sábado, 6 de abril de 2019

Destinos e Destinados

 Destinos e Destinados por António Brás (ficção)
Os acontecimentos desenvolvidos entre os protagonistas desta história tornaram-se num labirinto de ações descoordenadas, simétricas, desdenhadas contextualmente, vivendo no seu habitat, com relativamente poucas informações sobre o essencial onde duas mulheres e um homem não podiam lograr, pelas razões óbvias de que o leitor tem conhecimento, avaliando e julgando segundo as próprias opiniões. Há ainda muito para contar…
Fernanda continuava distante, triste, e ia já no seu quinto mês de gravidez, quando ao sair do seu quarto, ouviu, sem querer, uma conversa entre o detetive privado, contratado pelo Doutro, e o próprio que surpreendentemente, relatava os fatos de A a Z entre Carlos e as outras duas mulheres que passaram pela sua vida, enquanto ela continuava escondida, envergonhada e desprezada pela sua família que tanto amava. Desatou a chorar com tanto desespero que os dois homens conversando em baixo no salão ficaram surpreendidos, melingrados, e revoltados pela falta de prudência, ao terem uma conversa que supostamente era confidencial e revelou à moça toda a verdade fazendo-a sofrer ainda mais. O médico subiu as escadas rapidamente, entrou no quarto da rapariga, e abraçou-a ternamente, pedindo-lhe que o perdoasse pela imprudência, e que por amor de deus se acalmasse, porque o bebé teria um pai quando nascesse, e ela um marido se tal fosse o seu desejo. Fernanda tinha imensa estima e carinho pelo médico, mas apanhada de surpresa, apenas consegui balbuciar: - Como…
- Ouviste bem…tens na tua frente um velho que o destino quis que um dia negro das nossas vidas nos cruzássemos, e juntos sofrêssemos as adversidades impostas pelo destino, e superássemos com garra e esperança. Merecias um marido que tivesse mais ou menos a tua idade, que te amasse e te fizesse feliz, eu, apenas te poderei dar conforto, carinho e outros fragmentos da felicidade, mas, prometo, serei um bom marido, e um pai presente na construção da educação do nosso filho, se tal consentires?
Fernanda ficou atônita, hirta diante daquele homem tão bom e generoso, que já lhe tinha salvado a vida e agora abdicava das guloseimas que a vida lhe podia oferecer para se dedicar a uma mulher muito mais nova que ele e a um filho que sabia ser de outro… Este homem é um Santo – murmurava para consigo sem conseguir responder concretamente à proposta no ar. Abraçou-o e aí pode chorar um misto de lágrimas de felicidade e amargura porque assim tinha sido traçado o seu destino.



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