quinta-feira, 28 de abril de 2022

Deixar o ninho

Mãe, eu preciso ir.. Mãe Talvez você demore a compreender, talvez você chore incontáveis noites por ver o ninho vazio, talvez você me ligue com aquela voz embargada, sofrida, de quem está guardando um mundo de saudade em um nó na garganta, mas mãe, eu tenho que ir. Tenho que aprender a separar a roupa por cores na hora de lavar, tenho que descobrir que a louça continua na pia no dia seguinte, que cheiro de banheiro limpo é bom, principalmente quando fui eu que limpei. Tenho que aprender a cozinhar mais coisas além de macarrão com salsicha, conto com a internet para me ajudar com isso. Tenho que aprender que o meu salário precisa durar 30 dias e que balada e cerveja não são lá as necessidades mais básicas. Tenho que me sentir só, tenho que falar para as outras pessoas “minha mãe sempre diz que..” e sentir orgulho dos inúmeros conselhos que você me deu na vida e nem sempre eu dei muito valor. Tenho que identificar as amizades ruins, coisa que você fazia por mim antes, tenho que ser forte e segurar aquele palavrão que o meu chefe merecia mas você me ensinou que um profissional sério não sai de si tão facilmente. Tenho que criar meus próprios ritos de sábado à tarde, que antes eram fazer bolo e dançar loucamente na cozinha com você. Tenho que tirar o pijama aos domingos, fazer almoço, fazer o jantar e não simplesmente ler um livro enquanto espero que você faça tudo por mim. Tenho que assistir aquele filme incrível sem companhia e não ter ninguém pra chorar timidamente comigo, tenho que sentir falta do abraço que era a fortaleza que eu precisava em um dia ruim e da sinceridade que me ensinava a ser um ser humano melhor todos os dias. Mas não pense que é fácil para mim, vai doer todos os dias da minha vida, não voltar para casa e ver seu sorriso tranquilo, poder contar cada detalhe do dia e não sentir um mínimo sinal de tédio no seu rosto. Vou sentir saudade mesmo quando eu tiver dois filhos, mesmo quando eu tiver oitenta anos, mesmo quando eu tiver escrito o melhor livro da história. Preciso ir mãe mas te levo sempre comigo. - Samanta Selzler

