Tal como os professores e outros
funcionários públicos, as bestas de Murçós encontram-se em greve, por tempo
indefinido, reivindicando os seus direitos: subsídio de férias na ilha para
onde foi levado o Pinóquio para serem todos transformados em burros. Querem
também o XIII para poder visitar o que há mais bestial neste Mundo… o governo
já tentou tudo para substituí-los, como podem verificar pelas imagens captadas
á escapula por algum paparazzi que arriscou
a
forca, mas, os funcionários animalescos, estão fartos de tantas picadelas, e
submissões a troco de refeições fora de tempo e de má qualidade. Prometem levar
a cabo os seus intentos, e, como a agricultura se apresa com o sol a apertar a
trinta e tais graus, resta aos agricultores arregaçar as mangas, meter mãos à
obra, ocupando os seus lugares… nem por isso são mais poupados pelolavrador podendo desta forma vingar-se de não ter sido mandado a estudar… e quem puxa serra os dentes; o suor cai-lhes pela face vindo morrer no canto da boca desidrata. As batatas sabem melhor com outros ingredientes… e os burros zurram… os cavalos relincham, as vacas bramam enquanto moem a paciência daqueles que passaram de opressores para oprimidos.
Há quem passe com a cabeça a abanar, os que riem, os que tentam comprar, e os que dizem: já não há bestas em Murçós! Está errado, as bestas não desertaram o povoado, estão apenas em greve e manifestam junto da Junta de Freguesia.
3 comentários:
Tonho
Eu não bramei,não relinchei nem zurrei. Também não gritei, que é a voz das pessoas quando estão zangadas. Eu estava zangada - ainda estou zangada! - mas não gritei. Só cruzei os braços porque, às vezes, o silêncio é o que mais se faz ouvir.
Lembro-me que, em casa de meus pais, os animais eram os primeiros a serem alimentados, sendo essa a forma de lhes agradecer aquilo que fazem por nós. Eram tratados com respeito e dignidade, que é algo que tem faltado à forma como as pessoas têm sido tratadas. Talvez por isso, como na tua história bem humorada, tenham ido bater à porta de quem tem o poder.
Beijos
Fátima: o meu texto pode ter variadas interpretações baseado nas posições sociais, na colocação individual ou coletiva, na liberdade expressiva, no contexto envolvente, enfim... no julgamento que cada qual quiser fazer,utilizando critérios que jamais serão neutros, justos, formais.
Escrevi um texto de humor (talvez nêgro) mas, não estou arrependido... quiz exteriorizar o resultado do que foi préviamente semeado por certas e determinadas pessoas... porque só acreditavam em Jesus se lhe tocassem a carne?
Tinha consciencia de que poderia zangar (ferir) pessoas que me são queridas, mas também sei que vivi ferido com inssinuações falsas que ouvi e silenciei, tal como tu, e pelas mesmas razões.
Já me conheces, e, não sendo infalível, tenho grande percentagem de humanismo que defendo com unhas e dentes.
Grato pela tua visita e comentário, pois todos temos o direito de dizer o que sentimos. Beijos
Tonho
Talvez me não tenha explicado bem. Entendi que escreveste com humor e tentei, na primeira frase, responder com humor. Efectivamente, estamos a ser tratados como gado costuma ser tratado, e eu só não fui capaz de dizer que tinha zurrado ou relinchado, ou bramado por me lembrar do respeito com que os meus pais tratavam os seus animais.
Entendi o teu texto que não me ofendeu em nada, além de que tens todo o direito de escreveres aquilo que pensas.
Beijos
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