sábado, 21 de dezembro de 2013

SAUDADES


ESTE É O PRESÉPIO DA DEOLINDA
 Com a aproximação das festividades Natalícias, recordo nostalgicamente, aqueles anos, e foram muitos, em que nos reuníamos, em Athis Mons, na casa do Rafael que Deus tenha em bom lugar, Da Manuela Torres; Savigny, na casa do Moisés, ou Paris 17em na minha, com familiares de árvores genealógicas diversas, e amigos, sempre com o mesmo espírito de convivialidade, alegria aprazível, em volta de manjares dignos de Palácios, confeccionados meticulosamente com variadíssimos ingredientes, sobretudo frutos do mar, para além dos tradicionais produtos Portugueses. Os vinhos, seleccionados, acompanhavam, e não faltava o champagne a estourar quando era servida a “bûche” (tronco) de Natal .
As prendas rodeavam o pinheiro enfeitado com bolas cintilantes, ao pé do qual, parecia ter vida, o minúsculo presépio, composto com os personagens legendários da religião cristã.
À mesa, chegaram a sentar-se 25 pessoas, embora apertados, mas, havia sempre lugar para mais um, imprevisto e bem-vindo. Passávamos horas e horas, comendo e conversando, sem enveredar por linguagens indiscretas que pudessem ferir a sensibilidade de cada um. Como as vestimentas não fazem os monges, era segundo as possibilidades de cada um que se presenteavam pequenos e grandes, sem preconceitos nem julgamentos
BUCHE
Natais e fins de ano que festejávamos com toda a simplicidade, mas sem restrições, embora não tenhamos esquecido os tempos da nossa infância, e o que encontrávamos no dia seguinte no sapato , aqueles que os tinham, no coco, ou simplesmente junto à lareira… Todas as gerações devem viver no seu tempo, ainda que quem passou já por várias encontre diferenças, o que é normalíssimo, se nos referirmos à evolução dos tempos, e se tentarmos guardar,  sempre um espírito jovem que é o meu caso, veremos que só envelhecem os farrapos...

CHAMPS ÉLYSÉES
 Dezasseis anos já passaram, desde que resolvi voltar definitivamente à pacatez das terras apaixonantes, das quais me despedia, todos os anos, após as férias, com lágrimas nos olhos… hoje inverteram-se as coisas! Que ninguém me pergunte as razões… sou um saltimbanco forasteiro sem palco nem comédia… mas sinto tantas saudades daquelas terras… da gente culta e civilizada, da beleza dos lugares, dos passantes apressados e solitários nos pensamentos… daqueles lugares admiráveis onde passei toda a minha juventude… 30 anos, os melhores da minha vida! Em Paris eu frequentei a melhor escola do mundo… a da vida; nas variadas fases, mas que sempre me encheram o coração de felicidade! Sem ser perito em qualquer especificidade, adaptava-me com grande facilidade, a todas as tarefas, existindo três paixões mais profundas  a perseguirem-me desde a idade dos dezasseis anos… o futebol, o canto do fado, e uma mulher que me hipnotizou, em quem pensava dia e noite durante longos anos, sem conseguir desprender-me…
FRUTOS DO MAR

MONTRAS
 Era também, nas festa Natalícias, para alem das iluminações espectaculares, dos Champs Elísées, e nos grandes centros comerciais com as montras maravilhosamente decoradas nas Galeries L’Afayette, Rua do Faubourg S. Honnoré, rua Royal, et Av. Montaigne, uma dor de cabeça, durante o mês de Dezembro, na procura do presente mais desejado, para fazer prazer às pessoas queridas da nossa vida. Apesar da escolha ser facilitada pelos numerosos pontos de venda, também a procura era grande…
Tive a sorte de exercer uma actividade que me dava a possibilidade de frequentar pessoas de todas as classes sociais, de conhecer os hotéis mais famosos do mundo, os restaurantes mais 
reputados, os museus extraordinários, os caberets, como o Lido, Folies Bergères, Molin Rouge, estúdios televisivos, muita gente do show business, le cartier latin, la Surbonne, a praça do Têrtre enfim… uma cidade encantadora, que percorri de lés a lés durante doze anos de motorista, e que me saturou, voltando hoje com grandes saudades, e arrependimento de a ter abandonado.

4 comentários:

Anónimo disse...

Sr. António,

Como eu o Compreendo!

Esta insatisfação
Não consigo compreender
Semtre esta sensação
Que estou a perder
Tenho pressa de sair
Quero sentir ao chegar
Vontade de partir
P'ra outro lugar

Vou continuar a procurar o meu mundo, o meu lugar
Porque até aqui eu só

Estou bem
Aonde não estou
Porque eu só estou bem
Aonde eu não vou
Porque eu só estou bem
Aonde não estou
Porque eu só estou bem
Aonde eu não vou
Porque eu só estou bem
Aonde não estou

Cumprimentos

João disse...

Fico contente por continuar a escrever no seu blogue que é sempre um prazer acompanhar!

antonio disse...

Sr. Anónimo: o seu comentário (poema)é mais que um incentivo para continuar a publicar neste canto onde os muitos seguidores merecem consideração e respeito... é também a minha prenda de Natal, que me encheu o coração de felicidade, neste momento difícil que atraveso.. e é igualmente com imensa gratidão que respondo envolvido n'uma perplexidade relativa à semelhança, entre este escrito poético e o de um grande amigo meu, (Orlando Martins).
É a descrição perfeita do meu sentir... bem-haja e permita-me o envio de um abraço acompanhado do desejo de um própero ano 2014.

antonio disse...

Olá João! Obrigado pela atenção que dedicas aos meus humildes rascunhos...sei que esta aldeia estará sempre gravada num cantinho das nossas recordações consideradas... também nas dos cerca de 31.000, pelo que não podia deixar de ponderar e tomar a decisão que se impunha.
Espero que tudo esteja bem contigo lá por terras de Sua Magestade, a Rainha Elizabete, e que as festas se passem segundo os teus desejos junto do teus queridos familiares.
Abraço