sexta-feira, 22 de abril de 2022

ASSIM COMO ASSIM Tanto ruído no interior deste silêncio: são as vozes dos outros a falarem em mim, pessoas de quem gostei, pessoas que perdi, gente que tenho ainda. Não me parece que herdei muito dos meus pais, dos meus avós: algumas coisas mais ou menos superficiais mas lá no fundo nada. Princípios, claro. Regras. O resto, quase tudo, fiz sempre sozinho. E estive sozinho nos momentos mais difíceis da vida, que sofri na carne como um cão: aquilo que, destilado, aparece nos livros, que são o itinerário da aprendizagem da dor, a certeza da vida redimir a morte, da necessidade da alegria, da serenidade conquistada a pulso. A humilde capacidade de admirar as pessoas, respeitá-las, que tanto tempo levei a conseguir. Olhar nos olhos o que um ano destes não serei. Custa-me a ideia de não escrever, um dia. Do mundo continuar sem mim. De perder corpos, calor: o que ganharei em troca? O meu pai foi-se embora há quatro anos: percebo hoje que existia entre eu e a morte, a defender-me sem saber que me defendia e que a partir de então, quando ela tocar à campainha, é a minha vez de abrir a porta: não quero chegar à maçaneta e tropeçar, quero mostrar-lhe a casa limpa e pronta. Dizer a quem se achar ao meu lado -Eu já venho e descer as escadas. Não se incomodem, não se levantem: sou capaz de descer as escadas sem ajuda até vários palmos abaixo da terra. Espero que haja sol nesse dia, um arrepio alegre nas árvores. Não se incomodem que já venho. Sentir-me-ão nos objectos, deixarão de sentir-me a pouco e pouco à medida que a saudade se atenua. Continuarei aqui atrás dos meus livros, na altura em que ninguém meu conhecido sobrar. Ficam retratos, claro, reflexos pálidos do que fui. Depois nem sequer os retratos, um nome apenas. Páginas e páginas que não imaginarão o que me custaram, a luta permanente, a dificuldade em limpá-las. Tem de passar-se as passas do Algarve para dar prazer ao leitor. Espero que Deus me conceda acabar três ou quatro textos, deixá-los prontos para que outros construam por cima, como eu construí por cima dos que me precederam. Se alguma dignidade de homem tenho deu-me a Arte. Hipócrates: a Arte é longa, a Vida é breve, a Experiência enganadora e o Juízo difícil. O meu pai tinha isto num rectângulo de papel, no seu gabinete do hospital. A Arte é longa, a Vida é breve. Se te sentes desfalecer pega na tua própria mão para ganhares coragem. Talvez dê resultado. Tentaste. É noite agora, corri as cortinas, estou sozinho. Faltam-me os meus amigos, falta-me o mar. Estantes cheias de lombadas, esta mesa. A esferográfica que lá vai andando aos tropeções. Os cigarros são a água com que empurro a comida das frases. Gostava de deixar de fumar, uma escravidão estúpida. Eis-me sozinho rodeado de vozes. Ninguém me pode ajudar a fazer isto. Se cair do trapézio a responsabilidade é minha e o aleijar das costas também. Conseguirei agarrar o próximo, falharei? Não me interessa narrar histórias, contento-me em abrir o coração. A minha mãe fez noventa anos em dezembro: limita-se a esperar numa cadeira. No que me respeita não vou esperar numa cadeira: a mão desenhará letras até ao fim. Esta não é uma crónica melancólica: é a obstinação do ofício que pratico desde que me conheço, afastando sempre o que o estorvava. Pagam-me para fazer o que faria de qualquer maneira e portanto sou uma criança feliz. Na altura em que a morte, de que falei há bocado, chegar, já a venci. Amanhã na batalha pensa em mim: um título do meu amigo Javier Marías. Hoje na batalha penso em vocês, não deixo de pensar em vocês. Somos tantos, cada um de nós é tantos. Há horas cortei o cabelo: à minha frente, no espelho, um sujeito a quem cortavam o cabelo e me olhava. Parecíamos desconfiar um do outro e tive vontade de pedir-lhe desculpa por o tratar tão mal, comendo não importa o quê, dormindo pouco, não lhe dando atenção. São Francisco de Assis: confesso que tratei muito mal o meu pobre irmão corpo.. Haja alguma coisa em que São Francisco e eu sejamos colegas. Lá estava o António com as madeixas a tombarem na toalha, aquela boca, aqueles olhos. Rugas: serão do espelho ou minhas? Que idade tenho? Sei lá: muda constantemente para trás, para o lado, às vezes foge-me, outras regressa: ao cortar o cabelo estava ali, viva. E é impossível ser aquilo, é impossível ser isto. Nada em comum entre nós e o cabelo a descer para a toalha, sem cessar. Veio-me à ideia o barbeiro do meu avô, o senhor Melo, a rua 1º de Dezembro, manicuras que eu achava lindas, tão perfumadas, tão gordas, a arrulharem: devo-lhes a minha primeira ercção consciente, pensei pedir-lhes para casarem comigo, as duas de uma vez. Não pedi. Quer dizer, pedi sem as palavras e não me responderam, ocupadas a fazerem festinhas nos dedos de uns cavalheiros quaisquer, de joelho activamente (gosto do activamente) encostados à perna deles. De modo que ao conhecer o desejo, conheci o ciúme. E a indiferença, já agora, porque não me ligaram nada. Que teria eu de mal para além de oito anos? E oito anos é um defeito assim tão grande? Ninguém sabia, claro, que eu era o escritor mais importante do mundo e maçava-me elas não o reconhecerem com um relance apenas. Um génio ao alcance do braço e as manicuras zuca zuca na fazenda dos cavalheiros. O senhor Melo, esse, entendeu-me o olhar -O avozinho nunca deixa que lhe toquem e eu achar de imediato que o meu avô era parvo. Mal entrei em casa fui à brilhantina do meu pai (um boião pegajoso) e penteei-me para trás. Só me faltava o smoking e uma actriz ao lado para ser Gary Cooper por uma pena. Gary Cooper, na minha forma de ver, não andava longe de Camões, de maneira que me espantou, ao jantar, mandarem-me comer a sopa mais depressa. Não imaginava (não imagino) a mãe de Gary Cooper e Camões (uma para ambos chega) a mandá-los comer a sopa mais depressa. Recordo-me de afirmar -Sou melhor que Camões e Gary Cooper juntos e multiplicado por dez e ainda hoje estou para compreender o que significava o silêncio que se seguiu. António Lobo Antunes – Quarto Livro de Crónicas, pág. 189

