quinta-feira, 29 de junho de 2023

Escrevo no gelo o frio que me corre nas veias e paraliza os movimento de um corpo verde, envergonhado e frustrado. Não atingi a celebridade por aí perdida nem o grau curricular académico que não me estava destinado, refugiei-me na simplicidade caricata que melhor vestia uma personalidade rude e terna ao mesmo tempo, sem invejas nem remorsos, guardando a identidade que me foi atribuída à nascença, na pasta educativa valores e princípios adquiridos neste mundo cruel, feroz que tenta a todo momento embarcar-nos para as trevas desastrosas da infelicidade. Resisti às tormentas, mas embarquei no comboio sem destino. Volto raramente às raízes e um beijo ou um abraço de pessoas que não avistava havia tanto tempo, nutrem as nostálgicas saudades da terra que sempre tanto amei e que guardo num coração dorido que o passado me traz de volta numa bandeja de prata. Lembro-me dos que comigo caminharam, ou apenas deram alguns passos, e nestas reflexões medonhas, o coração quase para de bater, os olhos tornam-se nascentes de rios correndo sem destino, desaguando em oceanos cheios pelas mesmas razões. Tive tantos verdadeiros amigos que me abandonaram nas encruzilhadas da vida sem mentiras nem falsidade! Guardo deles o melhor que me tomaram, e o delicioso que me legaram. Amigo é um nome pesado que nos verga com exigências e nos inaltece nos momentos penosos por onde todos passamos. É o confidente1 onde podemos depositar a confiança e os segredos, as máguas e as penas, as alegrias e a esperança, a nossa vida em mãos que jamais vacilarao, ainda que a terra trema.... Amigo está à hora certa no local marcado, não mente nem foge às responsabilidades dos seus atos, mesmo mediante a a ameaça da força. Amigo é simplesmente amigo

