quarta-feira, 9 de setembro de 2015

Saudade

Maria simplesmente









SAUDADE-CLXXXII
A saudade penetra à noite a solidão do meu quarto
Pousa nos olhos e nas mãos a falta do teu abraço
O cheiro ausente da tua pele tresanda no oco do espaço
A saudade brota-me dos olhos,
Forma rios cristalinos
Que correm de pedra em pedra…
São regatos sinuosos a correr nos meus caminhos.
Inundam o meu passado a repicar como sinos.
São bicos entreabertos a gorjear nos ninhos
Tenho saudade de acordar a teu lado
Tenho o cheiro do vazio a rascunhar a saudade
Saudade da tua sombra…
Da pedra da janela onde repousa uma gaivota ferida
Saudade da chegada da tua voz num canto repartida
Saudade da dor que sentia nos lábios de tanto te beijar
Tenho o coração dorido…mordido…
Saudade da doçura penetrante do teu ausente olhar
Saudade de ficar nua dentro do teu sorriso
De rebolar em ti como louca e perder o siso
Quero ser a sílaba mais pura do teu poema
Que decifres e desencantes o meu dilema
Quero matar a saudade…
Acalmar a ansiedade
Na fome e na sede de ti
Quero ter-te de novo, visível ou invisível na minha mão
Quero que dos meus dedos frios volte a brotar calor
Terminar com a saudade que tenho de ti amor.
M.C.M. (São Marques)

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