quinta-feira, 21 de abril de 2022

Dia de sorte

Dia de sorte ant por António Braz Quando voltaram da entrevista os Miller pai e filha já a noite alongava os seus costumes preguiçosos ornamentados de estrelas e um luar fusco, empurrando os moradores para o conforto de suas casas. A Sra. Miller, após uma longa espera rica em sentimentos revoltantes, tentou sair daquele quarto por todos os meios antes que voltassem marido e filha, não tendo explicação convincente que justificasse o encarceramento no quarto conjugal, cuja porta estava fechada à chave, por segurança e receio que Francisco depois de meter tudo numa mala e num saco foi verificar saindo seguidamente a passos largos como que é perseguido. Mentalmente repudiava os seres humanos que conseguiam superar os animais, meigos, compreensivos e obedientes. Os nascimentos, para os progenitores é um acontecimento magnífico, mas, como nem todos nascem perfeitos então rapidamente se tornam taciturnas, indiferentes, distantes como se eles fossem culpados. A senhora Miller depois de numerosas tentativas para sair pela janele que ainda era alta, viu-se obrigada a desfazer a cama e pela porta varanda atirou o colchão para baixo para onde saltou, torcendo ainda um dos pés, mas, as dores não impediram de carregar com o colchão o mais rapidamente possível levando-o para o seu lugar. Estava fazendo a cama quando voltaram marido e filha gritando o seu nome do fundo da escadaria que conduzia aos quartos na parte superior da casa. Confusa e com o cabelo solto, algumas manchas de negro no rosto desceu as escadas receosa e apreensiva com um menino que acabava de fazer uma asneira. Que se passa? – perguntou o marido atónito numa perplexidade desconcertante. O jantar ainda não está feito’ - Desculpai, mas passei tanto tempo no arranjo dos quartos que não me apercebi das horas que eram… A filha começou a rir às gargalhadas, quando o chefe de família furioso, retorquiu: - Silencio por favor que não estamos numa casa de circo e gostaria de saber as verdadeiras razões pelas quais a tua mãe se esqueceu das horas? E o Francisco? Onde está o Francisco- Talvez tenha saído com os amigos… - Antes de jantar? Vou ver se está no quarto…. Quando chegou à entrada do quarto do rapaz e deparou com a porta grande aberta surpreendeu-o e quando entrou reparou que todas as suas coisas tinham sido levadas o que o levou a perceber que o rapaz tinha partido definitivamente, sem uma palavra de adeus, um endereço onde pudessem contactá-lo, nada. Isto não corresponde a este rapaz sempre cordial. Educado, e não partiria sem os agradecimentos devidos. Aqui passou-se qualquer coisa e vou já saber o que^. Desceu as escadas duas a duas e já em baixo perguntou à esposa o que se tinha passado para o rapaz ir embora como um fugitivo. De rosto vermelho e a gaguejar apenas disse: eu não sei. - Não sabes? Neste preciso momento toca o telemóvel. Do outro lado Francisco desfazia-se em desculpas por ter partido precipitadamente, mas um colega esperava-o na sua nova casa, que lhes estaria grato eternamente por tudo quanto fizeram por ele mas agora teria de seguir a sua vida para a frente sozinho. -E porque não disseste nada à minha esposa? -Tinha saído e o tempo escasseava. U grande abraço para todos e que deus lhes pague porque eu nunca poderei. - Diz-me pelo menos para onde foste viver. Eu vou dando notícias. Muito obrigado por tudo Professor.

