sábado, 11 de maio de 2019

Passagens e passageiros

                       
   Passagens e passageiros: P or António Brás
Hoje acordei cedo. O dia estava lindo e os raios de sol penetravam através do cortinado da janela do meu quarto, convidativos, aliciantes ao passeio cotidiano de 5km por entre paisagens de beleza singular, um silencio apaziguador, e uma felicidade interna que me transpunha ao de lá dos tempos vividos na eufórica idade onde os sonhos são lindos, e as responsabilidades cedem o lugar ao manifesto desejo de morder a vida com todos os dentes, depressa não venha o monstro mau comê-la, por vezes inconscientemente, porque não nos ocorre reflexão, apenas viver, o presente envolvente repleto de fantásticas aventuras,  que nos movem emprenhando-nos a adrenalina da juventude, os prazeres mundanos, as vaidades que suportam o nosso ego, seguir em frente, mais longe sempre mais longe!
      Pelo caminho revejo o meu maravilhoso passado. Algumas entraves quando era puto superadas pelas maravilhosas aventuras, amorosas, desportivas, de entretinimento, aprendizagem, a autoestima, sem invejas nem rancores, lutando pelo que podia possuir, deixando aos demais a liberdade e o orgulho, do ser ou não ser…
Foram tantos os que partilharam comigo esta caminhada! Nesse tempo chamava-lhes amigos… Passageiros, de anos, meses ou apenas dias, mas que ficaram para sempre gravados na minha memória. Sei que é quase impossível, mesmo com as tecnologias que temos hoje, ter noticias vossas… Mas, gostariam tanto!... São tantos os caminhos que nos unem como os que
nos separam, e, nas encruzilhadas as placas direcionais apontam apenas para lugares! Será que nos reconheceríamos depois de tanto tempo passado? Num grande abraço reúno-vos a todos meus amigos, e a minha mente confraterniza convosco onde quer que estejais… Não podemos lamentar ou criticar o percurso da vida… é como um pequeno rio correndo veloz para desaguar ma imensidão do mar. Aí transforma-se vaidosamente com a grandeza dos oceanos, onde nadam milhares de peixes seguindo o ciclo da vida. Histórias para contar teríamos centenas, algumas alucinantes, outras ponderadas e de menos relevo, mas que fizeram parte integrante da nossa existência.
De volta a casa folheei um álbum dos anos 70, e reparei que estais como nas minhas nostálgicas recordações… faltam-me tantas fotos para recordar cenas inesquecíveis que juntos



 vivemos! Nomes que não ocorrem à minha memória, sintomas do envelhecer, da caminhada que se aproxima do fim; Mas foi tão lindo! Impregnados de amizade, fosse ela ou não passageira, demos alguns passos juntos, fizemos grandes caminhadas, chegamos finalmente ao destino traçado. Fomos filhos, fomos pais, tivemos netos, uma família que veio completar o que inicialmente começou com a nossa amizade.
Das numerosas aventuras fazem parte integrante algumas das fotos postadas. O improvisado tocador do bombo na banda do BC3, numa visita do brigadeiro…As nossas variadas atividades no mesmo quartel , no meu gabinete de transmissões radiotelegrafadas em morse, onde nos reuníamos os chamados: (doutores do BC3) por não fazermos serviços outros que a nossas
  especialidades nem formaturas; Eramos numerosos e de variadas especialidades: Criptos, enfermeiros, condutores, corneteiros, e rancheiros, onde o oficial de serviço se refugiava para comer uns petiscos ou dormir uma sonada.
No futebol de salão situado no 1º e 2º ciclo preparatório, com badges do revolucionário Vasco Loureço, Na Aldeia onde as equipas de futebol eram constituídas pelos elementos que vão tentar reconhecer. Junto do cruzeiro, com a zundap  XF17 de radiador que o Toninho tinha comprado novinha, e as amigas de longa data. No teatro improvisado na casa do povo do Outeiro… na minha rua com a cadelinha que todos adorávamos. Como me parecem longínquos estes tempos! Mas a amizade continuará para sempre no meu coração

                                                                                                                                      

2 comentários:

Cesar disse...

Pois é, fui pro Brasil onde passei 42 anos e oito meses, sempre tentando descobrir por onde andariam todos aqueles que sairam de portugal para ter uma vida melhor. Tentei localizar alguns, mas não obtive exito e com a passagem do tempo cada vez ficava mais difícil, pois cada um de nós acabou por deixar a vida nos levar e aqui estamos, talvez alguns até próximos, mas que, como eu, desistiram da procura. Estou definitivamente em Portugal há 9 meses, mas sem vontade de mais procuras, pois em muitos casos até os familiares acabam se afastando.
Qualquer dia destes pretendo ir para o norte passar uns dias...
Um abraço.

antonio disse...

Olá Batista, desculpa mas para nós é assim que te chamavamos, mas que boa notícia tu voltares definitivamente para Portugal! Espero que contigo tenha vindo toda a família, e quando vieres ao Norte onde tens raizes bem profundas me comunique, pois gostaria imenso ver-te, como gostava também que os amigos que se reconhecerem nas fotos me digam um oá... Com eles percorri caminhos da minha vida, e o coração aperta cada vez que vos recordo nostálgicamente. Abração e muito obrigado pelo comentário