quarta-feira, 24 de fevereiro de 2016

Oh! vida vida

 Eu costumo dizer que o melhor da vida se faz a partir de excessos. Excesso de coragem, de medo, de amor, de paixão, de felicidade, de desejo e até mesmo de loucura. Ligar desesperadamente para uma pessoa sem saber direito o que dizer, nem se quer dizer. Planejar durante horas tudo o que falar e na hora tomar um rumo totalmente oposto à suas ideias. Acordar às 4h da madrugada para pensar na vida, mesmo que o sono lhe queira fechar os olhos. Chorar com gosto, mas com gosto mesmo, até a cabeça doer. Dormir e esquecer quem foi você no dia anterior, porque acordar é nascer de novo. A vida, vez ou outra, demonstra seu excesso de cor. Nós, uma vez ou outra, praticamos nossa arte de colorir. Mudamos o mundo, trocamos as coisas de lugar, invertemos as situações, pintamos um céu cor-de-rosa e um mar amarelo, fazemos nascer margaridas no impossível e o impossível na simplicidade. Tornamos 24 horas um mar de possibilidades ou um mero dia, só depende de nós. Tudo está num gesto imprevisível. Que a vida permaneça com essa virtude: ser excessivamente deslumbrante!
A vida não tem planeamentos. Ela é como o vento que muda o rumo da maré, carrega o papagaio pra longe de nós e faz os ponteiros do relógio alterarem os nossos planeamentos ao virar do tempo. A vida não se define, pois está sempre em eterna construção. É o inacabado, porém sempre completo. O incorreto, mas que acerta em cheio nos erros cometidos. A vida não tem explicação. São as chegadas que não trazem nada e
as partidas que deixam tudo pelos cantos. É o que se acumula na alma, mas não pesa. Porque a vida é sempre leve se a soubermos levar com paz. Morre quem não sabe aproveita-la, é eterno quem cultiva o amor. A vida não tem lógica. É o ancorar com um balão, conhecer as nuvens no fundo do mar. Porque viver é saber que a lei da gravidade é somente o que inventaram para a gente não voar. Viver é planar sem planos, rimar sem rumos e amar sem amarguras. O curto espaço entre nascimento e óbito não é vida, estes são somente os anos. A verdadeira vida estende-se no curto espaço de entrelaçar as mãos, abraçar uma alma ou beijar calorosamente a quem se gosta. No curto espaço… 

eu afastei-me. Afastei-me daqui, afastei-me das pessoas, afastei-me da vida, mas acho que era só para pensar. Pensar um pouco nos erros que ando cometendo, nas vontades que ando tendo, nos medos que me afligem cada vez mais. Pensar nesta súbita e inesperada mudança, e se isso está sendo bom para mim. Acho que às vezes precisamos
 disso, de uma breve pausa, para rever os nossos conceitos, para voltar a ser o que eramos, ou para simplesmente seguirmos em frente, mudarmos, tomarmos novos ares seguirmos novos rumos. Será que me vou redimir com este afastamento? Que a vida vai mudar, e as feridas vão sarar? Talvez os ponteiros do relógio retomem a rota no bom sentido… e as horas passem mais rápidas nas tormentas dos dias tempestuosos. Podem voltar os segredos e tomarem o rumo predestinado, entrarem naquela gaveta onde se guardam os corações palpitantes, as lindas frases que nos fazem estremecer, o perfume incomparável que reconhecemos entre tantos outros… as nossas mãos não voltarão a entrelaçar-se, e o tempo tornar-se-á tão longo que o desespero que me tenta pressionante, pode vencer a batalha…


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