terça-feira, 24 de janeiro de 2023

Dia de sorte 73

Dia de sorte73 por AB Francisco tinha o tempo todo preenchido em viagens e conferencias, e quando passava por casa era só para dormir umas horas. Fred, apesar da boa integração na sua nova escola, sentia falta de amor e carinho, mesmo acostumado à instituição onde tinha sido criado, sentia-se só e abandonado pelos pais que cometeram erros e era ele quem os cobrava. Porém não ousava manifestar o desalento refugiando-se no silêncio estudava dia e noite, verificando que de tempos a outros, uma amarga lágrima caía-lhe rolando pelo rosto até se desfazer na página do livro aberto. Os criados notaram nele aquela profunda tristeza que justificavam com a mudança de ares. Era domingo. Levantou-se tristonho tomou o banho quente e perfumado que todos os dias o esperava, vestiu-se e desceu para tomar o pequeno almoço. Para sua grande surpresa, o pai assentado na grande mesa esperava-o. Trocaram rápidos olhares enquanto dava os bons dias. Francisco não comia e o aspeto temeroso fez aumentar a timidez do filho. Naquele silêncio medonho onde reinavam a discórdia e o infortúnio que vinham constantemente à tona da água, Fred desejou pela primeira vez estar longe de tudo e de todos ocorrendo-lhe pensamentos maléficos que o iam atirando para o abismo, teria de ser o único inocente a sofrer as consequências dos atos adultos? Não tinha a que se agarrar para não deslizar e cair naquele buraco sem fundo. Tinha avaliado mal a sua ida para os estados unidos viver junto de um desconhecido que já não via nem ouvia ao longo de vários meses. Também não tinha conseguido amizades sendo considerado estrangeiro a quem os nativos não confidenciavam suas vivencias, exceto a Mary sua defensora generosa, linda e com grande coração. Finalmente Francisco propôs ao filho um giro a cavalo dizendo ter grandes saudades da quinta dos avós onde praticava à rebeldia sendo um excelente cavaleiro. O rapaz aquiesceu com a cabeça, levantou-se e foi mudar de roupa. Dois alazões um branco o do pai os outros castanhos esperavam-nos à saída prontos para montar. Fred parecia hesitante receando não estar à altura do outro cavaleiro. Vamos rapaz dos diabos. Não me digas que tens medo? Não, não tenho e saltou para cima do cavalo, Lado a lado galopando com o ar fresco a penetrar-lhe as entranhas, aliviou completamente trocando palavras de incentivos com aquele homem metamorfoseado sentiu até um bater de coração mais acelerado do qual não sabia o significado, que era sem dúvida amor.

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