delicadas mãos e ambos sorriam como pombos no choco. Decididamente não existia o seu dia de sorte. Começava a fazer projetos mentalmente com uma casa pequena, mas um jardim imenso e os filhos de volta dele, rindo com a felicidade que sentiam e o afeto e carinho que o pai tinha reservado especialmente para eles. Tudo foi por água abaixo. O destino voltava a mostrar as garras ingratas e ele só podia respeitá-las. Foi de imediato ao quarto vestir uns calções e dirigiu-se para a piscina onde mergulho como um louco à procura de afogar sentimentos e aquele beijo traidor que o martirizavam. Emergiu quando o oxigénio já lhe faltava, e quando ia subir a silhueta da mulher surgiu como por magia balbuciando as seguintes frases. _ Ainda és mais atraente sem roupa? E soltou uma estrondosa gargalhada chamando a atenção dos banhistas. Fred quedou-se petrificado observando o corpo de uma sereia, que o tentava, ou brincava com ele como se fosse uma criança ingénua. Apressou-se a ir deitar-se na cadeira onde tinha deixado a toalha, furioso como um touro à solta ela passou os seus pés lisos pelos dele e disse: No beijo parecias mais doce? -Respondeu. E eu gostaria de saber o nome do jogo que queres jogar com dois homens? – AH o meu marido? É homo, faz a sua vida. – E eu sou o quê no meio desta trapalhada? – Tu és um querido que não deixarei escapar custe o que custar. Que quer dizer que dinheiro já tenho o suficiente, amor ainda me falta muito… Juntaram as cadeiras e conversaram como adultos. Fred contou o seu passado e Maria também chegando à conclusão que nada os impedia de viver juntos para o resto da vida.

domingo, 17 de março de 2024

Destinos e destinados 640B Fernando C tinha agarrado a mão do avô como se a pudesse guardar para sempre, quando ouviu dois homens vestidos de branco dizer: - Vamos ter de levar o corpo. Acompanhou a avó à sua enfermaria onde ficou instalada durante quinze dias que os separou, o que nunca tinha acontecido. Nas suas visitas o neto notava a fragilidade e preocupava-se com o seu estado de saúde., mas numa noite fatídica partiu serenamente ao encontro da paz. Fernando C sentiu-se só neste mundo de percalços onde a luta é constante que para uns traz a felicidade e para outros o desespero, a tristeza e a solidão. Tinha uma família que desconhecia, e ninguém para lhe dar afeto e carinho em momentos tão difíceis. Pela sua mente passaram soluções para acabar com tamanho sofrimento, e quando quis pôr em prática os seus intentos apareceu o seu anjo da guarda, uma das criadas que tinham resistido às tempestades, já com os seus 80 anos, tendo passado metade da sua vida a servir aquela casa, considerada e amada que retribuía. Tinha passado a noite à vela, como se adivinhasse o que iria acontecer naquele quarto onde a luz permanecia acesa e duas velas ardiam na mesinha de cabeceira onde se encontrava também um quadro com a fotografia daqueles que o criaram, mimaram e subsistiam às suas necessidades materiais. Com ela trazia uma faca de cozinha, e imediatamente cortou a corda que pendia do tejadilho, pedindo auxílio telefonicamente. – Foi só um susto o rapaz está bem, com a sua ajuda, gratidão. Estas notícias estavam expressas no jornal da manhã e o meio irmão ficou atónito deslocando-se imediatamente para o hospital. Entrou na enfermaria e silenciosamente tentou ficar a seu lado combalido e triste quando o outro abriu os olhos envergonhados pela culpa. Deram-se um apertado abraço, mas as palavras não saíam da boca de nenhum. Passaram longos minutos aconchegados um ao outro até que o culpado em voz trémula pediu que o perdoasse. Sim tens o meu perdão se me prometeres que vais lutar com a vida e tentar ser um verdadeiro homem. Desta promessa saiu uma luta constante, primeiro contra os vícios que o minavam e em seguida inscreveu-se num liceu particular para adultos pondo em prática todas as suas potencialidades intelectuais que fizeram o seu caminho e o levaram à universidade de Coimbra onde tirou um curso superior de arquitetura, com financiamento do que o Avô que tinha depositado numa conta secreta onde só o Notário teve acesso e a desbloqueou para fins necessários como dizia o testamento. Também a herdade lhe pertencia compensando Carlos, seu filho, com apartamentos rentáveis para lhe não faltar nada

