quarta-feira, 25 de fevereiro de 2015

Fumeiro em terras gaulesas

 A vida destes Emigrantes em terras gaulesas, assemelha-se parcialmente àquela que vagueia nas suas memórias bem enraizada, e nostalgicamente recuam no tempo da humildade, simplicidade e eficácia, tornando possíveis hábitos e costumes bem característicos das Aldeias do Nordeste Trasmontano, numa das mais atraentes e povoada cidade desta Europa convencional com algumas divergências problemáticas referentes a mentalidades, poderes, e riquezas… que se chama Paris. Neste caso, arredores  – Juvisy – próximos, que em tempo normal de rodagem eu percorri em quinze minutos até à Porte de Camperret, onde em tempos idos, tive a minha residência permanente, tendo-me também ocorrido em sentido contrário meter duas horas, numa noite de consoada, convidado para a ceia em casa de familiares na rue de la Republique  Savigny S/S onde partilhamos momentos inesquecíveis, alegres e de felicidade pura, omitindo fatos protocolares de hegemonia, concentrando-nos simplesmente na harmoniosa maneira de passar o Natal longe dos entes queridos ausentes, e muito próximo dos que nos ladeavam.

 São numerosos os filhos desta terra a escolher esta linda cidade que é Savigny, e outras circundantes, por diversas e variadas razões, pessoais ou de conveniência, para palco residencial, onde construíram – ou mandaram construir – o seu lar confortável, com o suor do 
seu trabalho, e a boa gerência económica, abdicando de privilégios e submetendo-se a sacrifícios, inclusive o de trabalhar nesta construção durante os fins-de-semana durante muito tempo. Mas valeu a pena! Valeu sim senhor… citemos como exemplo o meu interlocutor, um homem humilde, filho de pais que eu conheci muito bem, e pelos quais tinha grande consideração e carinho – com o qual converso frequentemente numa rede social, e surpreendentemente me confidenciou, para além de específicas atividades, bem ao gosto e maneira cá da terra - tais como a confeção das famosas alheiras e chouriças, que fazem a delicia reputada do fumeiro, bem representado na nossa região. Tudo foi planeado ao pormenor, programado e executado com maestria, que se pode dizer: “chapau” amigo Alípio Silva! Ele e a esposa pensaram em tudo… nas tripas que levaram de Portugal numa visita imprevista e triste… nas carnes compradas no talho de “ chez Leclerc” na enchedeira comprada também no nosso País, sem a qual o trabalho não poderia ter uma boa execução… nas varas, para embarrar, e a afumação essencial para estes chouriços. Na sua casa, o jardim ocupa-lhe os tempos livres, e as variadas espécie orgulham o meu amigo, cuja visita orientada me proporcionou virtualmente. Fez ainda questão de me enviar as fotos da execução nas 
diversas fases, que me são familiares , por presenciar e ajudar a minha esposa na confeção destes deliciosos alimentos, que ornamentam as lareiras em tempos invernais. O que me surpreendeu mais foi o facto de eles, marido e mulher – ele enche a esposa aperta – chegarem a um consenso que imaginava impossível em terras gaulesas, mas sobretudo numa grande cidade…
Existem ainda outros fatos que orgulham os nossos Emigrantes das gerações anteriores, talvez por não terem a oportunidade nem os meios necessários para realizar projetos e sonhos no local de onde são nativos, que são os percursos universitários e académicos, dos filhos com aproveitamento digno e meritório de louvores sendo filhos de gente modesta.
Confidenciava-me ainda o meu amigo, sem vaidades, mas com imensa felicidade e grande orgulho: - O meu filho acabou o estágio de engenharia, e hoje mesmo começou a trabalhar no 16em arrondissement, na empresa onde esteve a estagiar! – compreendo perfeitamente a  felicidade de um pai o qual acrescentou: - Ele ajudou-me a mim e eu ajudei-o a ele… concordo plenamente com a ajuda mutua, e só me resta felicitá-los aos três!
Como o filho do meu amigo, também outros filhos de emigrantes, são hoje em terras longínquas, médicos, gestores, arquitetos, professores, advogados, para além dos cursos profissionais que são honráveis e permitem ganhar a vida honestamente. Fica uma frase que usei noutras redes: não é vergonha ser emigrante… - resposta de um comentador filho da terra: - pois não é vergonha mas não precisávamos sair do país se não tivéssemos governantes corruptos e ladrões… o seu a seu dono. Assunto convergente e divergente segundo opiniões




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