Cai a noite sobre telhados que em tempos abrigaram famílias
numerosas, ruidosas, e hoje caíram n'um silêncio de abandono ou morte! A flor
que abre com o sol e se fecha com a aproximação da escuridão, permanece ainda
agarrada à esperança de um novo dia... Mas as raízes vão apodrecendo
insaciavelmente... e o tronco verga e vai acabar por cair. Do alto do meu
castelo, (chamo-lhe meu mas não é) vejo as pessoas fugindo até à exaustão,
carregando ao colo uma criança que chora, com fome e sede, sem saber, nem compreender
a crueldade da humanidade, Como manadas de gado, levados pelo desespero não
escolhem a direção... Olham em frente e são rasteirados... Caem, levantam-se, e
os insensíveis veem-nos como assaltantes dos seus bens... com desprezo e uma réstia
de esperança que fiquem por lá... longe, com fome sede ou frio, importante é
não serem importunados com os problemas dos outros... do alto do meu castelo
gostaria tanto poder atenuar tamanho sofrimento... mas, até ele abandona os
necessitados... diluiu-se como uma bola de sabão, e eu caí na cruel e dolorosa
realidade da monotonia diária.
domingo, 27 de setembro de 2015
Castelo mágico
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