sábado, 16 de abril de 2022

Basta tão pouco

Timidez (Cecília Meireles) Basta-me um pequeno gesto, feito de longe e de leve, para que venhas comigo e eu para sempre te leve… - mas só esse eu não farei. Uma palavra caída das montanhas dos instantes desmancha todos os mares e une as terras mais distantes… - palavra que não direi. Para que tu me adivinhes, entre os ventos taciturnos, apago meus pensamentos, ponho vestidos noturnos, - que amargamente inventei. E, enquanto não me descobres, os mundos vão navegando nos ares certos do tempo, até não se sabe quando… e um dia me acabarei.

sexta-feira, 15 de abril de 2022

Artesanato ppela gente de Murós

O artesanato de trabalhos manuais dos alunos da Professora Olga estão expostos na antiga escola, onde esta senhora de uma amabilidade imensurável, de coragem, simpatia isenta por tudo em que se empenha em fazer, indo ao limite dos esforços, para que a nossa comunidade usufrua de ginástica cotidiana, eventos de convívios incluindo caminhadas com a universidade sénior de Macedo, por caminhos sinuosos que maçam os pés mas aliviam os pulmões com balões de oxigénio, embelezando a mente com os cheiros campestres de uma paisagem incomparável que preza e dá alento para continuar com otimismo a suportar as idades e contrariedades que a vida nos impõe. É deveras lamentável que fundos desperdiçados em aplicações em Portugal não sejam atribuídos a pessoas que velam pelo bem-estar de uma comunidade, todos os dias sem serem remuneradas, porque o benévolo sendo uma ação de louvar, não alimenta um lar de quatro pessoas, entre as quais duas crianças que necessitam de meios para poder estudar a 21km de distância da sua residência Não sendo eu moralista e sem poderes para ordenar injustiças, limito-me a colocar fotos das pessoas que tiveram astuciosamente a coragem e o prazer de perder o seu tempo com variadas formas de criar e expor para grade prazer dos visitantes, e orgulhosamente subscreverem as suas obras. Não estamos a falar do museu do Louvre nem dos autores conceituados e reconhecidos em todo o Mundo, apenas de pessoas simples com intuição de criar, e que toda a comunidade reconheça os valores, a vontade e o desejo de reconhecimento. Por motivos de saúde não me foi possível incluir-me na caminhada, nem no convívio de dezenas de pessoas, que partiram com o sentimento de singular acolho, brindados com iguarias sendo a hospedaria o maior orgulho das gentes de Murçós, com a ajuda de todos por um e um por todos, esta senhora veio de terras longínquas, integrou-se e mudou de certa maneira algumas mentalidades, para bem de todos, Termino o meu relatório com agradecimentos sinceros a todos os participantes especialmente para a Professora Olga, marido e filhos que estiveram muito ativos no evento.

