domingo, 30 de julho de 2023

Viveres II A guerra dos cardos Por: António Brás Em 2015 escrevia eu,( pode ver aqui) a guerra dos cardos, manifestando a minha indignação por ações bárbaras, e outros assuntos que me trazem de volta com o saco cheio e submerso nas profundezas de um oceano de corrupção, assediado por noticias de dubitável veracidade, incentivado constantemente a ligar para programas de aliciantes prémios, que servem apenas para financiar o pagamento do canal e seus escravos, revoltado profundamente com o que continua, e cada vez mais persistente, neste País onde nasci, e me foram roubados quatro anos da minha infância, com a obrigação do serviço militar, perseguidos como coelhos do monte, por cães que integravam a antiga DGS (pide), que me seriam extremamente uteis para completar o tempo designado para a reforma, não sendo abrangido pelas miseráveis migalhas atribuídas aos que foram degradados para o Ultramar. Não sendo hostil aos direitos da cidadania, greves ou manifestações, considero que a postura dos profissionais da enfermagem, é um atentado à integridade física dos cidadãos que contribuem para as suas subsistências… qual a diferença entre eles e os jihadistas? Um primo meu faleceu porque lhe foi adiada, a longo prazo, uma cirurgia e quando recorreu ao privado era tarde demais. Quantos como ele faleceram e continuam a ser vítimas de uma obsessão maléfica? Não posso julgar as suas reivindicações, porém, quando lhes foi feita a pergunta: “onde querem que o governo vá buscar 500 milhões de euros para pagar o aumento que desejam, e por que razão eles teriam direito a uma reforma aos 55 anos e a 35 horas de trabalho semanais”, a resposta da bastonária, supostamente também corrupta, é: o Estado tem dinheiro… terá dinheiro para satisfazer todos os desejos e ambições desmedidas, que num passado recente acolheram com um ranger de dentes silencioso, independentemente do partidarismo? Recentemente visitei uma familiar internada num hospital, e fiquei siderado com o que presenciei. Bandos de batas brancas, como estorninhos, aninhados ao fundo do corredor dialogando com gargalhadas insuportáveis. Continuo convicto de que o povo Português tem genes da etnia cigana por dentro e por fora a vaidade de quem quer viver acima dos seu meios… há por aí tantas investigações, sendo até os investigadores investigados, cujo resultado é = a 0, porque comem todos do mesmo tacho e nenhum deles cospe dentro com receio de ser contagiado. Desvios, toda a gente faz, da técnica de limpeza aos mais poderosos, quem nunca fez que atire a primeira pedra? Investigações aos Municípios do partido comunista revelam-se frutíferas em numerosos alegados crimes. Mera coincidência? Será que se investigarem todos os Municípios não encontram roupa suja para lavar? Somos decididamente um povo sem princípios nem valores, e o que mais arregaça sobe na escala, os outros descem. Vemos constantemente programas televisivos onde o pai mata a filha e a sogra, suicidando-se seguidamente como para provar o que não é meu nunca poderá ser de mais ninguém… distúrbios psicóticos? Mais próximo do Jihadismo. Voltando aos programas televisivos aquele apresentador que confronta Deus e o Diabo, que foi juntamente com a esposa, num futuro próximo escorraçado, porque obsequiado pela destruição, e não pela informação, volta agora, supostamente tomando o lugar de Deus, convidando afeiçoadamente e seletivamente aqueles que valorizem a audiência, opinando e ajuizando os erros alheios, e tentando que os telespectadores participem cortando-lhe o pio quando as tendências não pendem para o lado do diabo, deveria apresentar-se a eleições, ele que só fala verdade, que julga e condena, que sabe diferençar o bem do mal… Há mais cardos que amores-perfeitos nestas terras austeras, impudicas, maléficas, e ousamos fazer juízos de valores referente a outros povos que sofrem de pobreza e guerra, morrendo de fome e de frio, enquanto nós no aconchego e conforto de uma grande casa nos queixamos exigindo mais, cada vez mais, até que a corta demasiado esticada acabe por quebrar, e nos atire para a profundeza do abismo. As novas gerações sobreviverão, qual o grau de dificuldade já não sei.