sexta-feira, 15 de março de 2024

Dia de sorte complemento AB Os grandes portões de ferro abriram uma clareira por onde passou o corpo emagrecido de Francisco, com um saco cheio de nada, a vestimenta guardada havia anos, degradava-o e os pequenos passos hesitantes pareciam não acreditar, que aquele era o seu dia de reencontro com a liberdade. Olhou o céu incrédulo onde as nuvens de negro vestidas ameaçavam retirando-lhe a visão de um sol brilhante que tantas vezes imaginou no silencio de um quarto vazio e frio, na solidão que lhe martirizava o ser, na esperança que tantas vezes julgou vã, no refúgio de um manuscrito que relatava o mistério que envolvia traições, violações e morte, com o preço pago a pronto. As suas empresas tinham frutificado graças aos bons gestores que se empenharam profundamente sem preconceitos, excelentes profissionais, e uma limousine branca esperava-o à distância de alguns metros. Uma criança correu para o abraçar, talvez mandada pela mãe mais reticente onde se podia ler o pecado dos seus atos. Ele recebeu-a com um abraço que á miúda pareceu uma eternidade. – Minha filha! Murmurou entre dentes, - se soubesses o quanto te amo que por ti resisti a tudo para um dia te acariciar e amar como um verdadeiro pai. - Então porque choras? Perguntou a inocente que sabia tudo sobre os acontecimentos, que a mãe se empenhou em legá-los, sempre com fotos que a ajudaram a crescer sabendo que estava preso e que não era autorizada a visitá-lo. A mãe recebeu um beijo na fronte, confirmação de que estaria sempre com elas, independentemente do que pudesse acontecer. Dirigiram-se os três para a limousine que os conduziu a moradas diferentes, como tinha sido acordado previamente pelos adultos. Chegaram á propriedade cercada com muros altos e um porteiro esperava-os para os conduzir através de magníficos jardins onde o perfume penetrava nas narinas e o olhar vislumbrava de prazer. As escadarias dos dois lados davam-lhe uma delicadeza acolhedora, no cimo, uma criada toda de branco vestida e avental de serviço dou-lhe as boas vindas. Entraram e um cachorro fofinho veio de encontro à menina como se soubesse que seriam grandes amigas, foram distribuídos os aposentos de cada uma, passaram pela salinha confortável até chegar ao quarto da menina que ficou surpreendentemente sem voz, incrédula com o que via. Este vai ser o meu quarto? -perguntou. Sim este é o teu quarto. Gostas? - Se gosto? Como poderia não gostar? -Francisco tinha conversado na véspera com a mãe da filha deixando firmemente que entre eles jamais haveria outras relações que não fossem de encontro aos interesses da filha. Depois ausentou-se com um beijo ternurento nas bochechas da filha. Voltarei quando estiver instalado no Hotel onde tenciono descansar em paz.

terça-feira, 5 de março de 2024

assassinos à solta

Aquele dia… AB Foi num desses dias, naquela estrada que tantas vezes vimos, ladeada de acaliptos direitinhos, por onde o sol entrava e com seus raios nos cobríamos, de mãos dadas e apertadas por tudo e por nada riamos, o amor segredava-nos aos ouvidos e com beijos os cobríamos para por ninguém serem roubados nem mesmo presenciados, era o nosso mundo selvagem que a felicidade abrangente escureceu e de repente, já bem perto, as chamas galgavam consumindo o que apanhavam e em cinzas se transformavam, como se do inferno viessem, trazer o pânico semear o medo, aos que por entre o arvoredo tentavam fugir ao degredo, deixando para trás o que amavam que num canto escuro se refugiavam, e os desesperado coitados tentavam fugir para todos os lados, mas só se viam automóveis embraseados e dentro deles corpos calcinados, acudam gritavam alguns já meio sufocados, procurando por todos os lados águas que pudessem vencer um mafarrico á solta ou encomendado. Já não tinham lágrimas para derramar nem alento para continuar, era um combate vencido, porque as armas que não tinham, e tantas esperanças perdidas, martirizavam suas cabeças enlouquecidas, em cada passo que davam, erguiam os olhos ao céu e suplicavam, que os deixassem pelo menos viver, depois de tudo perder. Tudo cheirava a fumo, à morte que os alcançou, à descrença que os condenou, tornando-os mártires daquele dia sem abrigo e sem nada somente o pó da estrada, que o vento dum dia varreu, mas a borracha não apagou tanto sofrimento grande desgraça esquecimento do que passaram, que jamais alguém poderá compreender O QUE SE CHAMA SOFRER

sexta-feira, 1 de março de 2024

Reflexões

8. Soneto de fidelidade – Vinicius de Moraes De tudo ao meu amor serei atento Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto Que mesmo em face do maior encanto Dele se encante mais meu pensamento. Quero vivê-lo em cada vão momento E em seu louvor hei de espalhar meu canto E rir meu riso e derramar meu pranto Ao seu pesar ou seu contentamento E assim, quando mais tarde me procure Quem sabe a morte, angústia de quem vive Quem sabe a solidão, fim de quem ama Eu possa me dizer do amor (que tive): Que não seja imortal, posto que é chama Mas que seja infinito enquanto dure.

