sexta-feira, 10 de maio de 2013

Albufeira do Azibo


O lago
Não deves recusar o esforço, porque ele é um caminho.
Num lugar que terás de descobrir – que fica sempre alto e longe – existe para ti uma lagoa meio escavada na rocha, com relva muito verde em parte das margens e cantos alegres de pássaros calmos.
Encontram-se lá os que amas, fortes e generosos. Sorridentes.
Há sol e também a sombra de altas árvores. Por cima, apenas o céu, à distância de um último salto.
Não é um destino inevitável, mas um lugar onde és esperado e que podes, ou não, alcançar, conforme a medida do teu desejo. Só quando lá chegares terás alcançado toda a tua envergadura. Só lá te encontrarás contigo mesmo.
Existes para chegar a esse lago. Os teus olhos são capazes de pousar nas suas águas limpas, que refletem já o céu que lhes há por cima.
Não se pode querer mal aos caminhos que conduzem a lugares assim, embora sejam escarpados e se torne impossível evitar ferimentos e cansaços quando se segue por eles.
Se o teu desejo de chegar for grande, nenhum esforço te parecerá demasiado penoso. E, embora vás a caminho, terás sempre contigo qualquer coisa que é já de ter chegado. Talvez uma certa forma de olhar, resultante daquela luz que se acende por dentro quando nos pomos a caminho dispostos a tudo o que aparecer.
E nem haverá problema se a morte te encontrar assim, ainda no gesto de subir: já tens em ti o teu lago, na imagem dele que te fez partir.
Não deves recusar a dor, porque ela te constrói, te marca os limites e te faz crescer por dentro dos teus muros.
Sem ela, não passarias de um projeto do homem que hás-de ser. Ela edifica-te os músculos, a cabeça e o coração, e não existe outra maneira de chegares a ser aquilo que deves vir a ser.
Se não sofresses não haveria ninguém dentro de ti.
No cumprimento sério dos teus deveres, encontrarás a dor na forma de esforço e de cansaço.
Mas pode muito bem ser que, tarde ou cedo, ela te procure sem disfarces e te faça chorar ou gemer. É frequente que ela se apresente assim, numa nudez que parece cruel e faz lembrar facas ou agulhas.
Nem por isso te deves assustar ou desistir.
Quando te parecer que tudo está perdido, ri-te, se puderes. É que te estão a oferecer um degrau que te deixará incomparavelmente mais acima no caminho. Deves ver nisso o sinal de que – por qualquer razão – é tempo de andares depressa.
Sobretudo, não te queixes. Há assim metamorfoses que parecem aniquilar, mas não passam de formas de fazer surgir a borboleta.
Não te queixes, porque receberás umas asas e cores novas.
O teu lago – de onde de tão perto se pode olhar o céu – tem um preço que tu saberás dar e não é tão grande assim.

5 comentários:

Anónimo disse...

Onde fica esta maravilha? Em Espanha não!? Com esta pureza toda e nos tempos de agora é difícil encontrar no globo terrestre!

antonio disse...

Tem razão... esta pureza, embora no estado primitivo, não foi por acaso que ganhou o primeiro prémio das 7 maravilhas dos lagos naturais de Portugal. Albufeira do Azibo.
Atenciosamente

Anónimo disse...

Sr. António,
Me desculpe mas não sei em que parte do globo ficao Azibo.

Cumprimentos

antonio disse...

Sr. (a)Anónimo: receio que esteja testando a minha paciencia com brincadeiras sem fundamento... com tudo, e como a dúvida persiste, vou responder-lhe educadamente com civismo que é minha obrigação:
A Albufeira do Azibo é o brazão Transmontano do Nordeste cujo reconhecimento se pode procurar com um clic no Google e imagens da Albufeira do Azibo.
Situa-se entre a Freguesia de Santa Combinha e Podensse, no comcelho de Macedo de Cavaleiros, distrito de Bragança,
Atenciosamente

Anónimo disse...

Não conheço. Pensei que se situava em Espanha. Não me passou pela cabeça ir ver ao Google. Já lá fui e gostei do que vi.
Munto obrigado pela dica e não lhe quis tirar a paciência. Foi sem intenção.