sexta-feira, 16 de julho de 2021

V O L T A R...

VOLTAR por António Braz

Volta o firmamento iluminado, pelo sol brilhante pelo luar, resplandecem as estrelas no azul que os céus lhes legaram, abrem-se as portas a quem quer entrar. Com o Outono voltam as folhas amareladas e mortas, e nos invernos tristes medonhos, voltam os pesadelos de quem não se pode abrigar. Cai a neve branca e leve, uiva o vento sem compaixão, não traz de volta o que levou e nem se sabe porque voltou… arrependimento não foi? Voltam as noites fogem os sonhos tão grande é a escuridão, há tantos morcegos à solta! Volta a primavera perfumada e florida, volta também o cuco a cantar, e as andorinhas brancas e negras nunca se esquecem de voltar. Volta o velho aos tempos de criança, aprende novamente a andar, são tão miudinhos os passos! Tenta o equilíbrio, mas cai, só deus o pode ajudar, ainda que queira falar, o seu tempo jamais vai voltar. Voltam as festas e as romarias, onde a alegria e a felicidade reinou, dançam os copos, bebem os pares, nos grandes recintos de beijos furtados, mas já não há olhar no olhar… nem abraços para ofertar. Volta o filho prodigo à

casa, já sem janelas nem portas, sem carinho sem amor já sem nada, queria pedir para voltar a entrar, para comer e pedir perdão ao jantar, àqueles que tudo lhe deram, e nada receberam ao voltar, nem sequer uma rápida visita ao lar. Volta fumegando o comboio, apita para avisar, que os que foram para lá jamais poderão voltar. Para os crentes volta a fé, mas a esperança não promete, nunca mais voltará a ser todos por um e um por todos, apenas cada um por si, volta o apelo: “Salve-se quem puder”. Voltam, filhos netos bisnetos, de terras de além-mar, mas nem a língua sabem falar, vieram apenas para verificar, terras bravias montes a gritar, pelos que espalharam tanto carinho e amor pelo ar, mas que já ninguém quer apanhar. Pedi à vaidade para não voltar, ao egoísmo para calar, à hipocrisia para abandonar, caminhos traçados por quem partiu para nunca mais voltar,

 
 

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