segunda-feira, 26 de fevereiro de 2024

Destinos e destinados 854 AB De volta a casa onde sua mãe o esperava preocupada, assentou-se no grande salão, pedindo à mãe que viesse para junto dele. Era um homem e como tantos outros também chorou agarrado àquele volante que o dirigia já por costume porque na sua cabeça ia tanta confusão alimentada por erros irremediáveis que se cometem enquanto adultos, recorrentes de ilações que só o perdão pode corrigir, ou a vingança agravar. Correu os seus dedos finos suavemente pelos cabelos daquela que lhe deu a vida, fixando-a com uma ternura como a imensidão do mundo, enquanto as palavras demoravam a sair, como se estivessem presas aos sentimentos que a alma manifestava silenciosamente. - Tu queres-me pedir alguma coisa tão pesada que te paralisa? - Queria apenas contar-lhe a crueldade da vida, onde toda a gente anda envolvida sem saber para que lado fica a saída. -Filho? Não me deixes em tão grande ansiedade, conta-me antes a verdade, talvez eu possa ajudar, e juntos como sempre podemos chorar, ou talvez remediar? - É a história de um dossier, que meu pai ao falecer me legou, e hoje já não sei o que fazer, conversar contigo e dar-te a mão, aquela que ele te deu, num dia triste quando te encontrou, abusada, abandonada com tanta dor, e em troca de nada te ofereceu carinho, afeto e a casa onde viveu tanta coisa em troca de nada, porque os bons seguem sempre a mesma estrada. Aqui está o teu passado esperando ser abandonado porque de que servirá a vingança? Hoje desloquei-me a casa dos teus antigos patrões para lhe pedir explicações e eles ignorantes coitados, lutavam com a vida enquanto o seu neto amado, caído no chão esfarrapado com barbas de metro e meio, alcoolizado, drogado abandonado a tremer de fome e frio, que não conseguiu abrir a porta da herdade, nem mesmo à campainha tocar pedir que alguém o viesse ajudar. O avô internado e sem nada saber, esperava apenas o neto par morrer. - Ó meu adorado filho, não tens de ser tu a carregar, coisas tão graves do passado? E Fernando A com os olhos a lacrimejar, contou á mãe o seu dia atributado. Resta-me agora mãezinha, conhecer outro irmão meu, e não guardo rancor àquele que tanto te fez sofrer, está pagando lentamente, e se um dia lhe salvei a vida, paguei como paga a gente honesta atirando para fora o que não presta. - Esse irmão já o conheces, juntos estudaram em Coimbra, embora em cursos diferentes, mas uma visita é primordial, e verás que família tão linda unida e carinhosa, e a mãe que tantas coisa sabia, escolheu o caminho da felicidade. Tenho muito orgulho de ti e abraçou-o longamente