quinta-feira, 14 de abril de 2022

A Páscoa

Significado da Páscoa O que é Páscoa: Páscoa é uma importante celebração da igreja cristã em homenagem à ressurreição de Jesus Cristo. Páscoa se origina da palavra em latim Pascha, que deriva do hebraico Pessach / Pesach, que significa “a passagem”. Essa “passagem” esta descrita no Antigo Testamento como a libertação do povo israelita da escravidão no Egito. A Páscoa era celebrada pelos judeus para comemorar a liberdade conquistada pelo seu povo. Já no Novo Testamento, a Páscoa é a celebração da passagem da morte para a vida, através da ressurreição de Jesus Cristo. De acordo com o calendário cristão, a Páscoa consiste no encerramento da chamada Semana Santa. No catolicismo, as comemorações referentes à Páscoa começam na "Quinta Feira Santa" com a Missa da Ceia do Senhor. Em seguida, na "Sexta Feira Santa" é celebrada a crucificação de Jesus. O "Domingo de Páscoa", que celebra a sua ressurreição e o primeiro aparecimento aos seus discípulos, encerra as comemorações de Páscoa. A Semana Santa é a última semana da Quaresma, período em que os fiéis cristãos devem permanecer por 40 dias em penitências e períodos de jejum. Apesar disso, as práticas nesta época variam de acordo com a religião em questão. Por exemplo, os cristãos católicos e os cristãos protestantes têm práticas diferentes durante a Páscoa.

segunda-feira, 11 de abril de 2022

Mais um dia

O dia apareceu cinzento, escuro, e a chuva não tardou a juntar-se mansa e leve como quem tem receio de cair. É Segunda-feira, um dia como tantos outros que vão passando desacautelados, abrindo grandes portas à solidão no interior de uma casa fria de afetos e parca de agremiação, onde nem o zumbido dos insetos se pode ouvir correndo as flores para lhes sugar o pólen. Os passos vão-se tornando cada vez mais ronceiros, percorrendo os escaninhos onde estão guardados sigilos, confidencias, silêncios, confissões, discrições, intimidades, privacidade que lentamente se tornarão prestos para mais tarde serem amarfalhados por enraizamento abominador, n’uma desmemória aferrado. As minhas lentas e curtas caminhadas ajudam-me à inspiração de escrever, e as colinas acolhem gratuitamente um penar, sem cura; pinheiros, oliveiras, e o verdejante dos castanheiros trazem às minhas recordações tempos idos, e nostalgicamente vejo de olhos encharcados os anos 50/60/ e 70 onde Murçós e a minha terra amada Rebordainhos eram Aldeias de gente simples mas honrada, onde cabiam os mais vulneráveis, e os poucos que possuíam um curso académico, caminhavam lado a lado descontraidamente com os que não lhes foi dada a possibilidade de estudar bem longe dos lugares onde nasceram, Se não estou em erro poucos foram além do professorado primário, e muitos deles sem magistério, apenas com o 7º 5º e 2º anos da escola superior. O solo de Murçós fértil em minérios ajudou muitas famílias a melhorar o cotidiano. Em Rebordainhos foram as batatas e cereais. Recordo-me imensas vezes os relatos do tio António Valongo, conversando enquanto saboreávamos o sol junto da casa do meu amigo Reis. A imigração veio trazer grandes benefícios, mas as mentalidades não seguiram o ritmo. O carvão foi para alguns o único meio de sobrevivência – dizia-me o tio Valongo. Depois veio o negócio ilegal do minério que permitiu dar uma formação aos filhos, com perícia e astúcia, como os banqueiros do povo em Rebordainhos, que fruíam de uns patacos, emprestando-os a juros exorbitantes. Hoje são Aldeias fantasmas, as raízes dos oriundos apodreceram, e os próprios tem asco de terras selvagens quando possuem mancões com relva piscina e casa do campo onde podem fruir de todo o conforto. O que foram os pais e avós, são histórias da carochinha, que uma borracha apagou para sempre. Alguns ainda vem por vaidade, para mostrar o que são, e os automóveis de topo de gama, orgulhosos por terem e serem mais do que aqueles um dia foram respeitados a quem eles vergaram o dorso por uma codea de pão. Todos temos o direito de viver respeitosamente, sem necessitarmos provocar, reconhecendo o que fomos e de onde viemos, com a simplicidade que nos caracteriza, sem seguirmos lições moralistas de qualquer religião que seja. A humildade entra em todo lado o egoísmo encontrará barreiras