segunda-feira, 24 de julho de 2023

SE AMANHÃ... Se amanhã for já tarde, tarde demais Para olhar o sol nascente e o poente Para pisar a relva de pés descalços Olhar a chuva de verão caindo na terra E o cheirinho bom da terra molhada Ou sentir o vento atravessar os terraços Se não der para sentir o cheiro salgado Da espuma leve do mar beijando a areia De comer aquele doce e sujar a boca Olhar os olhos de um amigo sincero Sentir um perfume transformando o ar Contemplar uns lábios que quase sufoca Ouvir "eu te amo" entrando fundo, na alma Deixando vontades de anseios guardados Arrepiando o corpo sem pedir permissão Se não se puder pedir perdão ou perdoar Deixando ódios ,rancores, possuir a mente Corroendo o ser, o espírito e o coração... Tudo o que ocorre na vida é tão breve Sem darmos por ela, o tempo passou E amanhã pode ser tarde, tão tarde... Não se podendo nunca voltar atrás. Que Deus permita e nos dê forças Para fazer hoje o que temos na vontade!... ZITA SANTIAGO

terça-feira, 18 de julho de 2023

o desassossego

Reconheço hoje que falhei, só pasmo, às vezes, de não ter previsto que falharia. Que havia em mim que prognosticasse um triunfo? Eu não tinha a força cega dos vencedores ou a visão certa [?] dos loucos... Era lúcido e triste como um dia frio. Tenho elementos espirituais de boémio, desses que deixam a vida ir como uma coisa que se escapa das mãos e a tal hora em que o gesto de a obter dorme na mera ideia de fazê-lo. Mas não tive a compensação exterior do espírito boémio — o descuidado fácil das emoções imediatas e abandonadas. Nunca fui mais que um boémio isolado, o que é um absurdo; ou um boémio místico, o que é uma coisa impossível. Certas horas-intervalos que tenho vivido, horas perante a natureza, esculpidas na ternura do isolamento, ficar-me-ão para sempre como medalhas. Nesses momentos esqueci todos os meus propósitos de vida, todas as minhas direcções desejadas. Gozei não ser nada com uma plenitude de bonança espiritual, caindo no regaço azul das minhas aspirações. Não gozei nunca, talvez, uma hora indelével, isenta de um fundo espiritual de falência e de desânimo. Em todas as minhas horas libertas uma dor dormia, floria vagamente, por detrás dos muros da minha consciência, em outros quintais, mas o aroma e a própria cor dessas flores tristes atravessavam intuitivamente os muros, e o lado de lá deles, onde floriam as rosas, nunca deixaram de ser, no mistério confuso do meu ser, um lado de cá — esbatido na minha sonolência de viver. Foi num mar interior que o rio da minha vida findou. À roda do meu solar sonhado todas as árvores estavam no outono. Esta paisagem circular é a coroa-de-espinhos da minha alma. Os momentos mais felizes da minha vida foram sonhos, e sonhos de tristeza, e eu via-me nos lagos deles como um Narciso cego que gozou a frescura próximo da água, sentindo-se debruçado nela, por uma visão anterior e nocturna, segredada às emoções abstractas, vivida nos recantos da imaginação com um cuidado materno em preferir-se. Sei que falhei. Gozo a volúpia indeterminada da falência como quem dá um apreço exausto a uma febre que o enclausura. s.d. Fernando Pessoa,
Dia de sorte xv AB A noite começava a cair quando Nack descia do táxi que a conduzira da prisão onde revelou o segredo ao sogro, fruto dos acontecimentos de alguns meses em que os dois sucumbiram à tentação da carne onde não houve responsabilidade e muito menos respeito num caso insólito desproporcional, que as circunstâncias aberrantes divergem e se tornam inaceitáveis. O cheiro perfumado que acompanhava a rapariga vindo das roseiras coloridas e vistosas não calmava aqueles nervos à flor da pele e a ansiedade que lhe martirizava o coração ao meter a chave na fechadura e logo que a porta se abrisse estaria o homem que amava incondicionalmente que com certeza a rejeitaria prestes a ser mãe de uma menina que os dois já amavam ainda no ventre. Tinha derramado muitas lágrimas durante o trajeto e as suas lindas feições eram a prova viva. Fred veio imediatamente ao encontra daquelas a quem chamava as minhas mulheres, mas ficou apreensivo ao ver aquele rosto sujo por onde tinham corrido o erro cometido que já não podia remediar. Beijou-a longamente tentando adivinhar o que se tinha passado, e ela em soluços não conseguia balbuciar palavra. Assentou-a no sofá e foi à cozinha buscar um copo de água fresca e pegando na sua mão trémula, ajudou-a a beber. Fred estava preocupado, mas não conseguia arrancar-lhe o desvairo que trazia dentro de si. Finalmente ouviu a sua súplica que a perdoasse que tinha perdido a cabeça num momento de fragilidade. - Estás a assustar-me por amor de deus diz-me o que se passa talvez possa ajudar? - Não podes meu grande amor, ninguém pode. E pegou-lhe na mão que levou ao ventre suspirando… esta filha não é tua… -Como? Que me dizes? traíste-me? Sim Fred e aqui me tens disposta a assumir as consequências. Faz de mim a mulher mais infeliz do mundo que é o que mereço. - Vamos conversar calmamente porque não te podes enervar e pelos dois vamos encontrar uma solução… já me afeiçoei a esta menina que será minha, nossa. É do teu pai Fred. - Do meu pai é neta. - Não é sua filha já fizemos os testes de ADN. Tudo nas minhas costas? Quem sou eu afinal? Não te reconheço e sei que o meu pai é homossexual, pelo que não acredito em nada do que dizes. _agora mesmo volto da prisão onde comuniquei os resultados e o mais surpreendente é que me pareceu feliz! - Devo admitir que no meio desta mascarada só eu estou a mais, sempre estive mesmo fazendo esforços para conquistar o seu amor. Não tenho pai nunca tive, fui sempre um miserável que não merece… excluso de tudo como um animal que nasce no deserto. A salvagem de uma família honrada, miserável sem pai nem mãe e agora que julgava ter uma esposa e uma filha para fundar uma família roubam-me também o mérito. Vai para junto dos teus pais, que eu a partir de hoje temo pelo que possa acontecer, serei um nómada ou um vivo morto, um parasita sem abrigo. Nunca mais me voltareis e ver. Só vou transportar um grande fardo a quem desejo as maiores felicidades, aquela que já chamava minha filha. Via crescer no teu ventre sei como ela será. - Fred não podes reagir assim? Eu amo-te com todas as minhas forças que achas que me vai acontecer? - Estás por tua conta como eu estou pela minha não me peças para sentir pena de ti como tu não tiveste quando me traíste.

