Madrugada por António Braz
Cai a
madrugada! E na profundidade da paz envolvente, silenciam-se as ruas as montanhas e o mar… adormece a dor,
enquanto o vento, discreto e suave, tenta varrer a sujidade limpando as nódoas
impregnadas na alexitimia marcante desenvolvida pelos seres humanos à medida que o tempo vai passando, com
subtileza perspicaz, engendrando caminhadas, pisando, saltando, menosprezando aqueles
que outrora retiraram o pão da boca para lhes matar a fome, considerando-os e
amando-os, amamentando-os, levando-os ao colo para que os seus pés nus e frágeis,
não pisassem a lama, cansados, temerosos, implorando aos céus apenas alimentos,
porque carinho e amor tinham de sobra para dividir em partes iguais.
Cai a
madrugada, estão a acabar aqueles sonhos lindos que mantiveram uns olhos
molhados, enquanto a noite não se fez dia, e os passarinhos dormiam
serenamente, porque nem uma agulha bolía. Olho o telhado e vejo raios de sol
querendo entrar? Fico triste e sem alento. Dou voltas e mais voltas na cama
procurando a madrugada… não uma madrugada qualquer! Aquela que calou a dor. Que
silenciou as ruas. Aquela que na sua bagagem trazia a paz o carinho e o amor.
Também aqueles lindos sonhos, que me fizeram tão longe viajar por onde mais
ninguém poderá andar, e muito menos roubar, aquilo que sempre fui, que me
ajudou a caminhar pelas madrugadas sem fim
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