sábado, 24 de fevereiro de 2024

Dia de sorte 829 s AB Antes de regressar a casa, depois de tão triste notícia Fred sentia-se desorientado, responsável, e para amaciar os seus tormentos, mandou construir uma capelinha para a qual foram transladados os restos mortais da mulher que lhe salvou a vida, Não reparava o erro do esquecimento, e jamais teria a paz desejada, foi apenas um gesto que simbolizava a importância que ela teve na sua vida, contratou pessoas para que as rosas brancas nunca faltassem junto do seu corpo. E prometeu vir visitá-la sempre que pudesse. Á entrada, escrito com letras douradas surgia o pedido de perdão. De volta a casa, pediu que o deixassem chorar em paz e foi a noite toda assim. Logo pela manhã tomou um duche de água fria, vestiu-se para ir trabalhar, e enquanto tomavam o pequeno almoço desvendou os acontecimentos da sua infeliz viagem. O constrangimento notava-se no rosto de todos os presentes, e a tristeza de nada poder fazer em semelhantes condições. Fred continuava com um peso grande sobre o coração, mas a vida era assim com a crueldade que a caraterizava. Tinha uma empresa para visitar, tomou o transporte mais rápido para não faltar à reunião bastante importante, já no avião que o transportava, pediu os jornais do dia. Foi um deles que requereu a sua atenção. Uma foto do pai deixando a prisão onde permaneceu encarcerado, pagando os seus erros, a mulher que fora sua com um tímido olhar, e a filha, sua irmã radiante correndo para os braços do pai. Este quadro onde se inseria, a traição, trouxe-lhe uma lágrima ao canto do olho, era aquela a sua família que o destino desviou do bom caminho que anos passaram e o rancor não tinha diminuído. Fechou subitamente o jornal, e o resto do dia foi passado como quem lhe tinha roubado a vida, projetos que foram por água abaixo, esperanças destroçadas, e a vítima fugindo do que não poderia fugir a vida inteira. A sensibilidade que o caracterizava, veio tantas vezes à tona da água, mas o sofrimento levou a melhor. Tinha subido na hierarquia, e ganho batalhas que muitos consideravam perdidas antecipadamente, com perseverança e a força de quem se bate neste mundo feroz, e não tinha visto o tempo passar. Meditou por instantes no que era e no que poderia ter sido a sua vida, faltavam argumentos que o afeto e carinho tinha enterrado, que jamais voltariam. Meditou no fato de passar o resto do seu viver afastado de caricias e amor que uma família traz ao seio de um verdadeiro lar, e não concebia um viver assim. Tinha jurado de nunca mais amar ninguém, talvez num momento de desespero, mas, os filhos que tanto gostava de ter assediavam uma esperança que apenas parecia vã... rodeavam-no pessoas capazes de fazer a sua felicidade, uma delas era a filha do patrão que só tinha olhos para ele. E o seu dia de sorte chegou no momento menos esperado. Viajava num cruzeiro quando Aline se assentou à sua mesa, pedindo educadamente se lhe era permitido. Fred ficou como um adolescente admirando aquela beleza, abstrato à resposta que a elegante e esbelta rapariga esperava com aquele olhar cativante de um verde majestoso e um lindo sorriso que se dissipava pouco a pouco receando a recusa. Finalmente, levantou-se e como um verdadeiro cavalheiro retirou a cadeira e num gesto simples disse apenas: todo o prazer será meu, congratulo-me e agradeço que me acompanhe para o resto das nossas vidas se tal for o seu desejo. Ela soltou uma gargalhada que não passou despercebida na sala, Fred, envergonhado já não podia retirar o que disse. Parecia um adolescente magoado, mas a companheira de nacionalidade Holandesa fazia esforços para na linguagem que não era sua, tentando recuperar os cacos partidos. Foi um dia maravilhoso passado no grande barco onde o beijo do amor fechou o episódio de dois adultos que á primeira vista foram invadidos pelo “coup de foudre”

domingo, 4 de fevereiro de 2024

Infortunios

Como pode um ser humano desviar-se do trilho traçado, tantos anos passados a formar uma família para em poucos segundos a destruir, deixando uma mágoa profunda nos corações que a conheciam e com ela percorreram caminhos árduos deixando tão grande manxa na pureza da alma e na brancura da neve que sobre um solo amaldiçoado caiu? As tentações maléficas levam-nos a cometer actos irreparáveis e ninguém se pode julgar ao abrigo delas. Parecemos tão fortes e somos tão fracos! Fraquejamos por coisas banais, por insignificâncias que nos arrastam para a crueldade como se fosse heroísmo, desarmando-nos do que possuímos de justos e bons para nos largarem num lamaçal de tristezas e dor que jamais sarará. Será que vale a pena percorrer tão longo caminho para chegar aqui? Sermos amados e estimados para chegarmos à conclusão desesperada e deixar que a dor e a tristeza reparem os nossos erros? Perdoai-lhe senhor que não sabe o que fazem - dizia Jesus para terminar este parágrafo. E eu apenas posso dizer dai-lhe senhor o eterno descanso. Sinceros pêsames para a família e amigos AB