sábado, 15 de julho de 2023

Solidão

Solidão AB Aí solidão quanto fazes sofrer! Não te mostras nem tens pena daqueles que desejavam viver, em casas onde as moscas se passeiam, corredores e quartos vazios, com calor ou faça frio neste silencio medonho empregando em fotografias amarelas, em recordações que minam corações que batem por bater, em suspiros abafados surgindo de todos os lados pela noite transformados em desejos de abandono, com a dignidade que resta, porque já nada apraz e só se pensa em partir para junto de quem amou e connosco caminhou com sorrisos e carinhos telhados onde se construíram os ninhos e se criaram os filhinhos com as posses que havia espalhando por todo o lado alegria chorando por vezes também que no colo da mãe encontravam o consolo de que precisavam. Aí solidão que crueldade a tua que te passeias na rua vestida de manto frustrado, calçada com o passado que te leva ao desprezo a quem agora vive preso, que já não precisa de casa, somente uma cama onde dormem as insónias e os choros de quem teve um dia uma família com a qual vivia quando amanhecia o dia e juntos saboreavam o perfume do café que se fazia já depois do galo cantar e com abraços ternos acalmar as dificuldades da vida. Tantas coisas já mudaram e os seres humanos transformaram a clonagem abrangeu aquele que nasceu para ser homem ou mulher. O sexo já não devia figurar em nenhuma identificação porque não se sabe qual é na realidade. Hoje homem amanhã mulher e quem assim não quiser, a separação é imediata e já com idades de velhos, com filhos que não admitem conselhos, seguem por caminhos sinuosos desleixando o que agora já não serve, por uma bola de neve, experimentar o alheio que o novo lhe possa trazer muitas vezes sem saber onde vão embarrar o pote. Os filhos deixam de ter casa, do afeto que cariciam, do carinho que lhes faltará, das reuniões em família onde apenas resta a mobília. Chamam machismo descaradamente a quem obrigam e consente querendo a igualdade. A verdadeira mulher será até morrer o que foi por alguém definido, e o homem com H grande o complemento direto. Não será porque uma mulher não saber substituir um pneu nem o homem coser as bainhas de umas calças que surgirão as separações. As Hormonas misturaram-se e as novas gerações sofrem a solidão que os vigia de perto

