quarta-feira, 14 de janeiro de 2015

Azeite novo




Breve visita ao tradicional lagar de azeite pertencente a gente oriunda de Murçós, situado na Aldeia vizinha de Ferreira. Quando ainda o Tio António estava connosco, as pessoas iam fazer o azeite no seu lagar por consideração, e, pouco a pouco, a qualidade artesanal foi trazendo mais e mais mordidos da pureza deste produto dourado onde cada um sabe que está a utilizar um produto seu, das suas oliveiras, fino e saboroso como não há igual nos arredores… os filhos tomaram a sucessão ajudados pela mãe um tanto quanto cansada, e alguns “geireiros” pois todos os braços são bem-vindos! Quatro meses de labuta árdua para fazer funcionar um lagar tradicional no qual a maior parte do trabalho se executa ainda manualmente, desde a  descarga, passando pela balança, limpeza dos ramos e folhas, lavagem da azeitona, moê-la, espalhar a lava ou massa, pelas centenas esteiras que vão acumulando no suporte de aço ao
 
centro, para depois seguirem amontoadas para o local onde são apertadas lentamente, espremidas com a compressão das duas máquinas; seguem para os tanques passando através de centenas de filtros, os quais são retirados e lavados regularmente em água a ferver às mãos nuas, onde se mistura a água a temperatura normal, subindo o azeite e descendo a água que se vai remodelando simultaneamente. Finalmente, já com todas as impurezas retiradas, segue para um recipiente, baixando depois azeite puro como se pode ver nas fotos.
Para quem vem visitar tem a sua graça. Porém para quem lá trabalha, apesar de parecer um serviço fácil, é bastante exaustivo e sujo… muito diferente dos lagares de linha comandados eletronicamente, pelo que também o resultado final é muito mais compensador. Por este lagar
 passam todos os anos milhares de kg de azeitona, porque as pessoas estão cada vez mais vocacionadas para o tradicional ou bio cuja qualidade é bem superior. Neste viver de evolução permanente onde as coisas são transformadas, sobretudo os produtos alimentares, ainda existem pessoas defensoras do que é original mas sobretudo natural, embora nunca a 100%.













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