Dia de sorte

Dia de sorte AB Alfredo o amigo de José, foi largado por este e a namorada junto ao rio, a uns 300 metros de sua casa para onde correu como louco, tantas e tão grandes eram as saudades de estar com os seus entes mais queridos, que o esperavam de pés firmes e o olhar procurando vê-lo vislumbrar ao longe após o seu telefonema recebido, onde especificava a sua visita, sem mais pormenores. Seguindo viagem, para casa de Cindia, a explosão deu-se logo após a saída do outro passageiro. Se até então a rapariga se tinha mantido calada sem manifestar o descontentamento que a tinha desiludido e ao mesmo tempo ferido no seu amor próprio, revelava-se agora agressiva vaziando o saco sobre o pobre rapaz, que não encontrava argumentos que pudessem ajudá-lo, a voltar à razão aquela moça com quem tinha simpatizado, idealizado projetos, e, apesar de não sentir por ela uma grande paixão, os seus sentimentos eram honestos, embora não tivesse sabido lidar com a situação… - Perdoa-me, suplicou-a José prometendo no futuro estar mais atento aos seus deveres de namorado – mas nada resultava. Estava decidida a por fim àquela relação que mal tinha começado, o suficiente para compreender que não era o companheiro que queria para a sua vida, e muito menos ser a progenitora de um filho seu. Saiu do automóvel sem sequer se despedir, e antes de fechar a porta ainda lhe atirou ao rosto: - Não te quero ver mais, pelo que se nos encontrarmos no mesmo passeio peço-te que finjas que não me viste. José ficou atônito, petrificado sem saber o que fazer. Ainda pensou ligar à mãe onde encontrava sempre o seu refúgio, e as soluções mais sensatas, era apenas nela que depositava inteira confiança, mas, tinha um compromisso com Alfredo, que era voltar ainda essa noite à herdade dos avós, passando por sua casa nos Arcos. Novamente, na sua cabeça turbilhonavam descontroladamente ideologias preponderantes, conflituosas, com mais atividade divergente, atirando-o para aquele beco sem saída, do qual julgava ter saído, começando a usufruir de uma felicidade a prazo, que voltara antes de cumprir o tempo de tréguas que ninguém tinha fixado, só ele esperançado acompanhava cegamente. Tudo voltava à casa de partida, de onde não conseguia descolar, por muitos esforços que fizesse! Foi tentado a desistir, só, ali dentro daquele carro, encostado na berma daquela estrada que se tinha tornado medonha, fria, tão fria… solitária, onde as árvores lhe apontavam o dedo da culpa, e os sons lhe martirizavam os tímpanos, e, de olhos fechados revia a sua nascença, num dia de sorte, ou talvez de azar, por lhe não faltar nada, mas tinha falta de tudo o que é necessário para poder avançar ao ritmo do amor da paz e da alegria. Chorou como um miúdo num soluçar que fazia a terra tremer, que era apenas o ronronar do motor que aguardava diretivas do mestre para avançar. Após longo tempo de ponderação, lembrou-se que Alfredo o esperava para voltarem à herdade dos avós. – Meu deus! Arrancou fazendo os pneus cantar ao contacto do solo, olhando apenas em frente, porque estava atrasado, e Alfredo não tinha culpa dos seus problemas. Chegou ao lugar marcado em Arcos onde o esperava o amigo, estiveram ali mais pessoas que o queriam conhecer, inclusive a namorada deste, mas era já noite e José não encontrava a desculpa necessária para esta demora. Durante o resto do trajeto falaram apenas no tempo de felicidade que Alfredo viveu na companhia dos seus durante aquelas poucas horas. José que não tinha mantido qualquer espécie de desagrado, durante o trajeto, ficou subitamente silencioso. No seu rosto notavam-se dissabores e tristezas, mas o companheiro de viagem não ousava perguntar como se tinha terminado aquele incidente com a namorada. Por fim, após um longo silencio, Alfredo perguntou: - Não se passou bem com a Cindia… suponho eu? José levou um certo tempo a responder… pela sua mente passaram e repassaram aquelas cenas do dia, e sentia-se mal… o maior dos palermas, um irresponsável, um menino mimado que não sabia ao certo o que desejava para o seu futuro, como um brinquedo nas mãos da mãe que decidia tudo por ele, que programava o seu modo de ser e de estar na vida, sem se sociar dos seus verdadeiros sentimentos… até que por fim explodiu. Vaziou o saco. Libertou-se confiando ao amigo o que lhe ia na alma e estava martirizando o coração. - Não posso mais, amigo… fingir durante uma vida inteira é um fardo pesadíssimo, e ninguém me pode compreender. Só, neste carro, fui tentado ao pior… e só resisti porque me esperavas para voltar à herdade. José ficou atónito, porém sentiu que o amigo precisava de ajuda naquele momento de gravidade extrema. Começou por pedir-lhe que se acalmasse, para juntos tentarem remediar a um problema que não teria certamente a gravidade de não poder ser resolvido. Entraram numa estação de serviço e pediram dois cafés fortes e um cálice de bagaço do melhor que tivessem. José olhou para o amigo com ar interrogativo, mas já este explicava que um copinho de álcool às vezes faz milagres. Bebe é para ti, eu conduzo o carro, se me permitires claro! Fizeram o resto da viagem como dois miúdos, rindo às gargalhadas no final de uma anedota contada, no automóvel não se falou mais do caso cindia.