quarta-feira, 12 de julho de 2023

Destinos 640 A A vida gira como uma daquelas rodas gigantes que lhe chamam montanha russa e no seu percurso leva e traz vidas atribuladas e felicidades que surgem sempre nos momentos certos do viver dos seres humanos. Os dois meios irmãos foram visitar o terceiro, fruto do amor verdadeiro que nem sempre segue o caminha mais certo. Júlia acolheu-os como príncipes conhecendo quase a totalidade dos acontecimentos. Fez um repasto especial da sua invenção e enquanto os “meus homens” como ela lhes chamava, não chegavam conversou com os rapazes sobre coisas banais. Quando chegaram Firmino desceu à cave e escolheu uma das melhores garrafas de moscatel rosé que possuía. Durante o almoço que corria ás mil maravilhas, o telemóvel de Fernando C tocou recebendo a notícia de que seu avô teria falecido. Ficou lívido e as lágrimas corriam-lhe rosto abaixo silenciosamente. Não foi necessário dizer o que se passava, levantou-se e ia dirigir-se para a porta da rua sem balbuciar palavra quando o meio irmão o interpelou dizendo: deixa-me conduzir-te por favor? Fernando C não teria aceitado em circunstâncias normais, meteu a mão ao bolso direito e certificou-se que não lhe restava um centavo. Os dois olharam-se olhos nos olhos, a resposta foi: sabes que não tenho alternativa, aceito com imensa gratidão Despediram-se educadamente e seguiram imediatamente par o hospital onde encontraram a esposa exausta, melancólica. Agarrou-se ao neto onde estiveram longos momentos a velar o que tinham sido as suas vidas junto daquele homem extraordinário que durante tantos anos tinha assumido completamente o cargo de um marido exemplar. O funeral teria lugar dentro de 3 dias. Fernando A regressou a casa já alta noite, mas a mãe ansiosa e inquieta esperava-o. -Filho que se passou não é hábito teu chegar tão tarde? Muitas coisas se passaram em tão pouco tempo, e contou os acontecimentos. - Ó meu querido filho não tinhas que suportar um passado longo e doloroso, sem o auxílio da tua mãe. - Era a vontade de meu pai e creio que estará feliz porque se esclareceram tantas coisas que viviam na escuridão e mais cedo ou mais tarde haveria de fazer-se luz. Mãe hoje compreendi ao ver meu irmão caído contra o muro da quinta dos avós, que ser adulto requer muitas exigências e que ninguém está ao abrigo do erro fatal. É o destino de todos nós andar por caminhos sinuosos ou estradas que libertam e ajudam a suportar as dificuldades que a vida nos impõe dia após dia. Também visitamos aquela maravilhosa família felizes vivendo num paraíso terrestre. Agora resta-me ter em conta que sou seu filho e aconteça o que acontecer estarei sempre aqui para a minha querida mãe e tia borboleta

