quarta-feira, 18 de julho de 2018

Pontos e paragrafos


Quisera eu, e até almejara, narrar, com a maior das simplicidades transeuntes, um viver ríspido, repleto de sonhos efêmeros, de amores platónicos, de flirts desvairados na imensidão das estrelas brilhantes, ou então recordar com veemência desmedida, lugares ditosos, bênçãos poderosíssimas, alacridade de feitiço esporádico, gestos embriagantes que o silêncio profundo absorve, na timidez da aproximação dos teus lábios ressequidos pelo desejo, enquanto testemunhavam o lacrimejar de uns olhos cor da paixão esvairados, e o pelejar do coração n’um ritmo desenfreado; e o tempo que se nos esgueirava por entre frestas que ambos tecíamos recatados, contentando-nos com o remanescente! E aquela maldita frase destroçadora… - Porque serei eu tanto do teu agrado? – Ostentasse responder objetivamente num frenesim vencido pela mentira, na cegueira do orgulho, na humilhação da questão, no despeito ou na honra, que finalmente sempre me mergulhava num silêncio impotente, por vezes subversivo, mas tão marcante quanto as sequelas de um martirizado. E os anos foram passando deixando na zaga um oceano de pérolas nem vivas nem mortas, esperançadas com petulância pela adversidade divergente, ingrata, cupidez em britar abandonando os principais valores murais.                                                                                                                           Quisera voltar atrás no tempo, ainda sem máscaras nem preconceitos, eramos ambos dois miúdos, e reviver de novo, magicamente, aqueles anseios cativantes de pureza, ingenuidade, e ímpeto, nos encontros marcados por um gesto, um olhar, ou simplesmente atraídos por o possante íman programado para manter-nos unidos até à eternidade porque só se ama uma vez. Por: António Brás Pereira texto e foto.                     




Sem comentários: