sexta-feira, 4 de fevereiro de 2022

Dia de sorte

Dia de sorte por António Braz Francisco integrou-se rapidamente nos Estados Unidos, não perdendo tempo com coisas derisórias, focando-se nos objetivos que se tinha fixado para o futuro. Com a ajuda providencial dos Miller, seu patrão conciliava estudos e trabalho com a admiração da dona de casa que se desfazia em elogios, assediando-o com a sua presença cada vez mais apertada, porém sempre rejeitada com humildade e taco. Considerava o marido e a filha como duas pessoas excecionais que estiveram sempre presentes, gratuitamente, sempre que precisou e como é óbvio precisou muitas vezes. De Portugal chegavam telefonemas da mãe que nunca atendeu, e cartas às rimas que tão pouco foram lidas. A família Miller dava-lhe boas notícias do filho, rapaz exemplar tanto na faculdade com no trabalho ou em casa nos seus aposentos. Quanto ao resto não era com eles… Falava muitas vezes com os avós e com Alfredo por vídeo chamada. Os avós tinham envelhecido muito e já não se via nos seus olhares alegria e felicidade, o que o deixava em baixo durante muito tempo. Quando lhe anunciaram que o seu filho, deveria usufruir, por direito, de uma pensão alimentar, que era um lindo menino e não tinha culpa dos erros dos adultos, Francisco tinha sentimentos, mas jamais dedicaria amor e carinho a quem ele julgava ser o fruto da maldade e irresponsabilidade, porém, concordava com a pensão alimentar desde que fosse feito um teste de ADN para certificar que era o verdadeiro pai. Entretanto, com algumas economias que tinha, ficou a enviar mensalmente uma quantia para os avós lhe entregarem. A S.re Miller quando soube aconselhou o rapaz a aguardar o resultado do teste, ao que respondeu: eu sempre assumi a minhas responsabilidades aconteça o que acontecer. Tinha já concluído o curso, e trabalhava agora numa profissão honrosa, onde era bem recebido, acarinhado e considerado, e os salários eram bastante altos. Já pensava em comprar uma casa só para ele, deciduado pela S.ra Miller que nutria um “amorete” pelo belo homem no qual francisco se tinha tornado, elegante, educado e bonito. Jamais trairia a família que me abriu as portas e me ajudou a ser o que hoje sou, e há outra razão que lhe não posso revelar… No seu percurso havia amigos de toda a classe social, e convivera com pessoas que tentaram arrastá-lo para a homossexualidade, mas Francisco conseguiu resistir a tudo e a todos naquele mundo louco, em discotecas quentes onde se fumavam charros e se consumia álcool até cair. Tinha-se feito uma jura a ele próprio, e antes morrer que quebrá-la. Tinha um fraquinho por Alfredo, casado e pai de filhos, que jazia para sempre no seu coração

Sem comentários: