quinta-feira, 21 de abril de 2022

Dia de sorte

Dia de sorte ant por António Braz Quando voltaram da entrevista os Miller pai e filha já a noite alongava os seus costumes preguiçosos ornamentados de estrelas e um luar fusco, empurrando os moradores para o conforto de suas casas. A Sra. Miller, após uma longa espera rica em sentimentos revoltantes, tentou sair daquele quarto por todos os meios antes que voltassem marido e filha, não tendo explicação convincente que justificasse o encarceramento no quarto conjugal, cuja porta estava fechada à chave, por segurança e receio que Francisco depois de meter tudo numa mala e num saco foi verificar saindo seguidamente a passos largos como que é perseguido. Mentalmente repudiava os seres humanos que conseguiam superar os animais, meigos, compreensivos e obedientes. Os nascimentos, para os progenitores é um acontecimento magnífico, mas, como nem todos nascem perfeitos então rapidamente se tornam taciturnas, indiferentes, distantes como se eles fossem culpados. A senhora Miller depois de numerosas tentativas para sair pela janele que ainda era alta, viu-se obrigada a desfazer a cama e pela porta varanda atirou o colchão para baixo para onde saltou, torcendo ainda um dos pés, mas, as dores não impediram de carregar com o colchão o mais rapidamente possível levando-o para o seu lugar. Estava fazendo a cama quando voltaram marido e filha gritando o seu nome do fundo da escadaria que conduzia aos quartos na parte superior da casa. Confusa e com o cabelo solto, algumas manchas de negro no rosto desceu as escadas receosa e apreensiva com um menino que acabava de fazer uma asneira. Que se passa? – perguntou o marido atónito numa perplexidade desconcertante. O jantar ainda não está feito’ - Desculpai, mas passei tanto tempo no arranjo dos quartos que não me apercebi das horas que eram… A filha começou a rir às gargalhadas, quando o chefe de família furioso, retorquiu: - Silencio por favor que não estamos numa casa de circo e gostaria de saber as verdadeiras razões pelas quais a tua mãe se esqueceu das horas? E o Francisco? Onde está o Francisco- Talvez tenha saído com os amigos… - Antes de jantar? Vou ver se está no quarto…. Quando chegou à entrada do quarto do rapaz e deparou com a porta grande aberta surpreendeu-o e quando entrou reparou que todas as suas coisas tinham sido levadas o que o levou a perceber que o rapaz tinha partido definitivamente, sem uma palavra de adeus, um endereço onde pudessem contactá-lo, nada. Isto não corresponde a este rapaz sempre cordial. Educado, e não partiria sem os agradecimentos devidos. Aqui passou-se qualquer coisa e vou já saber o que^. Desceu as escadas duas a duas e já em baixo perguntou à esposa o que se tinha passado para o rapaz ir embora como um fugitivo. De rosto vermelho e a gaguejar apenas disse: eu não sei. - Não sabes? Neste preciso momento toca o telemóvel. Do outro lado Francisco desfazia-se em desculpas por ter partido precipitadamente, mas um colega esperava-o na sua nova casa, que lhes estaria grato eternamente por tudo quanto fizeram por ele mas agora teria de seguir a sua vida para a frente sozinho. -E porque não disseste nada à minha esposa? -Tinha saído e o tempo escasseava. U grande abraço para todos e que deus lhes pague porque eu nunca poderei. - Diz-me pelo menos para onde foste viver. Eu vou dando notícias. Muito obrigado por tudo Professor.

Sem comentários: