quarta-feira, 29 de junho de 2016

As cidades

 FERNANDO CALADO




…no tempo das profecias
As cidades são como as pessoas, entardecem e silenciam-se, quando o sol regressa do campo para sua casa amornecido pelo convívio íntimo com as searas que se deitam no colo do vento que passa só por passar…
E as cidades têm ruas e casas, avenidas, becos, gente anónima, gente 
feliz, gente que morre de tristeza, gente com pão e gente que conta os cêntimos na imensidão dos meses que não têm fim.
As cidades têm loucos que sorriem e bêbados que se embebedam para ao entardecer poderem dizer todas as verdades que nenhum santo disse e gritarem aos transeuntes que acordem e se convertam… o fim do mundo está perto… depois bebem mais e mais no conchego da taberna… que nostalgicamente resiste entre a sueca, o chincalhão e dois copos dos últimos clientes.
As cidades têm gente muito séria que passa pela vida, sem pecado original… vão à missa das seis… ao mês de Maria… à reunião da comissão política do partido… e são gente de bem… e tão felizes...
…depois morrem… e talvez sorriam… pela primeiríssima vez… talvez sorriam da pasmaceira da vida da gente séria…
As cidades a nordeste envelhecem… e Deus perpassa por entre o silêncio… e um dia as casas… as ruas… os becos… as avenidas serão somente ruas, casas e becos e avenidas… e não haverá nem gente feliz, nem gente triste, nem ricos, nem pobres, nem gente séria… somente a cidade e o silêncio.
…as silvas e os cardos crescerão por entre as casas, as ruas, as avenidas e os becos… os lobos e as raposas descerão à cidade… e nesse tempo os Senhores, tão sérios, de Lisboa acordarão… assustados…com a evidência das ideias luminosas… é preciso salvar o interior… é preciso combater a desertificação… ´é preciso…
… nesse tempo… talvez o louco e o bêbado… na sua lucidez, ainda estejam por cá para contar a história.

domingo, 19 de junho de 2016

Dia de Santo António em Murçós

Hoje foi o dia escolhido para as festividades do Santo António de Murçós, e que dia! Sublime em todos os aspetos. Um sol maravilhoso, e uma aderência massiva de pessoas vindas de todo o lado. Esta tradicional festa convívio está-se tornando numa indispensável presença, com eucaristia acompanhada pela minibanda de Bragança, campal com respeito, à sombra das lindas árvores que ali foram plantadas há alguns anos, assados de porco no espeto como se pode ver nas fotos, sardinhas, entradas e frutas tudo com fartura, desfrutando de um ar puro que se respira, enquanto o bar ia vendendo refrescantes e outras bebidas, e o pequeno conjunto esperava para atuar. Houve ainda os jogos tradicionais com prémios variados, com imensas inscrições para angariar fundos. Fica desde já o meu sincero agradecimento para todos aqueles que trabalharam benevolamente para que este evento fosse tão agradável e surpreendente na aderência. Creio não ter havido uma única pessoa a ficar na Aldeia, e foram tantos a vir de muito longe, mas creio recompensados pela magnifica gerência onde não faltou nada para passar um dia maravilhoso que nos anos a seguir creio voltarão a repetir pois na minha opinião supera o de Edroso em convivência. Bem-haja guerreiras e ajudantes. 





































quarta-feira, 8 de junho de 2016

Falecimentos

Faleceu ontem o Sr. Aniba dos Santos Fernandes Pires, o seu funeral terá lugar hoje por volta das 17h em Murçós
É mais um ser humano muito querido e respeitado na Aldeia que segue o caminho de nós todos. Homem de carater, grande conversador, humilde, servidor, com muitos conhecimentos relativamente à Aldeia. A sua honestidade e franqueza fizeram dele um Homem com H grande.A todos os seus familiares apresento as minhas condolências. Paz à sua alma

sábado, 4 de junho de 2016

Oculto

Maria simplesmente

OCULTO
Um vulto desliza na parede imaculada do meu quarto
Sinto um cheiro estranho…
Enxofre…acre-doce… 
Um adocicado azedume 
Será um mau perfume?
Nada sinto.
Apenas perssinto
Uma corrente de ar
Um arfar…
Um suspirar e um respirar?
Escuto um roçar de asas
Cheira-me a tabaco barato…
Roça-me na pele, um pelo macio
Talvez um rato...
Vela a minha insónia …
E eu…vejo-me e cheiro-me nela.
Alma moribunda e tresloucada
Púbis alucinada e desventrada.
Quatro cantos do meu quarto
Quatro velas acesas
Um crucifixo na mesa
Um frasco com óleo sagrado
Quatro pedras de cloreto de sódio
Afasto de mim o demónio,
Tomo banho em água benta
Afasta te de mim satanás…
Faço o sinal da cruz e rezo aos pés de Jesus
Que o demónio fique para trás
Tudo isto era um absurdo!
Não acredito no oculto
Afinal a sombra na parede do meu quarto.
Era apenas do amor um simples vulto.
Um sagrado ritual e um culto.
M.C.M. (São Marques)