sexta-feira, 20 de maio de 2016

Ultima hora



Maria Simplesmente:
ULTIMA MORADA
(Que ninguém me pergunte o porquê deste poema)
Caminho silenciosa entre os túmulos da morte
Coroas….Palmas…ramos e um naco de pouca sorte!
Lar da terceira idade prenúncio da próxima chegada
Deslizo os dedos cansados nos ciprestes toscos e velhos
E espelho-me no branco imaculado dos teus cansados cabelos
Quase um século de compasso…
Quase um século de desvelos
Quase um século de vida entre sustos e pesadelos
Rangem os portões do cemitério
Enferrujados e porosos
Rangem as portas do lar, depósito de idosos.
E as tuas pálpebras caídas…
Caiem ainda muito mais..
No azulado dos teus olhos moribundos …
Terminam as histórias de reis e termina também o teu mundo.´
No silêncio da noite, engoles o soluço que te amordaça o grito
A tua língua, gasta e esbranquiçada, palra de cansaço e mudez
E tu brincas com a lua, como se fosse a ultima vez
Sentes a chuva e reclamas a nostalgia da lama
Perdes o olhar na sombra triste dos cedros
Tem os pulmões asfixiados de toxinas
Tens um fraco coração
Falta de amor, ingratidão …
…Podridões…
Falta de vigor, e adrenalinas.
Iniquidades da vida…
Sem nexo…
Farrapo de gente desconexo…
Mundo complexo…
Paraste na profundeza das horas estagnadas
Esperas a angústia dos dias e dos nadas.
Seguras nas mirradas mãos uma balança.
Para te entreteres a pesar, os filhos que pariste
Que te abandonaram…
Os beijos que te recusaram
As lágrimas que não te limparam.
…E eu…tal como Pilatos…
Lavo as minhas mãos ..
Uma lágrima teimosa rola no meu triste rosto
Enquanto junto os teus trapos.
(M.C.M.) São Marques)

2 comentários:

Anónimo disse...

Olá Tonho,

o que é feito de ti?

Escrevo para te dizer que os poemas de MCM Sao Marques, são profundas e lindas, manda mais.

Um abraço

Orlando Martins

antonio disse...

Olá Orlando! Por cá andamos. Bem hajas pela visita e comentário... também gosto imenso... é uma poetisa espetacular. Saudoso e grande abraço