Visita
ao moinho do povo. Situado junto da ribeira, que hoje corria veloz, sem se
sociar do acesso que se torna cada vez mais difícil, devido ao crescimento da
vegetação, nem das numerosas e variadas recordações, das gerações de seis
décadas, percorrendo estes caminhos sinuosos e de elevação bastante acentuada,
carregando animais, burros, mulas, machos e até juntas de vacas, com cereais,
(trigo, centeio e milho) e de volta trazerem uns alqueires de farinha, sustento
de uma população, sujeita a privações, um trabalho árduo, mas, felizes com o
pouco que obtinham com o suor e os sacrifícios que as novas gerações nunca
poderão avaliar
ou compreender,
porque hoje nasce-se em berços dourados… Já em ruínas, este moinho segundo
relatos do mais velhos, moeu dia e noite, apagando a fome a numerosos seres
humanos, e o moleiro improvisado, não tinha mãos a medir… era sempre a bombar!
É um lugar paradisíaco, de uma beleza singular onde se pode ressentir uma paz
incomparável, onde o ar puro enche os nossos pulmões, o olhar resplandece com
tantas maravilhas, os ouvidos se enchem do cantar dos raros passarinhos, e o
correr da água no seu percurso natural deixa-nos estupefactos de admiração.
Também os raios de sol estiveram presentes, rompendo por entre
as
árvores e dando um contraste às fotos de um colorido que supera a realidade. O
perfume das urzes brancas e da giesta penetravam-nos as narinas, e uma sensação
agradável vinha colmatar o lindo passeio que numa manhã de sol radiante de
primavera nos convida a visitar estes lugares maravilhosos e desdenhados, em
detrimento das grandes aglomerações poluentes e sem brilho quebra pelas torres
em betão. Do lado de lá, o luzio, retoma o colorido verde, após a passagem do
fogo destruidor. Por estes caminhos e “carreirões”, diz a minha esposa,
percorreram a pés dezenas de pessoas, carregadas com uvas, figos e outros
frutos que
a grande encosta da ribeira proporcionava aos moradores de
Murçós, tal como a Reboreda de onde saiam todos os anos milhares de kilos de
uvas, em carros de vacas, que dificilmente subiam este trajeto acidentado com
acentuada percentagem. São lugares genuínos, lugares secretos e maravilhosos
que o betão nunca poderá invadir. As “olgas” que outrora davam tanto a quem as “fabricava”,
e os lameiros regados pela princesa ribeira, ficam hoje demasiado longe do
povoamento, mas mantém o charme e a beleza incomparável. Lindo o nosso
passeio!!!!
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