quarta-feira, 24 de maio de 2023

Destinos e destinado 655

Destinos e destinados 655 Ab Os preparativos funerários de um homem exemplar decorriam como ele antes tinha ordenado, e Fernando continuava a não aceitar a realidade. A agência funerária tratou da papelada e do resto como ele desejava. Para um homem simples só a simplicidade vigorava embora formado com rigidez. Da aldeia chegaram alguns familiares de Fernanda para a apoiar nestes momentos difíceis, e borboleta desfazia-se na prestação de serviços embora jamais pagaria o que a irmã e o marido fizeram por ela. Fernanda apesar de tantos benefícios não amou nem foi amada. Sabia que o esse lugar estava preenchido, mas recebeu e ofertou dedicação carinhosamente, respeito e dignidade que alguém lhe tinha roubado. No dia seguinte receberam a presença notarial para as leituras do testamento. Tinham conversado sobre o assunto dezenas de vezes, o que nada os surpreendeu. Um relatório caiu nas mãos tremulas de Fernando A não sabia o que ia encontrar, deixando-o prostrado em coisas más que o abalariam ainda mais. Convidou a namorada para o acompanhar, e foram sentar-se na praia onde as gaivotas procuravam aos milhares comida para o almoço. Fernando A apesar de tudo exitou em lança-lo ao mar onde seria engolido pelas ondas, mas a companheira dissuadiu-o dizendo: - O teu pai não gostaria e tu terias remorsos toda a vida se não o lesses Finalmente encheu-se de coragem e à medida que ia lendo seu rosto empalidecia, deixando na expectativa a rapariga que fingia brincar com a areia. Estava ali tudo escrito, como lhe tinha dito o pai, acrescentando que haveria coisas que o transformavam num bicho feroz, que teria de controlar custasse o que custasse. Era um homem e escolheu em primeiro lugar ir a casa dos patrões da mãe recolher explicações. Teria de fazer todo o caminho só, e dentro de pouco tempo estacionava frente a uma linda Quinta. Ia tocar a campainha quando foi interpelado por alguém mais ou menos da sua idade, sujo com barbas e caído à entrada com efeito de álcool ou droga. - Que queres perguntou numa voz rouca e que mal se percebia. - Desejava falar com o proprietário pessoalmente. - A mim não podes dizer do que andas á procura? Lamento, mas é verdadeiramente pessoal. -Sou o neto podes falar… o meu avô está gravemente doente não creio que te possa atender. -Voltarei noutro dia. - Mas ouve lá? Eu conheço-te frequentámos a secundária de, e foste tu quem afastou de mim a minha namorada. Como assim? Como se chamava a tua namorada? - Borboleta diz-te alguma coisa? - É minha sobrinha, e tu és… - Era! Agora não sou nada. Um farrapo que toda a gente rasga aos bocados. Sim lembro-me de ti como moralista que não vales nada como todos os outros, que tentou dissuadir a mulher que amava, fixando-se em protocolares que te levarão também para o inferno. Queres ver o meu avô terás de passar por cima do meu cadáver… é uma pessoa integra, honesta e não trava conversas com meninos mimados como tu. Deixo o recado para eu lhe contar. Para contares o quê? Que o filho dele violou a minha mãe quando era vossa criada e pernoitou num jardim público com fome e frio até que uma boa alma a veio libertar? - Que cantigas são essas? É o que está registado neste ficheiro, o que quer dizer que somos sangue do mesmo sangue, mas nem por isso vos perdoarei. Amanhã será entregue na PJ e justiça será feita.

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