segunda-feira, 17 de dezembro de 2018

Destinos e destinados


Destinos e destinados
Por António Braz
Após uma lua-de-mel nas Bahamas de quinze dias, com altos e baixos nas relações de recém casados, Carlos e Paula voltaram aos ninhos paternais, enquanto não era posta em cima da mesa outra solução peculiar de independência e discrição, numa vivenda comprada e oferecida como prenda de casamento pelos pais da noiva, mas, o entusiasmo não parecia ter a euforia desejada, porém, para salvar as aparências, Carlos era um ótimo Actor, fingia uma felicidade que não existia no seu coração, e o pensamento voava para a mulher que amava realmente, Júlia. Por sua vez esta secara as lágrimas vivia um dia de cada vez, esperando voltar a apaixonar-se por alguém que a levasse ao altar e a fizesse feliz. Até que se apercebeu, dois meses depois da tragédia que supostamente vinha aí. Todos os sintomas apontavam para uma gravidez, o que vinha metamorfosear todos os seu projetos, ambições, enfim… a sua vida e a de seus pais conservadores que dificilmente aceitariam que se tornasse uma mãe solteira.
Mandou entregar discretamente por uma amiga, uma carta ao Carlitos na qual referenciava o pavor que lhe causava tal situação onde se encontrava sozinha sem saber o que fazer…
A resposta dizia apenas:
A notícia veio retirar do meu peito a ansiedade que me sufocava… é maravilhoso! Um filho teu e meu que melhor notícia podia desejar um moribundo carenciado de amor? Estamos os dois armados para o: “que der e vier”; cuida bem desse bebé.
Também na casa de Sr. Félix para onde Fernanda tinha sido levada e onde vivia desde então, a pedido deste, embora sem precisar realmente, porque tinha uma governanta formada na alta sociedade quando ainda sua esposa vivia, embora já com idade, mas sempre fiel aos seus valores e princípios, tendo-o ajudado como uma mãe, quando esteve quase a tocar o fundo, durante o tempo que durou aquela maldita doença, acabando por a levar sua esposa, ainda jovem e quando ambos projetavam ter uma família com filhos, depois de realizados os projetos profissionais, ele como médico e ela como investigadora cientifica, os factos até então passados a ferro quente, se complicaram, pelas mesmas razões sintomáticas de Júlia, as quais não passaram despercebidas, ao médico que receava a reação da moça quando se certificasse da verdade. Andava pálida, dando escapadelas ao quarto de banho, tentando disfarçar com alegada má disposição… Estavam sentados à mesa os três, como sempre embora fosse uma família abastada, jamais esqueceram que tinham fugido da Bélgica, para não serem presos e levados como o resto da família para campos de concentração perseguidos pelos nazis porque eram “juifes”, em tempo de guerra, quando o médico olhando Fernanda com ternura e em voz afetuosa balbuciou pela primeira vez as suspeitas que recaíam sobre os ombros daquela pobre Aldeã e a carregavam de vergonha;  - tu és apenas a vitima, filha – não te culpes de nada, nem chores porque o nascimento de um filho é a coisa mais maravilhosa que existe neste Mundo! Com minha esposa fizemos projetos que nos traziam tão alegres e felizes, que jamais esquecerei… - e uma lágrima veio inundar-lhe o canto da boca – estou perfeitamente consciente do que te passa pela alma, e te martiriza o coração, porém, sabes que nos tens ao teu lado, a mim e à Josefina não é verdade? Esta será sempre a tua casa enquanto o desejares, e nós a tua família se nos aceitares como tal… também tens a alternativa de ir procurar o pai desse filho e chamá-lo à responsabilidade…
- Ó não. Isso nunca – respondeu Fernanda em voz insegura – o pior vai ser a minha família quando souber?
- Deixa essa parte comigo – retorquiu o médico.
O Sr. Félix conhecia vagamente a família de Carlitos por ter convivido com o pai na Universidade de Coimbra embora em cursos diferentes. Um medicina o outro engenharia. Contudo não exporia o caso já que Fernanda não o desejava. Contratou um detetive privado para ir meter o nariz na vida desse machista, e lhe fosse dando todos os pormenores.

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