sábado, 4 de junho de 2016

Oculto

Maria simplesmente

OCULTO
Um vulto desliza na parede imaculada do meu quarto
Sinto um cheiro estranho…
Enxofre…acre-doce… 
Um adocicado azedume 
Será um mau perfume?
Nada sinto.
Apenas perssinto
Uma corrente de ar
Um arfar…
Um suspirar e um respirar?
Escuto um roçar de asas
Cheira-me a tabaco barato…
Roça-me na pele, um pelo macio
Talvez um rato...
Vela a minha insónia …
E eu…vejo-me e cheiro-me nela.
Alma moribunda e tresloucada
Púbis alucinada e desventrada.
Quatro cantos do meu quarto
Quatro velas acesas
Um crucifixo na mesa
Um frasco com óleo sagrado
Quatro pedras de cloreto de sódio
Afasto de mim o demónio,
Tomo banho em água benta
Afasta te de mim satanás…
Faço o sinal da cruz e rezo aos pés de Jesus
Que o demónio fique para trás
Tudo isto era um absurdo!
Não acredito no oculto
Afinal a sombra na parede do meu quarto.
Era apenas do amor um simples vulto.
Um sagrado ritual e um culto.
M.C.M. (São Marques)

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