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FLOR MACIEIRA |
Já volta a haver rosas! A Primavera voltou… e, como todos os
anos, voltaram também as andorinhas radiantes, com seus filhotes, nascidos e
criados aqui, no beiral de uma casinha branca, ou simplesmente onde lhes é
permitido; na conduta da minha canalização, porque os lugares não são delas, e
os proprietários deixaram de gostar de passarinhos… Voltou igualmente o Sol com
seus raios quentes, límpidos e dourados, um céu azul, e a alegria de poder
passar por alguém e dizer: Bom-dia! As flores campestres embelezam o
território, perfumam o ar com pureza inconfundível… as espécies vivas n’um emaranhado
colorido rejubilam por entre os olhares pouco admirativos dos passantes
habituados e apressados para semear, plantar, regar, cultivar para consumo próprio,
como o faziam tradicionalmente, aqueles antepassados de rostos enrugados, mãos
calejadas, e olhares penetrantes… os tempos são outros e as mentalidades evoluíram…
do biológico pouco ou nada resta! Propagam-se os herbicidas, os pesticidas e os
químicos que fazem crescer maior e mais depressa. Como se o tempo fosse um fator
preponderante nas nossas vidas de mortais? O tempo que para uns passa veloz e
para outros nunca mais chega o dia… não passamos de uns hipócritas invejosos
cujo orgulho desfalece apenas com o pôr-do-sol…Um poder sobrenatural colocou à
nossa disposição as magnificências sem pedir nada de volta, e, nós ingratos,
vamos destruindo pouco a pouco sem escrúpulos nem remorsos…
Com as rosas, o céu azul, e o sol brilhante, voltaram
também, a Murçós, os filhos da terra, que tinham abalado passar o inverno
medonho no conforto citadino de outras terras… junto dos entes queridos, e,
longe da pacatez, ao que alguns chamam “pasmaceira”… Os seres humanos
insatisfeitos, recordam com nostalgia o passado mas tentam dar-lhe uma
opacidade que se reflete preconceituosamente nos espelhos narrativos da vida.
Voltou também o rumorejante nos cantos da aldeia, à sombra,
em voz baixa, porque há ouvidos por todo o lado, e ninguém gosta que lhe virem
a cara por um : “toma lá dá cá”.
Os atos eleitorais já próximos, e o clubismo, mais quem tem
ou não pensões, que chegou e quem foi embora, as doenças de x e y, a vida
alheia em geral são temas que animam as horas de descanso, das 10h da manhã ás
16h da tarde quando o sol é mais abrasador. Há quem aproveite passar férias
mais tranquilamente que no mês de Agosto, ou talvez por outras razões…
Como o inverno e as chuvas se prolongaram este ano não vai
haver grande quantidade de certos frutos; má desfloração. As cerejas prometem
abundancia e qualidade. Nos terrenos vem-se já as batatas, as cebolas, os
feijões, as alfaces, ervilhas favas em consumo e labuta-se par poder contar com
o necessário à nossa sobrevivência.
Os campos verdejam, e, por entre os diversos coloridos,
sobressai o amarelo das giestas e das carquejas. Um balão de oxigénio levantar-se
e espreitar pela janela a magnificência da natureza.
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VINHA |
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ERVILHAS |
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CANGORSA |
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ALFACE |
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COUVES |
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FIGOS |
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CEREJAS |
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GIESTA |
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??? |
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??? |
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AS ROSAS VOLTARAM |
4 comentários:
Tonho
O conteúdo não tem nada a ver, mas ao ler o teu artigo lembrei-me de uma canção brasileira lindíssima: "Para não dizer que não falei das Flores" (Geraldo Vandré)escrita nos idos da década de 1960 contra a ditadura que por lá se fazia sentir e que tinha o mesmo nome que a nossa, "Estado Novo" (até nas ditaduras somos irmãos).
Para que não penses que estou doida, termina assim:
"Os amores na mente,
As flores no chão
A certeza na frente,
A história na mão
Caminhando e cantando
E seguindo a canção
Aprendendo e ensinando
Uma nova lição.
Podes ouvi-la aqui, se a não conheces:
http://www.youtube.com/watch?v=A_2Gtz-zAzM
Beijos
Fátima
Olá fátima: gostei imenso da canção e quiz partilhar com os leitores, embora não tenha uma ligação directa com o meu texto. Obrigado. Beijos saudosos
Que belas fotos e que lindos canteiros de flores! Parabens!...
Obrigado Sr.(a) Anónimo... sobretudo pela visita. É sempre agradável ser cvongratulado! Porém, é com o intuito de fazer prazer a quem passa por aqui. Cumprimentos
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