segunda-feira, 10 de julho de 2023

Tinha trinta e cinco anos e o curso de advogado feito em Coimbra, quando ainda era alguém, e por ele pensava, fazia projetos, sonhava ter uma grande família, uma casa modesta, mas agradável num lugar sereno e tranquilo. Foi desde sempre o orgulho dos seus pais que com grandes sacrifícios iam mantendo a esperança de poderem dar ao filho único, para alem do amor e carinho, um curso superior, mesmo rastejando e privando-se de alimentação, automóvel e tudo que viesse a agravar o orçamento magro que fruíam com poucos bens, mas enorme vontade sabendo que o filho era inteligente e tinha grandes capacidades de atingir o objetivo fixado. Quando queimou as fitas de fim de curso reparou como os olhares dos pais brilhavam no meio da multidão como estrelas no céu, cintilantes e felizes por ter conseguido. Um almoço modesto num restaurante que deixava a desejar, e aquele abraço que queria dizer tudo. Voltaram para casa, e Jorge começou a sentir o peso da responsabilidade, que se encontrava agora do seu lado para encontrar trabalho. Ordenou o seu curriculum e começou a fraquejar só em pensar que a empresa onde estagiou não o escolheu para ficar entre 6 colegas. Porém teria de ir à luta para não desiludir aqueles que retiraram o pão da boca para que ele pudesse ser diferente e ter um viver digno e respeitado. Todos os dias saía ou enviava e-mails procurando a redenção em qualquer gabinete de advogados. Desperdiçou o tempo em que as mulheres mais ou menos da sua idade lhe segredavam ou ouvido que era atraente e simpático. A resposta era sempre: tenho de estudar. Teve duas rápidas aventuras com mulheres que não faziam o seu género, mas, não era a sexualidade prioritária na sua vida. Instalado na residencial saía muito pouco visto o dinheiro nos bolsos também não pesar. Tinha-se acostumado a um pacato viver com muitas restrições pelo caminho. Não tinha amizades que lo ajudassem a subir a escada, teria de contar com a sorte e ela não queria nada com ele. Palmilhou km, bateu á porta de centenas empresas e gabinetes de advogados para receber um não categórico nu como estava ficando o seu cérebro. Tentou vários empregos precários para aliviar o peso monetário dos pais, mas não desejava permanecer nesta espiral depois de tantos esforços para conseguir o que desejava e pensava ser facultado um trabalho bem remunerado com estabilidade. Os dias foram passando num desespero que agitava também os progenitores convictos de facilidades que não existem em profissão alguma. Jorge andava numa pilha de nervos muito próximo da depressão nervosa. Seus pais já com poucas posses, caiu-lhes um freixo em cima quando tentavam cortá-lo para alimentar a lareira no inverno tiveram morte instantânea. A vida para Jorge deixou de ter sentido, caindo no alcoolismo e más frequências que o arrastavam lentamente para um abismo invisível. Vendeu os poucos bens que os pais possuíam, e até mesmo a casinha frequentando casas de jogos proxenetas, drogas e prostituição como um vadio sem educação e um vazio na bagagem do qual tentava vingar-se.»»» continua AB

domingo, 9 de julho de 2023

A nossa quinta

Demolir sentimentos presentes na memória de quem por lá passou e visitou não um solar, mas uma linda vivenda com capela e os compartimentos desenhados por pessoas que aglomeravam todo o amor tornando os edifícios uma beleza à imagem dos proprietários o mais idoso que conheci Sr. Sepúlveda de uma elegância extraordinária acompanhada de educação e respeito pelos que lá trabalhávamos. São quintas que passam de mão em mão como as da semana e só se demoram o tempo de eventuais ganhos monetários onde os milionários dormem de olhos bem abertos exigindo sempre mais. Segundo me consta foi comprada pelo grupo corrupto e alguns associados para transformar em “villages peoples” com golf. Hipismo e pequenas casas onde reinaria o amor pelo sítio e a diversão para os mais endinheirados. Tudo o vento levou e neste polvarinho de aquisições surge este com as seguintes ideias. »» O solar da Quinta de Vila Boa de Arufe, na freguesia de Rebordainhos, o paço da nossa história coletiva, foi irremediavelmente demolido para construir outro totalmente novo. Trata-se do edifício dos Figueiredos Sarmento - a mais célebre estirpe de Bragança durante o período moderno. Esta linhagem deteve a alcaidaria-mor do Castelo durante os séculos XVI-XVIII. Pois, o palácio desta família, que tão valorosos serviços prestaram à cidade, foi completamente arrasado. O projeto do exterior, na “internet”, comprometia-se a “preservar a fachada neoclássica do século XIX e potenciar as características arquitetónicas atuais” [1]. Com a demolição total do edifício setecentista tudo foi apagado. Nada vai restar da capela e dos seus símbolos matriciais, como a cruz e os pináculos, sobre o telhado […].«« É simplesmente lamentável tanto na construção como nos serviços que vai prestar, enquanto aqueles que por aqui viveram tem bem guardadas recordações prodigiosas que beneficiavam a freguesia e seus habitantes. Eu sugeria que pegassem nela e a levassem para o Alentejo, as penas seriam menores. Quem é dono do que é seu pode fazer dele o que quiser são estas as regras que ditam abismalmente aos que de fora só podem ladrar quando a caravana passa. Mas doi muito constatar que neste País tudo se vende se doa ou aluga por estarmos rodeados de incompetentes e malandros, recolhendo as migalhas do fruto que entra nos cofres dos exploradores à custa dos baixos salários da miséria humana cheia de vaidade e projetos semelhantes aos dos Países evoluídos por mérito próprio. Temos os melhores gestores, mas entregamos a PT em troca de uns trocos. Os melhores engenheiros, mas a TAP não dá rendimentos, os melhores médicos que deixam falecer todos os dias gente por neglicência, e porque nos privados ou estrangeiro pagam mais, o staff mais corrupto da europa, guardas que matam por terem uma farda vestida, professores desejosos de um salário chorudo e os alunos passam em segundo plano. Arquitetos que não sabem o que é EDP, funcionários públicos que para além de incompetentes se mantém ao serviço até morrer por lhe faltar companhia em casa. Municípios que adotam o mesmo sistema de alugar e os utentes são meras pedras mortas pagando somas exorbitantes de água e saneamento à revelia. Já vivi onde havia greves manifestações exageradas, mas sempre se encontrou um consenso, aqui não podemos chamar um país a quem usa contadores que não lhe pertencem e deixa abandalhado o rebanho no meio de bestas ferozes.AB