terça-feira, 23 de janeiro de 2024

Destinos e destinados 2ª série A B O tempo passou veloz, e, apesar de não ter esquecido os acontecimentos trágicos dos quais foi vítima, Fernanda viveu estes anos passados na casa do Dr. Félix felicíssima juntamente com seu filho Fernando A (que vamos apelidar assim) a quem dava carinho e amor já que a parte material era o marido quem integrava o necessário para a sobrevivência da casa e dos seus moradores. Fernando tinha crescido, e já concluíra o seu 4º ano escolar com êxito detendo as melhores notas da turma. Era um rapaz reservado, mas grande defensor das injustiças de caráter racial ou outras, o que suscitou nos mais idosos, ideias macabras, escolhendo-o para os seus atos maléficos de “bullying”. Naquele colégio privado onde estudava, existia uma disciplina rigorosa e uma vigilância apertada, mas era à saída que os malfeitores colhiam Fernando, o espancavam e lhe roubavam pertenças, tais como o telemóvel, uma pulseira em ouro e mesmo umas sapatilhas de marca que o pai lhe tinha oferecido no seu dia de aniversário. Foi nesse dia que o Dr. Félix começou a suspeitar, vendo o rapaz chegar a casa descalço. Fitou-o nos olhos, mas não lhe perguntou nada, notando-se um mal-estar no rapaz, que também manteve o silencio. O pai esperou que o filho lhe contasse o sucedido, e sempre que os olhares se cruzavam a espectativa amentava, mas Fernando não queria ser considerado um queixinhas, pelo que teria de resolver o caso sozinho… astuciosamente pediu à mãe que o fosse esperar nesse dia à saída do colégio, na paragem do autocarro, e que fosse acompanhada dos dois cães de raça boxeiler, que se passeavam no pequeno parque do jardim não deixando aproximar desconhecidos. Intrigada a mãe perguntou: - filho é de bom grado que vou passear os animais, mas…- peço-lhe que não me faça perguntas. -E não será melhor que o teu pai esteja ao corrente disto? Deixemos o pai fora disto, pode ser? - Sim pode … lá estarei Fernando distanciou-se uns metros e os seus agressores não tardaram a aproximar-se dele com piropos e ameaças. Neste preciso momento Fernando gritou pelos nomes dos animais que saltaram para cima dos malfeitores e os mantiveram no chão enquanto ele pedia o telemóvel da mãe para ligar ao diretor da escola que apareceu com dois contínuos e perguntou: - O que se passa aqui? A história foi desvendada e os quatro rapazes expulsos do colégio. Quando os acontecimentos chegaram aos ouvidos do Sr. Félix, ficou melindrado e ao mesmo tempo furioso, porque deveriam tê-lo posto ao corrente. Entretanto, o Sr. Félix tinha recebido uma penosa resposta por correio, vinda do gabinete de um amigo especialista que o forçara a fazer variados exames, que um cansaço repetido lhe vinha causando problemas cada vez mais frequentemente. Confirmava-se uma doença genética rara que evoluía galopante. No seu rosto surgiu como uma aparência de quem esperava este momento, mas., subitamente surge na sua mente Fernanda e o filho, e penava-o atrozmente ter de deixá-los numa fase que eles precisavam tanto. Uma lágrima veio refugiar-se no lenço branquinho manchando a felicidade que retomara desde a morte da sua esposa. Não havia tempo a perder, naquele mesmo dia deslocou-se ao gabinete do seu notário para redigir um longo testamento, legando a Fernanda todos os seus bens, enquanto o filho não atingisse a maior idade. Fernando A e sua mãe tinham-se reconciliado com os avós e sempre que