domingo, 10 de outubro de 2021

Ò vida Vida!

“Ó vida, vida” Foram tantas as vezes que ouvi dos lábios da minha mãe esta frase, simples, e eu como ingénuo atribuía-lhe um significado de ligeireza misturado com pudor. Era a juventude surda, liberta e alheia aos problemas dos mais idosos, eles que os resolvessem! Hoje durante a minha caminhada, não consegui focar—me em mais nada o que me levou a escrever este texto. Freud dizia: o impulso de vida e o impulso de morte habitam lado a lado dentro de nós. A morte é a companheira do amor. Juntos regem o mundo. O siclo da vida é uma caixinha que guarda as boas e as más surpresas. O que dizem os psicanalistas, os teólogos e os filósofos são teorias inverosímil. A vida, é uma passagem que se pode prolongar no tempo, nunca para lá do predestinado, ou terminar logo após o nascimento e muitas vezes em gestação voluntária ou não. A vida é uma luta constante, e todos nós lutamos pela sobrevivência. Porém, como não nascemos todos com as mesmas normas fisiológicas nem mentais vão surgindo pouco a pouco intervenientes preponderantes. Uns agarram-se ao pouco que possuem, levando a sua cruz de rastos, com doenças incuráveis, acidentes rodoviários e outros que atiram com eles para uma cama com paraplegia total, pedindo todos os dias para partir, mas ninguém os ouve, porque a lei está acima de tudo, mesmo do sofrimento de um ser irrecuperável… chamam-lhe eutanásia, mais uma teoria falhada. Outros, os privilegiados nascem em berços de ouro saltando para os lugares mais desonestos deste mundo, roubando fugindo e viverem em paraísos sem rei nem lei, e por muito que tentem não fazer parte dos mortais, no seu dia partirão também deixando para trás todos os bens e a vergonha que em poucos tempos se esquecerá. Dizia ainda Freud: Talvez os deuses sejam gentis connosco, tornando a vida mais desagradável à medida que envelhecemos. Por fim, a morte nos parece menos intolerável do que os fardos que carregamos. A morte prossegue-nos desde o nascimento, mas começamos a pensar mais nela com o envelhecer, e não serão as descobertas cientistas que nos libertarão do fardo de que fala Freud. São os destinos, somos os destinados. Por António Braz P.S fica ainda mais uma frase de Freud: De vez em quando tive uma mão amiga para apertar. Uma vez ou outra encontrei um ser humano que quase me compreendeu.

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