sexta-feira, 7 de julho de 2023

à espera do milagre

Dia de sorte 699 Ab Era Sexta feira um dia 13 de maio, e a futura esposa de Fred levantou-se cedo, disse ao futuro marido que ia visitar os pais. Arranjou-se como uma grávida perto do parto mandou chamar um táxi e disse ao condutor para a conduzir a Fátima onde se realizavam as cerimónias anuais. -Tem a certeza? Perguntou o condutor. Os custos são elevados devo preveni-la. - Leve-me o mais rápido possível a Fátima que será pago. No trajeto bastante longo a mulher começou a sentir-se mal e pediu água fresca. O dono do carro sentiu que se tinha metido numa grande alhada, mas tentou remediar parando numa estação de serviço onde comprou 2 garrafas de água. Foi ao voltar para o carro que as coisas se complicaram, a sua cliente tinha entrado em trabalho de parto contorcendo-se e em altos gritos alertou os presentes entre os quais uma enfermeira que se ofereceu prontamente para prestar os primeiros socorros. Levaram a Senhora para um espaço reservado e chamaram o INEM que chegou já depois de ter perdido as águas. Instalaram-na na ambulância e o mais competente afirmou terem tempo de chegar ao hospital mais próximo. - Peço-lhe que por favor passem pela basílica de Nossa Senhora de Fátima gostava de deixar depositada uma oração. Os funcionários olharam uns para os outros incrédulos ligando para o comando que tratou de tudo. Surpreendente como as crenças podem fazer mover montanhas sobretudo que não era a sua verdadeira religião. Esperava talvez um milagre depois dos erros cometidos, mas não se operou. Teria de assumir os seus atos, e como prémio uma linda menina acabava de nascer. Já meia recuperada pediu para telefonar ao futuro marido que acolheu a notícia com grande alegria e felicidade. - Vou já para aí para junto da nossa família. Fred… eu não sei como dizer-te, amo-te tanto, mas este filho não é teu. Não quero envolver-me em mentiras, como não desejava perder-te, foi um grave acidente que surgiu nem sei como, mas sabes que és o homem da minha vida! Fred, por amor de deus diz alguma coisa ou mata-me se achas que não te mereço. Eu preciso ouvir a tua voz… - E vais ouvi-la, diz-me só quem é o pai? O teu fred… Pelo rosto do rapaz passaram todas as cores de raiva, traído depois de abandonado não podia ser? - Que me dizes mulher infiel? Fred ficou destroçado como se lhe tivessem arrancado um órgão do seu corpo martirizado pela dor. Confiava cegamente na mulher que amava e foi atraiçoado por aquele de quem tentava recuperar o afeto e carinho, que esteve sempre ao seu lado nos momentos difíceis acompanhando braço no braço o drama que o atirou para a prisão que visitava frequentemente exprimindo palavras de reconforto, comportando-se como um verdadeiro filho que se transformou no farrapo mais manchado do mundo. Saiu de casa tão frustrado que não via nada nem ninguém. Vagueou pelas ruas desertas e escuras, entrou em bares e bebeu até cair num canto onde o álcool o aqueceu e adormeceu cheio de dores no coração. No dia seguinte dirigiu-se à prisão e sujo por dentro e por fora pediu para falar com o pai que não ficou surpreendido ao vê-lo, parecia que o esperava. Já tinha conhecimento do nascimento da menina e das peripécias advindas. Também estava a sofrer com a situação, mas os seus olhos derramavam lágrimas de felicidade. Disse apenas: perdoa-me filho

