sábado, 24 de fevereiro de 2024
Dia de sorte 829 s AB
Antes de regressar a casa, depois de tão triste notícia Fred sentia-se desorientado, responsável, e para amaciar os seus tormentos, mandou construir uma capelinha para a qual foram transladados os restos mortais da mulher que lhe salvou a vida, Não reparava o erro do esquecimento, e jamais teria a paz desejada, foi apenas um gesto que simbolizava a importância que ela teve na sua vida, contratou pessoas para que as rosas brancas nunca faltassem junto do seu corpo. E prometeu vir visitá-la sempre que pudesse. Á entrada, escrito com letras douradas surgia o pedido de perdão. De volta a casa, pediu que o deixassem chorar em paz e foi a noite toda assim. Logo pela manhã tomou um duche de água fria, vestiu-se para ir trabalhar, e enquanto tomavam o pequeno almoço desvendou os acontecimentos da sua infeliz viagem. O constrangimento notava-se no rosto de todos os presentes, e a tristeza de nada poder fazer em semelhantes condições. Fred continuava com um peso grande sobre o coração, mas a vida era assim com a crueldade que a caraterizava. Tinha uma empresa para visitar, tomou o transporte mais rápido para não faltar à reunião bastante importante, já no avião que o transportava, pediu os jornais do dia. Foi um deles que requereu a sua atenção. Uma foto do pai deixando a prisão onde permaneceu encarcerado, pagando os seus erros, a mulher que fora sua com um tímido olhar, e a filha, sua irmã radiante correndo para os braços do pai. Este quadro onde se inseria, a traição, trouxe-lhe uma lágrima ao canto do olho, era aquela a sua família que o destino desviou do bom caminho que anos passaram e o rancor não tinha diminuído. Fechou subitamente o jornal, e o resto do dia foi passado como quem lhe tinha roubado a vida, projetos que foram por água abaixo, esperanças destroçadas, e a vítima fugindo do que não poderia fugir a vida inteira. A sensibilidade que o caracterizava, veio tantas vezes à tona da água, mas o sofrimento levou a melhor. Tinha subido na hierarquia, e ganho batalhas que muitos consideravam perdidas antecipadamente, com perseverança e a força de quem se bate neste mundo feroz, e não tinha visto o tempo passar. Meditou por instantes no que era e no que poderia ter sido a sua vida, faltavam argumentos que o afeto e carinho tinha enterrado, que jamais voltariam. Meditou no fato de passar o resto do seu viver afastado de caricias e amor que uma família traz ao seio de um verdadeiro lar, e não concebia um viver assim. Tinha jurado de nunca mais amar ninguém, talvez num momento de desespero, mas, os filhos que tanto gostava de ter assediavam uma esperança que apenas parecia vã... rodeavam-no pessoas capazes de fazer a sua felicidade, uma delas era a filha do patrão que só tinha olhos para ele. E o seu dia de sorte chegou no momento menos esperado. Viajava num cruzeiro quando Aline se assentou à sua mesa, pedindo educadamente se lhe era permitido. Fred ficou como um adolescente admirando aquela beleza, abstrato à resposta que a elegante e esbelta rapariga esperava com aquele olhar cativante de um verde majestoso e um lindo sorriso que se dissipava pouco a pouco receando a recusa. Finalmente, levantou-se e como um verdadeiro cavalheiro retirou a cadeira e num gesto simples disse apenas: todo o prazer será meu, congratulo-me e agradeço que me acompanhe para o resto das nossas vidas se tal for o seu desejo. Ela soltou uma gargalhada que não passou despercebida na sala, Fred, envergonhado já não podia retirar o que disse. Parecia um adolescente magoado, mas a companheira de nacionalidade Holandesa fazia esforços para na linguagem que não era sua, tentando recuperar os cacos partidos. Foi um dia maravilhoso passado no grande barco onde o beijo do amor fechou o episódio de dois adultos que á primeira vista foram invadidos pelo “coup de foudre”
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Sem comentários:
Enviar um comentário