domingo, 10 de abril de 2022

Na Bruma

A Bruma: por António Brás Envolvente, esconde passados e presentes, a vida dos que sofreram e sofrem desesperadamente, momentos de felicidade amor e carinho, onde os haveres e seres não tem lugar, são estas belas recordações que nos mantem em pé, vivos, das quais não nos arrependemos e voltaríamos a experimentar, porque a mendicidade ensina-nos a conviver com os abastados, cultos, leigos, literários e bestas que só pensam na destruição, na altivez que os conduzirá a um jazigo construído com mármore da china, para entusiasmar as aparências, porque quando se parte é definitivamente e não há o diabo, (se existe) que valha, nem ouros nem fortunas, poderes xenofobias, braços longos ou curtos, favores a amigos em troca de outros favores O arrependimento já não serve para nada, porque é em vida que o sol aquece, o vento arrefece, e a neve foi transformada pela chuva. As montanhas deixam de parir ratos que minam destinos transformando-os em pequenas formigas, pisadas exterminadas também. (no Puto de Vale dos amieiros) livro que escrevi e que podem procurar (no sítio do livro) ficou muito por dizer, apesar de ser uma parte de autobiografia minha, não julguei necessário expor pessoas e factos que por certo avolumaria o livro para 800 páginas descritas que dentro de mim gritavam para sair; O pudor e os princípios e valores falaram mais alto e mais forte. Estou imensamente grato àquela família que foi a minha durante 6 anos da minha adolescência, uma família exemplar, generosa de aprazibilidade incontestável, que me deu tudo e se dispôs a fazer-me sacerdote, não aceitei porque a minha consciência me ditava outros caminhos, embora mais sinuosos, que estavam incluídos nos valores que me foram concebidos. Pesam-me hoje os tanto anos já passados, mas consciente de que o meu dia chegará, não tenho receios nem remorsos de consciência, vivi uma vida repleta de tudo o qua há no mundo de melhor, sem ser rico, sem passar por cima de ninguém para atingir a felicidade, com o amor de uma mãe que muitas vezes, agora que partiu, me faz chorar, porque os que não são ricos também tem sentimentos, recordações e afetos que nos ajudam a suportar a cruz por onde toda a gente passa.

Ó zé aperta o laço

ÓZÈ aperta olaço por Maria Clara Como ninguém lhe ligava O José foi à cidade Só p'ra ver se encontrava Por lá qualquer novidade. Viu um laço, rica ideia Disse logo e foi comprar E toda a gente da aldeia Começou logo a cantar. Ó Zé aperta o laço Ó Zé aperta-o bem Ó Zé aperta o laço Ó Zé aperta-o bem. Que o laço bem apertado Ai, ó Zé fica-te bem Que o laço bem apertado Ai, ó Zé fica-te bem. Com um laço tão catita Toda a vida se mudou Que até a menina Rita Logo o Zé cobiçou. Combinou-se o casamento E foi bem curto o namoro E até nesse momento Ele ouviu cantar em coro. Ó Zé aperta o laço Ó Zé aperta-o bem Ó Zé aperta o laço Ó Zé aperta-o bem. Que o laço bem apertado Ai, ó Zé fica-te bem Que o laço bem apertado Ai, ó Zé fica-te bem. Diz agora toda a gente Que o José sem desatinos Já guardou todo contente Muitos laços pequeninos. Hão-de ser p'ró Jozesito Que o casal espera por fim E é a sorrir com carinho Que o povo canta assim. Ó Zé aperta o laço Ó Zé aperta-o bem Ó Zé aperta o laço Ó Zé aperta-o bem. Que o laço bem apertado Ai, ó José fica-te bem Que o laço bem apertado Ai, ó José fica-te bem. INSTRUMENTAL Ó Zé aperta o laço Ó Zé aperta-o bem Ó Zé aperta o laço Ó Zé aperta-o bem. Que o laço bem apertado Ai, ó José fica-te bem Que o laço bem apertado Ai, ó José fica-te bem. Adicionar à playlist Tamanho A A Cifra Imprimir Corrigir