terça-feira, 27 de junho de 2023

DESTINOS

Destinos e destinados por AB Cinco anos tinham passado, e na casa de Júlia e Firmino, era assim que se chamava o seu marido, situada na periferia de Penafiel, com um grande terreno de cinco hectares, onde as árvores frutíferas, a verdura, por onde se passeavam duas éguas amarelas domesticadas, para os passeios frequentes de Fernandinho, sempre acompanhado pela mãe, e um riacho correndo até uma airosa cascata, que extasiava os olhares mais insensíveis do mundo, rodeada de flores campestres em tempos de primavera, propagando um perfume e a paz de espirito, que os passarinhos festejavam com seus cantares, suaves, meigos, atraentes, tal uma sinfonia de Beethoven, “claro de la Luna”, muitas e maravilhosas coisa se tinham passado. Tinha cerca de dois anos Fernandinho, quando a felicidade lhe bateu à porta, sem programação, surpreendentemente, com agrado incontestável, ia ser mãe pela segunda vez, de uma menina, cujo progenitor era o seu marido Firmino, que quando lhe foi dada a notícia subiu aos céus de contentamento e alegria. Chamava-se Luana, de olhos azuis, cabelo encaracolado de um castanho claro doirado, umas bochechas faciais de beleza singular, sorridente e ao mesmo tempo tímida com os estranhos, mas intensamente afetuosa do mano, que apesar do carinho, tentava incutir-lhe uma extroversão moderada, tendo ela um temperamento bastante diferente do seu. Foi um dom de Deus que caiu naquele casal, que vivia já num banho de felicidade, mas, esta menina, veio apagar um passado já meio desvanecido. Era o aniversário dos cinco aninhos de Fernando, cerimónia realizada na herdade, por onde os numerosos hospedes se espalharam, após o copioso repasto, encomendado e servido por um reputado restaurante da região. Vestido com calças casaco e colete pretos, camisa branca, e um lacinho ao pescoço, sapatos a condizer, parecia um senhor, e não contrariava o fotografo, manifestando satisfação e educação, sempre que um conviva lhe dava os parabéns, respondendo com um: - Muito obrigado Firmino tinha-se esforçado muito para poder ter o conforto, que sempre sonhou oferecer à sua família. Dava aulas de dia e à noite, e fins-de-semana explicações, porque era o único salário do agregado familiar, visto que sua esposa não tinha podido trabalhar ocupando-se das tarefas da casa, e da educação dos filhos. Seus pais não eram ricos, porém, participaram com uma ajuda significante monetária para a compra a crédito da herdade que fazia a felicidade daquela briosa família. Fernandinho ia já ao infantário, e, as perspetivas eram gratificantes, inteligente, dedicado, e atencioso, diziam os professores, acrescentando: - este menino é um superdotado! Júlia não sabia como dizer-lhe que Firmino não era seu pai verdadeiro… já um dia lhe tinha sido perguntado pelo filho porque razão ele não tinha o apelido do pai… - quase todos os meus colegas falam dos nomes dos pais, mas o meu não é… - Fernando: creio ter chegado a hora de te revelar um segredo, esperava ser mais tarde quando tivesses a compreensão necessária, mas vejo que já podes compreender… -Compreender o quê mamã? - É uma história longa e complicada de adultos que cometem erros enquanto são jovens… - e a palavras não saíam… meu filho tu sabes o quanto eu e teu pai te amamos a ti e à tua irmã. - Nós também vos amamos muito… desculpa se fazemos por vezes asneiras… - Ó meu querido filho, as nossas asneiras são mais dolorosas… contudo temos de assumir os nossos atos, e antes que o venhas a saber por outros, vou contar-te: O Firmino não é o teu verdadeiro pai. - Que dizes mãe? - Tenho que te dizer a verdade, mesmo que me odeias. Foi há cinco anos, eu estava enamorada de um senhor, que casou com outra mulher. - Abandonou-te? Fui eu que desisti dele porque estava casado com outra mulher que não merecia a sua traição. Encontrei-me com o Firmino quando já te esperava, ele aceitou e até queria registar-te como filho seu mas eu recusei, porque eras meu e sempre serás. - E do pai não posso ser? - Claro que podes e deves porque ele ama-te tanto!
A felicidade batia-nos todos os dias à porta que abríamos num sorriso rasgado, num carinho disfarçado, na recompensa de viver, alegremente, tal como miúdos à solta num roseiral cujas cores e perfumes emanadas embalam-nos em sonhos deslumbrantes cujo viver não é um vale de lágrimas, mas sim um paraíso terrestre onde o afeto anda de mãos dadas com o carinho e a fidelidade liberta e fugaz não atraiçoa guardada num cofre secreto o que nasceu para não ser visto nem ouvido. Paris, a rainha do mundo, oferecia-nos numa bandeja de prata os seus adorados e maravilhosos lugares para desfrutar sem exigir nada de volta, e nós seguíamos os passos da rainha ou voltejávamos como pérolas no seu estado primitivo sem apreensões por julgarmos que aquele era o verdadeiro caminho percorrido por muitos e usufrutuado apenas pelos que marchavam direito por caminhos tortos. Não víamos o tempo passar nem ouvíamos tempestades destrutivas. Eramos nós aqueles grupos de homens e mulheres que apenas pensavam em viver honestamente com os recursos possuídos, e de asas abertas percorríamos a necessidade e beleza num automóvel sem travões, no metro que nos conduzia onde queríamos, passando por entre multidões de pobres ou abastados, seletos e para sempre marcados, sem receios nem pavores que a boa educação comandava, Em Montmartre onde residíamos, por entre vinhas e casas aldeãs, até chegar à praça do Tertre, onde extasiados com os artistas pintores Descíamos no elevador para melhor gravar a beleza.. Em S. Germain des Prés junto ao café flore, lugar sagrado tomávamos café com vedetas de todos os meios artísticos, Nos grandes Boulvards levavam-nos à opera onde uma diva atuava. Na rua Royal onde Maxims era o rei subíamos o fauvour s. Honoré até às folies Bèrgeres para terminarmos nos cabarets da noite onde tudo se via e ouvia. De Montparnasse à la Nation, desciamos os Champs èÉisées e a noite terminava numa casa de fados poruguesa Quando a saudade mais apertava. Abençoada cidade que tanto nos deste. AB

