domingo, 19 de dezembro de 2021

Traídos e humilhado: in dia de sorte, por António Braz No dia seguinte, pelas 8h da manhã, chegava um táxi junto da vivenda dos pais de francisco. Tinha metido nas malas o que achava necessário, recusando a ajuda de toda a gente, com quem não conseguira falar, e muito menos abordar o assunto da noite de despedida. Não suportava a presença da mãe que tanto amou, suplicando-a a várias tentativas desta, de o deixar só. Despediu-se de todos com beijos e abraços, sem lágrimas emocionais, apenas rancor que o feria ainda mais… apenas os avós lhe proporcionaram uma grande emoção interior, e ao amigo Alfredo que não sabia do que se tinha passado, pediu o N.º do telemóvel para brevemente lhe ligar a contar o sucedido. Entrou para o carro sem se voltar, enquanto a mãe se desfazia em lágrimas de arrependimento, tal como Judas quando entregou Jesus. Entrou no avião que o levaria para longe, mas as recordações não se apagam com um simples gesto de borracha. Durante a longa viagem, meditou nos momentos inesquecíveis que passara com a sua família, naquele lugar maravilhoso que sempre julgou abençoado, no amor, carinho e uma felicidade a prazo, na injustiça que o viu nascer semelhante aos outros, mas diferente, tinha agora a certeza. – Não merecia ser tratado e abusado sem o seu consentimento como um simples brinquedo. Sentia-se mal, desprezado, abandonado pelas pessoas que mais amava no Mundo. Chegou quase a desfalecer, lívido, sujo, um fugitivo inocente. A senhora que ocupava o lugar a seu lado, reparou na tristeza que lhe ia na alma, quis intervir, mas não encontrava as palavras certas, para não causar ainda mais danos naquela cabeça martirizada pelo sofrimento que desconhecia. Tentou astuciosamente, deixar cair o saco de mão junto dos pés do rapaz, o qual educadamente se baixou para o recuperar, entregando-lho. – Obrigada. Respondeu esta num Português americanizado que despertou a sua atenção. – A senhora…. – Sou Portuguesa Americana. Respondeu de imediato. Já nasci nos estados Unidos, de mãe Americana e pai Português dos Açores, conhece? – Não. Nunca visitei os Açores… - mas devia porque tem umas paisagens maravilhosas e uma população acolhedora como ainda não encontrei em parte alguma. Mas… que falta de respeito? Ainda nem sequer me apresentei… sou a Senhora Miller, médica de profissão e vivo em Nova York, casada com o senhor Miller, que dá aulas na Universidade de cidade, e temos uma filha mais ou menos da sua idade que se chama Lynn, um cão e dois gatos… Pela primeira vez desde a noite da despedida Francisco sorriu, e os seus olhos voltavam a brilhar. - Agora é a sua vez. Que vem fazer um jovem tão formoso e educado a Nova York? Estudar, e trabalhar se arranjar trabalho para pagar os estudos. - Se bem compreendo um aventureiro? - Pela força das circunstâncias, mas se me permite não desejava abordar o assunto. - E casa para ficar já tem? - Vou ficar na residencial da Universidade. - É um local bastante aprazível, porém, tenho outra sugestão para lhe fazer. Vai comigo e falamos com a minha família. Talvez possa ficar na nossa casa, e como o jardineiro se despediu para ir gozar a reforma bem merecida, pode nos intervalos das aulas arranjar o nosso jardim em troca de uns euros, e como é óbvio vivia lá em casa. Que diz? -- Eu… eu não sei. Mas sobretudo não desejava incomodar ninguém agradecendo desde já a sua generosa amabilidade. - Então não se fala mais no assunto. O meu marido deve estar à minha espera com quem já poderá travar conhecimento. Na casa de Francisco tudo se tinha transformado num vale de lágrimas, arrependimentos que chegavam tarde, acusações que feriam como laminas, mas não se pode voltar atrás nos atos, e assumi-los é por vezes difícil. Os avós tinham voltado par a quinta onde discretamente tentavam arranjar maneira de reconciliar os entes queridos. Alfredo sentia que qualquer coisa de anormal se tinha passado naquela noite fatídica, mas não ousava perguntar. Tempos depois recebeu uma vídeo chamada do amigo, que lhe contou tudo. Também tinha arranjado trabalho na terra perto da sua amada, pelo que por muito lhe custasse deixar aquela gente amável e generosa, no final do mês voltava para a sua terra amada. Entretanto, Francisco aceito a proposta dos Myller aproveitando diversas vezes boleia do Professor. Com Lynnn, a filha do casal, entendia-se maravilhosamente, gente mais evoluída e aberta a todas as situações. Três meses depois o avô anunciava-lhe por telefone que que a rapariga com quem tinha dormido estava grávida de um menino. Francisco suspeitava tal gestação, e não admitia ser o pai do menino. Nove meses depois nascia um lindo menino de olhos azuis, cabelo loiro e feições graciosas que captava a atenção de todo a gente sobretudo da avó que acompanhou a gravidez Pesava 4kg e media 54 cm mas Francisco tinha rejeitado vê-lo por vídeo chamada.

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