quarta-feira, 5 de julho de 2023

destinos

Destinos Ab 630 O dia estava nublado com nuvens negras que anunciavam uma trovoada a qual não se fez esperar. Chuva e granizo rapidamente inundaram a entrada da quinta, Fernando A correu para o carro deixando o irmão que não se moveu de lugar protegendo a cabeça enquanto a água lhe descia pelo corpo todo, mas não tinha forças para se levantar e a notícia que recebeu pareceu abalar um coração de alcoólico miserável enrolado em farrapos. Fernando meteu a chave do seu automóvel na ignição para fugir o mais rapidamente possível daquele lugar onde lhe barravam a entrada. Fazia marcha atrás quando reparou que o irmão estava levando com as intempéries sem se mover e doeu-lhe o coração deixar um individuo que agora sabia ser seu irmão, naquele estado deplorável podendo até morrer. Puxou o travão de mão energicamente, abriu a porta do passageiro e correu levantar o pesado corpo do irmão com grandes dificuldades, mas meteu-o no seu carro, sujo e cheirando a álcool que dificilmente se podia respirar no interior. Por fim disse: quando isto passar levo-te a casa dos teus avós, queiras ou não… -Impossível estão os dois internados. - Então indica-me o caminho que vamos diretamente para lá. -Queres ouvir-lhe o último suspiro é isso que pretendes? Estão gravemente doentes e o que tens para lhe dizer não vai alterar nada ao que meu… pai fez. Eu conhecia uma parte da história contada pela única mulher que amei, eles não. Contudo vamos visitá-los e avaliarei o seu estado antes de mostrar o ficheiro. Meia hora depois entravam numa loja vestimentária onde Fernando A pediu se era possível vestir o amigo dos pés à cabeça e se possível lavar-se? _para a duche terá de subir ao 2º piso onde lhe será fornecido todo o material para o efeito, enquanto nós tiramos medidas para um rapaz novo. Também foi chamado um cabeleireiro para cortar o cabelo e as barbas resistindo. Não quero que vejas os teus avós nesse estado de degradação pelos quais foste o menino mimado toda a vida. Uma hora depois saiam os dois como pessoas dignas, mas Fernando A acrescentou: - vou-te cobrar tudo até ao último cêntimo não penses que vais viver com custos que não suportarei. -Está bem – respondeu o outro, mas uma cervejinha agora caía como do céu… Entraram no elevador e no 4º piso na secção medicina seguiram o corredor até à enfermaria 708. - ´´E aqui o meu avô. Dirigiu-se ao seu leito e foi beijar o moribundo como sempre o fazia segurando-lhe as mãos com medo que partisse. -Que surpresa meu filho estás tão lindo já pensavas ser o meu funeral? - Avó? Sabe perfeitamente que o amo para além de tudo… Trouxeste um amigo contigo? Mais que um amigo, um irmão. Como assim? – Avô sente-se com forças para ler o que o passado manchou? - Que queres dizer com isso? Que só serão reveladas as notícias que o meu irmão traz consigo se me prometer que tem forças para suportar, e aviso-o que são pesadas. Venham daí essas notícias que eu não fecharei os olhos antes de saber. Dos seus olhos saíam rios de lágrimas, á medida que foi lendo, as mãos tremiam, e o coração batia a um ritmo infernal. Quando terminou chamou os dois e apenas disse: Senhor perdoai-lhe que não sabem o que fizeram. Despediram-se com um terno beijo, talvez o último da sua existência…. Foram juntos abraçar o outro irmão velho conhecido de Fernando A na queima de fitas em Coimbra