quarta-feira, 11 de março de 2015

AS NOSSAS ALDEIA

m u r ç ó s »» antonio bras

foto de Rui Pires
 Em momentos de tamanha escuridão valha-nos a luminosidade do território, que ao contrário desta sociedade transformada em velório, através do caminho que há muito nos conduz, enchemos o peito, olhamos o património e... se faz luz. ( de Paulo Costa)

As nossas Aldeias.
“ Somos poucos mas bons” é a resposta que aflora os lábios dos que por cá vivem numa mesmice cada vez mais insuportável, dadas as condições, socioeconômico, que tendem a piorar de dia para dia. Gostaria tanto poder dar noticias florescentes aos amantes desta terra, filhos legítimos ou adotivos, porém, o destino parece revoltado contra a reputação e a afluência destas ruas, outrora repletas de vivacidade alegria e otimismo, hoje quase desertas, recatadas como se um furacão tivesse passado por cá, deixando vestígios que alimentam as boas recordações, esgueirando-se às responsabilidades de uma luta perdida antecipadamente, é 
verdade, mas, quem sabe se um milagre surge e o passado volta com todos os seus atraentes comportamentos? Sim é difícil acreditar… vamos movendo um pé atrás de outro na lista de espera para as “muletas” cadeira de rodas, e tuti fruti, mas enfim… “cest la vie”, e não somos os únicos… todos os dias, nos programas televisivos, só se veem desgraças, por este Portugal moribundo, cheio de corruptos decadentes, e de oportunistas desavergonhados, sem valores nem princípios – mas quem sou eu para argumentar – não sendo exemplo para pessoas que se escondem por detrás da cobardia, manchando com frases o que não podem atingir com os braços curtos e a mente contaminada…as nossas Aldeias é um tema de onde se poderiam extrair histórias de adormecer, fatos narrativos de grande envergadura, e salutar complacência, não houvesse avareza, ingratidão, e tantos outros adjetivos qualificativos, que nos trazem de cara voltada, lembrando-nos apenas nos velórios o quão mesquinhos somos uns para os outros, mesmo sabendo que a nossa hora chegará, mais depressa que imaginamos…
Lamentavelmente, as portas vão-se fechando uma a uma, as casas geladas enchem-se de caruncho, e os herdeiros preferem esquecer um património que só lhes traz dores de cabeça e complicações… tentam a venda por umas cascas de alho por não terem tempo a perder onde tudo se perderá definitivamente, é só uma questão de tempo… as nossas Aldeias ruirão pouco a pouco, e os únicos moradores corajosos que persistirem em ficar, reconhecerão o asilo onde a solidão e a falta de meios de sobrevivência, os transportarão até ao infinito desconsolo… agarrar-se à terra que vai deslizando sob os nossos pés é um naufrágio terrestre… isto não são divagações lançadas com ligeireza, mas sim com clarividência como a teoria do pau e da pedra… Porém, nem tudo o que parece é. Apesar das inúmeras contradições que existem no medicamento milagre, podemos subtraí-las, equacioná-las, ou simplesmente dividi-las, - pelos povos – como se costuma dizer, e o fardo tornar-se-á menos pesado. Chegarão então os oportunistas à espreita para se apoderarem das terras de ninguém com o intuito de fazer fortuna.






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