quinta-feira, 26 de setembro de 2024

Dia de sorte, fim. Por AB Foi um impulso excessivo que levou Fred como se estivesse dentro de um sonho, onde tudo é permitido e se acorda na desilusão de uma noite bem passada, pensando que o seu coração batia novamente ao som do amor, mas quando se levantaram no dia seguinte a surpresa foi como um balde de água fria que lhe caía sobre a cabeça. A fada tinha desaparecido, e deixou escrito num pequeno papel perfumado que dizia o seguinte: Não me procures, sou uma mulher casada, embora tivesse passado a melhor noite da minha vida nos teus braços, foi uma aventura e o meu marido sabe de tudo. Fred ficou estupefacto e mais uma vez não era o seu dia de sorte. Regressou imediatamente a casa sentindo-se sujo, nem o lindo sorriso daquela que gostava dele, o retirava daquele sonho maléfico, e decidiu declarar-se contando-lhe toda a história que o martirizava. Não faz mal, nem altera o quanto gosto de ti, e ainda não estávamos casados, pelo que se gostas um pouquinho de mim, proponho que tomemos desde hoje a promessa de formar uma família com muitos filhos em volta de nós. E… o teu pai? Eu encarrego-me do assunto e vamos celebrar um matrimónio memorável se concordas como é óbvio? Ó minha linda, eu não te mereço… Tinha um grande carinho, afeto e respeito por esta boneca que jamais lhe podia dar aquele amor apaixonado, que tinha sido banido do seu coração, e quem sabe o tempo cura lentamente feridas que à priori não tinham resgate. Casaram na quinta envoltos numa massa humana, conhecimentos do pai, onde não faltou nada. A noiva ia linda e Fred sentiu que agora tinha uma família que aumentava com o tempo, eram já dez à mesa, três rapagões e três meninas, graciosas alegres e educadas que faziam o orgulho dos avós babados e felizes enquanto envelheciam, naquela grande quinta, rodeados de cavalos, cães e outros animais que faziam parte integrante da felicidade que se propagava pelos cantos mais ocultos e o luar banhava perante a admiração das estrelas cintilantes. O pai era agora proprietário de um império que construiu com a força de vontade e o seu sentido dos negócios. Deslocou-se muitas vezes ao estrangeiro e foram raras as vezes que não dormiu no seio da sua maravilhosa família. Numa das suas deslocações de negociante, encontrou-se embaraçosamente numa mesa onde comiam o pai, a ex. namorada e a irmã que era agora uma mulher. A sua primeira reação foi retirar-se para longe daqueles traidores. Puxou dos óculos escuros, e a irmã que não tinha culpa de nada dirigiu-se a ele e sem dizer palavra deu-lhe um beijo na fronte. Sensibilizou-o, mas quando o repasto terminou cada um seguiu o seu caminho. Á noite quando estavam todos à grande mesa, contou os acontecimentos do dia, mas ninguém ousou opinar o que realmente sentiam. Conheciam todos a história da sua vida, mas jamais comentaram o que quer que fosse a este respeito. A felicidade parecia agora sorrir-lhe com a maravilha dos filhos que adorava.

terça-feira, 24 de setembro de 2024

Pensamentos Hoje pedi dispensa dos meus cargos e obrigações, e, oito meses depois fui visitar o Facebook, mais precisamente uma página cultural literária ficando deliciado com os poemas partilhados de vários autores famosos. Pesa-me o facto de já não se escrever em papel e as canetas deixaram o seu lugar a teclados onde os ficheiros são os manos escritos dos tempos modernos verificados e supervisão pelo google com várias opções para o erro cometido assim como o sistema contabilístico em calculadoras que dão imediatamente os resultados certos onde a antiga tábua é um quebra cabeças, com descarregamento ou falta de energia para os cursistas do ensino secundário ou superior. Quando vejo um programa de cultura geral cujas perguntas se baseiam nos nomes de artistas estrangeiros, omitindo que somos Portugueses e que dentro deste País há coisas extraordinárias que acabam por desmoronar. À mesa, numa refeição familiar, crianças e adultos, ornamentam-na com telemóveis e tabletes não perdendo fio à meada em banda desenhada ou vídeos desrespeitando a manutenção correta e educada que se aprende em todos os países do mundo. Esta é a nova geração, e nós, os que aprendemos a conviver com os outros em jogos naturais e saudáveis, vergamo-nos ás exigências de crianças de tenra idade para agradar aos pais, que raramente vem visitar os pais deles, e fazem-no quase por obrigação, porque não querem nada com os velhos farrapos, esquecendo que eles também para lá caminham. Não é minha intenção dar lições de moral a ninguém, e, muito menos tentar modificar o comportamento de outrem, quem sou eu? Mesmo não me identificando como (o santo do pau carunchoso) foram-me transmitidos valores e princípios que respeitarei até ao fim da minha vida, embora siga a evolução dos tempos. A.B.