quinta-feira, 25 de maio de 2017

Talvez seja tarde

TALVEZ SEJA TARDE “in suspiros lunares”
Talvez seja tarde, mas vou esperar.
Enquanto o mundo for mundo
Enquanto eu viver por ti.
Enquanto te amar.
Vou esperar até que a voz me doa
O cansaço me destroce
Até que uma pedra crie alma
Até que a morte me eleve aos céus
Até que a revolta se calme
Vou esperar-te até que deixem de existir noites
Que seque o mar
Até que o sol se apague
Talvez seja tarde, mas vou esperar
Até que o silêncio grite
Que o céu caia a pique
Até que o meu poema te acorde
Que uma romãzeira brote diamantes brutos
Até que os desejos sejam puros e absolutos
Que do meu corpo saiam trovões
Até que nos jardins floresçam corações.
Que raios de luz me fulminem numa quimera
Ou me transformem a vida numa eterna primavera
Vou esperar-te num sonho…
Nas asas de uma andorinha
Neste verão

Sentada na rocha ou no chão
Na berma da estrada…
Na fenda de um vulcão
Talvez seja tarde…
Mas vou aguardar-te no meu coração

Maria da Conceição Marques

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