quarta-feira, 21 de junho de 2023

Dia de sorte 695 AB Os acontecimentos inesperados traziam Francisco numa loucura que não conseguia controlar. Muitas vezes olhando as estrelas pela janela dos aposentos agora mais confortáveis onde residia sozinho a pedido de Sir Miller com amigos no parlamento deitando uma mãozinha. Mas o desassossego arrependido do que tinha feito, não a morte do companheiro, cujo julgamento estava programado para dentro de breve tempo, mas o que tinha acontecido com a futura nora, inadmissível e incompreensível. Nunca foi afeiçoado por mulheres por mulheres e o impossível aconteceu com a futura nora. Como podia encarar o filho que desprezou e agora? As visitas foram mais frequentes sempre sozinha porque no seu ventre germinava um ser humano que poderia ser desse homem. Passados dois meses, tentando esconder os vómitos frequentes consultou uma genecologia que confirmou a gravidez. Contou a história á médica que ficou mais que surpreendida, não ousando pronunciar o que o coração lhe dizia. – Que faço agora? Creio que a primeira coisa que deve fazer é contar tudo ao seu marido. – isso não amo-o e não quero perdê-lo. – Porque não pensou antes do ato? Foi uma loucura de jovens e agora sinto-me a maior traidora do Mundo. - Pode sentir-se, mas no ventre uma criança sem culpas aguarda o seu tempo de saída… deveria fazer um teste de ADN para ter a certeza, e se for filho do seu marido pode levar o segredo para a cava. -E se não for? Aí torna-se o caso mais complexo inevitável de revelar toda a verdade. EE perder o meu marido que tanto amo? Ama realmente? Sim com todas as minhas forças. Impõe-se o teste antes do desenvolvimento da criança. Posso fazer já? – Vou falar com as colegas se há disponibilidade. Aguarde. Voltou com a afirmação, porem necessitava recolhimento das outras partes. Para tal basta cabelo que deve trazer separado de cada um. No dia seguinte pediu para visitar o futuro sogro o que levantou suspeitas visto ter sido visitado no dia anterior, astuciosamente foi retirar uns cabelos fingindo que ia ao quarto de banho, da escova de Francisco, que ao voltar lhe fez esta observação: Parece que engordaste, o meu filho trata-te bem. – Sim tenho comido com mais apetite, deve ser isso. Mas aos velhos raposos não se lhe metem petas e francisco era ótimo observador. HUMMMM A mim cheira-me a outra coisa será que vou ter um netinho? A mulher corou e embaraçada despediu-se como uma fugitiva que não passou despercebido. Fred esperava-a e como sempre a beijou longamente, porém qualquer coisa se passava nunca a mulher se tinha libertado dos seus braços com tanta veemência. O seu ventre crescia e feliz Frede perguntou se esperamos uma criança. – Sim, respondeu esta vagamente, tenho feito os exames todos e guardava a surpresa para quando estivéssemos só os dois. Mas os testes vieram complicar tudo. O filho erra do pai e não do filho, como desenvencilhar-se do que a natureza escolheu? Foi anunciar a notícia a francisco o primeiro esperando que este fala-se com o filho e chegassem a um consenso. Francisco ficou feliz e ao mesmo tempo triste pelo filho a quem tinha recusado o amor que agora jorrava poe um ser humano na lista de espera dos seres humanos. Dos seus olhos despegaram-se duas dolorosas lágrimas e nem uma palavra