podiam davam lá um saltinho, e todas as férias de Fernando A eram passadas na Aldeia que de bom grado o tinha adotado, e ele manifestava grande satisfação em permanecer no seio dos seus, pelo menos dos que restavam, Filomena, uma rapariga esbelta,, inteligente, e muito ativa, pelo que lhe valeu o sobrenome de☹( borboleta) os restantes filhos tinham emigrado dois para o Canadá, e uma rapariga com o amigo para a Suíça. Entre Filomena e Fernando havia apenas dois anos de diferença, e, como dois adolescentes, percorriam montes e vales, correndo um atrás do outro às gargalhadas, desfrutando do que a natureza tem de melhor, sem compromissos nem obrigações, sentiam-se livres como os passarinhos, que assentados por detrás de arbustos escutavam cantar em silêncio para melhor saborear, aquela paz de espirito, sobretudo que havia pouco tempo lhe fora desvendada a história da sua vinda ao mundo, a de sua mãe, e a daquele pai que ele amava muito, mesmo sem saber, e que aumentou a sua consideração e respeito, fazendo-se a jura de nunca olhar para o seu pai biológico nem familiares. A sua verdadeira família era aquela que o amava e acarinhava onde quer que estivessem, na casa dos avós maternos mesmo com umas reformas precárias, mas que esticavam sempre que era necessário, e com a ajuda dos filhos residentes no estrangeiro, os quais tinham recebido uma educação exemplar, ainda que não tivessem os meios de ir a estudar, tiraram cursos profissionais que podiam rivalizar com os Doutores, aplicando-se ao máximo na arte que lhe dava o pão para cada dia, longe ou perto do ninho familiar. Frenando A e Filomena conversavam muitas vezes como dois adultos, e nessas conversas surgiam projetos para o futuro. O rapaz desejava ser médico como o pai, e as perspetivas eram bastante animadoras, tanto financeiramente como a nível de notas escolares, já Filomena, apesar de ter excelentes notas, surgia o problema do financiamento, que já era pesado na secundária, porém tinham esperança que qualquer milagre se viesse a produzir, e como ainda faltavam muitos anos, congelaram tais pensamentos desfrutando do presente com gratidão e jovialidade. De volta a casa, Fernando A, entrou nesta com ar alegre e feliz. Os seus olhos brilhavam, como havia muito tempo não se viam brilhar, o que despertou a curiosidade da mãe que lhe perguntou: - Pareces tão feliz meu filho! A que se deve essa felicidade? - Estar com os avós na casa deles… e com a tia Filomena é o máximo. Ela é… como dizer, é… fantástica. Passamos os dias juntos, falamos de tudo, como se fossemos irmãos, como… - Meu filho; nesse teu entusiasmo vejo, talvez com olhos de mãe, qualquer coisa que não me agrada. Sabes que é tua tia? - Sei perfeitamente e a nossa amizade é apenas fraternal, não se preocupe. Mas Fernanda ficou mesmo preocupada e foi aconselhar-se com o marido, que entrava em casa afagado como se tivesse corrido a manhã toda. Também o seu estado a preocupava, mas nunca tinha ousado perguntar-lhe o que quer que fosse por respeito à sua intimidade, agora era talvez a ocasião propícia para o fazer. Fecharam-se no quarto, e discretamente conversaram como dois adultos sobre os dois casos. O da sua doença deixou marcas visíveis no coração da esposa, mas já o médico expunha o diagnóstico que por enquanto não era dramático. Quanto aos jovens, eram ainda muito jovens pelo que os decorreres dos acontecimentos poderiam trazer suspeitas que teria de ser corrigidas.

