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ESTE É O PRESÉPIO DA DEOLINDA |
Com a aproximação das festividades Natalícias, recordo nostalgicamente,
aqueles anos, e foram muitos, em que nos reuníamos, em Athis Mons, na casa do
Rafael que Deus tenha em bom lugar, Da Manuela Torres; Savigny, na casa do
Moisés, ou Paris 17em na minha, com familiares de árvores genealógicas diversas,
e amigos, sempre com o mesmo espírito de convivialidade, alegria aprazível, em
volta de manjares dignos de Palácios, confeccionados meticulosamente com variadíssimos
ingredientes, sobretudo frutos do mar, para além dos tradicionais produtos
Portugueses. Os vinhos, seleccionados, acompanhavam, e não faltava o champagne
a estourar quando era servida a “bûche” (tronco) de Natal .
As prendas rodeavam o pinheiro enfeitado com bolas
cintilantes, ao pé do qual, parecia ter vida, o minúsculo presépio, composto
com os personagens legendários da religião cristã.
À mesa, chegaram a sentar-se 25 pessoas, embora
apertados, mas, havia sempre lugar para mais um, imprevisto e bem-vindo. Passávamos
horas e horas, comendo e conversando, sem enveredar por linguagens indiscretas
que pudessem ferir a sensibilidade de cada um. Como as vestimentas não fazem os
monges, era segundo as possibilidades de cada um que se presenteavam pequenos e
grandes, sem preconceitos nem julgamentos
Natais e fins de ano que festejávamos com toda a simplicidade, mas sem restrições, embora não tenhamos esquecido os tempos da nossa infância, e o que encontrávamos no dia seguinte no sapato , aqueles que os tinham, no coco, ou simplesmente junto à lareira… Todas as gerações devem viver no seu tempo, ainda que quem passou já por várias encontre diferenças, o que é normalíssimo, se nos referirmos à evolução dos tempos, e se tentarmos guardar, sempre um espírito jovem que é o meu caso, veremos que só envelhecem os farrapos...
Dezasseis anos já passaram, desde que resolvi voltar
definitivamente à pacatez das terras apaixonantes, das quais me despedia, todos
os anos, após as férias, com lágrimas nos olhos… hoje inverteram-se as coisas!
Que ninguém me pergunte as razões… sou um saltimbanco forasteiro sem palco nem
comédia… mas sinto tantas saudades daquelas terras… da gente culta e
civilizada, da beleza dos lugares, dos passantes apressados e solitários nos
pensamentos… daqueles lugares admiráveis onde passei toda a minha juventude… 30
anos, os melhores da minha vida! Em Paris eu frequentei a melhor escola do
mundo… a da vida; nas variadas fases, mas que sempre me encheram o coração de
felicidade! Sem ser perito em qualquer especificidade, adaptava-me com grande
facilidade, a todas as tarefas, existindo três paixões mais profundas a perseguirem-me desde a idade dos dezasseis
anos… o futebol, o canto do fado, e uma mulher que me hipnotizou, em quem pensava
dia e noite durante longos anos, sem conseguir desprender-me…
Era também, nas festa Natalícias, para alem das iluminações espectaculares, dos Champs Elísées, e nos grandes centros comerciais com as montras maravilhosamente decoradas nas Galeries L’Afayette, Rua do Faubourg S. Honnoré, rua Royal, et Av. Montaigne, uma dor de cabeça, durante o mês de Dezembro, na procura do presente mais desejado, para fazer prazer às pessoas queridas da nossa vida. Apesar da escolha ser facilitada pelos numerosos pontos de venda, também a procura era grande…
Tive a sorte de exercer uma actividade que me dava a possibilidade de frequentar pessoas de todas as classes sociais, de conhecer os hotéis mais famosos do mundo, os restaurantes mais
reputados, os museus extraordinários, os caberets, como o
Lido, Folies Bergères, Molin Rouge, estúdios televisivos, muita gente do show
business, le cartier latin, la Surbonne, a praça do Têrtre enfim… uma cidade
encantadora, que percorri de lés a lés durante doze anos de motorista, e que me
saturou, voltando hoje com grandes saudades, e arrependimento de a ter
abandonado.
4 comentários:
Sr. António,
Como eu o Compreendo!
Esta insatisfação
Não consigo compreender
Semtre esta sensação
Que estou a perder
Tenho pressa de sair
Quero sentir ao chegar
Vontade de partir
P'ra outro lugar
Vou continuar a procurar o meu mundo, o meu lugar
Porque até aqui eu só
Estou bem
Aonde não estou
Porque eu só estou bem
Aonde eu não vou
Porque eu só estou bem
Aonde não estou
Porque eu só estou bem
Aonde eu não vou
Porque eu só estou bem
Aonde não estou
Cumprimentos
Fico contente por continuar a escrever no seu blogue que é sempre um prazer acompanhar!
Sr. Anónimo: o seu comentário (poema)é mais que um incentivo para continuar a publicar neste canto onde os muitos seguidores merecem consideração e respeito... é também a minha prenda de Natal, que me encheu o coração de felicidade, neste momento difícil que atraveso.. e é igualmente com imensa gratidão que respondo envolvido n'uma perplexidade relativa à semelhança, entre este escrito poético e o de um grande amigo meu, (Orlando Martins).
É a descrição perfeita do meu sentir... bem-haja e permita-me o envio de um abraço acompanhado do desejo de um própero ano 2014.
Olá João! Obrigado pela atenção que dedicas aos meus humildes rascunhos...sei que esta aldeia estará sempre gravada num cantinho das nossas recordações consideradas... também nas dos cerca de 31.000, pelo que não podia deixar de ponderar e tomar a decisão que se impunha.
Espero que tudo esteja bem contigo lá por terras de Sua Magestade, a Rainha Elizabete, e que as festas se passem segundo os teus desejos junto do teus queridos familiares.
Abraço
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