Ficção
Tudo começou antes da segunda guerra Mundial, nos anos
quarenta, quando foi enviado do México, um jovem rapaz, que tinha terminado
brilhantemente os seus estudos, como diplomata de altos cargos, para a
embaixada deste País em Paris. Tinha raízes Argentinas, que o ajudaram na
integração e a desenvolver conhecimentos estatutários, sociais, de conhecimentos
no seio da “alta” sociedade, restritiva e compacta, onde só havia lugar para os
afortunados, reputados e reconhecidos no mundo da ingratidão, hipocrisia e
autoridade. Dois anos depois, numa dessas receções gigantescas, no grande salão
de trezentos metros quadrados, entre por volta de trezentos convidados minuciosamente
escolhidos, cujo objetivo bem definido era urdir os casamentos, segundo os
critérios, convenientes, talvez herdados, onde os protagonistas nunca eram
consultados, e muito menos autorizados a recusar a escolha, que era a melhor
para eles, pondo de parte os sentimentos, os quais viriam com o decorrer dos
tempos, o Sr. Yturbe foi apresentado a uma jovem e linda rapariga, de vinte e
três anos de idade, tímida, sem maquilhagem, de olhos castanhos, vestindo um
vestido com flores que lhe chegava muito por baixo dos joelhos, sapatos
escuros, que ia sorrindo quando a
abordavam, mas de imediato voltava a cair num silencio
abstrato, enquanto esperava pela revelação dos progenitores, que, apesar de não
lhe ter sido concedido um esclarecimento, tinha bem presente no seu pensamento,
as razões daquela festa em sua honra. Chegou o momento crucial, e todos os
convivas fizeram silêncio para escutar os pais da rapariga, embora já soubessem
do que se tratava, mas era necessário para que ficasse bem registado na mente
dos presentes e oficialmente. A partir dessa noite, e depois de o rapaz ter
colocado um anel de rubis no dedo trémulo da moça, e acrescentar estamos
noivos, bateram-se palmas seguidas de felicitações, os encontros entre os dois,
sempre em locais públicos, não podiam ser criticados pela gente de baixo nível,
e eram apreciados pelos da alta sociedade.
Da pequena janela do seu apartamento, que dava para a rua de Presbourg, aós as 10h da noite, podia ver as prostitutas a desfilar, subindo para os automóveis dos clientes, para ir consumar os atos sexuais em hotéis próximos, até às tantas da madrugada, ele respeitava os valores e princípios que lhe inculcaram, ou seriam outras as razões, para nunca ter sido visto com uma mulher? Bem próximo dali, na avenida Foch, onde residiam os mais famosos e ricos do País, às tantas da madrugada, juntavam-se casais para troca, (partuses) mulheres ricas e viciadas, à procuro do sexo maior e mais potente,
Homossexuais desdenhados à procura de um novo amor, travestis Brasileiros, e logo ao lado o bosque de Bolonha onde se praticavam poucas vergonhas, enquanto não foi proibido por lei. Yves era um rapaz mais jovial, um pouco “cabeça no ar” mas tinha desejos por mulheres, embora o sistema protocolar da casa não lhe permitisse expor-se, tinha as suas saídas esporádicas , encontros discretos, e quando começou a trabalhar, já tinha para cima dos quarenta, enrrolou-se com uma mulher com a qual casou e teve uma filha. Miguel saía para trabalhar e voltava à tarde sempre de cabisbaixo, e se se cruzava com a porteira, dava a boas horas, sem olhar nem esperar resposta. Na sua mesinha de cabeceira havia sempre uma garrafa de whisky talvez para o ajudar a suportar as mágoas secretas que trazia dentro de si.
O pai tinha falecido, e apesar de ser uma família de grande
fortuna, com contas na Suíça onde o Sr. Yturbe se deslocava de tempos a tempos,
as despesas eram extravagantes, para manter o pessoal, impostos e
restruturações do valoroso prédio, e despesas com Yves que não trabalhava, e
vivia também no seu próprio apartamento dentro do prédio. O contabilista
sugeriu à viúva que alugasse um ou dois apartamentos no último andar, para
ajudar a suportar os custos. O apartamento do segundo andar que a viúva e o
pessoal de serviço partilhavam, durante o dia, tinha por volta de 600m
quadrados, e os valiosos quadros, ou réplicas, porque os verdadeiros estavam
bem guardados em cofres, pendurados nas paredes tinham a assinatura dos
melhores pintores da época. No grande salão de 300m quadrados, os tapetes
valiosos e antigos, suportaram numerosas festas com a intenção de casar os
rapazes mas nunca resultou. Dos trezentos convidados que numerosas vezes aqui
jantaram cozinhados importados dos mais reputados restaurantes Parisienses,
acompanhados do melhor champanhe que chegava por encomenda em grandes caixas de
50 unidades, restavam as nostálgicas recordações. Mas, a Senhora, uma mulher espetacular,
educada, bondosa, e que guardava a beleza por fora e por dentro, nunca se
queixava, nem comentava com ninguém, qualquer que fossem os seus problemas. No
seu intimo, teria desejado do fundo do coração que os seus filhos tivessem fundado um lar,
ter netos, mas sobretudo que lhe tendessem a mão quando era ela a ter de
resolver tudo com dois filhos de mais de quarenta anos? Porém, acumulava todos
os porquês dentro do seu coração, e como uma mãe galinha, protegia os frutos do
seu ventre… tais como eram, com virtudes e defeitos.
fotos retiradas do google
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