quinta-feira, 18 de janeiro de 2024

O canto

Miguel Torga, A nossa homenagem ❤️ 🌻🌻 Ai, a vida! Quanto mais me magoa, mais a canto. Mais exalto este espanto De viver. Este absurdo humano, Quotidiano, Dum poeta cansado De sofrer, E a fazer versos como um namorado, Sem namorada que lhos queira ler. Cego de luz, e sempre a olhar o sol Num aturdido Deslumbramento. Cada breve momento Recebido Como um dom concedido Que se não merece. Ai, a vida! Como dói ser vivida, E como a própria dor a quer e agradece. In Diário XIII

quinta-feira, 4 de janeiro de 2024

escreverei

Na palma das mãos AB Escrevo na palma das mãos, enrugadas, calejadas onde as letras tremem, e num sorriso desviado olho o luar indiferente, tentando entrar pela frente daquela janela que por magia, de par em par se abria, para mostrar lá no céu azul, as estrelas que num frenesim impetuoso, dançavam ou cantavam, já não sei, expandiam no firmamento um cintilar do momento. Escrevo nas folhas mortas, que no chão caem desamparadas, algumas desfiguradas, pelo Outono que ordena, que as árvores se desnudem sem vergonha, que só o tempo cobrirá de brancura, com a neve e sua formosura, em dias gélidos, onde aqueles olhares franzinos, percorrerão lentamente e com levura não encontrando a ternura, das aves que cantam assustadas, dos rios que velozes correm para o mar, dos passantes errantes, que não sabem o caminho, do chedre que se abriga num velho ninho. Escrevo na dor e no desespero, daqueles que provocam o flagelo, na inocência das crianças que ficaram orfelinas, num papel manchado de sangue sem linhas, no desconsolo dos que não têm onde se abrigar e nas paredes dos que os não deixam entrar, dos sem coração que não aprenderam a amar, na vulnerabilidade dos que abandonados esperam aquele dia, e que milhões de flores não trazem de volta a alegria nem o perfume dos lindos momentos que a nostalgia de uma foto amarelada, esquecida num canto sem brilho sem nada. Escrevo na lágrima que cai , nos cantos dos olhos da mãe e do pai, no silêncio que cala a verdade no vento veloz que corria na minha idade, nos jogos que com amigos joguei, nos tanques onde tantas vezes me banhei na corda do sino que tantas vezes puxei e nas estrumeiras por onde passei, nas ruas da minha amada terra, protegida do alto pela senhora da serra, e nas grandes fragas da ladeira escreverei teu nome minha amada, que pode nunca ser encontrada, mas nos meus sonhos sempre permanecerás eternamente meu amor.

terça-feira, 2 de janeiro de 2024

Dia de Reis

O dia de Reis. AB Como os dias se tornavam longos e as noites frias e desesperantes à espera do dia 6 de Janeiro onde tradicionalmente se cantavam e rezavam os Reis sob as ordens de um mordomo das almas, um quarteto de homens exibiam as quatro vozes que ecoavam nas casas serras ou vales deliciando os moradores da minha pacata Aldeia, o careto chocalheiro e os que lhe chamavam raposeiros que seguiam o cortejo radiantes fizesse frio, chuva ou neve, visitavam todas as casas ricos ou pobres, pedindo uma pequena esmola para os santos que representavam. Era a nossa tradição que supostamente jamais se perderia enquanto a evolução dos tempos não pôs um ponto final, porque as novas gerações não eram aliciadas por eventos que consideravam arcaicos, e aqueles que amaram profundamente começavam a sentir o peso da idade. O desinteresse começou a instalar-se pouco a pouco com desculpas esfarrapadas, porque vozes não faltavam para substituir um ou outro que por razões pessoais não podiam participar, e o nomeado mordomo das almas economizava o repasto para 20 pessoas. Hoje sente-se o vazio do que nos fazia vibrar nos ensaios quinze dias antes, e a avareza prevalece juntamente com a má vontade que siderou aqueles que fizeram parte do cortejo onde os interesses pessoais passam à frente de uma evidencia deixada pelo caminho ao abandono, deslocando-se aos Municípios como antigos graxistas, esperando chorudas recompensas e as tradições que vão dar uma volta… pena-me imenso que este abandono fosse fruto de atritos tendo sido abandonada nas mãos de quem participou ativamente durante anos, e quando foi nomeado mordomo deixou o barco à deriva… nesta terra que adoro foi sempre assim os mandões e os poderosos gostavam de ver o resto da população a seus pés, dispor de poderes sem a intervenção daqueles que eram considerados de segunda classe e jamais tinham voto na matéria, fossem demolições ou prorrogar as suas leis. Rebordainhos está hoje como estava Há trinta anos á espera de libertação que meia dúzia de magnatas restringem com sua própria e livre vontade, não se podendo mexer na ferida sob pena de represálias. Mostrarem-se em lugares religiosos para colmatar as aparências não é cidadania, mas ganancia que só o analfabetismo compreende. Homens honestos e valentes eram aqueles que todos davam o corpo ao “manifesto” e todos os dias saíam de cara destapada, sem preconceitos nem altercações. Voltando ao dia dos Reis, deixo aqui as quadras cantadas em quatro vozes Ó virgem nossa senhora Vós sois a estrela do mar Sem a vossa proteção Não podemos navegar Um raminho dois raminhos Fazem um, raminho bem feito Vivam os donos desta casa Esta vai a seu respeito (repetir em ré maior) Chegaram aqui três rosas Quatro cinco ou seis Se os senhores nos dão licença Vamos-lhe cantar os reis »» duas lágrimas de orvalho Caíram nas minhas mãos Quando te afagava o rosto Pobre de mim pouco valho Pra te acudir na desgraça Pra te valer nos desgosro