quinta-feira, 4 de janeiro de 2024
escreverei
Na palma das mãos AB
Escrevo na palma das mãos, enrugadas, calejadas onde as letras tremem, e num sorriso desviado olho o luar indiferente, tentando entrar pela frente daquela janela que por magia, de par em par se abria, para mostrar lá no céu azul, as estrelas que num frenesim impetuoso, dançavam ou cantavam, já não sei, expandiam no firmamento um cintilar do momento. Escrevo nas folhas mortas, que no chão caem desamparadas, algumas desfiguradas, pelo Outono que ordena, que as árvores se desnudem sem vergonha, que só o tempo cobrirá de brancura, com a neve e sua formosura, em dias gélidos, onde aqueles olhares franzinos, percorrerão lentamente e com levura não encontrando a ternura, das aves que cantam assustadas, dos rios que velozes correm para o mar, dos passantes errantes, que não sabem o caminho, do chedre que se abriga num velho ninho. Escrevo na dor e no desespero, daqueles que provocam o flagelo, na inocência das crianças que ficaram orfelinas, num papel manchado de sangue sem linhas, no desconsolo dos que não têm onde se abrigar e nas paredes dos que os não deixam entrar, dos sem coração que não aprenderam a amar, na vulnerabilidade dos que abandonados esperam aquele dia, e que milhões de flores não trazem de volta a alegria nem o perfume dos lindos momentos que a nostalgia de uma foto amarelada, esquecida num canto sem brilho sem nada. Escrevo na lágrima que cai , nos cantos dos olhos da mãe e do pai, no silêncio que cala a verdade no vento veloz que corria na minha idade, nos jogos que com amigos joguei, nos tanques onde tantas vezes me banhei na corda do sino que tantas vezes puxei e nas estrumeiras por onde passei, nas ruas da minha amada terra, protegida do alto pela senhora da serra, e nas grandes fragas da ladeira escreverei teu nome minha amada, que pode nunca ser encontrada, mas nos meus sonhos sempre permanecerás eternamente meu amor.
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