
O Natal é a pérola das
festividades religiosas. Simboliza o nascimento, a paz, alegria e amor… aquilo
que nos foi concedido para doar, durante um percurso traçado entre flores e
espinhos, alegrias e tristezas, saúde e doença, amor e ódio, vaidade e humildade,
avareza e generosidade… o tempo vai passando… aparentemente lento como o andar
da tartaruga… mas corre, corre como o vento que sopra e não vemos… acariciando
levemente o presente ou trazendo à memória azedume que um dia provámos… não se
sabe para onde corre tão veloz, nem o que vai encontrar pelo caminho… será um
futuro longo e risonho? Pode também ser a tempestade que arrasta para o
desvairar? Um dia, um ano, tantos dias e tantos anos… buscando o que sempre nos
falta; aquilo que tanto desejaríamos ter ou ser! E… de repente tudo se apaga;
escureceu. As ondas do mar apagaram o que o destino escreveu na praia de areia
fina, num dia de verão onde os raios solares se misturaram com as gotas de
chuva caindo do céu… que lindo arco-íris! – Murmurava a criança pela qual ainda
tinham apenas passado seis anos, extasiada com o deslumbre da magnificência
colorida. Lá longe, onde o sol castiga mais, não há pão para comer nem água
para beber… as pernas não suportam o corpo… caem no chão árduo como árvores
fulminadas por chispas… e não veem uma única luz! … Nesta quadra Natalícia onde
tudo se enfeita… cintilam as bolas que ornamentam pinheiros, ruas, montras, nas
terras da abastança, enquanto noutras caem bombas matando e destruindo,
inocentes e os lares que lhes serviram de abrigo enquanto fumavam o cachimbo da
paz…

Prendados e felizes,
quem se lembra de um amigo que tropeçou nos obstáculos mundanos, neste dia
chamado de “réveillon”? É lindo! Sim, é lindo ver toda a família reunida em
volta de um repasto tradicional numa confraternização que esperou numa lista de
contratempos, enquanto o vento passava, e não parava às nossas portas… Que
magnifica recompensa! O Mundo foi assim concebido e pouco ou nada podemos fazer
para transformá-lo. Vale a pena encher a barriga um dia a um mendigo sabendo
que passará mais 364 cheio de fome? E quantos como ele cariciam de ajuda?
Podemos sim abençoar ou amaldiçoar o destino justo e injusto e não cair na
tentação da autodestruição e cingirmo-nos
com abnegação à frustrada cobardia…
Amigos e filhos de
Murçós, deem o primeiro passo no sentido correto da cidadania cívica, dever que
vos possais orgulhar, e gritar, como o pastor que conduz seu rebanho, alto e
bom som, aqui estou minha família, meus amigos de agora e de sempre, meus conterrâneos
inesquecíveis, para louvar condignamente as raízes que me prendem à terra e não
ao toque dos sinos dando “sinais”.
Desejo-vos do coração,
onde quer que vos encontreis, assim como aos visitantes, um Felicíssimo Natal e
prospero ano 2016, que a arca de Noé se encha de tudo o que mais precisarem e desejarem.
Saudoso abraço
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