quinta-feira, 11 de maio de 2023

Destinos

Destinos e destinados. Seguir ab por António Braz Com o crescimento de uns manifestava-se o envelhecimento de outros tal como numa roda gigante às voltas num parque de entretenimento. Fernando B dedicava o seu tempo aos estudos aos pais, mas sobretudo à irmã que adorava. Na pequena herdade reinava a alegria e a felicidade, juntamente com o odor das tulipas, magnólias, roseiras e até as papoilas campestres que abundavam nos campos tornando-os em prazer para os que por ali passavam, e baixinho murmuravam: Que beleza! Júlia esquecera completamente aquele homem que fez bater o seu coração veloz e a desiludiu profundamente. Foi o seu grande 1º amor, e da desilusão surgiu uma família, honesta repleta de amor e carinho, onde jamais existiram querelas, e o entendimento perfeito deixava invejosos pelos caminhos da vida. Seus pais, ainda com idades medievais, proporcionavam-lhes, nos fins de semana, descanso e distração na propriedade que lhes era já tão familiar, passando a serem as visitas rotineiras. Fernando B e a irmã não se cansavam de passear junto daquele riacho onde uma cascada exibia uma beleza singular antes de cair no pequeno lago rodeado de plantas selvagens, onde se banhavam em dias quentes de verão soltando risadas caraterísticas de contentamento e satisfação antes do almoço sempre servido na grande mesa do salão com cozinhados que Júlia se esforçava para diversificar. _ Onde aprendeste a cozinhar com tanto requinte? – perguntou um dia o avô? - Segredo papá… e todos riam como crianças. Fernando B teve sempre excelentes notas, e brevemente desejava concorrer para uma universidade de renome onde tentaria o mestrado, e em seguida o doutoramento. Era o orgulho dos pais e avós, embora fosse o seu íntimo desejo sabendo que possuía capacidades deixando de lado, pelo momento, brincadeiras e aforismos enquanto não atingisse o seu objetivo. Recordava-se perfeitamente dos tempos em que os pais fizeram sacrifícios para poder manter os dois em escolas conceituadas, recorrendo à ajuda dos avós os quais se prontificaram a servi-los. Afeiçoou-se por uma rapariga que também frequentava a mesma universidade, de boa família, educada e dedicada, mas para ele era simplesmente uma grande amiga com quem saía passear pelas ruas da cidade falando de tudo menos de namoro ou amor. Eram ainda muito novos e ambos tinham ambições para o futuro. Quando se separavam beijavam-se no rosto como dois irmãos, e nenhum deles exigia o que quer que fosse. Tinham cursos diferentes, um na investigação científica o outro em medicina, mas raramente falavam dos seus cursos. Quanto a Luana irmã de Frenando B surgiram muitos e variados problemas com ela. Foi sempre uma menina meiga educada e responsável, até que chegou a adolescência, e começou a frequentar um grupo de pessoas que viviam em bairros sociais, bebendo e consumindo drogas, contaminando-a durante tempos enquanto os pais não tiveram conhecimento, apercebendo-se quando chegava a casa da transformação daquela miúda tão querida. Sem alarmes o pai andou dias a fio inspecionando todos os seus feitos e gestos até que chegou à razão que os penava a todos. Num dia em que jantavam em família com os avós, Firmino ergue-se da mesa e num tom suave desvendou a alta voz o mistério que deixou toda a gente de cabisbaixo, e uma fúria que o rosta de Luana avermelhado demonstravam sem balbuciar palavra. Filha! – aventurou-se a dizer o Avô. Só a morte não tem remédio… todos nós erramos nas nossas vidas, e não vou julgar-te e muito menos condenar-te, apenas pedir-te do fundo do coração que já bate a um ritmo reduzido para ponderares e lentamente tentares sair desse ambiente podre que só te pode trazer dissabores. Farias isso por mim? Luana levantou-se e foi abraçar o avô que a acolheu meigamente enquanto as lagrimas molhavam os dois rostos num silêncio de paz.

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