quarta-feira, 1 de maio de 2019

O moinho do povo

Visita ao moinho do povo. Situado junto da ribeira, que hoje corria veloz, sem se sociar do acesso que se torna cada vez mais difícil, devido ao crescimento da vegetação, nem das numerosas e variadas recordações, das gerações de seis décadas, percorrendo estes caminhos sinuosos e de elevação bastante acentuada, carregando animais, burros, mulas, machos e até juntas de vacas, com cereais, (trigo, centeio e milho) e de volta trazerem uns alqueires de farinha, sustento de uma população, sujeita a privações, um trabalho árduo, mas, felizes com o pouco que obtinham com o suor e os sacrifícios que as novas gerações nunca poderão avaliar 
 ou compreender, porque hoje nasce-se em berços dourados… Já em ruínas, este moinho segundo relatos do mais velhos, moeu dia e noite, apagando a fome a numerosos seres humanos, e o moleiro improvisado, não tinha mãos a medir… era sempre a bombar! É um lugar paradisíaco, de uma beleza singular onde se pode ressentir uma paz incomparável, onde o ar puro enche os nossos pulmões, o olhar resplandece com tantas maravilhas, os ouvidos se enchem do cantar dos raros passarinhos, e o correr da água no seu percurso natural deixa-nos estupefactos de admiração. Também os raios de sol estiveram presentes, rompendo por entre 
 as árvores e dando um contraste às fotos de um colorido que supera a realidade. O perfume das urzes brancas e da giesta penetravam-nos as narinas, e uma sensação agradável vinha colmatar o lindo passeio que numa manhã de sol radiante de primavera nos convida a visitar estes lugares maravilhosos e desdenhados, em detrimento das grandes aglomerações poluentes e sem brilho quebra pelas torres em betão. Do lado de lá, o luzio, retoma o colorido verde, após a passagem do fogo destruidor. Por estes caminhos e “carreirões”, diz a minha esposa, percorreram a pés dezenas de pessoas, carregadas com uvas, figos e outros frutos que 
 a grande encosta da ribeira proporcionava aos moradores de Murçós, tal como a Reboreda de onde saiam todos os anos milhares de kilos de uvas, em carros de vacas, que dificilmente subiam este trajeto acidentado com acentuada percentagem. São lugares genuínos, lugares secretos e maravilhosos que o betão nunca poderá invadir. As “olgas” que outrora davam tanto a quem as “fabricava”, e os lameiros regados pela princesa ribeira, ficam hoje demasiado longe do povoamento, mas mantém o charme e a beleza incomparável. Lindo o nosso passeio!!!!



















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