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foto de Rui Pires |
As nossas Aldeias.
“ Somos poucos mas bons”
é a resposta que aflora os lábios dos que por cá vivem numa mesmice cada vez
mais insuportável, dadas as condições, socioeconômico, que tendem a piorar de
dia para dia. Gostaria tanto poder dar noticias florescentes aos amantes desta
terra, filhos legítimos ou adotivos, porém, o destino parece revoltado contra a
reputação e a afluência destas ruas, outrora repletas de vivacidade alegria e otimismo,
hoje quase desertas, recatadas como se um furacão tivesse passado por cá, deixando
vestígios que alimentam as boas recordações, esgueirando-se às
responsabilidades de uma luta perdida antecipadamente, é
verdade, mas, quem sabe se um milagre surge e o passado volta
com todos os seus atraentes comportamentos? Sim é difícil acreditar… vamos
movendo um pé atrás de outro na lista de espera para as “muletas” cadeira de
rodas, e tuti fruti, mas enfim… “cest la vie”, e não somos os únicos… todos os
dias, nos programas televisivos, só se veem desgraças, por este Portugal
moribundo, cheio de corruptos decadentes, e de oportunistas desavergonhados,
sem valores nem princípios – mas quem sou eu para argumentar – não sendo
exemplo para pessoas que se escondem por detrás da cobardia, manchando com
frases o que não podem atingir com os braços curtos e a mente contaminada…as
nossas Aldeias é um tema de onde se poderiam extrair histórias de adormecer,
fatos narrativos de grande envergadura, e salutar complacência, não houvesse
avareza, ingratidão, e tantos outros adjetivos qualificativos, que nos trazem
de cara voltada, lembrando-nos apenas nos velórios o quão mesquinhos somos uns
para os outros, mesmo sabendo que a nossa hora chegará, mais depressa que
imaginamos…
Lamentavelmente, as portas vão-se fechando uma a uma, as casas geladas
enchem-se de caruncho, e os herdeiros preferem esquecer um património que só
lhes traz dores de cabeça e complicações… tentam a venda por umas cascas de
alho por não terem tempo a perder onde tudo se perderá definitivamente, é só
uma questão de tempo… as nossas Aldeias ruirão pouco a pouco, e os únicos
moradores corajosos que persistirem em ficar, reconhecerão o asilo onde a
solidão e a falta de meios de sobrevivência, os transportarão até ao infinito
desconsolo… agarrar-se à terra que vai deslizando sob os nossos pés é um
naufrágio terrestre… isto não são divagações lançadas com ligeireza, mas sim
com clarividência como a teoria do pau e da pedra… Porém, nem tudo o que parece
é. Apesar das inúmeras contradições que existem no medicamento milagre, podemos
subtraí-las, equacioná-las, ou simplesmente dividi-las, - pelos povos – como se
costuma dizer, e o fardo tornar-se-á menos pesado. Chegarão então os oportunistas à espreita para se apoderarem das terras de ninguém com o intuito de fazer fortuna.
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